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OBJETO REALIDADE

2.3 Procedimentos e instrumentos para a imersão no campo empírico

2.3.3 Entrevistas semiestruturadas

Com o objetivo de analisar as significações constituídas pelos professores de todos os componentes curriculares e, também, pelas coordenadoras pedagógicas acerca da avaliação da aprendizagem no 3º ciclo, foram realizadas entrevistas semiestruturadas. Essa escolha foi feita partindo-se do entendimento de que a entrevista é um procedimento que exige a presença do pesquisador para que se obtenha dos sujeitos informações importantes para responder as questões e os objetivos de pesquisa. (MOROZ e GIANFALDONI, 2006).

As entrevistas garantiram a interação pesquisador/sujeito/objeto de pesquisa e favoreceram o esclarecimento de pontos que mereciam maior explicação no decorrer da pesquisa. Elas foram acompanhadas de um roteiro, que facilitou o meu trabalho, enquanto pesquisadora, pois com as perguntas planejadas pude ficar atenta, também nos indicadores não verbais, com o intuito de completar e combinar discursos e ações, para o alcance dos objetivos desta pesquisa. (AGUIAR e OZELLA, 2013).

2.3.4 Grupo focal com os estudantes

O objetivo desta seção é apresentar como foram realizados os dois grupos focais com as turmas participantes da pesquisa (7º ano “A” e 9º ano “B”) e as características dos entrevistados, além de outros aspectos relevantes. Os grupos focais favoreceram o entendimento dos processos avaliativos desenvolvidos na escola. Por meio desta técnica de pesquisa, eu procurei compreender a prática cotidiana, as ações, as reações, os comportamentos e as atitudes dos sujeitos ligados ao ensinaraprender e avaliar. (GATTI, 2012).

Os alunos geralmente são esquecidos nas pesquisas em educação e reconhecendo que a escola existe em função deles, assim como, o ensinaraprender e avaliar, nada mais justo do que ouvir esses sujeitos ativos do processo educativo, entender os sentidos e as significações constituídas sobre à avaliação da aprendizagem.

Ao convidar alguns alunos a participarem do grupo focal, o chamado gerou um sentimento de surpresa e, ao mesmo tempo, euforia. Quando falei que eu iria realizar uma entrevista em grupo com eles, que discutiriam e comentariam aspectos da avaliação realizada em sala de aula, a partir das suas experiências (POWELL E SINGLE, 1996), ficaram surpresos e uma das alunas do grupo disse: “como assim? Nunca fomos ouvidos por ninguém!” O prazer de serem ouvidos foi tanto, que nos dois grupos focais, os estudantes foram muito participativos. Nesse sentido, o meu papel como moderadora do grupo foi fundamental para manter o foco nos objetivos da pesquisa e, ao mesmo tempo, permitir a livre expressão, mantendo uma discussão produtiva, garantindo que todos expusessem suas ideias e impedindo a dispersão. (GATTI, 2012).

Cabe informar que os dois grupos focais (apêndice H) foram realizados no 4º bimestre letivo de 2018, depois de um tempo de convivência com os alunos das turmas observadas, o que oportunizou o estabelecimento de uma relação de confiança e levou os alunos a ficarem mais tranquilos e seguros para explorarem suas ideias no momento de realização da técnica. Dos dois grupos focais, um foi desenvolvido com 7 estudantes do 7º ano “A” e o outro com 8 alunos do 9º ano “B”, sendo realizados no horário de aula, o que facilitou o encontro dos participantes. A técnica foi desenvolvida com o 7º ano “A” no horário da aula de projeto (último horário) e com o 9º ano “B” nos dois últimos tempos de aula em um dia em que uma professora não pôde comparecer.

Para realizar os grupos focais com os alunos, eu precisava da autorização dos pais/mães, porque eles eram menores de idade, então, comecei com o 7º ano, enviando bilhetes para 12 alunos (Apêndice I), marcando um encontro com os responsáveis, em um dia de reunião na escola. Nesse encontro, pretendia explicar a respeito da pesquisa e recolher as assinaturas nas autorizações de participação dos estudantes no grupo focal e uso dos depoimentos na pesquisa e gravação de áudio (Apêndices J e K), mas isso não foi possível, porque apenas dois pais compareceram. Então, para conseguir as autorizações, fui à sala de aula do 7º ano “A”, onde estava acontecendo a reunião das famílias, expliquei acerca da pesquisa aos responsáveis presentes e recolhi as assinaturas necessárias. Consegui a autorização para a participação de 8 alunos, mas apenas 7 estudantes compareceram no dia da

realização do grupo focal, portanto, não foi possível a efetivação da técnica com 10 alunos como planejado.

As autorizações para a participação do grupo focal com o 9º ano “B” foram enviadas pelos próprios alunos (Apêndice J e K) e devolvidas depois das assinaturas dos/das pais/mães. Entreguei 12 autorizações, mas, apenas 8, foram devolvidas. Cabe informar que foram várias as tentativas para conseguir as assinaturas dos pais dos estudantes do 9º ano “B”. Diante disso, resolvi, realizar o grupo focal com os 8 alunos que entregaram os documentos assinados e não com 10 alunos como previsto no projeto.

