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O EQUILÍBRIO DO TEMPO E O ESPÍRITO ROMENO Não tanto o cuidado e o medo do início

A S SEIS DOENÇAS

VIII. O EQUILÍBRIO DO TEMPO E O ESPÍRITO ROMENO Não tanto o cuidado e o medo do início

Do que o cuidado e o perigo do final… (de um velho escrito)

Das doenças ônticas que se tornaram doenças do espírito, assim como dos seus sintomas e manifestações, encontrados por toda a parte, podemos agora passar simplesmente para o espírito romeno, com os seus não-posicionamentos, posicionamentos e pronúncias.

Todas as doenças do espírito foram reativadas, graças à transformação estimulada e portanto

planetária em que a história entrou. Mesmo se nalgumas partes do mundo, ainda

poderosamente influentes, assim como é o mundo do Ocidente europeu e sobretudo o americano, nos pareceu predominante uma só doença, em particular a acatolia, entretanto a conjuntura histórica em que nos encontramos, o equilíbrio do tempo, como poderíamos chamar conforme nossa velha língua, põe em jogo todas as doenças juntas. E aliás o homem europeu foi e é assolado por todas elas, talvez mais do que o homem de outros lugares da Terra, e como participante do destino da Europa, também o espírito romeno as experimentará. Com tudo isso prevalecem nele algumas doenças, e justamente por isso poderia ser útil - não só para o conhecimento de si, mas também para a eventual contribuição que poderíamos trazer, com um plus de afirmação no mundo, em suas margens - pormos bem à vista, o mais que pudermos, a nossa natureza mais especial.

Relembremos apenas, antes de fazer a confrontação do nosso espírito com o humano da terra, animado pelas doenças constitutivas como é, o quanto de positivo se manifesta nesses inevitáveis não-posicionamentos do homem. Nós as deduzimos das precariedades do ser, ou seja, “de cima”, de maneira alguma de modo em que se faz geralmente, sobretudo hoje (com o freudismo, por exemplo), de algum lugar dos subterrâneos do homem, de maneira reducionista. Mas se se lamentasse e se buscasse imprescindivelmente o equilíbrio do ser, no lugar de suas precariedades, teríamos o direito de nos perguntar: seria possível o equilíbrio do ser, e, se fosse, seria ele verdadeiramente criador? O que é que vem dar medida ao homem: o ser, atingido e bem equilibrado, ou a criação?

Digamos contudo mais uma vez que não se pode escolher entre a verdade e a busca por ela, entre o ser e o seu devir, mas que a verdade é por si mesma uma busca contínua, assim como

o ser é para o homem um impulso para a modelação e a criatividade, uma tal criatividade sendo a medida plena e de qualquer modo a medida histórica do homem. Mesmo se nas zonas do espírito se pôde obter, por vezes, algo da ordem do ser realizado, foi apenas no plano individual e com uma reconciliação de si que, como no mundo indiano, foi anistórica. Por outro lado, as doenças do espírito nos pareceram não só constitucionais do homem histórico mas também benéficas (elas sendo verdadeiramente “doenças” apenas em formas agressivas ou forçadas, como no caso do faquir, na ahoretia, ou nos excessos europeus ocidentais de hoje); e a partir de agora podemos dizer que, na medida em que tudo no homem deve existir antes para o ser, do que no ser - como não parece estar o homem senão graças a uma ilusão ou exceção -, significa que um caminho, um Tao, uma boa abertura “para”, que exprimiria justamente o nosso vocábulo, “para”, confere a medida correta ou pelo menos a boa denominação da vida espiritual, exprimindo ao mesmo tempo o sentido positivo e os destinos criadores de tudo o que nos pareceu adequado denominar doença. Neste sentido, o “adoentamento” do espírito romeno não deverá de modo algum ser compreendido como um invalidamento seu, como nem foi o caso para os outros mundos; vamos até mesmo dizer no final que, de certo modo, com o nosso “existir para”, alguém poderia enxergar que trazemos e propomos a vastos mundos uma sétima doença, que seja também a nossa contribuição frutuosa para o equilíbrio do tempo.

