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CAPÍTULO II: METODOLOGIA EMPÍRICA E O DESIGN

4.1. Técnicas de recolha de dados de âmbito qualitativo

4.1.3. Entrevista semiestruturada

A entrevista é um ato de conversação intencional e orientado, que implicou uma relação pessoal com os dois entrevistados (professores regulares de turma), sabendo que desempenham um papel importante na educação dos alunos do 4.º ano do 1.º Ciclo do Ensino Básico e, simultaneamente permitiu-nos interagir com eles em muitos

momentos da implementação do PIIE. Em termos de técnica de recolha de dados a entrevista é um processo de interação social entre duas pessoas na qual uma delas tem o objetivo de obter informação por parte do entrevistado, visando obter informações ou dados objetivos e subjetivos, que no dizer de Ketele e Roegiers (1999, p. 22):

“A entrevista é um método de recolha de informações que consiste em conversas orais, individuais ou de grupos, com várias pessoas selecionadas cuidadosamente, a fim de obter informação sobre fatos ou representações, cujo grau de pertinência, validade e fiabilidade é analisado na perspetiva dos objetivos da recolha de informações”

Esta técnica permitiu a oportunidade de promover a educação para as emoções no contexto escolar, de forma mais ou menos aprofundada, em pouco tempo. Na qualidade de entrevistador conseguimos explorar determinadas ideias sobre as emoções, habilidades sociais e inteligência emocional, abordando motivos emocionais e sentimentos, coisa que outras técnicas não o podem fazer. A forma como determinada resposta foi dada (o tom de voz, o silêncio, a expressão facial, a hesitação, as reações indevidas, etc.) transmitiu informações formais e informais (estas em registo de notas de campo), que uma resposta escrita nunca revelaria. Daí que a entrevista implique a definição prévia de objetivos a colocar aos entrevistados sobre a temática. Na investigação qualitativa, as entrevistas podem ser utilizadas de duas formas, ou seja, podem constituir a estratégia dominante para a recolha de dados ou podem ser utilizadas em conjunto com a observação participante, análise de documentos e outras técnicas. Em todas estas situações recolhe-se dados descritivos na linguagem do próprio sujeito entrevistado, permitindo ao investigador desenvolver intuitivamente uma ideia sobre a maneira como ele interpreta aqueles aspetos afetivos-emocionais, habilidades sociais no desenvolvimento escolar dos alunos.

Deste modo, privilegiámos a entrevista semiestruturada como base de recolha de informação, por se tratar de uma conversação efetuada face a face, de maneira metódica, que proporciona verbalmente a informação necessária. Entre as principais vantagens das entrevistas semiestruturadas, contam-se as seguintes (Flick, 2005; Ketele e Roegiers, 1999): a possibilidade de acesso a uma grande riqueza informativa (contextualizada e através das palavras dos atores e das suas perspetivas; a possibilidade do/a investigador/a esclarecer alguns aspetos no seguimento da entrevista, o que a entrevista mais estruturada ou questionário não permitem; é causadora, na fase inicial de qualquer estudo, de pontos de vista, orientações e hipóteses para o aprofundamento da investigação, a definição de novas estratégias e a seleção de outros instrumentos.

De facto, a entrevista semiestruturada “(…) visa levar o interlocutor a exprimir a sua

vivência ou a perceção que tem do problema que interessa ao investigador” (Quivy &

Champenhoudt, 1992, p. 80), por isso fizemos uma série de perguntas sobre as emoções na educação escolar, o conhecimento dos estados emocionais dos alunos, as habilidades sociais e emocionais geradas no processo educativo e na relação pedagógica entre os alunos e entre estes e o/a professor/a e, ainda na convivência e no

ambiente educativo propicio a uma efetiva aprendizagem dos alunos, no espaço de sala de aula. Obtivemos informações descritivas, ou seja, na linguagem da própria dos entrevistados tornou-se possível a previsão das ideias que manifestaram sobre a temática em estudo no 1.º Ciclo do Ensino Básico. Na verdade, a entrevista semiestruturada, composta por 7 perguntas, foi a que melhor se relacionava com o nosso tipo de estudo, pois esta técnica permitiu adequar-se aos entrevistados, ou seja, incluir ou aprofundar as questões do guião prévio, de modo a que este fosse explorado e abordado de forma flexível.

As entrevistas foram realizadas aos professores regulares de turma do 4.º ano do ensino básico das Escolas Básica ‘Fonte Água’ e ‘Santos’. O guião prévio da entrevista semiestruturada foi validado por juízes especialistas (professores de investigação – orientador). Dessa apreciação resultou a elaboração do formato daquele guião orientador, composto por 7 perguntas com as respetivas semânticas significativas. Segundo Quivy & Campenhoudt (1992), apesar do guião elaborado pelo entrevistador, este tipo de entrevista permite dar alguma liberdade de inclusão e aprofundamento ao entrevistado, de modo a desenvolver as respostas, segundo a direção que considere adequada, explorando, de uma forma flexível e aprofundada, os aspetos que considere mais relevantes. Neste sentido intentámos compreender se os aspetos emocionais e as habilidades sociais contribuem para uma boa relação pedagógica e se tem influência na aprendizagem ou não (clima educativo de aula). O seu registo foi feito com recurso a um gravador áudio, com o consentimento prévio do entrevistado, o que facilitou muito a etapa posterior referente à transcrição da mesma, mantendo especial cuidado na preservação da fiabilidade das respostas dadas. Numa fase posterior, procedeu-se à validação da transcrição junto do entrevistado e respetiva análise de conteúdo da entrevista, a qual constitui uma técnica de análise que avalia de forma sistemática um corpo de texto (ou material), desvendando por categorização e/ou quantificando a ocorrência de palavras/frases/temas considerados fundamentais (Bardin, 2004).

O período em que decorreu a realização formal das entrevistas semiestruturadas (formalidade na combinação do dia e hora com as entrevistadas) foi em a finais de maio de 2019, tendo havido muitos contatos prévios e informais (entrevistas) com os professores entrevistados, cujos indícios foram registados em notas de campo.