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"Quando sua prática é boa, talvez você se torne orgulhoso dela. O que você faz é bom, porém algo a mais está sendo acrescentado. O orgulho está demais. Esforço correto é pôr de lado esse algo a mais."

Em nossa prática, o mais importante é que o esforço seja correto ou perfeito. É necessário esforço correto na direção cor- reta. Se seu esforço está orientado em direção errada, especial- mente se você não se apercebe disso, é um esforço enganoso. O esforço em nossa prática deve ser dirigido do resultado para o não-resultado.

Geralmente, tudo o que você faz é porque quer alcançar algo, está preso a algum resultado. Direcionar o esforço do resultado para o não-resultado quer dizer libertar-se dos resultados desne- cessários e maus do esforço. Se você faz algo com espírito de não-resultado, há uma qualidade boa no que está fazendo. Por- tanto, o simples fazer, sem nenhum esforço em particular, é o

Se você ficar demasiado ocupado e agitado, sua mente se torna- rá grosseira e instável. Isso não é bom. Se possível, procure ser calmo, alegre, evitando agitações. Por via de regra, tornamo-nos cada vez mais ocupados, dia após dia, ano após ano, especial- mente em nosso mundo moderno. Se depois de muito tempo retornamos a lugares que nos eram familiares, ficamos espanta- dos com as mudanças. Isso é inevitável. Mas, se nos interessar- mos demais por situações excitantes ou mesmo por nossa pró- pria mudança, ficaremos envolvidos em nossa vida atribulada e nos perderemos. No entanto, se sua mente está calma e firme, você pode se resguardar do mundo barulhento, mesmo no meio dele. Apesar do barulho e das mudanças, sua mente conservará a quietude e estabilidade.

Zen não é uma coisa pela qual devemos nos empolgar. Algu- mas pessoas começam a praticar Zen apenas por curiosidade e com isso só conseguem ficar mais ocupadas ainda. É ridículo sua prática fazer com que você se torne pior. Eu acho que tentar praticar zazen uma vez por semana já o tornará suficientemente ocupado. Não fiquem demasiado interessados no Zen. Quando os jovens se entusiasmam com o Zen, acabam desistindo de seus estudos para irem a alguma montanha ou floresta a fim de pra- ticar zazen. Esse tipo de interesse não é o verdadeiro interesse.

Basta continuar a prática de maneira calma e regular e seu caráter irá sendo construído. Se sua mente estiver sempre ocu- pada, não terá tempo para essa construção e o esforço será esté- ril, sobretudo quando se empenhar nisso com demasiado afin- co. Construir um caráter é como fazer pão - é necessário mistu- rar os ingredientes pouco a pouco, passo a passo, e requer uma temperatura moderada. Você se conhece e sabe qual a tempera- tura que lhe é necessária. Sabe muito bem do que precisa. Mas se ficar muito empolgado, acabará esquecendo a temperatura que lhe é adequada e perderá seu próprio caminho. Isso é muito perigoso.

O Buda fez a mesma observação a respeito do bom boiadei- ro. Ele sabe qual o peso que o boi agüenta e evita sobrecarregá- lo. Você conhece seu caminho e o estado de sua mente. Não se

de lado e mantenha-se na prática pura. Esse é o ponto para o qual se dirige nosso esforço. Nós dizemos "ouvir o som de uma só mão aplaudindo". O som do aplauso é feito com as duas mãos e pensamos que aplaudir com uma só mão não produz som al- gum. Mas, na verdade, uma mão é som. Embora você não o ouça, há som. Aplaudindo com as duas mãos, você pode ouvir o som. Mas, se o som não existisse antes de você bater palmas, você não poderia produzi-lo. O som já existe antes que você o produza. Porque existe o som é que você pode produzi-lo e ouvi- lo. O som está em toda parte. Até na sua prática há som. Não tente escutá-lo. Mesmo se não o escutar, o som está em toda parte. Porque você tenta ouvi-lo é que às vezes há som e outras não. Você entende? Mesmo que você não faça nada, você sem- pre tem a qualidade do zazen. Mas se você tentar encontrar, ver essa qualidade, não a terá.

Você vive no mundo como um indivíduo mas, antes de to- mar forma humana, você já estava aqui, sempre esteve aqui. Sempre estamos aqui. Entende? Você pensa que antes de nas- cer não estava aqui. Mas, se você não existisse como poderia ter aparecido neste mundo? Porque você já estava é que você pôde aparecer no mundo. Do mesmo modo, não é possível que algo que não existe desapareça. Porque algo existe é que pode desaparecer. Você pode pensar que, quando morre, desaparece, deixa de existir. Mas mesmo que desapareça, algo que é exis- tente não pode ser inexistente. Essa é a magia. Nós mesmos não podemos introduzir nenhuma fórmula mágica neste mun- do. O mundo é sua própria magia. Se nós estamos olhando para uma determinada coisa, essa coisa pode desaparecer de nossa vista, mas se não procuramos vê-la não pode desaparecer. Por- que você a está observando é que ela pode desaparecer mas, se ninguém está observando, como pode alguma coisa desapare- cer? Se alguém o está vigiando, você pode escapar-lhe, mas ainda que ninguém o esteja vigiando você não pode escapar de si próprio.

Portanto, procure não ver nada em particular. Tente não atingir nada em especial. Você já tem tudo em sua própria quali- dade pura. Se você entender esta verdade fundamental, o medo

deixará de existir. Claro que poderá haver alguma dificuldade, mas não haverá medo/Se as pessoas têm dificuldade e não estão conscientes disso, aí é que está a dificuldade. Elas podem pare- cer muito confiantes e pensar que estão realizando um grande cas esforço na direção correta, mas ignoram que o que fazem pro- se ; vêm do medo. Algo pode desaparecer para elas. Mas, se seu ça r esforço está na direção correta, então não há medo de perder

V 0 ( nada, seja o que for. E ainda que esteja na direção errada, se

você está consciente disso, não estará se iludindo. Não há nada a perder. Há apenas a qualidade pura e constante de j sua prática correta.

un mi rar prc alg me ap ilir me tra /

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