Tendo assim parte de todas as doenças do espírito, o que significa todas as grandes orientações do homem, o espírito romeno parece mais animado por umas e mais sensibilizado por outras, com outras palavras, põe acentos diferentes sobre as orientações humanas. Comecemos com a última doença descrita, a acatolia. Sem repugná-lo ou sem vê-lo em posição de inferioridade em relação às conquistas da civilização a que conduziu a acatolia moderna - uma civilização que seguimos permanentemente com a nossa inventividade, no possível se não mesmo sempre no real -, o espírito romeno não é contudo predisposto a outras formas da doença espiritual respectiva. Ele aceita plenamente os seus resultados, mas não adere voluntariamente ao espírito em que alguns deles foram obtidos, em particular não adere à recusa a qualquer senso geral para a civilização. E de outro modo há de se perguntar se a recusa do geral, e sobretudo a persistência nessa recusa, como parece compreender uma boa parte do mundo ocidental, não arrisca transformar num fracasso espiritual aquilo que se obteve. No fundo, os perigos desta acatolia são revelados justamente por agentes da civilização do tipo acatólico.

O romeno diz de alguém: “Não tem nada de santo nele.” Qualquer um sente que não se trata de um sentido religioso do dizer, mesmo se no início ele poderia ser assim interpretado. Dizendo assim, qualquer um pensa na piedade, na verdade ou na medida - aquela muito invocada medida do nosso espírito - que devemos pôr em tudo o que fazemos. Mas deste modo invocamos, mesmo sem claramente reconhecê-lo, algo de ordem mais geral, uma

compreensão e uma finalidade que deve possuir toda coisa feita pelo homem e o próprio homem, com a vida que dá a si mesmo. Sobre Don Juan, o acatólico que consideramos representativo para uma forma da doença, podemos simplesmente dizer que “não tem nada de santo”, e com isso dizemos a nosso modo o último pensamento sobre ele. Por seu lado, as criações excessivas da técnica nova, tantos produtos excedentes surgidos numa sociedade de consumo, até mesmo a própria sociedade de consumo no seu todo, podem cair ao nosso julgamento: ela mesma se denomina sociedade de consumo (como se uma sociedade, uma comunidade humana, pudesse ser só isso!) justamente por reconhecer vagamente que “não tem nada de santo”, assim como os seus bens são por vezes carentes também eles de qualquer justificação, não dependendo de uma necessidade real, que lhes dê o caráter de coisa “santa” na vida do homem e da sociedade.

Poderíamos tomar então cada característica, dentre aquelas descritas na acatolia - como poderíamos por outro lado fazer com todas as outras doenças - e dessa maneira obteríamos, através de uma confrontação mais rigorosa, alguns traços caracterizadores do espírito romeno. Porém duvidamos ter obtido, com a tabela das doenças e com a sua apresentação clínica, uma base científica tão rigorosa que nos permita evidenciar, no espírito de exatidão, o que precisamente caracteriza e o que não pode caracterizar até o fim o espírito romeno. E por outro lado, pareceu-nos que a inclinação para a exatidão e o diagnóstico seguro seja ela mesma um sintoma da acatolia, favorável nalgums planos porém danoso, talvez, quando tende a tomar o lugar da abertura para a verdade. Interessa-nos a verdade sobre nós mesmos, e por isso o confronto que vamos empreender será algo mais livre, satisfazendo-se em constituir uma simples sugestão de verdade.

O que merece ser retido ainda desse primeiro caso de acatolia - que não parece caracterizar plenamente o espírito romeno - é o fato de que a respectiva doença espiritual nos acossa contudo também a nós, como romenos, sob diversas formas. Se no cômico, como gênero literário, vimos uma expressão da acatolia, então Caragiale, com tudo o que existe nele de representativo para o espírito romeno, deve ser invocado. Não há dúvida de que, para além do gênero literário que preferencialmente adotou, Caragiale ele próprio foi assolado pela acatolia: pelo menos às vezes, ele parecia não ter nada de santo nele. Sem colocar aqui em discussão o gênero literário e os seus limites espirituais na arte - o que mencionamos acima, mostrando que o sentimento profundo do ridículo ou mesmo o absurdo contemporâneo poderiam ser considerados mais afirmativamente espirituais do que o cômico - como também sem discutir a natureza humana de Caragiale, sobre cuja presença e função na nossa cultura já se pôde dizer algumas coisas más e outras muito boas, vamos ter de admitir que todos nós somos por vezes acossados por algo acatólico, não apenas sob a forma, contudo espiritualmente fecunda quando não passa de um degrau, do ceticismo de pensar, mas também sob uma forma, mais espumosa e referindo-se ao exercício soberano da inteligência, mais exatamente a zombaria. Zombou-se no passado de demasiadas coisas, situações e

