• Nenhum resultado encontrado

em larga e pequena escala. Ainda consideramos que é um espaço funda- mental para fortalecer a ainda incipiente rede de educadores em agroecolo- gia que a Cloc-Via Campesina se propõe construir.

Escolas e institutos de formação político-profissional em

agroecologia

As escolas e os institutos latino-americanos de formação político-pro- fissional em agroecologia são parcerias da VCI com outras instituições de escolarização, na sua grande maioria universidades, juntamente a outras instituições, o que possibilita a legalização dos cursos de tecnólogo, enge- nharia e especialização em Agroecologia. Cada qual com suas peculiari- dades, porém em todas convivem duas dinâmicas distintas, a dinâmica de movimento social e a dinâmica da institucionalidade da educação formal. Abaixo, descrevemos as experiências com essas características.

Escola Latino-americana de Agroecologia – Elaa

A Escola Latino-Americana de Agroecologia (Elaa) está localizada no assentamento Contestado do MST, no município da Lapa, Paraná. Com uma área de aproximadamente 3 mil hectares, o assentamento contempla a moradia de 108 famílias desde 1999. A estrutura destinada à escola tem atualmente uma capacidade para duzentas pessoas.

Inaugurada em 27 de agosto de 2005, surge por ocasião do V Fórum Social Mundial, realizado em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, em janeiro. Nessa ocasião reuniram-se representantes do governo da República Bolivariana da Venezuela, do governo do estado do Paraná, da Universidade Federal do Paraná e dirigentes da Via Campesina Brasil e internacional, assinando um protocolo de intenções para o desenvolvimen- to de diferentes atividades de cooperação técnica no âmbito da soberania alimentar.

A escola, edificada em um contexto de ser um instrumento da própria classe trabalhadora, oferece o curso de Tecnologia em Agroecologia, por meio de uma parceria com o Instituto Federal do Paraná, que garante a

certificação e o reconhecimento formal do curso (Escola, 2012), a Univer- sidade Federal do Paraná (UFPR) e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Segundo reportagem publicada na página do Incra (2008), no dia 30 de setembro de 2008, por ocasião de comemoração dos três anos de Elaa:

[...] 'A construção da Elaa tem sido fundamental para fortalecer a articulação da Via Campesina na América Latina, preparando jovens de vários movimentos locais para atuar nas comunidades onde vivem', afirma José Maria Tardin, da equipe pedagógica da escola.

Ainda segundo José Tardin em um depoimento audiovisual para uma reportagem do Programa Movimento, do Cefuria:

A Escola latino-americana é de agroecologia. Isso é uma diferença impor- tante que devemos destacar. Então ela é a primeira escola técnica de nível acadê- mico, universitário, para formar jovens na agrecologia. Ela é uma escola criada e mantida pela luta, pelo esforço, pela organização dos movimentos sociais do campo articulados na Via Campesina. Então ela é uma escola totalmente dire- cionada para formar no campo da educação em agroecologia, jovens oriundos de famílias camponesas, sejam dos assentamentos ou dos acampamentos, ou das comunidades tradicionais de todos os estados do Brasil. (Cefuria, 2008, aos 1min55')

A Escola tem como base alguns princípios filosófico-pedagógicos que norteiam sua prática cotidiana, os quais foram baseados em experiências de outras escolas organizadas e coordenadas pelos movimentos sociais como, o Instituto Josué de Castro. Como princípios filosóficos: educação para transformação social, educação para o trabalho e a cooperação, educação para as várias dimensões do ser humano, para os valores humanistas e socialistas, educação como processo permanente de formação e transfor- mação humana.

Quanto aos princípios pedagógicos, estão na linha de frente: o vínculo teoria e prática, a combinação entre a formação político-profissional, a rea- lidade como base da produção de conhecimentos, o vínculo orgânico entre

processos educativos e econômicos, o vínculo orgânico entre educação e cultura, a gestão democrática e a auto-organização dos educandos(as).

Com o objetivo geral de formar jovens de nível superior com condições de contribuir na produção agroecológica nas comunidades camponesas, indígenas e afrodescendentes, por meio dos movimentos sociais do campo, a escola pretende contribuir para a elevação do nível cultural e científico dos educandos por meio atividades concretas político-organizativo-produtivas, por exemplo, com o banco de sementes e construção de novas tecnologias agrícolas que respeitem o ambiente. Analisar e propor transformações da realidade socioeconômica ambiental, compreender a dinâmica da produção camponesa, assim como da metodologia de trabalho popular vinculada à produção de agrossistemas fundados na agroecologia são características que se pretendem alcançar na formação do perfil do educando(a) desse curso: militantes técnico-educadores de agroecologia.

