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3.2 FASES DE DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO

3.2.1 Coleta de dados

3.2.1.3 Entrevista semiestruturada

Esta etapa é composta pela elaboração da entrevista semiestruturada, a qual foi baseada no método proposto por Kallio et al. (2016). Os autores desenvolveram o método a partir de revisão de literatura sobre entrevistas semiestruturadas. A FIGURA 8 apresenta as etapas do método, bem como a descrição e o objetivo das etapas.

FIGURA 8 – ETAPAS DO MÉTODO DE ELABORAÇÃO DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA

FONTE: Adaptado de Kallio et al. (2016).

A etapa 1 da metodologia de entrevista semiestruturada (KALLIO et al., 2016) descreve sobre a adequação da entrevista para a coleta de dados do estudo.

Entrevistas são direcionadas e perceptivas, fornecendo ao pesquisador um foco direto no tema em análise, além de proporcionar inferências causais percebidas pelo pesquisador (YIN, 2001). Também são relevantes alguns fatores negativos quanto à realização de entrevistas para coleta de dados (YIN, 2001), os quais são descritos no QUADRO 5 juntamente com ações tomadas pela autora do estudo para reduzi-los ou eliminá-reduzi-los.

QUADRO 5 – FATORES NEGATIVOS À REALIZAÇÃO DE ENTREVISTAS E AÇÕES CORRETIVAS

Fatores Ações para reduzir ou eliminar

Visão tendenciosa gerada por questões mal elaboradas

Esta pesquisa foi realizada em conjunto com duas dissertações paralelas, as quais estão inseridas no mesmo escopo de estudo;

as questões da entrevista semiestruturada foram realizadas em conjunto com as pesquisadoras de tais dissertações, passando por validação qualitativa dos professores orientadores e por um teste piloto realizado com pesquisador acadêmico da área

Respostas tendenciosas

As perguntas têm caráter aberto, ou seja, com respostas limitadas apenas dentro do escopo do estudo, e que foram questionadas de mais de uma forma ao longo da entrevista para alinhar relações entre os diversos elementos mencionados pelo entrevistado, assim como as respostas foram gravadas (áudio) e discutidas entre as pesquisadoras

Imprecisão de respostas por falta de memória do

entrevistado

Os entrevistados receberam uma breve descrição do estudo antes da realização da entrevista, a fim de inserir o entrevistado no escopo estudado e então obter respostas que tiveram mais tempo para ser desenvolvidas (em oposição a apresentar o conteúdo da pesquisa apenas no momento da entrevista)

Reflexibilidade - entrevistado fornece ao pesquisador as respostas que este gostaria de ouvir

De maneira similar à ação para "respostas tendenciosas", as perguntas foram retomadas em diferentes momentos da entrevista para garantir o alinhamento das ideias e estabelecer de maneira correta a relação entre todos os elementos mencionados pelo entrevistado; além disso, os entrevistados são orientados a responder sobre a realidade, pois a entrevista visa refletir esta FONTE: A autora (2020), baseado em Yin (2001).

Ainda quanto à relevância da entrevista como instrumento de coleta de dados, a literatura sobre o tema de cadeia de suprimentos digital é recente (BÜYÜKÖZKAN; GÖÇER, 2018), e incorpora majoritariamente a definição do conceito em si e das tecnologias digitais associadas ao conceito. Assim como, estudos sobre sustentabilidade integrada às cadeias de suprimentos digitais são

poucos e restritos ao uso individual de tecnologias (DUBEY et al., 2017; GREEN et al., 2017; BAG et al., 2018; MANAVALAN; JAYAKRISHNA, 2019), o que fornece possibilidade para estudos aprofundados na área. Dessa forma, com o objetivo de investigar a relação entre o uso de tecnologias digitais e sustentabilidade, a realização de entrevista semiestruturada é uma metodologia capaz de validar conceitos utilizados na literatura e apresentar características específicas do cenário estudado. Isto é feito por meio de perguntas abertas, sem respostas pré-definidas, as quais são derivadas de pesquisa na literatura em conjunto com a experiência do pesquisador na área estudada (CRESWELL, 2009; GALLETTA, 2013). Como complemento, as perguntas da entrevista devem ser claramente relacionadas ao objetivo da pesquisa e organizadas de modo a auxiliar o pesquisador no entendimento lógico e progressivo do fenômeno analisado (GALLETTA, 2013).

Creswell (2009) ainda sugere que as questões da entrevista sejam concisas e tenham caráter aberto, de modo a permitir que os entrevistados respondam compartilhando informações com diferentes perspectivas dentro do elemento em análise.

A etapa 2 da metodologia de entrevista semiestruturada relata sobre a construção do corpo de conhecimento necessário para basear as perguntas da entrevista. Como mencionado na seção metodológica sobre revisão de literatura (seção 3.2.1.2), esta é uma das fontes de coleta de dados para estudos de caso assim como o é para a entrevista semiestruturada. A revisão de literatura foi usada no presente estudo para definir conceitos que serviram de base para a elaboração das questões da entrevista, as quais são descritas no capítulo 4 (Resultados).

A etapa 3 do desenvolvimento da entrevista semiestruturada é relacionado à elaboração do guia preliminar da entrevista. De acordo com Yin (2001), as questões da entrevista servem como lembretes ao pesquisador sobre as informações que precisam ser coletadas e as razões para tal. As questões devem suprir respostas para a pergunta de pesquisa, e devem trazer aspectos originados da revisão de literatura. Deve ficar claro ao entrevistado qual é o objetivo principal com as questões da entrevista. Além disso, geralmente são incluídas poucas perguntas, de caráter geral e que incorporem todos os aspectos em análise (SAMPIERI;

COLLADO; LUCIO, 2013). Para auxiliar na coleta de dados e na captação das respostas dos entrevistados, Yin (2001) pontua que o pesquisador pode incluir planilhas vazias para a coleta de dados, as quais têm informações relevantes e

originadas da revisão de literatura e que podem, também, guiar o pesquisador no maior entendimento das respostas do entrevistado. Em especial, o autor comenta que a utilização de planilhas para coleta de dados é extremamente útil para a identificação de informações similares ou diferentes entre os casos múltiplos.

A etapa 4 refere-se ao teste piloto do guia preliminar da entrevista, e é extremamente relevante por auxiliar o pesquisador a melhorar o guia da entrevista quanto ao conteúdo em análise e os procedimentos a serem seguidos (YIN, 2001).

O autor pontua também sobre a seleção dos casos-piloto, os quais são comumente selecionados por conveniência e acesso aos dados, sendo possível observar fenômenos em diferentes perspectivas juntamente aos casos-piloto. Yin (2001) ainda comenta que o teste piloto deve abranger aspectos do conteúdo da pesquisa e da metodologia da mesma, e que deve produzir um relatório com as mudanças selecionadas para a entrevista.

A etapa 5 por fim está relacionada à apresentação do guia final da entrevista semiestruturada, o qual deve incorporar o resultado das etapas anteriores e que será utilizado para todos os entrevistados de maneira similar.

Com isso, foram descritos os métodos de estudo de casos múltiplos e de elaboração de entrevista semiestruturada, assim como foram descritos os objetivos da revisão de literatura para o presente estudo. Os três métodos de coleta de dados complementam-se neste estudo, sendo que algumas etapas são comuns e foram usadas de maneira integrada para a elaboração completa da entrevista semiestruturada, e também para que a aplicação do instrumento fosse realizada da maneira mais eficaz.