destinos, em nossa vida pública, se não houvesse sido senão a Revolução de “quarenta e oito4“. Do positivo da acatolia, temos o bom exercício da inteligência e a alegria do

iluminismo; por outro lado, no plano econômico, faltaram-nos de certo modo as qualidades (por sorte também os defeitos) dos povos do comércio, assim como no plano moral nos faltou demasiado no passado, por vezes, o self-respect, o sentimento da responsabilidade imediata - mesmo se tivemos o sentimento da responsabilidade última -, o senso da exatidão no comportamento, do esmero no que produzimos e fazemos. No plano espiritual do futuro, resta ver se saberemos nos deixar tomar bem pelo elã da revolução técnico-científica, que está prestes a mudar o mundo.

Estamos assim imunes àquilo que pode ser mau na acatolia, mas não completamente desprendidos de algumas manifestações, mais ou menos medíocres, dela. Não estando diretamente tomados pelo seu fervor e sua criatividade, resta-nos contudo trazer uma contribuição - talvez mais preciosa - à sua eventual proeza na história, fazendo isso por uma ou por outra das doenças que nos acossam.

Vamos passar então às outras doenças espirituais, buscando ver qual delas precisamente nos caracteriza propriamente e qual delas nos caracteriza mais pela contaminação. Antes de nos confrontar com as outras cinco, vamos relembrar que em todas essas, ao contrário da acatolia, é ativo e conscientemente ativo (com exceção da primeira forma de catolite) o geral. Esse fato é inteiramente significativo, pois só o geral dá às coisas a sua verdadeira medida, enquanto que na sua falta, na acatolia, encontravam-se apenas substitutos para o equilíbrio do homem. Mas a presença ativa do geral ainda é significativo por um motivo: aquele pelo qual, de 1800 até hoje, o nosso mundo mudou o seu centro do real para o possível. Prima, desde então, o possível sobre o real, com alguns riscos (os quais descreveu antecipadamente Goethe em Fausto II), mas também com grandes benefícios. A partir de agora podemos dizer que o espírito romeno está bem com o possível - poder-se-ia dizer: esteve melhor com o possível, no passado, do que com o real -, e a ação do geral no seio das doenças faz com que o primado do possível tenha bons destinos de sucesso histórico. Só na acatolia joga o possível vazio (criações e produtos sem destinação precisa, sociedade aparentemente equilibrada porém no fundo desequilibrada, demência e explosividade em todos os planos), e neste sentido podemos nos consolar com a nossa irreceptividade para uma tal orientação espiritual.

Quanto das outras cinco doenças nos caracteriza propriamente? Vamos dizer diretamente o que não nos parece caracterizar, como ocorre com a acatolia: não parecemos sofrer, a não ser

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de novo parcialmente, de atodetia, nem de horetite; enquanto as outras três orientações nos caracterizam plenamente.

A atodetia, em primeiro lugar, significa a recusa do individual, enquanto temos, após um unânime reconhecimento, um autêntico e indesmintido senso do concreto, o que nos faz não praticar em nenhum lugar, nem ao menos no conhecimento e na cultura, um culto em vão do geral. Da nossa forma de religiosidade passada, em cujo quadro o divino foi sempre entrelaçado ao terreno, entrando também ele, segundo o nosso folclore, em todos os contactos, acasos e por vezes vicissitudes do homem (inclusive o nascimento, pois também o divino nasceu de uma maneira ou de outra, conforme as nossas lendas populares), daqui e até o nosso modo de fazer cultura, mesmo no nível da filosofia especulativa, onde sempre interessou o pensamento voltado sobre o mundo real e curvado sobre ela, justamente o “sofiânico” de Blaga5, o nosso modo de conhecer e contemplar o geral não existiu na

ausência da realidade individual.

