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O equívoco da exclusão do Outro

Mostramos que os discursos socialistas do século XX, tinham como objetivo, substituir os discursos capitalistas pelos seus. Segundo os estudos de Castoriadis, identificamos a impossibilidade desse feito ocorrer como acreditavam ser possível. Segundo ele, o fato está que:

o outro está sempre presente na atividade que o ‘elimina’. E eis por que não se pode também, existir ‘verdade própria’ do sujeito num sentido absoluto. A verdade do sujeito é sempre participação a uma verdade que o ultrapassa, que se enraíza finalmente na sociedade e na história, mesmo quando o sujeito realiza sua autonomia’ (CASTORIADIS, 1982, p.129).

Se fosse possível que o indivíduo eliminasse o “Outro” totalmente de si, estaria ele, em um “estado não-histórico” (CASTORIADIS, 1982, p. 126), portanto, impossível, desde que somos seres históricos sociais. Intrinsecamente inseparável, no sentido, essas duas palavras. Se somos históricos, já somos sociais e o contrário.

As coisas, os discursos, construíram as pessoas, construíram seus mundos, é o mundo. O cérebro humano não é um computador que pode ser apagado, ainda assim, se possível, não chegaria a um resultado planejado. Um exemplo, são as pessoas que por motivos de acidentes emocionais ou físicos, perdem a capacidade de lembrar de seus passados. Ao perderem aquelas lembranças (traumáticas ou não), perdem suas identidades, não se encaixam nos modelos sociais os quais pertenciam e eram tratados como pertencentes, porque não são mais eles, mas uma outra pessoa do presente, sem passado, sem significado, um fantasma de si.

É por isso que a tal liberdade socialista, é apenas um discurso do Outro-outro, ou seja, na tentativa de desconstruir um discurso alheio, põe-se outro no lugar tão fortemente dissimulado ideologicamente quanto o primeiro. Estamos falando de um outro estado de alienação, que é vendido como se não fosse aquele anterior, as formas mudam, mas não existiu superação.

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A sociedade comunista em todas as suas formas, existiu apenas na imaginação de Marx e dos marxistas, e é por excelência ideológica. Feita, como em um conto literário, ou fílmico, pelo simples fato de tentar transparecer a existência de coisa alguma no comando da vida social. Para tornar ainda melhor a metáfora, podemos dizer que Loki, é o sobrenome do fenômeno do ideológico (ou vice-versa). Ele foi comunista e capitalista no século XX, e hoje aqui, ele é matrix.

Liberdade, logo, não fica sendo nem a noção capitalista nem a socialista, mas uma outra natureza. Estamos falando de uma condição ou ação, que o indivíduo supera um estado anterior que oculta o seu conhecimento sobre a vida social, e isso o torna livre. Mas, ao mesmo tempo sua liberdade não é irrestrita, todavia, ele sai de uma realidade para encarar outra. E o poder que o indivíduo possuí sobre si e as coisas, nunca é totalmente seu.

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6 A COEXISTÊNCIA: MÁQUINA-HOMEM; REVOLUÇÃO-CONSERVAÇÃO; CONSTRUÇÃO-DESCONSTRUÇÃO; AUTONOMIA-HETERONOMIA

A autonomia e a heteronomia, são dois conceitos essenciais no debate que Castoriadis constrói. Sobre um dos conceitos, em uma entrevista disponível na plataforma “YouTube” intitulada “Cornelius Castoriadis. Grandes Pensadores del Siglo XX”, onde explica que autonomia, está no sentido da política grega antiga. É uma forma lúcida de enxergar as coisas; explícita; consciente e reflexiva apresenta (CASTORIADIS, 2012). Auto-nomos que está no grego antigo, é uma junção de duas coisas que significa o indivíduo que “dar leis a si mesmo”. Aquele que se autogoverna.

Em contraposição a autonomia, está o conceito de heteronomia, também trabalhado pelo autor. O conceito se refere ao ocultamento do ser social como participante único, como criador e criação da sociedade. Como disse Marques (2014), é a ocultação do ser social retirando do próprio indivíduo seu aspecto de historicidade, relegando a origem da sociedade em seres sobrenaturais, razão, leis da história, etc. É uma alienação do mundo social, os responsáveis pela vida humana são vistos como seres transcendentais, ou energias inumanas, naturais.

