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Importância do custo de produção do leite

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3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.4 Importância do custo de produção do leite

O estudo do custo de produção é um dos assuntos mais importantes da microeconomia, pois fornece ao empresário um indicativo para a escolha das linhas de produção a serem adotadas e seguidas, permitindo à empresa dispor e combinar os recursos utilizados na produção, visando apurar melhores resultados econômicos (REIS, 1999). O planejamento produtivo e o uso de técnicas adequadas de exploração representam a melhor opção para a prosperidade em um sistema de produção de leite. Assim, o uso de tecnologias apropriadas às diferentes regiões é essencial para o sucesso financeiro da atividade (HADDADE et al., 2005). A gestão do negócio torna o crescimento do empreendimento rural viável, fortalecendo-o para os momentos de crise, além de prepará-lo para novas oportunidades (OAIGEN et al., 2006).

As atividades agropecuárias conduzidas com fins lucrativos devem ser contabilizadas para periódicas análises do desempenho econômico e técnico. Entretanto, poucas são as propriedades rurais de pequeno e médio porte que contabilizam suas atividades para posterior análise econômica e, por isso, não conhecem seus custos de produção de leite (OLIVEIRA et al., 2001). Qualquer atividade do setor agropecuário, para se manter competitiva, deve ser avaliada continuamente sob o âmbito econômico, o que permite a detecção do item que, em determinado momento, pode inviabilizar a atividade, como as oscilações de preços ocorridas no mercado.

Os custos de produção da atividade, a receita obtida e a rentabilidade do capital investido são fatores importantes para o sucesso de qualquer sistema de produção (PERES et al., 2004). Diante do “declínio” dos preços recebidos e limitado poder de negociação no mercado, por não conseguir controlar o preço do produto que vende, o produtor necessita administrar as variáveis que estão sob o seu controle (LOPES; REIS; YAMAGUCHI, 2007). As determinações dos

custos têm a finalidade de verificar como está a rentabilidade da atividade, comparada às alternativas de emprego do tempo e capital, e se os recursos empregados em um processo de produção estão sendo remunerados (OIAGEN et al., 2006).

A atividade leiteira está se tornando cada vez mais especializada e exigente, cabendo aos produtores administrarem bem, tornando-se mais eficientes e, consequentemente, competitivos; abandonando o amadorismo e assumindo posição de empresário, independentemente do tamanho do seu sistema de produção. Um produtor empresário precisa considerar a informação como um insumo de grande importância, conhecer onde está inserido o seu sistema de produção (mercado) e conhecer bem o seu sistema de produção (dentro da propriedade). Para conhecer o sistema de produção, um ponto de grande importância é saber quanto custa o litro do leite produzido (LOPES et al., 2007).

De acordo com Lopes e Carvalho (2000), o conhecimento dos custos permite ao empresário e ou técnico avaliar economicamente a atividade, conhecer com detalhes e utilizar, de maneira eficiente e econômica, os fatores de produção (terra, trabalho e capital). A partir daí, localizar os pontos de estrangulamento para, posteriormente, concentrar esforços gerenciais e ou tecnológicos para obter sucesso na sua atividade e atingir os seus objetivos de maximização de lucros ou minimização de custos. Os dados obtidos da apuração dos custos de produção têm sido utilizados para diferentes finalidades, tais como: estudo da rentabilidade da pecuária, redução dos custos controláveis, planejamento e controle das operações do sistema de produção; identificação e determinação da rentabilidade do produto; identificação do ponto de equilíbrio do sistema de produção; e instrumento de apoio ao produtor no processo de tomada de decisões seguras e corretas.

O ponto crucial no custo de produção do leite é a eficiência. Uma boa forma de identificar se a atividade exercida é eficiente ou não é compará-la com a de outros produtores assemelhados (GOMES; ALVES, 1999). Oaigen et al. (2008) defenderam que os sistemas gerenciais devem ser padronizados, objetivando a comparação entre os indicadores produtivos e financeiros. Assim, a definição de um método padrão de análise de custo auxilia na uniformidade das informações e dos indicadores gerados, bem como possibilita a comparação de diferentes sistemas de produção.

Segundo Jorge Júnior, Cardoso e Albuquerque (2007), em uma propriedade, várias características biológicas afetam as receitas e os custos. Essas características podem ser separadas em quatro grupos: de crescimento, reprodutivas, de ingestão de alimento e de carcaça. A importância econômica dessas características biológicas a serem incluídas em um objetivo de seleção é aferida pelos seus valores econômicos, definidos como o aumento esperado no lucro anual do rebanho resultante do aumento em uma unidade de uma característica (supondo que as demais sejam mantidas constantes), em decorrência de seleção.

Conhecer bem os custos de produção auxiliará na tomada de decisão de criar ou não animais para reposição. Segundo Heinrichs (1993), criar fêmeas destinadas à reposição de matrizes produtoras de leite é uma tarefa onerosa e desafiadora para a maioria dos produtores de leite, inclusive fazendo com que alguns terceirizem essa atividade ou, até mesmo, comprem novilhas já aptas a parir, uma vez que essa categoria animal representa a segunda maior despesa na atividade leiteira, representando, aproximadamente, 20,00% das despesas operacionais, ficando atrás apenas da alimentação das vacas em lactação.

Em estudo realizado, para calcular o custo de produção de fêmeas bovinas da raça Holandesa nas fases de cria e recria, em um sistema de produção de leite no sul de Minas Gerais, Lopes et al. (2010b) mencionaram que a fase de

recria é onerosa, uma vez que, durante esse período, o produtor dispende de muitos recursos que poderiam ser aplicados em outra área, como, por exemplo, adquirindo tecnologias para ordenha e outros, além de ocupar uma área significativa do sistema de produção de leite, em torno de 25,27%, quando os animais são recriados em regime de pastejo e suplementados durante 150 dias, na estação seca do ano. Nesse estudo, os componentes que exerceram maiores representatividades no custo operacional efetivo, em ordem decrescente, foram: a alimentação (46,62%) e 31,89% com concentrado e 14,73% com volumoso, aquisição de animais de cria (22,81%); mão de obra (16,53%); aluguel de máquinas para arraçoamento (13,55%) e sanidade (0,49%). A depreciação representou 15% do custo operacional total.

Lopes et al. (2007) analisaram dados técnicos e econômicos de 162 propriedades rurais, abrangendo o período entre agosto de 2000 e julho de 2001. A apuração dos custos foi realizada de acordo com a metodologia de centro de custos. Foram envolvidos apenas os custos específicos para a produção de leite, possibilitando uma maior precisão em relação às análises do custo total médio, mostrando que os preços recebidos foram suficientes para remunerar o produtor. Nesse estudo, o descarte de animais (bezerras e novilhas) entrou como receita da atividade e, a partir da dedução deste valor no custo total da atividade, obteve-se o custo de produção do leite.

Moraes et al. (2004) avaliaram a viabilidade técnica e a rentabilidade de um sistema de produção de leite com gado mestiço, mediante análise de custos e receitas da atividade e avaliação da rentabilidade. Os dados foram obtidos na unidade experimental da EPAMIG, situada no município de Felixlândia, MG, e referem-se a dois períodos iguais de um ano cada. A viabilidade do sistema foi demonstrada pela rentabilidade de 20,20% no primeiro ano e 37,60% no segundo, destacando a venda dos bezerros à desmama com 25,00% da receita total.

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