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Guião da Entrevista

Nome: Pedro Verdelho.

Cargo: Procurador da República – Coordenador do Gabinete Cibercrime de

Procuradoria-Geral da República.

Entidade: Procuradoria-Geral da República. Data/Hora: 18/04/2012

Local: Respondida via e-mail. Duração:

Entrevistador: Nélson Silva (Aspirante a Oficial de Polícia), XXIV Curso de Formação de

Oficiais de Polícia da Polícia de Segurança Pública, nº 2405/153561. Comando: Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna.

1 – No que concerne à atuação Estadual, considera o fenómeno da Cibercriminalidade como prioritário? Em que aspetos e a que nível?

A cibercriminalidade tem sido declarada como uma das formas de criminalidade que importa combater. O programa do Governo anterior assim o dizia expressamente, tendo até sido prometida a criação de unidades policiais, na PSP e GNR, especializadas na matéria. Assim não aconteceu. Por outro lado, a opção pública, de declaração de

A presente entrevista enquadra-se no âmbito da realização de uma Dissertação de Mestrado que aborda a Cibersegurança no quadro da Cooperação Policial Internacional. Sob a orientação da Exma. Sr.ª Professora Doutora Ana Paula Brandão, surge esta investigação no seguimento do Mestrado Integrado de Ciências Policiais e Segurança Interna ministrado pelo Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna proposta pelo abaixo identificado como Entrevistador.

Com este método de recolha de informação queremos salientar o vínculo qualitativo da nossa investigação. Apraz-nos, desta feita, agradecer a Vossa Excelência o contributo que queremos desde já classificar como imprescindível.

Assim, pedimos-vos que tratem as vossas respostas com a maior sinceridade e objectividade. Não olvidamos o caráter anónimo/confidencial que a sua entrevista poderá assumir por razões axiomáticas. Ao tema está inerente uma natureza interdisciplinar desde as Ciências Policiais passando pela Ciência Política e Relações Internacionais e pelo Direito Penal, até áreas do saber mais técnico e específico relacionado com as Tecnologias de Informação e Comunicação; pedimos-lhe que dê o seu sábio contributo mesmo que não se reveja com a área de saber correspondente à questão.

*Sinta-se à vontade para em qualquer altura da realização desta entrevista acrescentar sugestões, pontos de vista e opiniões de assuntos que relativos ao tema que não venham plasmados nesta entrevista.

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importância, foi também revelada pela adopção de lei especial nesta matéria e pela adesão a instrumentos internacionais, que forma transpostos para a lei interna.

1.1 – Do mesmo modo, agora, relativamente à atuação Internacional considera o mesmo fenómeno prioritário? Em que aspetos e a que nível?

Várias organizações internacionais têm declarado o cibercrime uma prioridade. Assim acontece com a ONU, que inseriu a temática na sua agenda em matéria de política criminal; também com a OCDE e o grupo dos países do G8, que fizeram declarações políticas a este propósito. A União Europeia adoptou documentos vinculativos para os Estados Membros nesta matéria e o Conselho da Europa elaborou e abriu à assinatura a Convenção de Budapeste, o mais importante tratado internacional a este propósito.

2 – Consideramos que a Cooperação Internacional é urgente e necessária na prevenção e combate das Ciberameaças. Partilha desta nossa opinião? Porquê? A criminalidade nas redes de comunicação é, pela sua própria natureza, internacional. Por definição, as comunicações atravessam mais que um país, usando em simultâneo serviços da sociedade de informação de diferentes pontos do globo. Na Internet não há fronteiras nem barreiras. O mesmo acontece com as actividades criminais desenvolvidas nas redes: ocorrem em simultâneo em várias jurisdições, supondo que as autoridades judiciais e policiais de cada uma delas se socorram umas das outras, para investigar, promover o processo e julgar com eficácia. Por tudo, a cooperação internacional é uma das variáveis essenciais em qualquer actividade de investigação criminal em matéria de cibercriminalidade.

3 – Quais os instrumentos e estruturas de cooperação a nível Internacional de prevenção e combate à Cibercriminalidade que considera vitais e realmente funcionais?

A cooperação internacional na investigação de cibercriminalidade não se compadece com a tradicional morosidade dos instrumentos clássicos de cooperação judicial internacional, dependente da emissão de cartas rogatórias que cumprem percursos formais e prolongados no tempo. Por isso, assumem especial importância os modernos mecanismos de cooperação criados pela convenção de Budapeste, que criou novas vias e novas modalidades de cooperação expedita. Neste contexto, sublinha-se a criação de uma rede de contactos destinada a facilitar a cooperação, disponível 24 horas por dia, 7 horas por semana.

Esta rede, que Portugal já integra (o ponto de contacto está baseado na Polícia Judiciária), permite por exemplo, por via de contactos informais, solicitar a congéneres de

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todo o mundo a preservação urgente de dados de tráfego que, de outra forma se perderiam. A serem utilizadas as vias convencionais não seria possível pedir a preservação em tempo destes dados.

O ponto de contacto está baseado na Polícia Judiciária mas deverá providenciar cooperação a países terceiros mesmo que haja necessidade de intervenção judiciária. Por outro lado, no sentido oposto, deverá apoiar outros órgãos de polícia criminal nacionais, se estes tiverem que recorrer a algumas das medidas expeditas de cooperação internacional.

