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CAPÍTULO 4 – ANÁLISE DE DADOS

4.3 ESCOLHA

Essa categoria trata-se da reflexão sobre os momentos que as crianças têm a oportunidade de escolha durante a rotina da escola.

Profª Situações nas observações da prática / Falas em discussões e reflexões

3 A- A professora relatou que está deixando que escolham verbalmente do que querem brincar

na quadra, ficando espantada, pois souberam escolher. Notou que ficaram trinta minutos brincando e que estavam mais entusiasmados com a brincadeira. B- A professora disse que após refletir sobre a questão de começar e terminar a roda de música com os mesmos temas chegou à conclusão que realizava essa escolha para manter a organização da roda, visto que a última música tem como coreografia o sentar ao final; concluiu que se pedir para que eles sentem terá o mesmo resultado. C- A professora comentou que quando diz para as crianças que vai pegar um jogo de montar, elas espontaneamente dizem qual jogo querem.

4 A- Eu sai do piloto automático, porque nem sempre ao planejar tenho colocado momentos

realmente de escolha. Pelo fato da Emillyn (pesquisadora) estar próxima já mudei com as sugestões, mas sei que posso mudar mais. B- Em meio a conversa sobre o momento do vídeo, a professora comentou acreditar que as crianças se interessam mais por um desenho depois que assistem mais vezes, pois a primeira vez elas estranham, mas quanto mais ouvem mais gostam; sempre com um cuidado para não ficar maçante. C- Relatou que todos estão gostando e notou que em alguns momentos as crianças escolhem a atividade não pela preferência, mas por querer ficar próximo de algum amigo. D- Refletiu-se sobre a escolha dos filmes e desenhos que as crianças irão assistir, e discursou que às vezes deixa que elas escolham e em alguns momentos não, pois quando deixa livre eles sempre escolhem a “galinha pintadinha”, mesmo já possuindo um repertório mais amplo. No outro dia de observação as crianças pediram para assistir um desenho e solicitaram os títulos: Frozen, Princesa Sofia ou Pantera Cor de Rosa.

Quadro 09 – Falas e/ou situações sobre “escolhas” das professoras que participaram da observação da prática.

Fonte: elaborado pela pesquisadora.

Profª Situações de observações da prática e/ou Falas

4 A- A professora relatou que, depois dos encontros, está fazendo uma votação com as

crianças três vezes por semana para a escolha do livro que ela vai ler no dia, realizou a votação com as plaquinhas dos nomes das crianças, onde colocavam na frente do livro a sua plaquinha e depois coletivamente contavam qual havia recebido mais votos. Nos outros dois dias da semana ela conta os livros que não ganharam na votação. Disse que está gostando, que primeiramente as crianças estranharam, mas que depois gostaram. B- A professora relatou que irá continuar realizando a votação dos livros das histórias, e notou que algumas crianças apresentaram mais interesse no momento da roda de história devido ao livro ter sido escolhido por elas. C- Relatou que realizou a votação pedindo para que levantassem a mão, ficando um pouco confuso, pois elas levantavam a mão duas vezes e que na escuta sensível das respostas durante a votação ela não conseguiu distinguir uma

única escolha, sendo também um resultado duvidoso; por isso utiliza as plaquinhas, pois acredita ser uma votação mais justa.

Quadro 10 – Falas e/ou situações sobre “votação” das professoras que participaram da observação da prática.

Fonte: elaborado pela pesquisadora.

Registros retirados do diário de campo:

Profª 4- A)Escreveu em seu registro reflexivo: “Na 2ª feira fiz a votação do livro

e ganhou do Anton faz mágica. Elas prestaram muita atenção. Na hora da quadra, a ______ estava com 1 brinquedinho na mão dizendo que era sua varinha. Então disse – Igual o personagem da história, né ______, você lembra o nome dele? E ela pensou 1 segundo e respondeu: o Anton! Me surpreendeu que ela sabia o nome. A Emillyn (pesquisadora) perguntou se há maior interesse quando a escolha é delas e não soube responder, mas após essa observação, vou refletir mais. Parece que ao fazer a escolha realmente a criança tem maior interesse”. B)No mesmo mês iniciou o registro de “votação” no planejamento, no momento de leitura, ao menos três vezes por semana, e não mais o nome do livro como fazia ante da intervenção. Também iniciou o registro do momento de jogos da seguinte maneira: escolher entre 2 opções. Profª 3- Em outubro registrou que perguntou para as crianças o que queriam fazer para apresentar na mostra cultural e escolheram fazer um lobo rosa. No mesmo mês registrou em seu planejamento: jogos de montar- 2 tipos.

Ao analisar as observações da prática, registros e respostas das professoras foi possível perceber que ambas não acreditavam na capacidade das crianças de escolher, pois demonstram estar admiradas com essa possibilidade; é notória essa descoberta em diferentes momentos, como por exemplo, quando a professora 4, diz que não deixava as crianças escolherem o tema do vídeo pois repetiam o mesmo pedido, mas ao final as crianças solicitaram temas diversificados.

Acreditar na capacidade da criança é oportunizar momentos para que ela seja também protagonista e, portanto, permitir sua participação, “[...] mas isso implica romper com noções de poder unilaterais entre adultos e crianças e criar contextos de relação capazes de lhes permitir fazerem ouvir as vozes e serem escutadas.” (FERREIRA, 2008, p. 147).

As professoras relatam que não conseguiam perceber em suas rotinas a possibilidade de oferecer situações de escolha, mas que após a intervenção da pesquisadora conseguiram refletir que era possível e iniciaram uma mudança em suas práticas.

Ao escolher, a criança desenvolve sua autonomia, responsabilidade e reflexão, diante de possibilidades, visto que

A sensibilidade, a estimulação e a promoção de autonomia da criança constituem os pilares dos processos desenvolvimentais e de liberação emocional em que se assenta a emancipação da criança, isto é, o seu desenvolvimento pessoal e social. (LUÍS; ANDRADE; SANTOS, 2015, p. 537)

Professor 3 - A professora relatou que após a intervenção, está sempre trabalhando para garantir a participação das crianças, e após refletir, oferece mais momentos de escolhas, notando que houve uma evolução em tudo, pois agora as crianças sabem argumentar, escolher e até cobrar.

O professor pode oferecer diferentes materiais e possibilidades, ampliando as alternativas que serão escolhidas pelas crianças de acordo com seus interesses e inquietações; assim como mencionado nas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (2013, p. 89):

Cabe às instituições de Educação Infantil assegurar às crianças a manifestação de seus interesses, desejos e curiosidades ao participar das práticas educativas, valorizar suas produções individuais e coletivas, e trabalhar pela conquista por elas da autonomia para a escolha de brincadeiras e de atividades e para a realização de cuidados pessoais diários.

A votação também pode ser um recurso utilizado para promover a escolha e pode ser realizada de diferentes maneiras, tais como: levantando a mão, com placas, com registros, com brinquedos, etc. Outro aspecto interessante, é o fato das duas professoras afirmarem que quando as crianças escolhem, elas apresentam maior interesse e concentração na ação.

Desta forma podemos observar que essas ações ganham mais significado, “[...] oferecer experiências significativas para as crianças é garantir os seus direitos.” (BRASIL, 2012, p. 15). Portanto a oportunidade de escolha auxilia as crianças em seu desenvolvimento, “[...] penso que pode haver um ganho de qualidade cada vez que os meninos e as meninas experimentam, pela ausência de uma atividade obrigatória indicada por mim, a escolha entre as coisas possíveis de serem feitas.” (RUSSO, 2009, p. 60, grifo do autor), pois estimula sua autonomia e reflexão.