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A pesquisa colaborativa caracteriza-se pelos delineamentos metodológicos serem efetivados de maneira coletiva, compartilhando responsabilidades nas tomadas de decisões e na própria sistematização das atividades que torna possível as investigações dos problemas na área da Educação. Assim, estabelecemos nos encontros realizados com os partícipes situações que permitiram paridades nas decisões.

pedagógica e administrativa para que pudéssemos conseguir a adesão por voluntariedade dos professores. No primeiro encontro na escola campo de pesquisa, explicitamos que seria necessário que seus professores propusessem a participar de forma voluntária como colaboradores de uma pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRN.

A princípio percebemos ansiedades entre os presentes. Isso ocorreu em virtude da preocupação que os professores tinham, principalmente, em se expor diante do pesquisador, revelando todas as fragilidades e inseguranças com relação às práticas docentes desenvolvidas em sala de aula por eles.

Ao percebermos esta situação, solicitamos que marcássemos um outro encontro para que pudéssemos explicitar, com mais clareza, o processo de desenvolvimento da pesquisa a qual estávamos propondo sistematizar na escola. Neste encontro também objetivamos saber se a pesquisa seria de interesse dos próprios professores, considerando que não nos bastava suprir uma necessidade particular do pesquisador, nem tão pouco do PPGEd/UFRN, mas os reais interesses dos professores em relação ao processo de formação continuada.

Assim, foi realizado um segundo encontro que contamos com a presença dos profissionais já referenciados anteriormente. Neste encontro, evidenciamos a todos um informativo da pesquisa contendo as questões, os objetivos e o referencial teórico que nortearia a nossa proposta de intervenção no processo de formação docente. Além disso, solicitamos que os professores realizassem questionamentos sobre quaisquer dúvidas que lhes impedissem a compreensão do referido informativo sobre a pesquisa.

Nessa reunião, ficou mais evidente a preocupação dos profissionais sobre a forma como seria conduzida a pesquisa, considerando que o principal questionamento foi a respeito das prováveis observações das práticas docentes desenvolvidas por eles nas salas de aula. Esta dúvida foi prontamente esclarecida através da explicação clara dos objetivos da nossa pesquisa. Diante das nossas falas de esclarecimentos acerca da natureza da pesquisa, os

professores concordaram em participar como colaboradores, ressaltando que se deveria garantir o anonimato de suas identidades.

Assim, os professores se propuseram a participar do estudo. Todavia, com o objetivo de interferir o mínimo possível no desenvolvimento das suas atividades escolares, foi realizado um terceiro encontro para que pudéssemos delimitar alguns aspectos didático- pedagógicos da metodologia colaborativa e administrativo, tais como:

Reunião para informar aos pais sobre a pesquisa e como seria realizado o cronograma de revezamento de liberação das turmas, estabelecido entre os professores e equipe técnica- pedagógica. Nesse cronograma, ficou decidido que nos dias em que ocorressem sessões reflexivas a liberação seria alternada, as três 3ª séries ficariam realizando atividades planejadas, enquanto que as 4ª séries seriam dispensadas das aulas, quinze dias após a última sessão reflexiva, ocorreria o inverso, as 4ª séries desenvolveriam atividades enquanto que as 3ª séries seriam liberadas. Ressaltamos que esse cronograma deveria considerar os dias em que a professora responsável pela sala de vídeo estivesse cumprindo expediente, para que as professoras direcionassem atividades que se utilizassem desse recurso didático;

Cronograma dos dias mais propícios para a realização das sessões reflexivas. Assim, decidimos que as sessões reflexivas seriam realizadas após o intervalo das aulas e, nas quintas-feiras, com um período de intervalo entre as sessões de quinze dias;

As atividades que poderiam ser planejadas previamente para as turmas que permaneceriam na escola em dias da realização das sessões reflexivas, que obedeceria a um cronograma de estudo;

Elaborar um cronograma que pudéssemos programar todas as sessões reflexivas sem que interferisse na programação de planejamento ou em outras atividades realizadas pela escola;

Apontar as responsabilidades que caberia aos colaboradores e pesquisador-colaborador, tais como: entrega dos textos pelo pesquisador-colaborador quinze dias antes das discussões, realização de leituras individuais pelos professores-colaboradores, participação dos professores colaboradores em todas as sessões reflexivas, decisão compartilhada de possível redimensionamento do cronograma e elaboração pelos professores-colaboradores dos planejamentos das atividades destinadas aos alunos.

Devemos ressaltar, que a elaboração de um cronograma para o revezamento das turmas se tornou necessário em virtude de não ter profissionais suficientes à disposição da escola para desenvolver atividades nas salas de aulas, nas quais os professores colaboradores atuavam.

Neste encontro foram delimitados os aspectos citados anteriormente, como também, foi realizada uma discussão na tentativa de diagnosticarmos as inquietações dos nossos pares com relação às práticas educativas desenvolvidas em sala de aula. Isso foi o ponto de partida para que pudéssemos definir os conhecimentos a serem discutidos nas sessões reflexivas e o que compreenderiam os momentos de estudos reflexivos que ocorreriam quinzenalmente. Os professores externalizaram as suas inquietações, de uma maneira geral, sobre os cursos de formação continuada: “O que discutimos nos encontros não sabemos aplicar em sala de aula”. “Não tem uma proposta diferente”. “Queremos uma proposta nova, diferente[...]”. Também expuseram com relação ao processo de ensino-aprendizagem da Geografia: “A gente sempre dá arrodeios, mas sempre acaba nos mapas”. “Eu não gosto de Geografia e História porque é muita decoreba”. “Como utilizar os recursos didáticos na aula de Geografia? Como trabalhar os conteúdos? Como planejar?” No tocante ao processo de ensino-aprendizagem de uma forma geral afirmaram: “Às vezes propomos um objetivo e no final da aula atingimos outro”. “As propostas de hoje são as mesmas que foram trabalhadas na época em que agente estudava”. “Queremos oficinas de como fazer na sala de aula”.

Nesses extrait, os professores-colaboradores evidenciaram a necessidade urgente de efetivar discussões teórico-metodológicas que proporcionassem a ressignificação e (re)construção de conhecimentos na área da Geografia, em particular, aqueles que possibilitassem a (re)elaboração do conceito de território que se configura em categoria de análise desta pesquisa.

No entanto, para que pudéssemos desenvolver situações de aprendizagem que propiciassem o processo de elaboração conceptual de território com os professores, foi imprescindível que realizássemos um diagnóstico inicial do grau de desenvolvimento real sistematizados por eles sobre o referido conceito.

Desse modo, antes da realização das sessões reflexivas, ocorreram momentos de entrevista com os professores para que possibilitassem as descrições e análises dos conhecimentos prévios relacionados ao conceito de território. Assim, foram utilizadas entrevistas gravadas em fita cassete com questões estruturadas e semi-estruturadas.