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O PPP DA ESCOLA LUIZ BERNARDO OLSEN: POSSIBILIDADES A PARTIR DA PEDAGOGIA DO MOVIMENTO

CARACTERIZAÇÃO E RELAÇÃO COM O ENTORNO

3.2 A ESCOLA E AS CONCEPÇÕES ACERCA DE EDUCAÇÃO

3.2.1 O PPP DA ESCOLA LUIZ BERNARDO OLSEN: POSSIBILIDADES A PARTIR DA PEDAGOGIA DO MOVIMENTO

Neste capítulo buscamos discutir acerca das contribuições que a Pedagogia do Movimento e suas matrizes formadoras podem trazer para a construção do PPP da escola. Como já relatado anteriormente a escola atende em sua maioria sujeitos oriundos de assentamentos da Reforma Agrária, porém por estar localizada em território denominado

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urbano a escola não atende os princípios que a poderiam constituí-la como do campo, mesmo havendo um decreto que afirma que é considerada escola do campo toda aquela que atende aos sujeitos vindos de área rural e, além disso, existe na Educação do Campo que além de ser de caráter formativo ela é uma política pública “um conceito político ao considerar as particularidades dos sujeitos e não apenas sua localização espacial e geográfica” (BRASIL, 2006, p.24).

Analisando o trecho acima, poderíamos trazer uma das matrizes da Pedagogia do Movimento para que pudéssemos atender a essa demanda, a qual diz respeito à cultura que traz como princípio segundo Caldart (2000, p.227) a forma que os sujeitos se educam cultivando o modo de vida produzido, capaz de proporcionar que possamos trabalhar transformando o ser humano que se educa transformando a vida. Trabalhar a partir da realidade dos sujeitos é garantir que a cultura desses não sejam extinguidas aos poucos. Caldart (2000, p.227) afirma que:

Cada pessoa concreta, ou cada grupo social, é ao mesmo tempo, sujeito e expressão deste processo social que produz cultura, participando mais crítica e criativamente dele através das dimensões da produção cultural que em sua experiência de vida tiverem maior densidade de significados.

A escola só tem a ganhar com essa forma de trabalhar com os sujeitos, pois estes demonstram mais interesse em assuntos que tenham ligação com o cotidiano e tragam significados. Partir da cultura que esses têm acaba por trazer mais riqueza aos sujeitos e as aulas, proporcionando uma troca de conhecimentos entre estudantes, professores e todo o corpo docente que poderia sentir os efeitos e resultados desta forma de conduzir o processo pedagógico.

Tomando o PPP como referência e as matrizes apresentadas pela Pedagogia do Movimento podemos destacar que a escola não atende as demandas para que possa de alguma forma suprir a necessidade de seus estudantes e que entre em consonância com os elementos estudados da Pedagogia do Movimento, o qual se inserem na formulação da Educação do Campo.

Como a escola em questão é nucleada e recebe esses estudantes para estudar poderíamos ter como agente auxiliador na educação desses sujeitos um documento que atendessem ao seguinte:

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É através de seus objetivos, princípios, valores e jeito de ser, que o Movimento intencionaliza suas práticas educativas, ao mesmo tempo que, aos poucos, também começa a refletir sobre elas, à medida que se dá conta de sua tarefa histórica: além de produzir alimentos em terras antes aprisionadas pelo latifúndio, também deve ajudar a produzir seres humanos ou, pelo menos ajudar a resgatar a humanidade em quem já a imaginava quase perdida. (CALDART, 2000, p. 199)

Um trecho em relação a forma como os estudantes são classificados de acordo com o nível de interesse, consta da seguinte forma no PPP (SANTA CATARINA, 2018, p. 48):

Há alunos que são motivados, alguns diferentes e outros instáveis. Para atender aos alunos motivados, bastam aulas bem preparadas e clareza nas explicações: eles raramente apresentam problemas disciplinares, pois estão sempre atentos e predispostos a participar das tarefas propostas. Os indiferentes (aqueles que parecem não reagir a nada) e os instáveis (aqueles que perdem logo a motivação) exigem um intenso trabalho de estimulação e incentivo por parte do professor. Somente assim ficarão atentos às explicações e não causarão problemas disciplinares.

Ao tratar a distinção entre os estudantes a escola toma como referência apenas o que se refere ao superficial dos mesmos, observa-se que a questão poderia vir a ser resolvida se atendessem a questão em que considerassem trabalhar a partir da realidade dos mesmos, pois na maioria das vezes as demandas que considerem esses aspectos não são levados em conta, o que pode acarretar na falta de interesse.

A escola que atendesse aos princípios da Pedagogia do Movimento buscaria conceber como a educação que é a partir da realidade do estudante consegue suprir a demanda de aprendizado destes. Isto poderia ser um eixo pedagógico para a Escola de Educação Básica Luiz Bernardo Olsen, a partir da tomada de consciência da gestão e docentes que dela fazem parte, compreendendo que atende majoritariamente sujeitos que vem de assentamentos e de comunidades de áreas rurais do Distrito de Volta Grande.

A escola atende sujeitos que vem do Campo que é fator importante, pois Campo é um lugar de produção de vida e conhecimento como é afirmado em BRASIL (2006, p.24) “que caracteriza os povos do campo é o jeito peculiar de se relacionarem com a natureza, o trabalho na terra, a organização das atividades produtivas, mediante mão-de-obra dos membros da família, cultura e valores que enfatizam as relações familiares e de vizinhança”.

A Pedagogia do Movimento conforme Caldart (2000, p.215) tem uma de suas matrizes a da organização coletiva, na qual os sem-terra tem como educação enraizando-se e fazendo-se em uma coletividade. Esta matriz poderia contribuir para superar a questão de que a comunidade escolar possa trabalhar de forma a proporcionar essa coletividade dos sujeitos

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envolvidos na educação dos estudantes na escola, pois para se ter raízes é necessário que seja proporcionado aos sujeitos a vivência em coletivos que o transformem.

O distrito é basicamente constituído além desses assentamentos também de demais localidades que tiram seu sustento de atividades produtivas que envolvam a terra, assim como eles, dos quais faziam a venda para a localidade em feiras que aconteciam no galpão da cooperativa da localidade. Apesar de a escola estar em local denominado urbano ela atende sujeitos que vêm de localidades rurais, entretanto essa não atende aos princípios que são para suprir a demanda de aprendizado dos povos do campo.

Além disso, escola poderia buscar ter maior contato com a comunidade e lideranças dos assentamentos que fazem parte da escola, para que pudessem construir uma educação com os assentados e buscar trazer princípios dos quais estão presente na Pedagogia do Movimento para o PPP da mesma, considerando que a escola é composta majoritariamente por crianças e jovens que fazem parte desses assentamentos.

Finalizamos este capítulo compreendendo que ainda faltam políticas públicas que possam auxiliar as escolas que atendem em sua maioria estudantes que vêm de áreas rurais, a construírem documentos que possam atender a demanda de seus sujeitos que a compõem. Além disto, apontamos que a presença da comunidade, as famílias das crianças, é imprescindível para que os projetos e práticas da escola tenham sentido e significado aos sujeitos. A escola Luiz Bernardo Olsen em especial, pois atende estudantes que vem de assentamentos e uma acampamento da Reforma Agrária, na qual o seu PPP tem muito a que ser pensado para que possa suprir essa demanda, pois ainda não apresenta muitas aproximações com esta especificidade.

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