• Nenhum resultado encontrado

Nesse momento, é importante garantir o sigilo ao usuário, comunicar o resultado do teste e orientá-lo, considerando o significado singular do resultado para ele.

Resultado negativo

Nessa situação, a prioridade é reforçar as orientações sobre as medidas de prevenção para evitar futuras exposições de risco. É necessária atenção do profissional, pois a sensação de alívio pode desvalorizar a intervenção para adoção de práticas seguras.

Nesse momento é essencial:

• Explicar o significado do resultado negativo, reforçando que a testagem não evita a transmis- são em novas exposições.

• Verificar a possibilidade de janela imunológica, caso tenha ocorrido alguma exposição de risco nas quatro semanas que antecederam a realização do teste, indicando retorno para retestagem após 30 dias.

• Observar o estilo de vida de cada usuário e a necessidade de orientações específicas, por exemplo, dificuldades na negociação do preservativo, práticas sexuais sob efeito de drogas (lícitas e/ou ilícitas, inclusive o álcool), uso de preservativo nas diferentes práticas sexuais com os diferentes tipos de parceiros (fixos ou eventuais).

• Para pessoas que fazem uso abusivo de álcool e outras drogas: discutir estratégias de redução de danos, reforçando a necessidade do uso de preservativo e do não compartilhamento de seringas e agulhas – no caso de usuários de drogas injetáveis – UDI. Lembrar que álcool e a maioria das drogas recreacionais são altamente tóxicas para o fígado e seu uso combina- do com os medicamentos utilizados para tratamento de TB pode causar dano importan- te, particularmente para pessoas também infectadas por hepatite B e/ou C. Considerar o encaminhamento para Programas de Redução de Danos – PRD e/ou Centro de Atenção Psicossocial para tratamento da dependência química, quando solicitado pelo usuário.

• Para portadores de tuberculose pulmonar, deve-se destacar que as drogas inaladas (tabaco, maconha e crack) aumentam o dano pulmonar e por isso o ideal é evitar o uso. Caso isso não seja possível para a pessoa em atendimento, recomendar o uso de protetor labial para usuários de crack e redução do consumo dessas substâncias.

• Reforçar a importância de testagem de parceiros.

• Apoio emocional deve permear todo o atendimento; quando necessário, encaminhar o usu- ário para manejo na área de saúde mental ou outros.

Resultado positivo

O impacto do resultado positivo costuma ser intenso para o usuário e muitas vezes para o profissional. É fundamental que o profissional esteja preparado para oferecer apoio emocional e as informações sobre o significado do resultado e as possibilidades de tratamento médico e

psicossocial. Discussão sobre adoção de medidas de prevenção deverá ser oferecida de acordo com a condição emocional do usuário, lembrando das questões relacionadas ao gênero, aos direitos reprodutivos, à diversidade sexual e ao uso de drogas.

Nesse momento, é importante considerar as orientações a seguir, além daquelas já relacionadas no pré-teste:

• Garantir à pessoa o tempo necessário para assimilação do diagnóstico, exposição das dúvi- das e expressão dos sentimentos (raiva, ansiedade, depressão, medo e negação são manifes- tações comuns).

• Lembrar que o resultado positivo não significa morte, enfatizando a importância da preco- cidade do tratamento e os avanços desse para infecção pelo HIV (melhora da qualidade e expectativa de vida e redução de morbimortalidade).

• Orientar sobre os tratamentos concomitantes para TB e HIV, identificando com o usuário as melhores estratégias para garantia de adesão e de não abandono de nenhum dos tratamentos.

• Indicar grupos de apoio existentes na comunidade, no serviço ou em ONGs locais.

• Encaminhar para o SAE, que deverá priorizar o agendamento desse indivíduo para avaliar a necessidade de terapia antirretroviral.

O profissional de saúde deve respeitar o direito do usuário de revelar o diagnóstico a sua(s) parceria(s) sexual(is), prestando-lhe apoio durante o processo, inclusive disponibilizando-se para participar do momento da revelação, caso o usuário solicite.

O Quadro 16 pode servir como referência para questões a serem abordadas no momento de avaliação de vulnerabilidades.

Quadro 16 – Roteiro para avaliação de risco e vulnerabilidade Motivação para testagem e conhecimento

Você sabe por que é importante fazer o teste anti-HIV? Você já fez o teste anti-HIV alguma vez? Quando? Por quê?

O que você sabe sobre HIV e aids? E a relação da tuberculose com a aids? (identificar formas de transmissão, prevenção e diferença entre HIV e aids)

Avaliação de risco – mapeamento e aprofundamento

Em qual situação você considera ter-se exposto ao risco de infecção pelo HIV? Quando? Você tem relações sexuais só com homens, só com mulheres ou com homens e mulheres? Essas relações são estáveis ou eventuais?

Quais tipos de práticas sexuais você costuma ter: sexo anal, vaginal e/ou oral? Dentre essas práticas, em quais você usa preservativo e em quais não usa? E com que parceiros você usa preservativo e com quais não usa?

Você já teve ou tem sintomas de alguma DST?

Você faz uso de drogas (inclusive álcool)? Quais? Em que situações? Com que frequência? Você compartilha equipamentos (seringa, agulha, canudo, cachimbo) para uso de drogas? Algum dos seus parceiros usa drogas? Quais? Como? Em que situações?

Você acha que quando você ou seu parceiro está sob efeito de drogas é mais difícil usar o preservativo na relação sexual?

Você sabe usar o preservativo? (demonstrar o uso correto)

Você recebeu transfusão de sangue e/ou derivados antes de 1993? (ver Lei no 7.649/1988 e Portaria no 1.376/1993)

Você já vivenciou ou vivencia alguma situação de violência física? E de violência sexual? Você conhece a prática sexual, o uso de drogas e o histórico de DST e HIV de seu(s) parceiro(s) atual(is)?

7

O controle da tuberculose deve contemplar os diversos graus de complexidade. A maioria dos casos exige ações de baixa complexidade, permitindo que o controle da tuberculose possa ser desenvolvido por todos os serviços de saúde, independentemente de seu porte. Nesse sentido, objetivando dar cumprimento ao que dispõe a Lei Orgânica da Saúde, Lei no 8.080/1990, sobre

as doenças de notificação compulsória, as secretarias estaduais e municipais de Saúde terão de designar funcionários para notificar, investigar os casos suspeitos e confirmar os casos de doenças transmissíveis, além de adotar medidas cabíveis de investigação epidemiológica e avaliação das metas anuais.