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Escolas da administração estratégia

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3.2 GESTÃO ESTRATÉGICA EMPRESARIAL

3.2.6 Escolas da administração estratégia

Embora o conceito de estratégia remonte à antiguidade, o conceito de estratégia no ambiente empresarial é relativamente novo, conforme já citado anteriormente. Nesse período, várias abordagens foram desenvolvidas. Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2010) agruparam essas abordagens em um total de dez grupos que chamaram de Escolas.

As três primeiras escolas foram classificadas como de natureza prescritiva, pois se concentravam mais em definir como as estratégias devem ser formuladas, e pouco se preocupavam em entender como elas realmente se formam. Foram elas: a Escola do Design, a Escola do Planejamento e a Escola do Posicionamento.

As seis escolas seguintes concentram-se em características específicas do processo de formulação da estratégia, e têm dado maior ênfase à descrição dos aspectos de formulação das estratégias, em detrimento da prescrição do comportamento estratégico. São elas: a Escola Empreendedora, a Escola Cognitiva, a Escola de Aprendizado, a Escola do Poder, a Escola Cultural e a Escola Ambiental.

Por fim, a última escola, a Escola de Configuração, seria uma combinação de todas as demais escolas.

A seguir, faremos uma breve descrição de características de cada escola de acordo com Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2010):

Escola do Design: surgiu na década de 60 e teria estabelecido a visão mais influente do processo de formulação das estratégias. Sua proposição mais simples é de que a estratégia deve ser uma adequação entre as capacidades internas e as possibilidades externas. Introduziu o modelo SWOT como ferramenta de apoio à construção da estratégia;

Escola do Planejamento: embora tenha nascido no mesmo período que a Escola de Design, com a publicação do livro Corporate Strategy, de Igor Ansoff, em 1965, foi na

década de 70 que teve sua maior expansão. Sua tônica principal era o desenvolvimento do Planejamento Estratégico baseado em procedimento formal, treinamento formal, análise formal e o apoio de muitos números. Parte da estratégia deveria ser conduzida por um quadro de planejadores altamente qualificados e a outra parte por um departamento especializado de planejamento estratégico;

Escola do Posicionamento: inicia-se na década de 80, com a publicação do livro

Competitive Advantage, de Michael Porter. Embora tenha mantido as premissas básicas

das duas escolas anteriores, ela enfatizou a importância das próprias estratégias, em detrimento do processo de formulação das mesmas, e abriu o lado prescritivo da área a investigações substanciais ao focalizar o conteúdo das estratégias, ao invés de ficar apenas na prescrição genérica da escola de planejamento e da repetição do modelo da escola de design. Sua ideia mais expressiva foi a de que poucas estratégias-chave - como a de posições no mercado - são desejáveis num setor: as que podem ser defendidas contra concorrentes atuais e futuros.

Escola Empreendedora: embora não faça parte das escolas prescritivas, essa escola situa- se num ponto intermediário, pois mantém consonância com a escola do design, ao focalizar o líder como mentor e orientador único da estratégia. Diferentemente daquela, no entanto, que prescrevia uma estrutura conceitual e desprezava a intuição, essa focalizou o líder único na formulação da estratégia e enfatizou o uso da intuição, julgamento, sabedoria, experiência e critério. O estabelecimento da “visão”, que é uma representação mental da estratégia estabelecida pelo líder, é o conceito mais central desta escola.

Escola Cognitiva: utiliza a psicologia cognitiva para entender a visão estratégica e também de como as estratégias se formam sob outras circunstâncias na mente do estrategista. Antes dela, as pesquisas preocupavam-se mais com os requisitos para se pensar; a partir dela começou-se a dar valor ao pensamento em si, e seus conteúdos. Assim, tem-se observado que os estrategistas, em geral, são autodidatas. Essa escola dividiu-se em duas partes: uma mais positivista tenta produzir algum tipo de visão objetiva do mundo a partir do processamento e estruturação do conhecimento. A outra ala tem uma percepção mais subjetiva, e vê a estratégia como uma interpretação do mundo; Escola de Aprendizado: sua concepção de formulação da estratégia difere da concepção

das escolas anteriores ao sugerir que diante da complexidade existente na formulação da estratégia propagada pela escola cognitiva, complexidade essa que sobrepujava as condições prescritivas das três primeiras escolas, as estratégias emergem do aprendizado

ao longo do tempo. Assim, as estratégias surgem no momento em que as pessoas atuando sozinhas ou, mais comumente, agindo coletivamente, “aprendem a respeito de uma situação tanto quanto a capacidade da sua organização de lidar com ela” e “finalmente, elas convergem quanto a padrões de comportamento que funcionem” (MINTZBERG, AHLSTRAND e LAMPEL, p. 176). Dessa forma, ao levantar questionamentos sobre quem seria o arquiteto da estratégia e onde ocorreria de fato a formulação da estratégia, a escola de aprendizado derrubou as principais hipóteses e premissas das escolas prescritivas, de tradição “racional”;

Escola do Poder: insere no contexto de formulação da estratégia o uso do poder e da política para negociar estratégias que favoreçam interesses específicos. Uma vez que as relações de poder circundam as organizações, podem também influenciá-las. Assim, a escola de poder divide-se em duas alas: uma que trata do poder micro e lida com o jogo da política – legítimo e ilegítimo - dentro da organização, e outro que trata do poder macro, que lida com as questões de poder de influenciação da organização no ambiente;

Escola Cultural: de certa forma, contrapondo-se à escola do poder que lida com a promoção de mudanças estratégicas a partir da influência de políticas internas, a escola cultural tem a “formulação da estratégia como um processo enraizado na força social da cultura” (MINTZBERG, AHLSTRAND e LAMPEL, 2010, p. 252), e na forma como esta pode influenciar na manutenção da estabilidade estratégica ou, em alguns casos, atuando como fator de resistência às mudanças estratégicas;

Escola Ambiental: derivou-se da chamada “teoria da contingência”, que descrevia as relações entre atributos específicos da organização e determinadas dimensões do ambiente. Diferentemente das outras escolas que tendem a colocar o estrategista como principal ator no palco da formulação da estratégia, relegando ao ambiente o status de fator na concepção da estratégia, a escola ambiental contrariamente, atribui ao ambiente o papel de ator. Dessa forma, esta escola reequilibra a visão global de formulação da estratégia ao posicionar o ambiente ao lado da liderança e da organização, como sendo as forças centrais do processo;

Escola de Configuração: traz, como aspecto fundamental e que a diferencia das demais escolas, a possiblidade de harmonização e integração de conceitos das outras escolas. Possui dois lados principais são: a configuração (que descreve estados - da organização ou do ambiente) e transformação (que descreve a forma como a estratégia é gerada). Esses dois estados seriam, pois, complementares, uma vez que, se “uma organização adota

estados de ser, então a geração de estratégia torna-se um processo de saltar de um estado para outro” (MINTZBERG, AHLSTRAND e LAMPEL, 2010, p. 290), Logo, todo processo de configuração, gera como consequência, um processo de transformação.

Até aqui, vimos alguns conceitos sobre as organizações e de que forma elas devem posicionar-se dentro de um ambiente dinâmico para se manterem competitivas. A partir do próximo tópico, veremos de que forma as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) e os Sistemas de Informação (SI) podem contribuir para o desenvolvimento e as estratégias das organizações.

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