Já foram concluídas duas turmas. A primeira, chamada Mata Atlântica, com 22 militantes, se formou em uma Jornada Nacional de Agroecologia que ocorreu em 2009 em Francisco Beltrão, junto a cerca de 4 mil campone- ses da Via Campesina. Participaram somente da primeira etapa militantes de organizações sociais da Venezuela, e concluíram o curso somente dois paraguaios. Essa primeira turma começou com noventa militantes. A se- gunda começou com sessenta militantes e terminou com 37 educandos/mi- litantes, que se formaram em abril de 2010 em um ATP na própria escola. Chamava-se turma resistência camponesa. Todos ligados aos movimentos sociais do campo do Brasil e Paraguai. A terceira turma iniciou em feverei- ro de 2010 com setenta educandos de doze organizações e seis países. Esta finalizou no mês de novembro de 2013 com cerca de 50 educandos, mili- tantes de organizações sociais da Via Campesina Internacional do Brasil, Paraguai, Colômbia, Equador e República Dominicana.

O projeto político-pedagógico da escola está enraizado em práticas que possibilitem a juventude do campo trabalhar e estudar. O método da alter- nância, ou seja, tempo escola, tempo comunidade, acontece aproximada- mente de 75 dias e noventa dias, respectivamente. Assim, a cada noventa dias, a militância que está fazendo o curso se encontra nas dependências da escola para avaliar as atividades desenvolvidas a campo (tempo comu- nidade), estudar disciplinas do curso, realizar investigações e trabalhos na escola.

Ou seja, nos momentos de tempo de comunidade, os educandos estão vinculados diretamente à prática de produção agroecológica desde os terri- tórios onde vivem. Uma observação referente aos educandos internaciona- listas é que estes, para não necessitarem deslocar-se de país a cada 75 dias, realizam na grande maioria práticas produtivo-organizativas no próprio assentamento e/ou áreas de assentamentos e acampamentos do MST no próprio estado. Esse momento é coordenado e acompanhado por educado- res, coordenação pedagógica, dirigentes dos movimentos sociais dos locais onde se estabelecem essas práticas.

Já o tempo escola é organizado por meio de diferentes momentos peda- gógicos como tempo aula, tempo leitura, tempo trabalho, tempo unidade camponesa e agroecologia, tempo socialização de experiências e tempo esporte e cultura. Através desses tempos, perpassa a coletividade e a organici- dade funcionando por meio dos núcleos de base, coordenação dos núcleos de bases de onde são escolhidos dois representantes para participar da coor- denação executiva da escola, equipes de trabalho como, de saúde, comuni- cação e cultura, relatoria etc. Cada educando também participa, no tempo escola, de um setor de trabalho da escola. São eles: pedagógico, administra- tivo, infraestrutura, produção e cozinha/refeitório, onde contribuem para a construção e a consolidação da própria escola, um ambiente educativo inclusive neste sentido.

De acordo com reportagem de Camila Hoshino (2012), do jornal Brasil

de Fato:

O projeto político e econômico da agroecologia exige uma educação camponesa que vá além das paredes da escola, possibilitando uma reflexão a partir do diálogo com elementos da realidade. O objetivo desse processo pedagógico, orientado pelas bases libertadoras de Paulo Freire, é que o educando alcance o potencial do que José Maria Tardin classifica como “militante-técnico-pedagogo em agro- ecologia”. Dessa forma, é possível que os jovens se tornem protagonistas do resgate da cultura e dos valores junto à comunidade e sua organização social. (Hoshino, 2012, não paginado)

Integrante do setor pedagógico da Escola Latino-Americana de Agroeco- logia, Tardin explica que devemos pensar o educando como militante, uma

vez que ele está comprometido com sua organização, com sua classe e pos- suiu a responsabilidade de atuar tecnicamente junto às famílias camponesas, promovendo a consolidação da transição para o modelo agroecológico. “[...] pensá-lo como pedagogo significa entender que ele não está sendo formado em uma escola técnica ou universidade tradicional que promove, direta ou indiretamente, a invasão cultural do capital sobre o campesinato, mas está pro- blematizando sua realidade e elevando seu protagonismo político e social” [...]. (Hoshino, 2012, não paginado)

O estudo está fundado na relação entre o conhecimento científico e a sabedoria popular, e se expressa nos momentos de estudo em classe, nos trabalhos de campo, nos trabalhos de base e nas investigações.

