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Entrevista a Carolina Gomes-Teixeira , 2ª fase da investigação Formato: e-mail

Ocupação: Assistente de produção na Made in Lisbon, Portugal Contanto: carolinagomesteixeira@gmail.com

Depois de ler o plano de negócios que lhe foi apresentado e tendo a sua experiência e conhecimento profissional em consideração, responda por favor às seguintes questões:

1. De 1 (nada claro) a 5 (muito claro), quão claro é este novo sistema/método de produção? Porquê?

4 - Bastante claro. Teoricamente parece ser simples de aplicar e passível de se adaptar a qualquer sistema de produção e a qualquer mercado. A nível prático não tenho tantas certezas relativamente à obtenção de resultados e a determinados pontos abordados no plano.

2. De 1 (nada útil) a 5 (muito útil), quão útil é este método para a produção de cinema independente? Porquê?

Vou voltar a dar 4. Tendo em conta que o cinema independente carece muitas vezes do orçamento necessário para alcançar os objetivos auto propostos modelar a história ao que será possível trazer para a mesa é uma excelente solução para reduzir custos - sendo isto um exemplo. O tempo perdido a estudar o público-alvo é igualmente crucial ao bom sucesso do filme. Sou mais que a favor de que o produtor tenha um papel mais criativo e um input não só em arranjar soluções para os milésimos problemas que os realizadores criam. Acompanhar os realizadores desde o inicio da gestação de um projeto, seja ele de que tipo é meio caminho andado para que se poupe tempo, dinheiro, paciência e para que o filme venha a ser bem recebido pelo público - e não só por festivais bajuladores de realizadores.

3. Gostava de fazer parte da nova vaga de produtores criativos que The Wyre quer criar? Porquê? (ponto 5 do plano de negócio)

Sem dúvida. Escrevi acima sobre isto. Os filmes têm de deixar de ser feitos dos realizadores para eles próprios. (Soa reivindicativo, eu sei.) A verdade é que todos beneficiarão de um trabalho conjunto. O cinema foi um negócio criado com o propósito de entreter. Duas coisas que o cinema de autor parece ignorar cada vez mais. Nos dias

que correm ou temos uma coisa (filmes que têm 0 conteúdo e que fazem milhões) ou outra (filmes com conteúdo que não vingam em sala porque os temas pouco ou nada apelam ao público). Só agora se voltou a começar a ter atenção e a trabalhar para públicos alvos (por exemplo na nova vaga de terror independente). Acredito que isto possa ser game changer e seja uma lufada de ar fresco para o cinema (que está em decadência perante o crescimento desmesurável das séries de Televisão e das novas plataformas) e mude a maneira cansada como o público vê cinema. Será muito mais vantajoso e proveitoso seguir um modelo de produção cuidado e versátil a cada projeto e às necessidades do mesmo.

4. Acha que o novo espaço de mercado identificado para este método faz sentido? Porquê? (pontos 5 e 7 do plano de negócio)

Faz sentido sim! É um middle ground que não está muito explorado e que é constituído por tudo o que está entre os grandes studio systems e as produções de filmes autorais, que apesar de tudo sabem o que estão a fazer. Trata-se portanto de uma amostra de produtores que ou é inexperiente ou ainda não "encontrou o seu lugar" e que normalmente conta que a obra seja suficiente para os colocar num dos lados. Seja qual for a hipótese, será sempre vantajoso para estes produtores que exista alguém que os possa guiar sem impor condições seja a nível criativo, técnico, etc.

5. Preferiria este método a alguma das alternativas expecificadas no ponto 6 do plano de negócio? Porquê?

Não, percebo que possa funcionar e bem sozinho. Mas acho que todas estas alternativas podem perfeitamente trabalhar em comunhão, mesmo com este modelo, dependendo das necessidades de cada projeto. Não tanto os dois primeiros, mas os distribuidores ainda são cruciais para que um filme seja visto pelo público. A não ser que a esperança de vida do filme seja apenas e exclusivamente ir a festivais - o que a meu ver é uma pena e um desperdício - e mesmo que vá a festivais o objetivo é costuma ser arranjar distribuidores para os filmes.

6. Qual é o passo mais importante para si neste sistema de produção? Porquê?

Os dois primeiros passos : Research and Develop. Se o projeto for sólido e bem definido, se os contratempos normais de cada produção forem antecipados o mais possível, se o objetivo final já estiver traçado - nomeadamente a que público apelar - e se durante este percurso todo se for aplicando o dito content marketing a preparar o

público para o que aí vem, criando uma legião de pessoas interessadas em ver o produto final, penso que há pouca margem para que corra mal.

7. Qual é o passo menos importante para si neste sistema de produção? Porquê?

Não me parece que faça muito sentido fazer da regra ir para rodagem com várias hipóteses para filmar. Acho que isso deve ser uma exceção. O triângulo deve conseguir prever o que funciona e o que não funciona. Como é obvio se acontecer excecionalmente tudo bem, mas parece-me pouco produtivo haver tanto espaço para tentativa e erro. Isso projetando isto para ser usado por pessoas com prática, não para 1st timers, aí claro que o importante é tentar até lá chegar. Outro ponto que não adoro é o de fazer sessões com a equipa sobre becos sem saída para chegar a um consenso. Eu acho que o processo criativo não é para 20 cabeças. Faz sentido receber a opinião de um público teste, mas não me parece que sessões de brainstorm com a equipa sejam solução para problemas recorrentes. Tal como no ponto acima acho que só se deve recorrer a isto em casos excecionais.

8. Gostava de saber mais acerca do processo ou de alguma das ferramentas referidas em algum dos passos/ciclos de produção? Quais?

Sim. Para ser sincera fiquei curiosa sobre praticamente tudo. Mas lets stay com o como funcionam tanto o content marketing como as técnicas de competitive intelligence.

9. Há algum passo que não perceba ou ache desnecessário? Porquê?

Brainstorms com a equipa inteira.

10. Usaria este sistema de produção nos seus filmes? Se sim, a que serviços gostava de ter acesso e porquê (E-book, workshops/webinars, consultoria individual, ou coprodução)?

Sim!! Todos pelo menos numa primeira vez: aprender para ser mestre! Depois o E-book e workshops se forem sobre temas diferentes e não apenas introdutórios.

11. Se tivesse oportunidade de criar o seu próprio método de produção, como seria o mesmo? (descreva ou desenhe o processo/timeline que já utiliza ou idealiza)

Com toda a honestidade, ainda não sinto que saiba o suficiente para ser capaz de delinear um método de produção. Principalmente com o meu trabalho estou sempre a

ver que coisas que funcionam na perfeição 1000 vezes, falham por coisas que nunca ninguém previu e coisas que nunca resultam a resultar ninguém sabe bem como. Falamos daqui a um ano, quando tiver mais kms disto.

Obrigada pela sua ajuda e feedback. Se tiver alguma questão/comentário, não hesite.