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4.4 Atividades de Reabilitação

4.4.1 Equipamentos de Reabilitação da Via Balastrada

É necessário destacar a importância dos diversos equipamentos existentes atualmente de manutenção de vias ferroviárias que, tanto se incluem neste grupo maquinaria “pesada” e mecânica, como ferramentas manuais [Leal, 2009].

Máquina Vibradora / Alinhadora / Niveladora

Este equipamento trabalha estacionado e é capaz de movimentar os carris, vertical e lateralmente, com precisão, para uma posição predeterminada; cumpre também, as funções de alinhamento e nivelamento (Figura 4.13).

Depois de deslocados os carris para a posição desejada, são criados vazios sob as travessas, que são parcialmente preenchidas com balastro novo, lançado da superfície. Os pioches da vibradora penetram o balastro de ambos os lados das travessas e vibram o balastro, preenchendo os espaços vazios criados sob as travessas, restabelecendo as condições de apoio na nova condição.

Em geral, a vibradora opera em duas travessas de cada vez. No fim de se retirar os dentes do balastro, os carris são pousados sobre a superfície renovada e o equipamento desloca-se para nova ação.

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“Stonerblower”

O “Stonerblower” não é um equipamento de uso corrente. Foi desenvolvido pela British Rail (BR), e trata-se de uma alinhadora e uma niveladora ao mesmo tempo. As ações de alinhamento e nivelamento realizam-se de forma semelhante às da máquina niveladora, mas para além dos ajustes geométricos requeridos, o sistema determina a quantidade necessária de balastro sob cada travessa. A experiência da British Rail e testes realizados por outras operadoras indicam que para pequenas movimentações, este sistema é mais eficaz.

Estabilizador Dinâmico da Via

Este equipamento aplica sobre a via uma combinação de vibrações horizontais com força vertical estática, exercendo um forte efeito na densificação do balastro. É utilizado de forma a complementar o trabalho da máquina vibradora, restaurando a resistência lateral da via.

Depuradora de Balastro

A depuradora (Figura 4.14) promove a limpeza do balastro através da sua substituição parcial ou total. Este equipamento é capaz de remover balastro velho, desgastado ou contaminado, por meio de dispositivos que passam por debaixo da via-férrea. Possibilita ainda a colocação de balastro limpo.

Figura 4.14: Depuradora de Balastro [Simões, 2008]

Reguladora/ Atacadeira

Máquina que ataca o balastro, através de compressão intensa pela ação dos "pioches" (Figura 4.15). Estes dispositivos, estando sujeitos a movimentos combinados de vibração e aperto, eliminam os vazios existentes no balastro, tanto entre os carris como lateralmente, aumentando a superfície de atrito e pondo-o em estreito contacto com as faces inferiores das travessas.

83 Após as atividades de vibração, desguarnecimento ou compactação, é de extrema importância a passagem de um equipamento regulador. Este equipamento é normalmente utilizado em linhas de alta velocidade destinadas a passageiros.

Figura 4.15: Atacadeira [Simões, 2008]

Esmeriladora

Trata-se de um equipamento que atua desgastando, por atrito, a superfície da cabeça do carril, até uma profundidade de 0,4 mm, visando dois objetivos:

i) Melhorar o perfil longitudinal do carril, minimizando o desgaste ondulatório;

ii) Ajustar o perfil transversal e reorientar a faixa de rodagem adequando-as às tensões internas do carril e removendo as fibras superficiais que apresentam sinais de fadiga.

Existem dois tipos de máquinas para a operação de esmerilamento: máquinas equipadas com rotação de pedras; máquinas com pedras que oscilam longitudinalmente.

As esmeriladoras podem ser equipadas com sistema de soldadura. Este sistema permite a fusão do carril de forma continua e rápida (Figura 4.16).

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Figura 4.16: Esmeriladora [Simões, 2008]

Reperfiladora

A reperfiladora atua, também, desgastando o carril por atrito, mas removendo mais massa, redesenhando, desta forma a cabeça do carril.