Os conteúdos estudados estão conformados em cinco grandes áreas de conhecimento que estão presentes nos diferentes módulos:

a. ciências básicas: matemática, física, química, biologia, português, espanhol;

b. ciências humanas: filosofia, história geral, história da América La- tina, economia política, geografia, sociologia, psicologia, teoria pe- dagógica, educação para a cooperação;

c. produção vegetal: diálogo de saberes, princípios da agroecologia, solos, ecologia, botânica, bioquímica, fisiologia vegetal, climatolo- gia, cultivos agroecológicos, plantas forrageiras, topografia, balan- ceamento energético;

d. produção animal: anatomia e fisiologia animal, apicultura, nutrição animal, genética básica, melhoramento, genética animal, sanidade, PRV, criação intensiva e integrada;

e. Gestão: bioconstruções, máquinas agrícolas, tecnologia de pro- cessamento de alimentos, administração, economia e mercado, projetos.

Os processos de avaliação dos educandos ocorrem em sala de aula, no campo, nos setores de trabalho, na vivência social (avaliada pelos núcleos em processos de crítica e autocrítica) e ao final de cada tempo comunidade. Como desafios, permanecem o avanço da estrutura física da escola, como constru- ção de laboratórios, salas de aula etc., e a organização de um coletivo de

educadores e educadoras que contribua de maneira mais efetiva na escola. A escola também está preparando uma revista interna de experiências pedagógico-produtivas, realizadas no e pelo Elaa. A mesma ainda não se encontra em circulação. Ela realiza também eventos e encontros com cam- poneses a respeito de temas pertinentes à concepção agroecológica, como, por exemplo, o tema da permacultura.

A Ciranda Infantil Curupira é outro componente da escola fundamental para possibilitar condições aos pais e mães que são educandos ou que traba- lham na escola em alguma função. Um espaço de educação infantil, dentro das dependências da escola que trabalha a temática da terra, do alimento e da agroecologia desde a infância.

Um reportagem de 24 de maio de 2010, com depoimentos de Priscila Facina, analisa o significado da escola como espaço de intercâmbio, assim como a origem da construção de primeiro curso em agroecologia de nível superior:

'É um espaço também de intercâmbio de culturas e saberes. A maior dificuldade inicialmente é o idioma. [...]', disse Priscila Facina, da coordenação pedagógica da escola, em entrevista à Agência Brasil. Ela lembra que foi no Paraná que surgiu o primeiro curso superior de agroecologia. (Nórcio, 2010, não paginado)

Ainda na reportagem, mencionam-se depoimentos de dois educandos a respeito da importância do curso, da escola para sua militância. Um desses educandos, Leonel dos Santos, afirma que “[...]estamos aprendendo uma nova matriz tecnológica para levar aos companheiros campesinos”. Já Luiz Coicue, de uma reserva indígena da Colômbia, diz que sua comunidade aguarda com ansiedade as novidades que ele levará da escola: “ainda fazemos agricultura artesanal e agora vou levar tecnologia para a comunidade [...]”.

Instituto de Agroecologia Latino-americano – Iala Paulo Freire (Venezuela)

Segundo Judite Stronzake, em reportagem escrita no site do MST, o Ins- tituto de Agroecologia Latino-americano Paulo Freire é resultado de um esforço amplo e coletivo para a formação de militantes “com consciência

ideológica e técnica em agroecologia”, é a construção de um território de integração latino-americana e de solidariedade entre organizações sociais para a construção de um novo projeto de sociedade. Importante mencionar que, para que esse projeto fosse levasse a cabo, centenas de militantes do campo e da educação convergiram esforços desde seus espaços, de seus posicionamentos políticos, suas organizações ou instituições, destinaram tempo, energia, debate e ações concretas para que se efetivasse. O significa- do disso aparece expresso abaixo:

Resultado de uma soma de esforços com objetivo de qualificarmos e avan- çarmos na formação/educação política e técnica da juventude que mora nas comu- nidades, a escola contribui para recuperar as sementes crioulas, alterar o modo de produção, concretizando a soberania alimentar e a organização social e econô- mica local. Investir em educação e formação está entre as principais linhas destes movimentos sociais envolvidos. [...] O Iala Paulo Freire constitui-se como uma ferramenta de formação político-ideológica e técnica dos camponeses e indígenas. Serve como instrumento de luta da classe trabalhadora internacional e de solida- riedade entre os povos em luta. Um novo aprendizado para todas as organizações e movimentos do campo, de como unir a ideologia com a técnica a serviço da luta dos trabalhadores. O Iala é uma construção coletiva, um território de inte- gração e solidariedade entre todos os lutadores e lutadoras das organizações de todos os países. (Stronzake, [s.d.], não paginado)

O Projeto Iala nasce no mesmo período e nas mesmas condições objeti- vas que o Projeto Elaa, anteriormente mencionado. Nasce também por oca- sião do Fórum Social Mundial de Porto Alegre, em janeiro de 2005. Nasce de um acordo firmado entre o governo bolivariano da Venezuela, Via Cam- pesina, governo do estado do Paraná, e instituições de educação do Brasil e Venezuela nos marcos da Alba, um protocolo de intenções e compromissos, o chamado acordo de Tapes.

Posteriormente, já na Venezuela, para dar prosseguimento aos acordos e construir um curso em agroecologia, é assinado um segundo termo de cooperação, agora de caráter técnico, chamado “Acuerdo de Cooperación em Materia Técnico-Agrícola Vegetal entre LVC y el Movimiento de los Trabajadores Sin Tierra (MST), la República Bolivariana de Venezuela”, através do Ministério de Agricultura e Terras e o Instituto Nacional de

Terras, o Centro Genético Produtivo Florentino C.A. e a Prefeitura do Município de Alberto Arvelo Torrealba.

Esse documento, assinado por Hugo Rafael Chavez Frías (então presi- dente da República Bolviariana de Venezuela), João Pedro Stedile (MST), por Antonio Albarrán Moreno (então ministro de Agricultura e Terra) e Hugo de los Reyes Chavez (governador do estado de Barinas), no dia 26 de setembro de 2005.

Esses acordos foram seguidos pela elaboração de uma proposta curricu- lar de um Programa de Engenharia Agronômica com ênfase em agroecolo- gia que inicialmente seria desenvolvida junto à Universidade Bolivariana de Venezuela (UBV), e que mais tarde seria constituído como Iala (Instituto de Agroecologia latino-americano).

Foram realizados encontros e seminários, já desde esse momento de caráter internacional, com a finalidade de conceber, de construir a concep- ção do que seria o Iala. Participaram desse momento movimentos sociais afrodescendentes de Venezuela, representantes da UBV, educadores como Miguel Altieri e Pinheiro Machado, dirigentes da Via Campesina do Mé- xico (Unorca), Brasil (MST), Nicarágua (ATC), Argentina e Colômbia.

Ainda, foram definidos o nome do Instituto, homenageando o educador brasileiro Paulo Freire, sua sede, questões referentes ao perfil dos ingressa- dos e aspectos metodológicos, o desenho curricular, sua estrutura organiza- tiva e grupos de trabalho.

Nos meses de outubro a novembro de 2006 e em janeiro de 2007, foram se agrupando os(as) militantes selecionados(as) das organizações sociais partícipes da Via Campesina. Mesmo ainda sem as todas as condições ob- jetivas para a existência do Instituto, nem mesmo do curso, chegaram à Ve- nezuela 183 educandos(as) (62 mulheres e 121 homens), militantes sociais de países como México, Guatemala, Honduras, El Salvador, Colômbia, Equador, Peru, Chile, Argentina, Brasil, Nicarágua, Paraguai e Venezuela.

Esses militantes viviam na Cidade Esportiva de Barinas, e foram inscri- tos no curso de Produção Animal na Unellez para cursar disciplinas básicas, como química, física, matemática, biologia etc. Nesse momento, realiza- vam estudos e alguns trabalhos voluntários junto ao Centro Florentino.