Segundo Castoriadis (1982), a alienação ou a heteronomia social, não se mostra apenas como o discurso do Outro, apesar de ter um papel importante no trabalho de elaboração do conteúdo do consciente e inconsciente da massa. Mas, sua essência torna invisível o Outro, desaparece. Aqui

o outro desaparece no anonimato coletivo, na impessoalidade dos “mecanismos econômicos do mercado” ou da “racionalidade do Plano”, da lei de alguns apresentada como lei simplesmente. E, conjuntamente, o que representa daí em diante o outro não é mais um discurso: é uma metralhadora, uma ordem de mobilização, uma prisão (CASTORIADIS, 1982, p.131).

Quando no primeiro filme, Neo descobre as determinações da matrix, produzindo a seu modo todos os aparatos de controle, percebe a crueldade que sofreu ele e todos ali. A partir disso, messianicamente ele teve que lutar contra e na matrix, isso na medida que Zion resistia a investida das máquinas IA no subsolo. Enquanto a luta de Neo é traçada individualmente, Zion batalhava pela sua existência, porém, comparada com os humanos presos a matrix, são apenas um pequeno grupo contra um grande inimigo de inteligência artificial.

A sentimento, marcado nessas duas frentes (o sentimento de Neo e Zion expresso, quando inicialmente lutaram contra seus inimigos), encaixam-se em uma dimensão que não é da autonomia individual e muito menos social, mas ideológica. Tentam não só destruir o mundo

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das máquinas, mas destruir a matrix. Visam excluir os discursos da matrix nas pessoas. Ora, como excluir aquilo que estava antes mesmo dos seres humanos incubados nascerem? Nascerem fisicamente e na própria matrix. Missão impossível!

A dimensão que opera a matrix é ideológica, assim como a ação daqueles que visavam sua aniquilação por vias, também, conscientes e inconscientes presentes nos indivíduos. Já a dimensão da autonomia “não é eliminação pura e simples do discurso do outro, e sim elaboração desse discurso, onde o outro não é material indiferente, porém conta para o conteúdo do que ele diz” (CASTORIADIS, 1982, p. 129), é uma relação de intersubjetividade.

O Eu da autonomia não é Si absoluto, mônada que limpa e lustra sua superfície êxtero- interna a fim de eliminar as impurezas trazidas pelo contato com o outro; é a instância ativa e lúcida que reorganiza constantemente os conteúdos utilizando-se desses mesmos conteúdos, que produz com um material e em função de necessidades e de ideias elas próprias compostas do que ela já encontrou antes e do que ela própria produziu (CASTORIADIS, 1982, p. 128).

Até esse momento, as partes contrárias se repelem, estão em negação. Porém, essa relação muda devido uma ameaça em comum, algo que se apresenta fora de qualquer discurso, imprevisível e destrutível.

A ameaça surge na imagem do agente Smith. Ele é um programa. Sua forma é de pessoa comum ao cargo de policial investigativo, e por ser um programa, seu campo de ação se dá dentro da matrix. Seu objetivo é impedir a digressão dos sujeitos, reprimi-los e manter o statu quo. Em dado momento, Smith foge à regra, burla sua programação não mais respondendo a “fonte”, que é o local de produção e reprodução da matrix. Ele busca liberdade, mas, enxerga a humanidade, o mundo simulado e consequentemente as máquinas IA como seus inimigos. Para alcançar seus objetivos, como uma célula cancerígena no organismo, multiplica-se exponencialmente buscando a metástase.

O agente Smith não está incluído pelo discurso de Neo-Zion, e nem faz mais parte do discurso da matrix-máquina IA. Ele é um fora-da-lei, da lei de uma ordem, de uma instituição. Smith é o real, e “o real é o que não está institucionalizado nem sancionado na ordem simbólica e, por conseguinte, não sancionado pelo discurso ideológico da realidade instituída” (DE SOUSA, 2017, p. 55).

Ele é uma ameaça a matrix, a humanidade, a realidade. Foi somente através de uma necessidade (como mostra o filme), que houve uma certa união entre máquinas IA e Neo-Zion, derrotando o agente Smith. As máquinas não derrotariam Smith sozinhas, como Neo, também

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não faria sem a ajuda delas. É exatamente nesse momento que encontramos efetivamente a dimensão da autonomia social, que é elaboração e criação. Mas, sem excluir a forma da heteronomia do conteúdo. E como se deu?

