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CAPÍTULO 4 – ANÁLISE DE DADOS

4.2 INSTRUMENTOS METODOLÓGICOS DE PARTICIPAÇÃO

4.2.2 Roda de conversa

1 Quando eu estava com os maiores eu utilizava para fazer a rotina, roda de música e roda de história, sem preocupação com o formato que eles faziam ao sentar para fazer a roda.

Eles já estão aprendendo a esperar a vez na roda. Não utilizo a roda para diálogos.

2 Uso para mostrar a rotina, para me contarem sobre o final de semana e falar sobre os livros.

Uso em todos os momentos como ponto de partida.

3 Uso para fazer os combinados. Primeiro eles sentavam sem ter a roda, depois para ter a roda. Conversamos sobre o que fizeram no final de semana e noto que sempre um imita o outro.

Faço a roda para o início do dia e no início de cada atividade.

4 Utilizo para explicar as atividades. Quando tem espaço de interesse para explicar os espaços, e também para perguntar o que gostaram dos passeios.

Utilizo sempre no começo do dia e, se necessário, em outros momentos.

5 Uso para o cotidiano. Para cantar música, contar histórias, fazer perguntas e sempre começo o dia com uma roda, assim que chego à sala.

Argumentou que já havia respondido.

Quadro 07 – Respostas sobre “roda de conversa” das professoras nas reflexões em RPS.

Fonte: elaborado pela pesquisadora.

Registros retirados do diário de campo:

Profª 3- Na sala, fizeram a roda de conversa, a professora estimulava as crianças a

contar os fatos com detalhes de como foi o final de semana de cada criança, após alguns minutos de conversa, a professora perguntava às crianças de forma mais fechada e direta, tal como: Quem foi ao shopping? Depois de refletir sobre a roda a professora concluiu que também pode deixar a roda de conversa totalmente livre, que nas últimas semanas a realizou dessa forma obtendo sucesso com a proposta.

Todas as professoras afirmam utilizar a roda de conversa para ações pedagógicas direcionadas, tais como: roda de música, leitura de histórias, estabelecer regras e combinados, entre outras funções. A professora 3 diz utilizar a roda para conversa, porém delimita o assunto sobre o “final de semana”, utilizando a roda nas segundas-feiras.

A roda de conversa não direcionada oportuniza às crianças um momento para dividir suas angústias, confessar seus medos, manifestar suas alegrias e conquistas; entre outros sentimentos e acontecimentos que constituem sua infância. A criança tem o direito de se expressar e de ser ouvida, conforme registrado no documento Critérios para um Atendimento em Creches que Respeite os Direitos Fundamentais das Crianças: “[...] nossas crianças têm direito a expressar seus sentimentos.” (CAMPOS; ROSEMBERG, 2009, p. 13).

A escuta na Educação Infantil, assim como a observação, é uma forma de conhecermos as crianças na sua individualidade e conhecer também os aspectos do grupo, quando o diálogo em roda possibilita a todos participarem da conversa, portanto,

A escuta, tal como a observação, deve ser um processo contínuo no cotidiano educativo, um processo de procura de conhecimento sobre as crianças, seus interesses, motivações, relações, saberes, intenções, desejos, modos de vida, realizada no contexto da comunidade educativa procurando uma ética reciprocidade. (OLIVEIRA- FORMOSINHO, 2013, p. 208).

Por meio desses diálogos é que podemos compreender como que as crianças estão reagindo diante das ações pedagógicas, relatando suas opiniões e avaliações; assim podemos refletir e aprimorar as práticas. Situações como essas podem ser ilustradas e observadas no documento “Deixa eu Falar!”, quando uma criança diz: “Toda vez que eu saio da sala, minha professora pede para eu entrar no trenzinho. Aí eu pedi para ela para eu ir a pé. Eu não gosto mais de andar de trenzinho” (BRASIL, 2011, p. 17). Esta criança estava comunicando que a prática do “trenzinho” já não fazia mais sentido para ela, e são dados assim como esses, que são importantes para a avaliação do professor quanto ao seu trabalho.

É necessário que a criança consiga perceber que há disponibilidade para o diálogo e para uma escuta de responsabilidade, como nos relata Freire (1996, p. 76):

Escutar é obviamente algo que vai mais além da possibilidade auditiva de cada um. Escutar, no sentido aqui discutido, significa a disponibilidade permanente por parte do sujeito que escuta para a abertura à fala do outro, ao gesto do outro, às diferenças do outro.

A não abertura para o diálogo se faz presente em nosso cotidiano escolar como herança de uma pedagogia tradicional, onde o silêncio era predominante e objetivo do professor, que concebia as crianças como sujeitos passivos. Diante de pesquisas e estudos já sabemos que a criança é capaz de interagir, “[...] em outras palavras, vamos percebendo que as crianças não são mudas, telepáticas... são forçadas a sê-lo pelas relações, pelos espaços padronizados da escola que produzem pessoas padronizadas [...].” (MELLO, 2009, p. 172).

O rompimento dessa cultura promove a participação, pois o diálogo e a escuta pode ser também um momento de troca, de interatividade, de negociação entre crianças e também com o professor;

Pode-se também entender a escuta como um modo de participação da criança no contexto, na medida em que, quando escutada, é-lhe conferida voz como sujeito participante e competente. Quando o educador escuta a voz das crianças, sem dúvida as conhece melhor, adequando a sua intervenção a esse conhecimento. (LUÍS; ANDRADE; SANTOS, 2015, p. 526).

O diálogo por ser uma forma de participação onde a criança está ativa e interagindo com seus parceiros, promove a democracia; “[...] não é difícil perceber como há umas tantas

qualidades que a escuta legítima demanda do seu sujeito. Qualidades que vão sendo constituídas na prática democrática de escutar” (FREIRE, 1996, p. 76), pois possibilita a todos terem iguais oportunidades de expressão.