• Nenhum resultado encontrado

2 CAMINHOS METODOLÓGICOS DA INVESTIGAÇÃO

2.3 As técnicas de coleta de dados e os instrumentos da pesquisa

2.3.1 Descrição dos procedimentos da aplicação das técnicas de coleta de dados

2.3.1.5 Entrevista

O uso da entrevista semiestruturada possibilitou uma maior interação com os sujeitos da pesquisa, validando os dados captados na observação direta. Teve o objetivo de aprofundar a compreensão de dados por outras técnicas, possibilitando maiores esclarecimentos ou complementos. A entrevista como técnica de coleta de dados é bastante adequada para obtenção de informações. Gil (2008) a define como a técnica em que o investigador se apresenta frente ao investigado e lhe formula perguntas com o objetivo de obtenção dos dados que interessam a investigação

Na técnica da entrevista semiestruturada realizada com os docentes as perguntas formuladas tiveram o objetivo de conhecer as concepções de currículo, de ensino- aprendizagem e de avaliação da aprendizagem que é o foco do objeto de pesquisa desta tese.

Acreditamos que, para o Proeja poderia se adotar uma concepção de avaliação do ensino-aprendizagem na perspectiva de um processo formativo, para o qual, ao se definir o tipo de instrumento avaliativo para um determinado conteúdo, deve ser elaborado com precisão, tornando-o um ótimo aliado para produzir um bom diagnóstico do que os discentes aprenderam. O resultado de uma prova ou de qualquer dispositivo avaliativo fundado neste prisma poderá servir de parâmetro para que o docente aprimore seu planejamento, redimensione os objetivos e conteúdos da sua disciplina, além de rever seu trabalho em sala de aula.

A realização das entrevistas evidenciou que os docentes participantes desta pesquisa ainda confundem a concepção de avaliação da aprendizagem com os instrumentos avaliativos, quando expressaram as suas ideias sobre a concepção que tinham sobre a avaliação do ensino-aprendizagem, conforme veremos a seguir:

Avaliar, para mim, é procurar saber o que os alunos aprenderam de acordo com as notas que obtiveram. (DOCENTE 1).

39

É uma Verificação para ver se o aluno é capaz de reproduzir o ensinado, durante o semestre. (DOCENTE 2).

Procuro avaliar diversificando na maneira de avaliar, usando trabalhos em equipe, em duplas, testes e provas. (DOCENTE 3).

Avaliar significa medir o nível de conhecimentos adquiridos pelos alunos durante a disciplina. Ela deve ser continua e colaborativa, isto é, em grupos e individual. (DOCENTE 4).

Eu ENTENDO que a avaliação deve ser contínua, colaborativa, isto é, em grupos, e individual, a individual é com o objetivo do aluno se auto avaliar, no meu entender, a avaliação se faz necessária, para a identificação das dificuldades do aluno nos conteúdos tratados. (DOCENTE 5).

Entendo que avaliação do ensino-aprendizagem é conhecer o que o aluno aprendeu ou deixou de aprender a partir dos objetivos elaborados sobre os conteúdos do plano de disciplina. (DOCENTE 6).

Nas respostas dos docentes acima, destacam-se visões diferenciadas sobre as concepções da avaliação do ensino-aprendizagem, compreendendo desde a visão da avaliação reduzida a uma verificação ou instrumento de medida, que, embora tenha sido alvo de críticas por teóricos e questionada até por muitos professores das escolas, são ainda praticadas, de forma quase predominante, no âmbito escolar em todos os níveis de ensino. Além disso, para a efetivação desta avaliação, durante muito tempo o professor simplesmente repassava os conteúdos aos alunos e, em seguida, marcava a prova que iria mostrar os que sabiam e os que não sabiam. A preocupação não era com a apreensão dos conteúdos, mas com a nota da prova. Observamos que, de acordo com as respostas dos participantes da pesquisa, ficou evidenciado que eles ainda confundem o ato de avaliar a aprendizagem do aluno com a medida do que o aluno aprendeu daquilo que foi ensinado pelo professor. Esta concepção propõe a classificação dos alunos na categorização de fortes e fracos, por exemplo, o que contribui para a exclusão de alunos que apresentem diferentes caminhadas, principalmente dos jovens e adultos trabalhadores que frequentam o curso de Refrigeração e Climatização do Proeja do IFCE, campus Fortaleza. Os instrumentos de avaliação são aplicados de forma pontual e em momentos predeterminados.