A sociedade ao mesmo tempo que precisa de liga, algo que proporcione coesão, também, cria sua sustentação. Ela cria consistência para formar outros planos, quando necessário, onde possa se sustentar. É devido a isso, que pode ser dito que toda e qualquer sociedade é em essência, conservadora por necessidade. O que não significa que não possa mudar para outros planos e criar novos caminhos. Foi assim com a relação entre máquinas IA e a humanidade dentro e fora da matrix.

Forçada pela extinção, surgiu a necessidade da mudança dos dois planos (Zion e matrix), acarretando numa junção e transformações das relações. Ou seja, existia um espaço que proporcionava essa mudança, então os magmas de significações sociais modificaram o plano.

Alves (2007), nos diz que os magmas, são criação e autocriação, isso porque são instituídas. Daí, surgem transformações e mudanças, por novos níveis, novas camadas, resumidamente, novos magmas. E, é pelas instituições que a sociedade se torna coesa, como é pela instituição, que surge a heteronomia.

Voltando aos acontecimentos da linha Matrix, algo importante, que não poderíamos deixar de tratar, ocorreu ainda no segundo filme. Em uma conversa no setor de engenharia da cidade, entre Neo e um dos mais influentes conselheiros do governo de Zion, de nome Hamann, discutem e deixam em aberto, uma possível coexistência entre humanos e máquinas IA. Ao falarem:

– Hamann – Quase ninguém vem aqui, a menos que haja um problema. Acontece isso com as pessoas, ninguém quer saber como funciona, desde que funcione. Gosto daqui em baixo. Gosto de ser lembrado que essa cidade ainda sobrevive por causa dessas máquinas. Elas nos mantêm vivos, enquanto outras estão vindo para nos matar. Interessante, não é? O poder de dar vida, o poder de termina-la.

– Neo – Nós temos o mesmo poder.

– Hamann – É suponho que sim, mas, aqui em baixa as vezes penso nas pessoas conectadas a matrix. E, quando olho para essas máquinas eu.. não posso evitar pensar que de certo modo estamos conectados a elas.

– Neo – Mas nós controlamos essas máquinas, elas não nos controlam.

– Hamann – Claro que não, como poderiam? Essa ideia é pura insensatez. Mas, nos faz imaginar, o que seria o controle?

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– Hamann – É claro, é isso, você descobriu, isso é controle. Se quisermos poderíamos quebrar elas em pedacinhos. Mas, para isso, teríamos que considerar o que haveria com nossa eletricidade; aquecimento; nosso ar.

– Neo – Precisamos das máquinas e elas de nós... (filme, Matrix Reloaded, 2003)

A cidade de Zion, assim como Neo, chegaram até o momento final da trilogia fílmica, em um estado em que a alienação e a liberdade puderam inerentemente existir. É dessa forma que que podemos enxergar a existência entre autonomia e heteronomia, pois, não há uma sem a outra. Nem processos de desconstrução sem inevitavelmente construir algo.

Os homens, e sua revolução, puderam em um determinado momento, coexistir com as máquinas IA, mesmo elas defendendo uma conservação. E, é isso que se tem nas sociedades em grandes espaços de tempo ou em curtos, surgindo revoluções e conservações, mudanças e estabilidades, como também, autonomia e heteronomia. Não é completamente perdido, ou transformado. Como também não dura para sempre.

É por isso que Castoriadis diz:

eu não posso chamar de alienação minha relação com a linguagem como tal – na qual eu posso ao mesmo tempo dizer tudo e qualquer coisa, diante da qual sou ao mesmo tempo determinado e livre, em relação com a qual um fracasso é possível, mas não inevitável – assim também não tem sentido denominar alienação a relação da sociedade com a instituição como tal. A alienação surge nessa relação, mas ela não é essa relação – como o erro ou delírio só são possíveis na linguagem, mas não são a linguagem. (CASTORIADIS, 1982, p.137)

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7 CONCLUSÃO

Após a apresentação sobre o que é o mundo simulado de matrix, e da explicação do fenômeno do ideológico, pelos traços, sentidos, representações, efeitos e similitudes, colocamos os dois elementos lado a lado em comparação. Enxergamos os mecanismos de defesa que os dois fenômenos produzem para sua autoproteção. E vimos, tanto em um como no outro, a petrificação ou blindagem social que eles produzem para se manterem no poder dos corpos e na ocultação da realidade construída pela participação dos próprios indivíduos. Na ideologia, desaparece o social e surge o natural autonomizado. Já na matrix, os indivíduos vivem em sonhos e não se percebem nele. Por esses motivos, atribuímos os dois como quase sinônimos.