Enquanto isso, formou-se a comissão de assessoria acadêmica coordena- da pela dra. Maria Egilda Castellanos para a construção do documento de fundação do Instituto. Esse momento contou com a participação da comis-

são de assessoria acadêmica Alma Mater (MPPES) e da Via Campesina por meio de representantes dos movimentos: Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – Brasil, Confederação Nacional de Organizações Camponesas, Indígenas e Negras de Equador – Fenocin e Movimento Campesino de Santiago de Estero – Argentina.

Em janeiro de 2008, o presidente Chávez recomenda a aprovação do decreto de criação do Instituto e, no mês seguinte, os educandos ocu- pam simbolicamente a área destinada para sua construção. Nesse perío- do, já se contava com 67 educandos. A grande maioria retornou aos seus países, ou inscreveu-se em outros cursos sob o acompanhamento de suas organizações, por conta da demora de criação oficial do Iala, ou mesmo por dificuldades político-organizativas causadas em uma primeira experiência desse caráter.Em 15 de abril de 2008 é aprovado o decreto de criação oficial do instituto, e, em agosto de 2008, aparece em Gazeta Oficial a nomeação da diretiva do Instituto. O Instituto então passa a ser regulamentado, subs- crito ao Ministério de Poder Popular para o Ensino Superior de Venezuela. A regularização das disciplinas se dá desde então.

O curso está organizado num programa que prevê o estudo das seguin- tes disciplinas:

a. ciências básicas: matemática, física, química, bioquímica, agroesta- tística, biodiversidade básica;

b. básicas de engenharia: biodiversidade ambiental, botânica aplicada, diversidade e melhoramento genético, topografia, riegos e drena- gens, máquinas agrícolas, ecorregiões, trama ecológica, climatolo- gia; agricultura ecológica, fisiologia vegetal, anatomia e fisiologia animal, manejo de solo, recuperação de solos e corpo de água. c. engenharia aplicada: bioconstruções, agrobiotecnologia, saberes

populares e tecnologia agrícola, energias alternativas, manejo inte- grado de pragas e doenças, sistemas agrícolas integrais, produção e reprodução de espécies vegetais, manejo de agroecossistemas, cultivos agroecológicos, agricultura urbana, reprodução de espécies animais, nutrição animal alternativa e plantas forrageiras, marco legal agrícola, legislação agrícola, manejo ecológico e integrado de animais no campo, produção ecológica de leite e carne; projeto formativo.

d. sócio-humanísticas: projeto formativo, ética da militância e relações de gênero, cosmovisões indígenas, ética da sustentabilidade, racio- nalidade-complexidade-transdisciplinariedade, teoria pedagógica, antropologia latino-americana, bases do conhecimento, história da América Latina, pensamento político venezuelano e latino-ameri- cano, movimentos sociais indígenas, campesinos e afrodescendentes latino-americanos, sociologia, sociologia da agricultura, economia política, cooperação e cooperativismo.

e. sócio-administrativas: Administração de empresas campesinas, redes sociais, planejamento e gestão agroindustrial, contabilidade, economia para o desenvolvimento social.

A proposta metodológica dessa escola tem algumas chaves norteadoras importantes a serem destacadas. A primeira delas é o sistema de alternân- cia, em que, diferentemente da Elaa, os educandos permanecem maior tempo na escola com atividades socioprodutivas nas comunidades vizinhas, e um menor tempo no chamado tempo comunidade (de quarenta dias a dois meses). O tempo comunidade se realiza também em cooperativas, conucos,8

áreas de assentamento de movimentos sociais campesinos na Venezuela, com o diferencial de estarem em outros estados do país, ou em áreas mais distantes das instalações de Iala.

Um segundo aspecto da proposta pedagógica é o chamado projeto for- mativo, uma disciplina de caráter orgânico que está relacionada à investiga- ção científica, à interdisciplinariedade e ao trabalho de campo, ou trabalho de base, com as comunidades vizinhas. Uma disciplina que percorre todo o programa do curso.

Um terceiro aspecto é a questão do vínculo do estudo, da coletividade e do trabalho socioprodutivo realizado no Instituto por meio dos núcleos de produção. Os núcleos de produção são considerados a célula da estrutura organizativa do Instituto, um espaço que permite a reflexão, a participação política, produtiva e organizativa no fazer cotidiano do Instituto. Tem a função de planejar, avaliar e executar as atividades de campo a partir de um plano geral de produção, promover e participar de debates político-