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2.2 Campo empírico

2.2.1 A escola

Para o desenvolvimento do objeto de estudo a que nos propomos construir, era necessário que esse processo se efetivasse em um contexto natural, onde se materializam todos os aspectos que influenciam o processo de elaboração conceitual dos professores como suas formações profissionais e humanas.

Assim, a Escola Municipal Dr. Júlio Gomes de Senna, localizada no conjunto habitacional Luiz Lopes Varela – COHAB –, em Ceará Mirim/RN, constitui-se em universo empírico no qual foi desenvolvida a pesquisa. Ela funciona em três turnos, destinada a receber alunos inscritos no Ensino Fundamental de 1ª a 8ª séries e em turmas para alfabetização de jovens e adultos (EJA).

A referida escola possui espaço físico amplo composto por salas destinadas a direção, professores, equipe técnico-administrativa, biblioteca, cozinha, salas de aulas, de videoteca e de computadores, pátio interno e externo, quadra de esporte, banheiros distintos para professores, funcionários e alunos, com adaptação para alunos com necessidades especiais, apesar de ainda existir alguns obstáculos físicos no interior da escola que podem dificultar a locomoção desses alunos.

Possui, como recurso pedagógico, fitas de vídeo gravadas na própria escola, mapas, jogos didáticos, livros didáticos e literários, TV’s, vídeo, equipamento de som, caixa de som amplificada, gravador, computadores e parabólica que possibilita a exibição de canais educativos, como por exemplo, a TV Escola.

Na escola são desenvolvidas atividades de planejamentos e formação (reuniões e participação em encontros destinados à programas de formação continuada), por meio de cronograma pré-estabelecido pela Secretaria Municipal de Educação (SEMED) ou pela equipe técnica-pedagógica, além de outras referentes a eventos festivos, tais como: festas juninas, dia da criança, do estudante, das mães, jogos internos e/ou atividades externas

desenvolvidas pela Secretaria Municipal de Educação (SEMED).

Devemos ressaltar que como a escola está inserida em um contexto social complexo, também padece de situação que propiciam obstáculos no transcorrer das atividades, tais como: assembléias sindicais, constantes greves, eventos desenvolvidos pela SEMED ou outras instituições que exigem a participação do corpo docente e discente, embora não estejam contempladas pelo cronograma escolar, liberações de alunos para assistirem jogos das representações brasileiras em modalidades diversas de esportes transmitidos pelas emissoras de TV’s, entre outras.

Apesar de algumas das atividades que envolvem o corpo discente e docente se constituírem em parte integrante e efetiva do currículo escolar, elas não são em sua maioria contempladas com um planejamento que possibilite situações de aprendizagem sistemática de conhecimentos que permitam avanços no desenvolvimento dos alunos.

O corpo docente é composto por 36 professores que atuam no Ensino Fundamental de 1ª a 8ª série e Educação de Jovens e Adultos (EJA), do quais 34 são graduados, um (1) tem formação no Logos e um (1) com formação no ensino médio. A equipe técnico-pedagógica é composta por sete (7) supervisoras, as quais estão distribuídas entre os três turnos sendo quatro (4) Pós-graduadas em Psicopedagogia e duas (2) graduadas em Pedagogia. A equipe técnico-administrativa é formada por um (1) Diretor e um (1) Vice-diretor. A equipe de apoio é composta por um (1) digitador e mecanógrafo, três (3) bibliotecários, cinco (5) vigilantes, nove (9) merendeiras, que também assumem a função de auxiliares de serviços gerais e duas (2) funcionárias responsáveis pela gravação das fitas de vídeo, além do cronograma de utilização desse recurso didático.

No ano de 2003.1, a escola foi campo de pesquisa de uma atividade que se destinava ao trabalho final do Seminário Produção e Apropriação de Conhecimento na Instituição Escolar do Programa de Pós-graduação em Educação – PPGEd/UFRN – o qual contava com

minha participação enquanto aluno especial da pós-graduação, cujo objetivo era analisar o grau de conceitualização dos professores das 3ª e 4ª séries do Ensino Fundamental, em particular, o conceito de Território na Geografia.

Constatamos alguns aspectos que evidenciaram o grau de conceitualização com relação ao referido conceito e a forma como esses profissionais vinham efetivando a elaboração conceitual e ressignificação de seus conhecimentos nessa área do saber.

Desta forma, com a elucidação desses aspectos, constatamos a necessidade de promover ações de intervenções que possibilitassem a esses profissionais a (re)elaboração do conceito de território na Geografia. Além disso, permitir a esses professores um processo de reflexão crítica com relação as formas mecânicas como vem sendo instituído o processo de construção dos seus conhecimentos nessa área do saber, proporcionando a eles oportunidade de realizarem relações entre os saberes docentes (saberes da experiência, os saberes pedagógicos e das áreas de conhecimento) necessários a promoção de rupturas com as práticas mecanizadas e a ressignificação de conhecimentos, concretizadas por esses profissionais nas suas ações educativas.

Tendo em vista esses aspectos, centramos a nossa investigação nas seguintes questões: Qual a compreensão dos professores, no espaço escolar, acerca do conceito de território? Como ocorre o processo de elaboração conceptual de território pelos professores?

Enveredar por essas questões nos fez refletir sobre a forma como os professores concebem o conceito de território e de como ocorre o processo de construção conceitual de maneira mediada com intervenções sistemáticas colaborativas por meio das sessões reflexivas.

Nesse sentido, objetivamos com esta pesquisa:

Apreender o grau de conceitualização dos professores acerca do conceito de território. Intervir com situações de reflexões críticas para acompanhar e analisar o processo de

elaboração do conceito de território dos professores das 3ª e 4ª séries do ensino fundamental.

Assim, o estudo do processo de formação e desenvolvimento de conceitos constituiu- se no componente fundamental da nossa proposta de intervenção com os professores da Escola Municipal Júlio Senna, em Ceará Mirim/RN. Segundo Vigotski, “O pesquisador [...], deve considerar a formação de conceitos como uma função do crescimento social e cultural global [...], que afeta não apenas o conteúdo, mas também o método do seu raciocínio” (VIGOTSKI, 2000b, p.73).

Desse modo, a intenção de nortear a intervenção com os professores por meio do processo de formação e desenvolvimento de conceitos decorre do fato desses profissionais serem responsáveis pelas situações de aprendizagem social e deliberada desses conhecimentos estabelecidas no contexto escolar, além desse processo constituir-se em fenômeno essencial ao seu desenvolvimento profissional e humano.