É verdade que também nós temos, da atodetia, um agudo espírito crítico e dissociativo, como uma tendência de pôr especialmente o acento sobre o comentário da vida do que sobre a vida e por vezes de fazer teorias de certo modo em vão, como toda nação inteligente; mas o possível que amamos não carece de supraposição, por cima do concreto (“seja o que for”, e não “seja em princípio o que deve ser”), a infinidade de nuanças que invocamos não é apenas do geral mas sobretudo do real, e quanto à sociedade e ao homem, temos um gosto demasiado acentuado da individualidade e da afirmação pessoal a fim de consentirmos facilmente as estatísticas. O grande sucesso da cultura atodética, por base no requinte e no desprendimento, não exige de nós, talvez nem o musical puro - a não ser pela contaminação -, por outro lado um sentimento “artístico”, ou seja, uma corporificação do geral no concreto nos segue com a sua tendência permanente, fazendo até mesmo do nosso pensamento científico, talvez, um pensamento que não permaneça estranho a belezas concretas - para não mais falar do fato de que muitos homens de ciência em nosso país “literaturizaram” - ou se não, um pensamento estranho ao resto do mundo real, com o risco porém para nós de chegarmos ao enciclopedismo, por um lado, e ao ensaísmo, por outro. Sem individual, concreto ou pelo menos supraposição sobre o real, o mundo nos pareceria insípido. O romeno não sabe muito sobre o tédio, e ainda menos sobre o trágico da experiência de cultura ou sobre a inexistência dela. De qualquer modo, se a atodetia pode

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N. do T.: Lucian Blaga (1895-1961), poeta, dramaturgo, filósofo e ensaísta romeno. Como pensador, é criador de um sistema filosófico original, que, tendo como núcleo a idéia de mistério, apela na teoria do conhecimento a um método dogmático agnóstico e, na explicação da criação cultural, a fatores inconscientes. Em suas últimas obras, desenvolveu idéias epistemológicas próximas de uma compreensão racionalista e dialética da ciência.

acabar numa alma sem corpo, deve-se dizer tranqüilamente que o espírito romeno sempre amou a alma com corpo e tudo.

Da mesma maneira poderemos dizer, em segundo lugar, à luz do acima mencionado, que não sofremos sobremaneira de horetite. Se a horetite é a doença de não poder encontrar as determinações adequadas, devemos admitir que não tivemos como povo (e talvez nem tenha o indivíduo romeno) a pressa das determinações, menos ainda a sua impaciência, como no caso dos grandes doentes de horetite, Dom Quixote, Fausto ou povos inteiros. O nosso povo, longe de ser um povo que busque sua identidade, que procure afirmar-se de todos os modos e que conquiste fora, compreendeu antes manter sua identidade, e historicamente, ele não se formou por expansão ou por contração, justamente como souberam mostrar os nossos historiadores, tendo ele mais precisamente se concentrado sobre o espaço carpático dos dácios, da vasta extensão da romanidade oriental. É verdade de novo que, sendo estranho àquilo que denominamos horetite aguda, o espírito romeno pôde ter algumas manifestações de horetite crônica, atribuindo-se determinações “estacionárias”, como foi continuamente a nossa civilização aldeã, ou vivendo sob uma forma de descrença em si e por vezes resignação, na maioria das vezes ativas, portanto às vezes também passivas, ou enfim, sendo tomado por formas superiores de melancolia, da qual a nossa palavra “saudade6

reteve alguma coisa; é igualmente verdadeiro que até mesmo uma certa impaciência do tipo da ahoretia aguda nos pôde tomar por vezes, diante dos grandes perigos em que vivemos, mas tratou-se de uma impaciência de certo modo afável e, diríamos, criadora de instituições. Em definitivo, que boa horetite terá acossado Estêvão o Grande7, quando erguia a cada ano

