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Escala de produção

No documento DISSERTACAO_Análise da rentabilidade... (páginas 43-46)

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.5 Fatores que podem influenciar o custo de produção de leite

3.5.2 Escala de produção

Fassio, Reis e Geraldo (2006) avaliaram o desempenho técnico e econômico da atividade leiteira de 574 produtores no estado de Minas Gerais. Foi realizada a estratificação dos sistemas de produção conforme a produção diária de leite, segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE / Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais - FAEMG (1996): pequeno produtor, até 50 litros/dia; médio produtor, de 51 a 250 litros/dia e grande produtor, acima de 250 litros/dia. Os pesquisadores constataram baixo nível de produção em Minas Gerais, mesmo entre os grandes produtores, o que afeta, segundo Martins et al. (2003), a produtividade de ativos como terra, rebanho e mão de obra. No aspecto relacionado ao uso da terra, verificou-se aumento das áreas ocupadas com pastagens cultivadas à medida que se elevaram os níveis de produção, tendo representado, para os estratos de pequena, média e grande produção, 38,05%, 44,12% e 51,53% da área destinada à atividade leiteira, respectivamente.

Lopes, Oliveira e Fonseca (2010), avaliaram 16 sistemas de produção de leite em municípios pertencentes ao escritório de Desenvolvimento Rural de Jaboticabal, SP. Consideraram apenas os sistemas de produção de leite de baixa produção, aqueles que produziam abaixo de 300 litros por dia. Observaram grande variação no tamanho das propriedades, a menor com 7,26 ha e a maior com 685,66 ha, indicando que baixas produções não são exclusivas de pequenas propriedades. Evidenciou-se que quanto maior a área total da propriedade, menor a porcentagem da área utilizada na pecuária leiteira, assim como menor a importância desta atividade na renda total da propriedade. Os pequenos sistemas produtores de leite apresentaram produção média de 104,69 litros/dia com variação mínima de 35 e máxima de 220 litros. Estes valores possibilitaram observar a elevada variação na produção ao longo do ano, e a baixa produção

por dia, que caracterizaram os sistemas de produção de baixa escala leiteira. A produtividade leiteira em média foi de 2.746,87 litros/ha/ano com variação mínima de 780 e máxima de 7.280. A porcentagem de vacas em lactação encontrada foi de 58,4 com variação mínima de 26,5 e máxima de 100 litros. A média de vacas em lactação por hectare foi de 1,39 com variação mínima de 0,26 e máxima de 3,5 vacas em lactação por hectare.

No estudo de Lopes et al. (2008a), foi analisada a influência da escala de produção do leite (pequena, média e grande) em 17 sistemas de produção, no período entre janeiro de 2004 e dezembro de 2005, na região de Lavras, MG. Encontraram produtividades de 2.954,38; 2.282,36 e 2.435,61 kg de leite/ha/ano para os pequenos, médios e grandes produtores, respectivamente. A quantidade de vacas por ha foi de 1,76; 0,69 e 0,42 animais/ha, respectivamente, indicando ociosidade no uso da área de produção. As produções médias diárias foram de 85,25; 292,4 e 1027,95 kg de leite, com produtividade de 6,04; 9,11 e 15,95 kg por matriz em lactação para os pequenos, médios e grandes produtores, respectivamente. O ponto de equilíbrio encontrado de 348,38; 423,43 e 1.485,78 kg/animal, respectivamente. O custo total de produção do leite, a lucratividade, a rentabilidade e os componentes do custo operacional efetivo da atividade leiteira foram influenciados pela escala de produção, sendo os sistemas de produção com escala média os que apresentaram os menores custos totais unitários. Segundo Reis, Medeiros e Monteiro (2001), o ganho em escala, associado ao aumento da eficiência produtiva e ao bom gerenciamento dos custos de produção, tornar-se-ão fatores decisivos para a competitividade do setor leiteiro.

Lopes, Reis e Yamaguchi (2007) analisaram os dados técnicos e econômicos de 162 sistemas de produção, nos principais estados do país, no período de agosto de 2000 a julho de 2001 e observaram que a obtenção de maiores níveis de produtividade é condição necessária para um desempenho econômico eficiente. Considerou-se, no estudo, a produtividade média diária

por vaca em lactação de 9,86 litros para o estado de Goiás, 12,32 litros para Minas Gerais, 18,91 litros para o Paraná, 18,77 litros para o Rio Grande do Sul e 14,41 litros para São Paulo. A produtividade média global foi de 15,14 litros/vaca em lactação/dia. Os estados do Paraná e do Rio Grande do Sul apresentaram melhor desempenho em relação à produtividade, seguidos pelo estado de São Paulo. O pior desempenho foi apresentado pelo estado de Goiás. Minas Gerais apresentou desempenho superior apenas ao do estado de Goiás. Os autores relacionaram as produtividades dos rebanhos aos volumes de produção. Com exceção dos estados de Minas Gerais e São Paulo, as maiores produtividades acompanharam aumento do nível de produção, demonstrando que maiores produtividades em relação a vacas em lactação são cruciais para se obter escalas de produção. O estudo mostrou que os estados estudados estão operando com ociosidade na capacidade produtiva e que, portanto, menores custos médios, ainda, poderão ser alcançados. Percebeu-se que o estado de Goiás é o que apresenta maior possibilidade de ganhos em relação ao aumento do volume de produção e ao melhor aproveitamento dos fatores produtivos. Os estados de Minas Gerais e São Paulo foram os que possuíram os menores indicadores de retorno à escala, indicando que estes estados se encontram em um ponto no qual devem procurar melhorar os níveis de produtividade, antes de buscarem aumentos dos níveis de produção.

Lopes et al. (2006) analisaram o efeito da escala de produção nos resultados econômicos de 16 sistemas de produção de leite alocados em um dos três estratos de produção (pequeno, médio ou grande) na região de Lavras, MG, no período de janeiro de 2002 a junho de 2003. Considerou-se pequeno, médio ou grande produtor aqueles cujas produções diárias de leite foram inferiores a 151 kg, de 151 a 400 kg e superiores a 400 kg, respectivamente. Os valores médios encontrados para produtividade kg de leite, por ha, na pequena, média e grande escala foram de 2.312,43; 1.980,7 e 6.057,37, respectivamente. A

produção de leite por vaca por dia foi de 6,86; 9,97; 14,28, respectivamente. A relação vaca por homem foi de 12,7; 16,1 e 18,75, respectivamente. A escala de produção influenciou o custo total de produção do leite e, portanto, a lucratividade e rentabilidade, sendo os sistemas de produção com maior escala os que apresentaram os menores custos totais unitários. A escala de produção influenciou os pesos dos itens componentes do custo operacional efetivo da atividade leiteira, sendo esses diferentes em cada um dos três estratos de produção. Os autores afirmaram que o aumento na escala pode ser conseguido pelo aumento do rebanho total e, por consequência, do rebanho em lactação ou da produtividade por animal.

No documento DISSERTACAO_Análise da rentabilidade... (páginas 43-46)