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O fato de investigarmos os processos de aprendizagem dos licenciandos de Pedagogia, caracterizamos este estudo como quali-narrativa, a partir das observações de algumas aulas durante a iniciação à docência no estágio de seis licenciandas, por meio de anotações em um caderno para descrever os métodos adotados pelas estagiárias. Dito assim, essa pesquisa sobre

“estágio supervisionado em pedagogia na UFS: obstáculos e desafios no seu desenvolvimento, no uso das tecnologias educativas, na iniciação à docência, na relação teoria e prática”, inscreve-se na abordagem qualitativa.

Para o desenvolvimento deste estudo, busca fundamentar em alguns autores que discutem a narrativa como opção metodológica no contexto da pesquisa em educação.

Destacam-se: Chené (2014), Motta (2013), Sousa e Cabral (2015) e Romão (2018).

A narrativa no âmbito de uma pesquisa metodológica, segundo (SOUSA e CABRAL, 2015, p. 150) ressaltam que “[...] é comum ouvir através de narrativas diversas que os seres humanos são, por natureza, contadores, narradores de história, e que gerações e gerações

repetem esse ato quase que involuntariamente uns aos outros”, nessa linha e método de pesquisa Romão (2018) explica que:

O método de pesquisa, ao se valer de narrativas, possibilitou a análise crítica de notas dignas de registro. Notas que permitem ao narrador trazer o que guardava tanto mais fundo na sua memória pela falta de oportunidade de experimentar a arte de narrar e se valer de sua voz para dizer o que guarda de mais escondido e de tão escondido, por vezes, esquecido. Aquele que narra, é aquele que também diz quem é. Em tal revelação está imiscuída tanto nos falares daquele que fala quanto nos seus atos (ROMÃO, 2018, p. 815).

Para os autores, o ato de narrar revela o modo pelo qual o entrevistado conhece e vivencia sua trajetória de vida, tal vez esquecida, mas que guardado em sua memória. Para colher as narrativas e descobri a história de vida do sujeito o pesquisador deve instigar o sujeito para descobri o de mais valioso de sua trajetória, seja individual ou coletiva de suas experiências.

Conforme (CHENÉ, 2014, p. 127), “[...] a narrativa de fragmento de vida. Além disso, na ficção da narrativa, o sujeito encontra-se já afastado de si próprio; com efeito, por mais que se conte a experiência, essa nunca cabe por inteiro na narrativa”. Analisar as entrevistas narrativas para esse estudo é debruçar-se em experiências vivenciadas pelo o sujeito em campo que experimentou a iniciação à docência durante o período de estágio.

Essa pesquisa tem como foco principal as narrativas fáticas, porque busca compreender as experiências reais de trabalhos dos licenciandos em sala de aula. Trata-se de uma pesquisa de método quali-narrativa e utilizam-se as entrevistas narrativas de experiências da formação do licenciando em Pedagogia, como Chené (2014) endossa:

[...] passando pela narrativa, que a pessoa em formação pode reapropriar-se da sua experiência de formação. Em resumo, trata-se de utilizar a instância do discurso por meio da qual o indivíduo pode introduzir a sua experiência, e depois, por meio da análise, de nos colocarmos com ele no lugar de intérprete, para sublinharmos o distanciamento do texto em relação à experiência (não pode introduzir-se toda a experiência da formação numa narrativa), a natureza essencialmente comunicacional da língua e, por fim, o sentido da transformação principal pressuposta em toda a experiência de formação (CHINÉ, 2014, p. 123).

Quando o pesquisador entrevista um sujeito sobre suas experiências vividas durante a formação, ele fala espontaneamente sem se preocupar com início, meio e fim. Cabe ao entrevistador saber interpretar para compreender os conteúdos informados e a relação do contexto com a fala desse indivíduo. Como (CHENÉ 2014, p. 123) explica, “[...] elaborada de

forma descritiva, a narrativa de formação tem como objetivo principal, segundo o que é pedido, falar da experiência de formação”. Dito assim, o pesquisador deve entrevistar para depois descrever a fala do sujeito sobre suas experiencias durante a regência em sala de aula no estágio.

A teoria da narrativa (MOTTA, 2013, p. 32) afirma que: “[...] podemos estudar as narrativas, portanto, para compreender como instituímos representativamente o mundo e nele performativamente atuamos”. Ou seja, estudar as narrativas é compreender a comunicação do informante sobre a experiência de cada sujeito durante a entrevista da história frente ao pesquisador. A narrativa permite trazer a voz do narrador. E, quando a oportunidade de narrar se cria, cria-se também oportunidade de trazer à baila do que traz de guardado e, por fim esquecido.

A investigação qualitativa como método de pesquisa os autores Bogdan e Biklen (1994) ressaltam:

[...] os dados recolhidos são designados por qualitativos, o que significa ricos em pormenores descritivos relativamente a pessoas, locais e conversas, e de complexo tratamento estatístico. As questões a investigar não se estabelecem mediante a operacionalização de variáveis, sendo, outrossim, formuladas com o objectivo de investigar a questões prévias ou de testar hipóteses (BOGDAN e BIKLEN, 1994, p. 16).

Desse modo a pesquisa qualitativa é uma questão de investigação muito rica de estudos na educação, porque o pesquisador pode acompanhar, observar e recolher os dados estudados, seja com pessoas, locais e conversas. Para os autores o objetivo de investigar é testar hipóteses, ou seja, a pesquisa inicia com uma hipótese para buscar possíveis respostas.

A investigação qualitativa é uma abordagem muito importante em estudos e registros que o pesquisador busca para compreender a experiência do sujeito em campo, como os autores Bogdan e Biklen (1994) ressaltam:

Os investigadores qualitativos frequentam os locais de estudo, porque se preocupam com o contexto. Entendem que as ações podem ser melhor compreendidas quando são observadas no seu ambiente habitual de ocorrência. Os locais têm de ser entendidos no contexto da história das instituições a que pertencem. Quando os dados em causa são produzidos por sujeitos, como no caso de registros oficiais, os investigadores querem saber como e em que circunstâncias é que eles foram elaborados (BOGDAN e BIKLEN, 1994, p. 48).

A pesquisa qualitativa é uma abordagem que coloca o pesquisador frente aos sujeitos investigados em campo para colher os dados importantes e compreender melhor as ações observadas no local determinado para o estudo.

Conforme (BOGDAN e BIKLEN, 1994, p. 49), “a abordagem da investigação qualitativa exige que o mundo seja examinado com a ideia (...), que tudo tem potencial para construir uma pista que nos permita estabelecer uma compreensão mais esclarecedora do nosso objeto de estudo”. Nessa premissa, a pesquisa qualitativa é uma abordagem que examina as ideias para compreender os dados observados em campo ou entrevistas narrativas dos sujeitos investigados.