Observamos, com auxílio das análises de De Sousa (2017), que a ideologia deva ser vista como um fenômeno social tal, tão presente nas sociedades, comum a todas elas, que perpassa pelo tempo com a humanidade, logo, faz parte dela. Está nas significações e representações simbólicas e imaginárias, diz o autor, produzindo a naturalização que por fim, eterniza e autonomiza as ações dos indivíduos como construtores da realidade social.

O ideológico constrói a vida humana, porém, não mostra que a construiu a partir de processos sociais. Talvez, por isso tanta confusão em torno do termo, porque muitos, sabendo disso, projetam idealizações de valores, entre bem e mal, uma boa e má ideologia. A do outro, é sempre má, e deve ser ignorada, refutada, negada. Porém, não existe a do outro. O que se fala ali é a disputa de ideais, e discursos sim, ideológicos, mas poucos percebidos como tal.

Enganadas, pessoas levantam bandeiras, gritam de um lado, “ideologia de esquerda” e outros, “ideologia de direita”. Todos propondo modos de subjugação, em vez de modos críticos de aproximação com a clareza, com a liberdade. Em que o outro não deve e nem pode ser excluído, mas, utilizado para reforçar uma nova estrutura que possa ser cada vez menos injusta, incluir os excluídos, propor justiça e não o sofrimento e a dor. Ironicamente, as mesmas propostas de exclusão dos diferentes, eliminar os discursos que divergiam, também, estavam presentes em Matrix.

Quando no seguimento dos três filmes, encontramos uma continuação de fases, até mesmo indicada pelos seus títulos, vimos algo de semelhante com as mesmas fases das idealizações de Marx ao projetar a revolução do socialismo para uma sociedade comunista. Contido, também, noções de liberdade que se mostram em seus discursos totalmente livres de determinações alheias. Seja aquelas capitalistas ou comunistas, ou aquelas da cidade de Zion

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do filme. Tais noções, embasam-se de discursos de natureza ideológica, pois, projetam a ideia que os discursos dos outros que eles negam, podem ser totalmente excluídos, esgotados.

Constatamos por fim, a impossibilidade da negação do discurso do outro, dado que o outro, suas falas, carregando consigo, também, práticas, modos de vida, permanece sempre dentro daqueles que ele toca a partir do primeiro contato. Nesse momento, existe uma troca, mesmo que uma força tente excluir o que vem do externo ou aquilo que já está dentro e tenta extinguir, não se torna possível a completa exclusão. As crenças na totalidade das coisas, nesse caso, são posições equívocas.

Para o mesmo problema da ideia de totalidade das coisas em si, do esgotamento, exclusão, também abordamos o sentido de uma liberdade e autonomia irrestrita. O que se percebeu, foi que com a ampliação da questão do discurso do outro, visto em Castoriadis, que um indivíduo, agindo autonomamente, não se torna por sua ação, uma pessoa livre de tudo. A heteronomia, ou alienação, está também presente, nas sociedades, em todas claro, e nos sujeitos. Por autonomia, entendemos liberdade de ação, mudança, poder de decisão sem interferência decisória de outros fatores deterministas. A heteronomia é manutenção, conservação da ordem. Entretanto, apesar de existir conservação pelas instituições, deve-se lembrar, que a relação entre a instituição, os indivíduos e a ordem social, não se trata de alienação. A alienação nasce das instituições, mas, não são elas alienantes.

Os questionamentos e discussões de caráter filosóficos do nosso objeto de análise, nos levaram a questionamentos, apontamentos e levantamentos sociológicos. Que proporcionou um trabalho profundo do fenômeno do ideológico. Nos ofereceu, também, analisar o conceito de autonomia para Castoriadis, que vimos a existência inseparável entre heteronomia e autonomia. Por isso, foi observado não ser possível a existência de uma sociedade somente autônoma. Impossível de existir, pelo fato dos discursos ideológicos serem totalmente excluídos, ou nunca terem surgidos. O que caracterizaria uma sociedade que ultrapassaria a ideologia, ou pós- ideológica, no caso, ela não teria história. É por isso impossível.

