• Nenhum resultado encontrado

5.2 ETAPA SISTEMÁTICA 120 !

5.2.3 Entrevistas 123 !

As entrevistas são importantes quando se precisa mapear ou compreender práticas, crenças, valores e sistemas classificatórios de universos sociais específicos, nos quais os conflitos e/ou contradições não estejam bem estruturados e apresentados. Caso as entrevistas sejam realizadas da forma correta, é possível que o pesquisador compreenda, em profundidade, coletando indícios dos modos como cada um dos sujeitos percebe a realidade analisada, levantando informações consistentes que permitam descrever e compreender a lógica que preside as

relações que se estabelecem no interior daquele grupo. Normalmente, a entrevista é a única forma existente para a obtenção destes dados visto que com outros instrumentos o processo torna-se mais lento e pouco direto.

A realização de uma boa entrevista consiste em:

a) que o pesquisador tenha muito bem definidos os objetivos da sua pesquisa; b) que ele conheça com alguma profundidade o contexto em que pretende realizar sua investigação (a experiência pessoal, conversas com pessoas que participam daquele universo, leituras de estudos precedentes e uma cuidadosa revisão bibliográfica são requisitos fundamentais para a entrada do pesquisador no campo); c) a introjeção, pelo entrevistador, do roteiro da entrevista (fazer uma entrevista “não válida” com o roteiro é fundamental para evitar engasgos no momento da realização das entrevistas válidas); d) segurança e auto-confiança; e) algum nível de informalidade, sem jamais perder de vista os objetivos que levaram a buscar aquele sujeito específico como fonte de material empírico para sua investigação (DUARTE, 2004, p. 216).

Nesta pesquisa, serão realizadas entrevistas com os editores-chefes e jornalistas que trabalham diretamente nos jornais populares analisados.

As entrevistas terão como objetivo:

a) compreender como os jornais populares impressos estão se preparando para trabalhar em conjunto com a tecnologia, tendo como foco o ambiente digital;

b) analisar como se dá o dia a dia nestes veículos de comunicação, principalmente no ambiente digital, tendo como foco a equipe que atua neste meio;

c) perceber se há preocupações quanto ao futuro do jornalismo popular impresso visto que há uma grande tendência que os conteúdos migrem, cada vez mais, para o ambiente digital;

d) descobrir se há investimento no digital, com utilização de softwares que facilitem a rotina do jornalista que trabalha neste meio;

e) e, por último, compreender se há a constante utilização dos elementos multimidialidade, hipertextualidade e interatividade.

As entrevistas com os profissionais do Extra foram realizadas em dois momentos. O primeiro, via Skype, devido à distância entre a pesquisadora e o jornal analisado. Em um segundo momento, foi possível a visita a campo e a entrevista ocorreu de forma pessoal. Assim, foi possível compreender a rotina da redação do impresso, bem como o cotidiano dos jornalistas que atuam na versão específica do ambiente digital. As entrevistas a profissionais do Diário Gaúcho foram realizadas pessoalmente por parte da pesquisadora.

Além disso, as entrevistas foram desenvolvidas por meio de uma abordagem flexível, na qual houve o estímulo dos questionamentos, mas o jornalista ficou livre para contar suas experiências. Embora haja uma lista de questionamentos, as perguntas foram realizadas de forma aleatória, caracterizando, então, uma entrevista semiestruturada, contendo as seguintes perguntas:

Quadro 5 - Questionário com sugestões de perguntas

Questionário com sugestões de perguntas

Qual a sua percepção em relação ao feedback do público-leitor no digital? Como se dá o comportamento dos leitores no papel e no digital?

Como o editor pauta a equipe focada no digital? Da mesma forma que a equipe offline? Como é o perfil dos leitores que interagem no digital?

Como está o planejamento do jornal (impresso e digital) no futuro? Qual é o crescimento do digital em relação ao papel?

Quando o conteúdo do papel vai para o digital, há diferenças significativas?

Se tivesse que mudar o produto, sem limite de equipe e orçamento, qual seria o produto digital dos sonhos?

Referências de sites de jornais populares.

Quais as mudanças que poderiam ser feitas no jornal atual (tanto impresso quando digital)? Fonte: O autor (2015).

A partir das respostas deste questionário, utilizado em entrevistas com profissionais que atuam nos jornais populares e que pode adquirir mais perguntas de acordo com cada entrevista e cada entrevistado, foi possível compreender a relação do jornal popular analisado com o ambiente digital, bem como as funções da equipe que atua neste ambiente a fim de analisar as interações ali existentes, além de perceber se há preocupações quanto ao alcance do público e uma melhor relação com o mesmo.

6 JORNAIS POPULARES NO AMBIENTE DIGITAL: DIÁRIO GAÚCHO/RS E EXTRA/RJ

Tendo em vista o desenvolvimento rápido da internet e a interação deste meio com o público, os jornais populares invadiram o meio online para disseminar conteúdo jornalístico voltado às classes populares. Anteriormente, as páginas na

Web apenas transferiam o conteúdo do jornal impresso para o digital, de modo que

não houvesse um diferencial do papel. Conforme analisado, a segunda fase da Web mudou essa configuração e deu espaço para que mais pessoas pudessem se conectar e interagir com o digital. Além disso, os jornais populares também buscaram a conexão com o seu público-alvo: a classe “C".

Neste capítulo, então, serão apresentados os jornais populares escolhidos, de acordo com o que já foi explicitado no capítulo destinado à Metodologia. Serão desenvolvidos também os dados oriundos da observação desenvolvida ao longo da pesquisa. Segundo informações do Instituto Verificador de Comunicação (IVC), órgão responsável pela auditoria de jornais e revistas no Brasil, dos dez jornais de maior circulação no Brasil em 2014, cinco são populares. A partir destes dados, foram selecionados para uma análise aprofundada os jornais Diário Gúcho, do Rio Grande do Sul, e Extra, do Rio de Janeiro. O primeiro por ser um jornal popular conhecido nacionalmente, que tenta, constantemente, se adaptar às mudanças ocorridas devido aos avanços tecnológicos. O segundo por ser uma referência no gênero popular presente tanto no offline quanto no ambiente digital.

Em um primeiro momento será analisado o Diário Gaúcho, tanto o impresso quanto o jornal no ambiente digital, seguindo os critérios já delimitados nos procedimentos metodológicos. Também foram realizadas entrevistas com jornalistas e o editor-chefe que trabalham na redação do veículo a fim de analisar o valor atribuído ao digital e como se dá o trabalho para este meio, bem como compreender por que existe uma difícil apropriação do contexto digital pelo jornal popular. Vale salientar que será utilizada a observação para que se possam compreender fatores primordiais para o desenvolvimento da pesquisa, como a questão dos elementos do gênero popular, que, em alguns casos, desaparecem no ambiente digital. Além

disso, para cada veículo analisado torna-se relevante realizar uma contextualização inicial com o intuito de melhor compreendê-lo.