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O artigo 5º, LXXV da Constituição Federal reconhecendo a responsabilidade do Estado em decorrência de erro judiciário dispõe nestes termos: “O Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado pela sentença”.

Assegurando reparação à vítima por erro judiciário, sem condicioná-lo à revisão da sentença condenatória, Yussef Said Cahali (1996, p. 603) assim dispõe:

Impondo ao Estado a obrigação de indenizar àquele que ficar preso além do tempo fixado na sentença, estará implicitamente também assegurando ao sentenciado o direito de ser indenizado em virtude de prisão sem sentença condenatória. Com efeito, não se compreende que, sendo injusta a prisão no que exceder o prazo fixado na sentença condenatória, seja menos injusta a prisão do réu que nela é mantido se ao final vem a ser julgada improcedente a denúncia pela sentença absolutória.

Erro judiciário, conforme assevera José Cretella Júnior (1999, p. 655), é o equívoco da sentença judicial, tanto na esfera cível quanto na criminal, que podem conter:

Error in procedendo e error in judicando, enganos de boa-fé do juiz no decorrer do julgamento, mas haverá casos em que o julgador, desempenhando anomalamente suas funções, viola os deveres inerentes ao cargo, decidindo com parcialidade, auferindo lucros, perseguindo, fazendo seu o processo.

A nossa Suprema Corte tem entendido que o Estado não é civilmente responsável pelos atos do Poder Judiciário, a não ser nos casos previstos expressamente em lei. Sergio Cavalieri Filho (2007, p. 248) preleciona que “pela demora da decisão de uma causa responde

Responsabilidade civil do Estado –Indenização- Réu Preso preventivamente e absolvido por insuficiência de provas-Decreto Segregatório dentro dos limites de ordem legal, sem que tenha havido qualquer ato de natureza culposa, erro judiciário, ilegalidade ou arbitrariedade – Verba Indevida ( RT, 752:319).

CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO: ATOS DOS JUÍZES. C.F., ART. 37, § 6º. I. - A responsabilidade objetiva do Estado não se aplica aos atos dos juízes, a não ser nos casos expressamente declarados em lei. Precedentes do Supremo Tribunal Federal. RE-AgR 429518 / SC - SANTA CATARINA. Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO. Julgamento: 05/10/2004. Órgão Julgador: Segunda Turma. Publicação: DJ 28-10-2004 PP-00049 EMENT VOL-02170-04 PP-00707 RDDP n. 22, 2005, p. 142-145 RTJ VOL 00192-02 PP-00749

O ESTADO SÓ RESPONDE PELOS ERROS DOS ÓRGÃOS DO PODER JUDICIARIO, NA HIPÓTESE PREVISTA NO ART. 630 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. FORA DISSO, DOMINA A NÃO RESPONSABILIDADE DO ESTADO. RECURSO NÃO CONHECIDO. RE 35500 / RECURSO EXTRAORDINÁRIO. Relator(a): Min. ANTONIO VILLAS BOAS. Julgamento: 09/12/1958. Órgão Julgador: SEGUNDA TURMA. Publicação: EMENT VOL- 00374 PP-00889 EMENT VOL-00374-02 PP-00889 RTJ VOL-00008-01 PP- 00193 .

RESPONSABILIDADE CIVIL- Fazenda Pública – Danos Moral e Material – Erro Judiciário- Prisão Indevida – Sentença Penal desconstituída em ação revisional- Responsabilidade Objetiva do Estado, independente da apuração de culpa ou dolo, pelos atos de seus agentes- Verbas devidas (JTJ, Lex, 225: 87).

INDENIZAÇÃO-ERRO JUDICIÁRIO- Prisão Iinjusta – Autor mantido em cadeia pública apesar de absolvido e sujeito à medida de segurança detentiva em estabelecimento adequado- Falta de vagas, como motivo alegado- Falha no funcionamento do aparelho estatal que não é causa elidente de responsabilidade – Verba Devida. (JTJ Lex, 155:74)

INDENIZAÇÃO – FAZENDA PÚBLICA- MAGISTRADO- Condenação do autor em lugar de outren- Confusão com outra pessoa – Falha do serviço público quando do indiciamento do verdadeiro autor do delito – Responsabilidade Objetiva do Estado e não pessoal do juiz – Reparação Inquestionável (JTJ, Lex, 200:91). INDENIZAÇÃO –RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

Nas hipóteses de erro judiciário (CPP, art. 630), a indenização por perdas e danos compreende os prejuízos materiais e morais, que sofreu e que serão apurados em execução, por arbitramento (RT, 329:744).