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4 – As estruturas de cooperação estão coordenadas de forma eficaz? Promove-se uma real cooperação de combate à Cibercriminalidade ou qualquer outro fenómeno criminal transnacional?

Ver questão anterior.

5 – Considera que existe efetivamente uma Cooperação Policial Internacional no combate à Cibercriminalidade? Quais as entidades envolvidas que considera relevantes? Quais os obstáculos e progressos?

Ver questões anteriores.

6 – Acredita que existe um défice de cooperação e coordenação entre as estruturas internacionais? De que modo?

A natureza intrínseca da cooperação criminal (que tem sempre na base acordos voluntários entre Estados) não potencia a coordenação entre os diversos actores –

maxime os Estados -, fora dos quadros institucionais. Neste contexto, institucional, há

com frequência grande harmonização das posições. Por exemplo no seio da UE, tem havido grande esforço de coordenação das opções dos Estados em matérias de cibercriminalidade.

Fora das instituições internacionais, a coordenação pode ser mais dificultada pelas diferentes sensibilidades dos vários Estados do mundo. Não é fácil, por exemplo, conciliar qualificações jurídicas entre todos os Estados: há países onde certos factos constituem crime e, exactamente os mesmos factos, para outros Estados são lícitos. Esta diferente perspectiva cria dificuldades à cooperação: se um facto é crime num Estado e não é no outro, se este último for solicitar a cooperar com o primeiro, não o poderá fazer, porque os factos em causa não são por ele considerados crime. Esta situação é muitíssimo frequente na actualidade.

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7 – Existindo o anterior défice, considera que esta situação fará perigar um eficaz combate e prevenção da Cibercriminalidade? Justifique.

Ver questão anterior.

8 - A União Europeia, enquanto ator de segurança, tem como missão providenciar e tornar efetiva a cooperação para combater o Cibercrime. De entre as várias medidas implementadas quais as que realmente promovem e efetivam a cooperação policial?

Esta questão deverá ser colocada às estruturas policiais.

9 – Considera que a EUROPOL e a INTERPOL realmente promovem a cooperação policial e partilha de informações? Quais as dificuldades e resultados positivos já alcançados nestas matérias?

Esta questão deverá ser colocada às estruturas policiais.

9.1 – Estas estruturas trazem um valor acrescentado ao combate da Cibercriminalidade? De que modo?

Esta questão deverá ser colocada às estruturas policiais.

9.2 – A um nível de aplicação prática, considera que essas estruturas têm impacto a nível da atuação nacional no combate às Ciberameaças? Fundamente.

Esta questão deverá ser colocada às estruturas policiais.

10 – Considera que se verifica o princípio da cooperação mútua em Portugal no geral? Existe cooperação entre as demais entidades com competências para prevenir e combater o Cibercrime atualmente no nosso País? Em que medida? Esta questão deverá ser colocada a quem tenha responsabilidade nas estruturas operacionais.

11 – Transpondo a questão agora para o nível internacional, considera existir uma permuta de informações entre os níveis nacional e internacional? Quais os obstáculos e avanços?

Esta questão deverá ser colocada a quem tenha responsabilidade nas estruturas operacionais.

12 – Vários autores partilham da opinião de que quando se trata de Cibersegurança esta apenas é possível se o sistema não estiver ligado à rede, ou seja, não existirá

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defesa possível, se este estiver ligado à rede. Concorda com este entendimento? Justifique.

Esta questão deverá ser colocada às estruturas de segurança.

13 – A constante demanda da prevenção obriga-nos a questioná-lo acerca da possibilidade da mesma. Considera ser possível a prevenção quando falamos de ameaças informáticas, em constante evolução e transmutação? Como perspetiva a prevenção deste fenómeno criminal?

Concordo, em absoluto, com a necessidade de prevenção como a forma mais eficaz de encarar as “ciberameaças”. Esta prevenção passa sobretudo pela educação dos utilizadores das redes. Mas passa também pelo incremento de medidas de segurança.

14 – Quais os desafios futuros que a Cibercriminalidade apresentará aos Estados em geral?

O grande desafio será o da dimensão: no futuro próximo, uma boa parte da tradicional criminalidade transferir-se-á para o ambiente digital, que providencia aos criminosos velocidade de acção, anonimato e segurança.

14.1 – No caso do Estado Português, ainda pioneiro nestes caminhos, qual o caminho a seguir para garantir a Cibersersegurança aos seus cidadãos?

Ver questão 14.

15 – Caso represente um serviço ou força dessegurança ou qualquer serviço com competências de segurança nestes domínios, qual o principal contributo que esse serviço em particular pode dar em matéria de Cibersegurança?

Não é aplicável..

Notas/sugestões/opiniões:

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Muito obrigado pelo preenchimento da presente entrevista. Caso esta entrevista revista, por qualquer motivo, caratér anónimo, garantimos-lhe que será dado o devido tratamento em função desse facto.

Agradecemos mais uma vez, e muito sinceramente, a atenção e tempo disponibilizados na realização desta entrevista.

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