Antes de realizar os grupos focais com os estudantes, pedi que eles preenchessem uma ficha perfil (Apêndice L), para levantar dados pessoais e acadêmicos, o que ajudou na caracterização deles. A partir das informações dos próprios participantes do grupo focal 1 (alunos do 7º ano “A”), foi possível compor o quadro a seguir, com as características dos estudantes:

Quadro 3 – Características dos estudantes participantes do grupo focal 1 (alunos do 7º ano “A”)

Alunos Gênero Idade Cursa o 7º ano Necessita de ajuda nas atividades escolares Região Administrativa em que reside Participa de algum projeto da escola Tempo de escola

Clara Feminino 13 anos 1ª vez Não Águas Claras Reagrupamento 5 anos Dudu Masculino 12 anos 1ª vez Não Riacho Fundo I Reagrupamento 3 anos

Henry Masculino 13 anos 2ª vez Não Riacho Fundo I Não 1 ano

Leo Masculino 12 anos 1ª vez A mãe Águas Claras Reagrupamento 4 anos

Maria Feminino 13 anos 1ª vez Os pais Riacho Fundo I Não 7 anos

Rafael Masculino 12 anos 1ª vez Não Riacho Fundo I Não 7 anos

Vinícius Masculino 14 anos 1ª vez A mãe Águas Claras Não 4 anos

Fonte: construção da própria autora a partir das informações da ficha perfil preenchida pelos alunos do 7º ano “A”.

O quadro a seguir apresenta as características dos estudantes do 9º ano “B”, composto a partir das informações da ficha perfil.

Quadro 4 – Características dos estudantes participantes do grupo focal 2 (alunos do 9º ano “B”)

Alunos Gênero Idade Cursa o 9º ano Necessita de ajuda nas atividades escolares Região Administrativa em que reside Participa de algum projeto da escola Tempo de escola

Fred Masculino 15 anos 1ª vez Não Riacho Fundo I Não 5 anos

Isa Feminino 17 anos 1ª vez Não Riacho Fundo I Reagrupamento 3 anos

Jean Masculino 16 anos 1ª vez Um amigo Águas Claras Não 12 anos

João Masculino 15 anos 1ª vez Não Riacho Fundo I Não 10 anos

José Masculino 15 anos 1ª vez Um amigo Riacho Fundo I Não 4 anos

Nanda Feminino 14 anos 1ª vez Não Riacho Fundo I Não 6 anos

Pedro Masculino 14 anos 1ª vez Não Riacho Fundo I Não 8 anos

Vivi Feminino 14 anos 1ª vez A mãe Riacho Fundo I Não 1 ano

Fonte: construção da própria autora a partir das informações da ficha perfil preenchida pelos alunos do 9º ano “B”

A aplicação do grupo focal foi muito importante, porque, a partir dele, emergiram pontos de vista e significações difíceis de serem manifestados por meio de outros procedimentos/instrumentos de pesquisa (GATTI, 2012). Essa técnica favoreceu, portanto, o complemento de ideias e questões captadas nas observações e nas entrevistas.

Um ponto importante para o desenvolvimento do grupo focal foram os momentos de observação das aulas, a partir desse convívio, foi possível conhecer os estudantes pelo nome, saber seus interesses, suas preferências, etc. e criar confiança. Então, as discussões a respeito dos eixos da pesquisa: trabalho pedagógico e avaliação fluíram em um clima de companheirismo e cumplicidade. Saliento que o convívio com os alunos, ajudou, também, a identificar de quem eram as vozes no momento da transcrição dos áudios gravados.

Outra questão que merece destaque foi o pedido aos estudantes da autorização para gravar o áudio e anotar o que considerasse pertinente para a pesquisa (GATTI, 2012), embora os pais tivessem assinado e enviado os documentos, percebi que isso era muito importante para eles, porque se sentiam valorizados e respeitados.

Os grupos focais foram realizados a partir de um roteiro pré-estabelecido (Apêndice H), elaborado com muito cuidado, dentro dos propósitos da pesquisa, mas nada que impedisse a flexibilidade na condução da técnica com o grupo. (GATTI, 2012).

Para analisar as narrativas das entrevistas com os participantes caracterizados neste capítulo, a opção foi pelos Núcleos de Significação sistematizada por Aguiar e Ozella (2015), a partir da teoria baseada nos estudos de Lev S. Vygotsky (1991, 1999, 2001, 2004 e 2010) que será discutida no Capítulo de 5 – análise dos dados.

Para melhor compreensão dos caminhos da pesquisa, a seguir apresento a figura 2 demonstrativa do percurso metodológico desenvolvido para o levantamento e a construção dos dados, em um movimento analítico, que levou à apreensão da avaliação da aprendizagem em relação ao trabalho pedagógico.

Figura 2: Percurso metodológico da pesquisa

3 LEVANTAMENTO DE TRABALHOS RELACIONADOS AO CAMPO DE