Percebemos, também, nas falas dos docentes que existe uma confusão entre avaliação e instrumentos de avaliação. Talvez a falta de conhecimento sobre o tema contribua para esta confusão. Porém, considerando as respostas apresentadas pelos (Docente 4 e Docente 5) sobre a concepção de avaliação, percebemos que, ainda que não esteja estabelecida uma concepção de avaliação nos moldes apresentados na perspectiva de uma avaliação formativa, há indício de uma tendência à mudança por parte desses docentes, evidenciando outro modelo de avaliação, diferente daquele que foi apresentado pelas concepções anteriores dos demais docentes.

40

Hoffmann (2009, p.24) chama atenção sobre esta concepção tão presente no contexto atual das instituições escolares, asseverando que, “[...] o significado da avaliação na escola alcança um significado próprio universal, muito diferente do sentido que atribui a essa palavra no nosso dia a dia. Percebe-se o aluno sendo observado apenas em situações programadas.”.

Para que a avaliação do ensino-aprendizagem se efetive, na perspectiva de contribuir para a aprendizagem, é necessário que haja um processo de ressignificação das práticas didático-pedagógicas dos docentes do Proeja do IFCE, sobretudo, do curso de Refrigeração e Climatização, imprimindo nesta avaliação do ensino-aprendizagem a prática da investigação para diagnosticar os avanços e os recuos dos jovens e adultos na aquisição da aprendizagem, tendo como pressuposto o diálogo com as experiências e saberes desses discentes; só assim, poderíamos vislumbrar a possibilidade da superação da concepção classificatória, que vem predominando, ainda, na prática do cotidiano do Proeja do IFCE.

Severino (2009, p.138) corrobora complementando: “A avaliação adequadamente conduzida deve ser uma abordagem diagnóstica do desempenho do aluno, levantando aspectos positivos e negativos sempre com vistas à reorientação das ações de estudo e aprendizagem”.

Portanto, a análise dos resultados das entrevistas poderá contribuir para a definição da avaliação do ensino-aprendizagem de forma crítica. Para isso, deveria se constituir um atributo importante para demarcar os melhores caminhos a serem perseguidos no processo da avaliação do ensino-aprendizagem, tendo em vista o redimensionamento do projeto curricular do curso e da ação pedagógica como um todo, levando em consideração todos os elementos nela envolvidos.

No prosseguimento da entrevista, foi formulada a pergunta sobre os tipos de instrumentos avaliativos utilizados ao longo do semestre no curso de Refrigeração e Climatização do Proeja do IFCE, campus Fortaleza. Os professores deram as seguintes respostas:

A seguir serão apresentados nos APÊNDICES os Quadros com o registro da transcrição das respostas das entrevistas feitas com os seis docentes do 3o e 6o semestres do curso de Refrigeração e Climatização do Proeja do IFCE, campus Fortaleza, sobre a segunda parte do roteiro que trata sobre Currículo e Avaliação do Processo Ensino-Aprendizagem que consta do APÊNDICE C.

As respostas apresentadas nos levam a perceber que a concepção de avaliação como instrumento, que tem como função principal classificar os alunos, é reforçada, na

41

maioria das respostas, pela aplicação de provas, testes e exercícios como instrumentos de avaliação, levando-nos a concluir que, mesmo utilizando outros instrumentos de avaliação, sua ação pedagógica está centrada em um processo de avaliação seletivo.

Nessa perspectiva, concluímos que, diante dos dados obtidos por meio do discurso dos docentes participantes dessa pesquisa ao responderem sobre as questões norteadoras do desenvolvimento dessa investigação, cujo tema central foi “As concepções e práticas avaliativas no curso de Refrigeração e Climatização do Proeja do IFCE, campus Fortaleza, apesar da identificação de alguns elementos, na ação pedagógica desses docentes, que fundamentam a avaliação do ensino-aprendizagem, a prática avaliativa continua apresentando caráter pontual, classificatório e excludente.

2.4.4 Dados obtidos dos levantamentos estruturados por meio dos questionários aplicados