Equipamento Móvel de Soldagem Elétrica

Trata-se de um equipamento instalado em veículos ferroviários, mas que não é de uso vulgarizado. Utiliza a técnica de soldagem por resistência elétrica, soldando segmentos de carris de 12 metros, constituindo as barras longas soldadas (BLS).

Equipamentos Manuais

Este tipo de equipamentos, como a picareta ou a forquilha de balastro, é já considerado obsoleto, contudo podem ser usados nos seguintes casos [Leal, 2009]:

Nas secções em que o balastro se encontra em elevado estado de desintegração, e onde os equipamentos mecânicos apenas poderão atuar em caso de renovação integral da via;

Em situações pontuais, isoladas, para onde o transporte da maquinaria adequada não é viável dada a área de ação.

4.5 Considerações Finais

O custo da infraestrutura, o seu comportamento esperado bem como as consequências de um comportamento anormal, justificam plenamente a existência de um programa de inspeções e diagnóstico, como suporte ao processo de decisão relativamente ao momento ideal e extensão dos trabalhos de manutenção ou mesmo renovação [Baldeiras, 2008].

85 Existe uma complementaridade entre os defeitos e os tipos de manutenção. Neste sentido, para os defeitos relacionadas com a segurança da via a manutenção deve ser preventiva, enquanto os defeitos que interfiram com o conforto, correspondem normalmente à manutenção corretiva.

Isso explica porque são mais correntes as operações de manutenção destinadas a corrigir a geometria da via. Estas consistem basicamente na regulação da camada de balastro e na sua compactação. A camada de balastro também pode ter problemas de contaminação, que são resolvidos por meio de operações de limpeza ou substituição de balastro.

Ações de manutenção ferroviárias centradas no carril consistem sobretudo na esmerilagem e no reperfilamento (correção de defeitos de fadiga que existem na superfície de rolamento).

Alguns defeitos ferroviários exigem, depois de um certo grau de desenvolvimento, a substituição total dos carris afetados.

Neste capitulo é possível identificar e enunciar as principais condicionantes à execução dos trabalhos de renovação/reabilitação da via, as quais se encontram relacionadas com:

a heterogeneidade da infraestrutura;

a necessidade de manter a circulação ferroviária; os regimes de interdição da via;

a necessidade de respeitar características geométricas impostas;

a dificuldade de obter os materiais para serem utilizados no reforço/reconstrução da infraestrutura.

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Capítulo 5

5 Metodologias de Gestão da Via

5.1

Considerações Gerais

Dispor do histórico das alterações realizadas nos elementos da via-férrea é de grande utilidade, pois desta forma é possível planear a renovação parcial da via, reduzindo os custos dos trabalhos, tornando se mais fácil detetar e solucionar o problema. Para além de que o conhecimento prévio do historial da via pode evitar repetidas intervenções de manutenção num determinado elemento de via, onde as causas das irregularidades podem resultar de fatores que vão além das características geométricas.

Outra utilidade passa por entender se uma vez reparado o problema, a solução adotada foi eficaz e se é possível a sua aplicação no desenvolvimento de problemas da mesma natureza em outro lugar.

Além de conhecer a natureza da falha existente na via, é também importante determinar a frequência com a qual esta é corrigida, pois para além do tempo decorrido desde a última renovação é necessário saber se os materiais utilizados foram adequados para o nível de tráfego, e em que medida estes devem ser melhorados.

A maior parte das vias ferroviárias portuguesas, dada a sua idade, revelam uma urgência de modernização. Os recursos disponíveis, não são suficientes para um programa completo da gestão da conservação da via-férrea. Neste sentido, os recursos devem ser canalizados para alternativas mais viáveis, que permitam melhorar o desempenho operacional, dentro das restrições existentes. A eficácia do sistema ferroviário está intrinsecamente ligada ao estado de manutenção da via permanente [Leal, 2008].

O problema de conseguir uma via permanente tão satisfatória quanto possível é um dos mais complexos problemas que se apresenta hoje em dia nas vias-férreas, quer elas sejam de carga ou de transporte de passageiros. Tudo o que se possa fazer para minimizar este problema representa, na prática, uma economia de milhões de euros.

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