pelo menos uma igreja, tentando desta maneira atribuir determinações no real de seu domínio, não só em nome da crença mas também em nome da sua grandeza principesca. Totalmente estranhos à horetite não pudemos ser nem nós; e sobretudo na Romênia moderna, quando tudo veio - como se de repente, com a nossa composição estatal - nos exigir que nos atribuíssemos determinações na história e também como homens livres. Mas em nós algo de precipitação na direção de determinações se recusa, e neste sentido será necessário invocarmos de novo o caráter da medida bem concedido a nós, assim como invocamos aquele, igualmente bem acreditado, do nosso sentimento pelo concreto. A horetite, com as suas dramáticas afirmações e catástrofes, assim como a sua tristeza depois da vitória, permanece no lote de outrém.

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N. do T.: Em romeno: dor. 7

N. do T.: Estêvão o Grande (1457-1504). Príncipe da Moldávia, santificado na década de 1990 pela Igreja Cristã-Ortodoxa Romena. Uma das mais importantes personalidades da História romena. Notável comandante militar e diplomata brilhante, fez da Moldávia um significativo fator político na Europa Oriental de seu tempo. Vitorioso em diversas batalhas contra os turcos otomanos.

Quando nos preparamos para passar, agora, àquelas tantas sugestões de verdade sobre nós que acreditamos poder produzir à luz das doenças restantes, parece-nos adequado sublinhar que as doenças e genericamente as orientações espirituais que não nos acossam, a acatolia, a atodetia e a horetite, são todas elas três doenças de certo modo da decisão e do decidido. O acatólico decide claramente que o geral não existe (não passa de “nome”), o atodético, como se o individual não tivesse de ser levado em consideração (é apenas estatístico), e aquele que arde de horetite decide que deve inclinar-se à ação mesmo que seja com uma metade de ideal e com qualquer risco pleno. No nosso caso, por outro lado, nos domina uma demora na decisão, ou um juízo tão bem refletido sobre a decisão que, com todas as boas conseqüências no geral, parecemos cair por vezes na indecisão. Alguém que quisesse nos criticar - e houve muitos destes - poderia dizer, em relação às doenças que seguem e pelas quais somos acossados (a catolite com a busca do geral, a todetite com a do individual e a ahoretia com a recusa das determinações): o romeno não sabe bem o que busca, não sabe bem o que encontra, e sem sabê-lo bem para que decidir-se, não mais se decide absolutamente. E não é que se exprimem todas essas três irrealizações em sua tão característica palavra “saudade”? Vamos ver o sentido entretanto bom do mesmo vocábulo nas orientações pelas quais o espírito romeno é efetivamente animado, começando com a catolite. Não pairam dúvidas sobre o fato de que o nosso espírito tem o órgão do geral, tem pelo menos a abertura para ele e, com uma palavra dele, “tem algo de santo”. Descrevemos a catolite, que nos pareceu verdadeiramente a primeira dentre as doenças do homem e caracterizante em particular para o homem europeu - influente no mundo em primeiro lugar com a catolite, antes de colocar em jogo o seu inverso, a acatolia, para a Terra inteira -, mais em seus aspectos negativos. Pareceu-nos necessário fazer desta maneira pois era a primeira doença descrita e tínhamos de revelar antes os desajustes, criadores é verdade, do homem, do que o seu bom equilíbrio, o qual no limite pode ser também estéril. Mas em todos os aspectos da doença, descritos antes pelo seu excesso na direção de pôr as coisas melhor em relevo, algo benfazejo pode intervir, transformando-os então em aspectos positivos: um certo controle. A catolite, tendo passado por um controle espiritual, torna-se então verdadeiramente positiva, não só pela criatividade indireta a que ela conduz e a qual mencionamos, mas também pelas suas virtudes diretas: é a doença, ou desta vez melhor a orientação do homem na direção daquilo que nem a natureza, nem as acepções imediatas da vida não podem dar, na direção da sua ordem mais geral e de sua finalidade segunda. Com uma verdadeira e humana medida, a perda em ato e o excesso

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