Vimos que Zion, como o personagem Neo, que reconheceu que a humanidade dependia das máquinas assim como elas de nós, não estavam livres no sentido de se livrarem dos seus inimigos em termos físicos e também, discursivos.

A cidade de Zion, que se encontrava próximo ao centro e núcleo da terra, formavam uma sociedade que para eles era humana legítima, uma sociedade independente das máquinas com inteligência artificial. Elaboravam suas vidas, práticas e comportamentos, como somente

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seus. Pelo contrário, a humanidade representada na matrix, pelos sonhos, modos humanos de viver, apesar de fantasioso. Já as pessoas de Zion nunca presenciaram esses modos de vida pelas circunstâncias que os impedia. A terra estava destruída, e estavam em guerra contra as máquinas que eles mesmos criaram. Mas, o ponto é que a forma como vivem em Zion, acreditam que é uma forma verdadeira. Entretanto, existe uma variável que é o mundo simulado dos sonhos, pois, lá as pessoas presas no sonho vivem como se fosse a realidade legitima. O que nada impede, que a humanidade da matrix seja uma mentira total, influenciando a vida em Zion. Logo, os dois mundos estavam conectados.

Essa hipótese, sendo verdadeira ou falsa, pouco importa, porque matrix age sobre Zion independentemente de estarem em lados tão opostos. Somente por existir, por ser um contrário, repelem-se, trocam influências, palavras, discursos. A matrix se adapta, muda e se transforma ao passo que é atacada por Neo, não diferente faz Zion, com seus próprios agentes para defendê- la das máquinas. Não há conservação total de um lado, nem se tem, autonomia irrestrita de outro.

Não existe sociedade totalmente autônoma, muito menos, totalmente do ponto da heteronomia. Um modo de vida que se fecha completamente para tudo fora dela, com o passar do tempo, como já afirmou Morin (1986), se degrada. Destrói-se, ou implode destruindo a si mesma. Mudanças são necessárias, como a conservação é essencial para manutenção da vida. Existem sempre mudanças nas sociedades. A questão está na variação, que muitas vezes se faz necessários mudanças bruscas, e as vezes, ocorrem tão lentamente que nos dão a impressão que nada mudou em anos.

Apesar de modelos serem pensados desse viés, ditos não ideológico, todas as formas sociais de organização possuem, para existirem, algo que as conservem. E, as responsáveis por manterem a sociedade unida, são as instituições sociais, responsáveis também, claro, de produzirem novas formas de ser e de agir. E são por elas mesmas, que os discursos ideológicos se firmam. O que não quer dizer que as instituições sejam ideológicas. Elas são tão necessárias, mudáveis, transformáveis, como também, são revogáveis e passíveis de exclusão. As instituições são tão úteis como inúteis em muitos casos, e cabe a nós, socialmente, autonomamente, pela história e na história decidirmos.

Ao passo final, conclui-se que os filmes provocam diversas sensações no público, Matrix não diferente, provoca reflexões em qualquer indivíduo que o tenha assistido. Todo e qualquer filme, partindo das megas produções as mais baratas e toscas direções de roteiros,

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expressam apenas um retrato da sociedade que nos mostram algum aspecto, mesmo que seja uma mínima coisa existente no nosso mundo social. Isso porque eles falam, existem e são nossa linguagem. E não há como fugir a linguagem. Os mundos distópico, ficções, romances, entre diversos gêneros de filmes, pode ser utilizado como bom proveito pela ciência. Além do mais, é um casamento perfeito, multidões aglomeradas por todo o mundo, assistindo, debatendo, comentando sobre determinados filmes, e a ciência ali, propondo novos olhares, novas problematizações, conceitos, visões, modos outros de a partir do que se passa ali na tela, sejam utilizados não só para exercer o pensamento no mundo imaginário dos estúdios, mas na vida de cada um, de cada pessoa, sociedade e no mundo.

Podemos utilizar qualquer filme, para pensar a sociedade, como aqui fizemos com

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