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Com a conclusão dos levantamentos das manifestações patológicas, aconteceram trinta entrevistas estruturadas com os moradores do Residencial Paraíso. Estas entrevistas foram realizadas aleatoriamente no dia 19/06/2016 com moradores que se encontravam nas áreas externas de uso comum do condomínio. O questionário contempla treze questões, sendo seis de caráter individual e pessoal.

Constatou-se que 57% dos entrevistados é proprietário e 33% arrendatário do imóvel, e 10% inquilinos. A maioria dos entrevistados é do sexo feminino, compondo 53% dos participantes. A faixa etária de 47% dos participantes é de 25 a 39 anos de idade, 40% de 40 a 59 anos, 10% até 24 anos e 3% com mais de 60 anos.

Foram entrevistados usuários de todos os blocos, obtendo-se três parcelas iguais: 10 entrevistas no bloco “A”, 10 no bloco “B” e 10 no bloco “C”.

Da mesma forma, tomou-se o cuidado de entrevistar o mesmo número de moradores em cada pavimento do bloco. Foram realizadas seis entrevistas em cada um dos cinco pavimentos, totalizando as trinta entrevistas.

Quanto à quantidade de moradores por unidade habitacional, verificou-se que a maioria dos apartamentos dos entrevistados são habitados por duas pessoas (50%) ou três pessoas (30%), 13% por quatro ou mais pessoas e 7% por uma pessoa.

No que se refere à percepção do usuário em relação às manifestações patológicas, 70% dos entrevistados já reparou nos danos existentes nas fachadas do residencial e 57% sentem-se incomodados com estes problemas. Entretanto, apenas 33% dos usuários efetuaram alguma reclamação junto à imobiliária administradora em relação a estes problemas nas fachadas. Evidenciando a distância existente entre a percepção de um problema e a busca de uma solução por parte dos moradores.

Não foi confirmado um nível maior de percepção e de incômodo dos moradores dos primeiros andares em relação às manifestações patológicas. Esta hipótese havia sido cogitada em função da facilidade de acesso às áreas externas dos blocos e um provável maior tempo de permanência nelas.

Quanto à percepção dos usuários de acordo com os blocos que moram, verificou-se que os moradores do bloco “A” mostraram-se menos atentos e incomodados com os problemas existentes nas fachadas dos prédios. Isto pode ter

relação com o menor número de ocorrências de manifestações patológicas registradas na fachada frontal norte do bloco “A”, em relação às outras duas fachadas frontais dos blocos “B” e “C” que tem orientação sul. Salientando-se que as fachadas frontais são as mais visíveis das vias de acesso aos blocos. Existindo uma tendência de se observar mais os problemas do bloco no qual reside devido ao tempo de exposição e interesses próprios. O maior índice de percepção dos danos e insatisfação foi verificado nas entrevistas do bloco “B”. Os moradores do bloco “B” demonstram interesse na manutenção das fachadas através das intervenções de limpeza realizadas por eles próprios em vários trechos deste bloco.

A manifestação patológica que mais chama atenção dos usuários entrevistados é a umidade, seguida dos problemas de fissuração, sujidades e descolamento do revestimento. Para isto, eles enumeraram em ordem de prioridade (muito; mais; mais ou menos; menos) o dano existente na fachada que mais lhe incomodava, apontando desde 1 para o mais grave até 4 para o menos relevante.

Conforme o grau de visibilidade do usuário em relação à manifestação patológica (muito; mais; mais ou menos; menos) foram colocados pesos de 4 até 1 para cada recorrência, obtendo-se a porcentagem de relevância que cada dano encontrado na fachada possuía para o morador do residencial. Portanto, onde o morador colocou “muito” o peso para compilação dos dados foi de 4, para “mais” peso 3, para ”mais ou menos” peso de 2 e onde a recorrência foi vista como “menos” peso 1. Com esta relação de prioridade para o usuário e peso proposto, obteve-se que a manifestação patológica umidade foi apontada como a que mais chama atenção por 38% dos participantes, sendo seguida por fissuras com 31%, sujidade com 17% e descolamento do revestimento com 14%, conforme mostra a figura 141.

38% 31%

17%

RELEVÂNCIA DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS

Descolamento revestimento Sujidade

Fissuras/Trincas Umidade 14%

Figura 141 – Porcentagem das manifestações patológicas, de acordo com a relevância dada pelo usuário no Residencial Paraíso.