INDENIZAÇÃO –RESPONSABILIDADE CIVIL DO MAGISTRADO

A responsabilidade civil do magistrado somente se configura quando se apura tenha ele agido com dolo ou fraude e não pelo simples fato de haver errado. A independência funcional, inerente à Magistratuta, tornar-se-ia letra morta se o juiz, pelo fato de ter proferido decisão neste ou naquele sentido, pudesse ser acionado para compor perdas e danos em favor da parte A ou da parte B, pelo fato de a decisão ser reformada pela instância superior. (RJTJSP, 48;95).

RESPONSABILIDADE OBJETIVA- Ilegitimidade da parte passiva – RESPONSABILIDADE EXCLUSIVA DO ESTADO

A autoridade judiciária não tem responsabilidade civil pelos atos jurisdicionais praticados. Os magistrados enquadram-se na espécie agente político, investidos para o exercício de atribuições constitucionais, sendo dotado de plena liberdade funcional no desempenho de suas funções, com prerrogativas próprias e legislação específica. Ação que deveria ter sido ajuizada contra a Fazenda Estadual – responsável eventual pelos alegados danos causados pela autoridade judicial, ao exercer suas atribuições -- , a qual, posteriormente, terá assegurado o direito de

concorrente em face de eventuais prejuízos causados a terceiros pela autoridade julgadora no exercício de suas funções, a teor do artigo 37, § 6ºda CF/88 ( STF, RE 228.977.2-SP, 2ª T., Rel. Min. Néri da Silveira, DJU, 12 abr. 2002)

O direito brasileiro tratou expressamente do erro penal conforme se verifica no artigo 5º, LXXV da Constituição Federal e no artigo 630 do Código de Processo Penal. Este fato é explicado pelos doutrinadores na medida em que o erro penal viola mais gravemente os direitos individuais, como a integridade, a honra e a moral da pessoa, sendo manifesta a responsabilidade do Estado.

O artigo 630, parágrafo 2º, inciso a dispõe que “se o erro ou a injustiça da condenação proceder de ato ou falta imputável ao próprio impetrante, como a confissão ou a ocultação de prova em seu poder”. Entendemos que tal disposição decorre da inexistência da relação de causalidade. Se o erro decorre da conduta do autor, não se pode atribuir a responsabilidade ao Estado.

Verificado, a qualquer tempo, o erro judiciário penal, mediante processo de revisão criminal, cumpre restabelecer o status quo ante à condenação em todas as dimensões jurídicas nas quais tenha afetado o condenado. Mais do que isso, cumpre restabelecer a situação hipotética atual em que estaria o condenado, caso não houvesse sofrido o prejuízo injustamente imposto (DERGINT, 1994, p. 170/171).

Incontestável é a responsabilidade do Estado para com este erro penal de gravíssimas conseqüências. Por outro lado, é grande a divergência doutrinária quando o erro se dá na esfera civil.

Neste sentido, defendendo a tese da responsabilidade estatal decorrente de erro judiciário civil, pondera Augusto do Amaral Dergint (1994, p. 183):

Tanto no processo civil quanto no penal, o Estado desempenha indistintamente (através do juiz, seu agente) a função jurisdicional. Ademais, o ato jurisdicional danoso pode derivar de culpa ou dolo do magistrado, não havendo como negar indenização à vítima a cargo do Estado, que responde a título principal, de modo a garantir a vítima contra a eventual precariedade econômica do magistrado. Não se pode esquecer que o juiz age em nome do Estado – este tirando proveito da atividade daquele (e, portanto, respondendo pelos danos por ela ocasionalmente gerados).

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