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ENTREVISTA Nº 7: OYA PRIMÍPARA COM 10 MESES DATA: 06/01/

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE ENFERMAGEM

ENTREVISTA Nº 7: OYA PRIMÍPARA COM 10 MESES DATA: 06/01/

COMO FOI PARA VOCÊ AMAMENTAR, TENDO FISSURAS MAMÁRIAS?

É... foi horrível, foi horrível porque é... doía muito, ficou muito doído, dolorido. Aí, eu não conseguia mais dar mama e eu dei mama no 1º dia... à noite, que eu fui pra sala já de noitinha e a enfermeira mandou que eu me virasse pra dar mama. Aí, eu começei, aí eu fiquei a noite toda assim, quase... que ela queria, eu dava. Aí, quando foi de manhã, o peito já tava muito doendo, ferido. Aì eu começei a me desesperar. Chorava... o peito começou a inchar de leite, enchendo de leite e sem poder a menina sugar, mamar ,porque não conseguia mesmo. Era muita dor e eu tentava. Veio um monte de gente de... Botei ali, aquele IPERBA (Instituto de Perinatologia da Bahia) de cabeça pra baixo (risos) porque eu sou muito... assim, não aguento sentir dor, vou falar mermo e essa dor é uma dor mesmo que é horrível mesmo. Aì eu peguei, aí vinha um monte de gente me olhar, pegava, bulia, aí começou eu ficar sem dar mama. Aí vinha uma e dizia assim: Não, mãe, se tem que dar mama. Aí eu tentava, aquela coisa, aquela... Eu ficava tentando botar ela pra dar mama, pra mamar. Aí tinha vez que eu conseguia, mas era aquela dor, era chorando... e um sufoco. Aí, foi enchendo, piorando, que o peito ficou lotado mesmo de leite e ela sem mamar direito, não mamava, e quando acontecia que eu deixava mamar, era um pouquinho, porque eu não aguentava muito tempo, aí foi piorando. Foi enchendo, enchendo, chegou uma noite lá no IPERBA (Instituto de

Perinatologia da Bahia) que eu fiquei com o peito, eu me deitei assim... o peito tava

assim...bom! bom, não mas não tava tão ruim assim. Aí fui dormir. Quando acordei, foi com os dois peitos assim durão, parecendo que eram duas pedras no lugar, assim... Aí eu começei a chorar. Aí veio a enfermeira, botou compressa de água quente no meu

peito e fez massagem, botou o leite pra sair. Aquela confusão... foi uma confusão mesmo que eu espero nunca mais passar.

Você fala da 1ª lesão que foram os cortes nas mamas e depois do ingurgitamento. Então, eu queria que você falasse um pouquinho desse momento em que tinha cortes nas mamas.

Era ruim, dolorido. Muito ruim... pra eu dar mama assim. Tanto que eu nem dei muito leite no começo, não dei assim... muito, não! Vim dar mais quando cheguei em casa e lá na maternidade, ela começou a tomar o NAN. Me deram (sussurando). Aí todo dia, toda... porque ela ficou lá 3 dias. Vinha de manhã, de noite e de tarde o leitinho pra ela que eu dava, mas não dei muita mama lá, não!

Você fala que não amamentou muito no IPERBA, que deu mais em casa. Eu queria que você falasse desse momento em que estava em casa com esses cortes nas mamas e continuava amamentando.

Ó, eu começei a dar. Aí, eu comecei a vir as pessoas e via como é que eu tava. Olha, Oya, eu também já passei por isso, é assim mesmo, você tem que ter força. Eu chamava por Deus porque é... é muita dor. Aí, eu começei dar mama,eu pegava, fechava os olhos e tinha até uma música porque eu sou cristã, tinha até uma música que eu cantava na hora de dar mama que eu pegava, botava Júlia no peito e começava a me torcer ali de dor. Aí, a lágrima escorrendo e eu dando mama, tanto que ela chegou até a beber sangue. A médica disse que não tinha, não prejudicava. Eu dei a mama com leite,como é que diz... com sangue e aí eu fui aguentando, mesmo pelo amor mesmo que eu senti, que eu sinto pela minha filha, fui dando a mama assim, o peito ferido. Foi, foi, vinha um dizia uma coisa, dizia outro. Me ensinaram a botar o seio no sol pra ir melhorando, usei pomada, essas coisas... Foi, eu fui me acostumando mais, doendo mas dava, fui acostumando até... quando chegou o ponto que sarou, que não fazia mais tanta dor. Tava ferido ainda porque levou um tempo assim, meu peito, aí eu não sentia tanta dor e continuei dando. Não larguei não, não deixei de dar, não!

COMO VOCÊ SE SENTIU AMAMENTANDO NESSA SITUAÇÃO?

(Silêncio) - olhos marejados... Eu me senti, eu me senti assim... que eu era a mãe, que eu tinha aquela responsabilidade de dar, que minha filha não ia poder ficar sem tomar o leite, sem mamar, como eu já vi casos de mães que deixou de amamentar porque o peito feriu e aí eu me senti que eu era a mãe, que eu tinha aquela responsabilidade de passar... , de dar mama. Aquela obrigação. Eu deixei o meu lado, eu deixei Oya um pouquinho de lado e quis ser aquela mãe protetora, cuidar de minha filha e só isso... que eu senti. Eu me senti assim... Tinha vez que eu ficava... Meu Deus, que situação horrível que eu tou passando! mas isso vai passar, botei aquela coisa na mente... Ah, isso vai passar. Aí, depois vinha aquele pensamento de novo... quando é que vai passar, que tá demorando demais e eu quero ficar logo livre disso pra eu dar mama direito a minha filha e ter aquele prazer de dar mama como minha irmã mesmo dizia que gostava de amamentar. Aì, eu dizia: Gostar, eu ainda acho um sufoco na hora da amamentação, um sufoco... mas eu quero que chegue logo essa época que eu teja sentindo prazer de dar mama a minha filha.