A ordem de relevância manifestada pelos entrevistados no que diz respeito às anomalias existentes não coincide com o levantamento técnico realizado, pois este verificou o maior número de incidências relacionado às fissuras, aparecendo na sequência os problemas de umidade, descolamento de revestimento e sujidade.

E, em relação às prioridades de manutenção a serem executadas nas fachadas, os entrevistados enumeraram em “mais”; “mais ou menos”; ou “menos” prioritárias. As respostas dispuseram em ordem de prioridade os reparos nos revestimentos, para posterior lavagem, seguida pela pintura das fachadas. Conforme mostra a figura 142, os usuários classificaram em 1 para “mais” prioritária, 2 para “mais ou menos” e 3 para manutenção com “menos” prioridade.

0 5 10 15 20 25

Lavagem Pintura Reparo revestimento

PRIORIDADE DE MANUTENÇÃO NAS FACHADAS

Menos Mais ou Menos Mais

Figura 142 – Percepção do usuário em relação à prioridade de manutenção das fachadas do Residencial Paraíso.

Para compilação dos dados obtidos, adotaram-se pesos de 1 a 3 a serem colocados nas prioridades (mais; mais ou menos; menos), obtendo-se a porcentagem de prioridade das manutenções a serem realizadas nas fachadas. Utilizou-se peso 3 para prioridade “mais”, 2 para “mais ou menos” e 1 para “menos”. Através desta relação de prioridade para o usuário e peso proposto, obteve-se que 40% acreditam que a lavagem é a manutenção prioritária, 37% julgam ser o reparo no revestimento e 23% a pintura, conforme mostra com a figura 143.

40% 37% 23%

PRIORIDADE DE MANUTENÇÃO NAS FACHADAS

Pintura

Reparo revestimento Lavagem

Figura 143– Porcentagem da percepção do usuário em relação à prioridade de manutenção das fachadas do Residencial Paraíso.

A prioridade dos entrevistados pela lavagem é explicável pela aparência das fachadas que, no geral, está bastante prejudicada pela presença de fungos. As

imagens das figuras 144 a 147 mostram fachadas com orientação sul, onde paredes de alguns apartamentos do 1º e 2º pavimentos, que são mais acessíveis para manutenções, foram lavadas por iniciativa dos moradores. Nestas imagens fica clara a diferença entre as partes que foram lavadas e as que não foram.

Figura 144 – Parte da fachada dos fundos do bloco “A” do Residencial Paraíso lavada por morador.

Figura 145 – Parte da fachada frontal do bloco “B” do Residencial Paraíso lavada por moradores dos primeiros andares.

Figura 146 – Parte da fachada frontal do bloco “B” do Residencial Paraíso lavada por morador.

Figura 147 – Parte da fachada frontal do bloco “C” do Residencial Paraíso lavada por morador.

O reparo nos revestimentos aparecer antes da pintura na ordem de prioridade dos moradores é adequado, uma vez que, a execução de uma boa e durável pintura

de acabamento é antecedida, primeiramente, pela recuperação de áreas com fissuras e descolamentos, além da limpeza da superfície.

Os entrevistados, em sua maioria, consideram a situação das fachadas razoável (57%), sendo que 23% avaliam ser ruim e 20% julgam estar em boas condições (Figura 148). Em relação à necessidade de manutenção nas fachadas, 83% dos entrevistados considera necessário e 17% acreditam que não é necessária manutenção nas fachadas do residencial.

20%

57% 23%

SITUAÇÃO DAS FACHADAS DOS PRÉDIOS

Boa Razoável Ruim

Figura 148 – Porcentagem da percepção do usuário em relação à situação das fachadas do Residencial Paraíso.

Embora 20% dos moradores considerem que as fachadas estejam em boas condições e 57% avaliem a situação como razoável, a maioria (83%) dos respondentes declararam serem necessárias as intervenções de manutenção. É essencial esta valorização das atividades de manutenção por parte dos moradores, tanto para motivação na busca de serviços de intervenção junto à administradora, como também no cuidado com a conservação das fachadas pelos próprios usuários.

6 Conclusões e considerações finais

Diante dos resultados obtidos através destes estudos de caso, é possível descrever algumas conclusões relacionadas aos levantamentos da atual pesquisa, ao estudo comparativo com o Projeto INQUALHIS e às entrevistas realizadas, além de algumas considerações gerais.