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4. METODOLOGIA E ANÁLISE

4.2 Descrição do material

4.2.3 Episódio 3 – “A profecia”

O terceiro episódio tem 27’25’’ e consiste em abordar a história do fim da Guerra e o desenrolar da vida de Lili Jaffe depois de viver no campo de concentração.

Asfontes (A) utilizadas foram a própria Lili, excertos do seu diário, com participação de sua filha Noemi e entrevista com o Carlos Reiss. Mais uma vez as fontes repetem. O coordenador do museu aparece em apenas um momento, por volta dos 6’ do episódio, e que se desenvolve acerca da estimativa do número de mortos no holocausto, 6 milhões. Para comprovar sua fala, cita o Museu do Holocausto em Jerusalém, que desde os anos de 1950,

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por meio de fichas - que podem ser preenchidas por vítimas, familiares, amigos ou conhecidos - tenta resgatar estes dados. O diário de Lili serve como fonte à medida em que ajuda a ilustrar e compreender o período do holocausto, bem como sua experiência. Noemi tem seu espaço neste episódio complementando informações que às vezes a mãe não comenta e também no momento, por volta dos 13, 14 minutos, em que descreve e lê trechos de uma história fictícia, produzida por ela mesmo, mas baseada em fatos reais. O centro da história é uma personagem judia que realmente viveu em um campo de concentração, mas Noemi não conhece de fato sua história.

Acredito que por falar sobre o fim da guerra, o podcaster poderia ter trazido outras fontes além do coordenador do Museu do Holocausto para abarcar outra visão sobre o fim da guerra e o impacto que isso teve para os países envolvidos. O episódio ficou concentrado mais no abalo que esse momento teve para Lili sem uma contextualização histórica mais detalhada e enriquecedora para que os ouvintes pudessem compreender o período com fontes diferentes

No quesito (B) informações extras, assim como nos outros episódios, o podcaster, agradece os parceiros que contribuíram para o material ir ao ar e menciona produções dessas pessoas. Disponibiliza no site o link do Museu do Holocausto, do Xadrez Verbal, do site de colaboração para a produção e outros materiais produzidos por ele mesmo, bem como os link dos perfis das pessoas que transcreveram, editaram e revisaram o material. Já no SoundCloud, o podcaster compartilhou, além dos links do site, a rede social da filha de Lili, Noemi, o site para compra do diário e outros materiais produzidos pelo próprio podcaster. Novamente nota- se que Mizanzuk utiliza da internet para compartilhar outros materiais que possam agregar o conhecimento dos ouvintes.

A (C) narração e storytelling se fazem presente com aspectos descritivos, rico em detalhes, que permitem que o ouvinte crie na sua mente imagens do que é narrado. A leitura dos excertos juntamente com a entrevista espontânea de Lili é um fator importante para que o ouvinte consiga situar no tempo e espaço, já que o diário não foi escrito na mesma época que o podcast foi disponibilizado. Assim sendo, quem ouve consegue notar o que Lili sentia e vivia na época do holocausto e como ela enfrenta e convive com esse momento marcante na sua história.

Mizanzuk conduz a entrevista explorando detalhes e também, enquanto narrador, antes de algumas falas de Lili, Carlos Reiss ou da leitura de um trecho do diário, contextualiza a situação, como nestes exemplos: 10’32’’: “Agora na Suécia, alimentada e aquecida, o horror das experiências do campo podiam até ter ficado para trás, mas suas consequências ainda tinham que ser descobertas.”. Logo após essa fala, conta um pouco sobre o destino de seus

familiares e adiante, o podcasterutiliza de seu lugar como narrador para que o ouvinte possa imaginar uma situação:

“Por um minuto visualize essa situação. Um dia você está em casa com sua família, amigos, sua rotina normal. De repente, do dia para a noite, tudo isso é retirado de você, com base puramente no ódio que o governo tem pelo seu grupo. E, ao finalmente retornar para casa, você descobre que seus pais, diferente de você, não

voltaram.” (PROJETO HUMANOS, 2015).9

Isso propicia que o ouvinte fique mais imerso e consiga se aproximar da narrativa visualizando detalhes e interpretando de maneira mais real todas as situações expostas. Para compreender outros momentos em que o podcaster utiliza da posição quanto narrador para ligar os assuntos durante o episódio, basta se atentar na transcrição em anexo, as falas de Ivan que aparece da seguinte forma: “Ivan (narração)”.

O segundo episódio contém o elemento (D) sonoplastia como informação cujo

podcaster utiliza de efeitos e trilhas sonoras que servem para abrir o episódio, complementar

falas, dividir assuntos e encerrá-los. Os sons também provocam reações e sentimentos no ouvinte. A seguir, a explicação da categoria.

Por volta dos 49’’, inicia a trilha sonora com sons que lembram tambores e que remetem um clima de tensão. Logo em seguida, começa a leitura de um trecho do diário de Lili. Logo após a leitura, é executado a mesma trilha, dando o mesmo sentido do que o já mencionado.

Cerca de 2’09’’, há a leitura de um trecho do diário que comenta o anúncio da morte de Hitler, em seguida, “(EFEITO SONORO DE ESTAMPIDO SEMELHANTE A TIRO)”esse som é utilizado para complementar a fala.

Em3’20’’, Lili conta que os alemães que estavam no campo de concentração também não tinham comida; então, os judeus pediram que os matassem, mas uma alemã disse que haviam pedido ajuda da Cruz Vermelha, mas que se a eles não chegassem até a noite, eos matariam, mas chegaram. Depois disso, o efeito inserido pelo podcaster é: “(EFEITO SONORO DE PULSAÇÃO LENTA E GRAVE)” e esse recurso cria no ouvinte um sentimento de alívio, porque eles iriam melhorar suas condições de sobrevivência e estavam salvos pela Cruz Vermelha.

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Aos 10’, há o trecho em que Lili conta sobre sua vontade reencontrar seus familiares e a respeito de seus planos para o futuro. Logo após é inserido uma trilha calma, com barulhos que remetem a brinquedos de criança, o que desperta no ouvinte a sensação de um recomeço.

Aos 13’40, o podcaster insere uma trilha calma, porque, em seguida, virá a leitura de uma história criada pela filha de Lili, Noemi, que conta a vida de uma judia. A trilha serve como divisor de assuntos durante a produção. Logo após, há novamente a execução da trilha, dividindo o trecho das próximas falas de Noemi.

Em 16’44, insere-se trilha sonora para dividir o momento de Noemi e retomar a história de Lili, que, de modo tranquilo e com ritmo longo permite que o ouvinte entenda o fim de um assunto.

Aos 25’48’’, é feita a inserção de uma trilha sonora que curta, usada como uma segmentação, já que a história do segundo episódio se encerra e as próximas falas dizem respeito ao próximo episódio e agradecimentos. Logo após, insere-se novamente a trilha utilizada na abertura do programa para encerrá-lo.

O ritmo das músicas inseridas, bem como os efeitos sonoros, provoca no ouvinte algumas sensações como descrito acima. Estes elementos corroboram para uma narrativa menos tediosa e mais atrativa, além de permitir a coesão de assuntos e fontes não apenas por texto. Para um episódio de 27’, menor que os outros, penso que a quantidade de trilhas usadas e a forma em que foram inseridas cumpre o papel de construir sentido no episódio.

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