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ESFORÇO PARA INOVAR NO QUARTO TRIMESTRE DE

No documento SONDAGEM DE DE INOVAÇÃO DA ABDI (páginas 30-36)

A tendência de leve melhora nas expectativas em relação à inovação futura, tal como destacado na seção anterior, reflete apenas em parte o comportamento dos indicadores de esforços para inovação das firmas no quarto trimestre de 2015. Em linha com os resultados adversos dos indicadores de inovação no trimestre, observa-se recuo no percentual de firmas que declararam aumentar seu gasto total em inovação, em relação ao trimestre anterior, ao mesmo tempo que aumentou o percentual de empresas respondentes que reduziram seus gastos em inovação. Em comparação com o terceiro trimestre de 2015, houve uma redução considerável (-3,3 p.p.) no percentual de empresas que expandiram seus gastos totais em inovação, atingindo seu valor mais baixo da série histórica da Sondagem. Por outro lado, verificou-se elevação (+1,2 p.p.) no percentual de firmas que diminuíram esse tipo de dispêndio, atingindo, neste caso, seu valor mais elevado desde 2010. Não obstante, e como já verificado em trimestres anteriores, a maioria das empresas manteve constante seu gasto total em inovação nesse trimestre. Os resultados do quarto trimestre de 2015 revelam, mais especificamente, que 12,4% das empresas declararam uma ampliação nos seus dispêndios totais em inovação; 56,2% mantiveram o mesmo nível de investimento e 26,0% reduziram investimentos em atividades de inovação (Gráfico 8).

Gráfico 8 - Situação da empresa em relação aos gastos totais em atividades de inovação – 2012/2015

Fonte: Sondagem de inovação da ABDI

O elevado percentual de empresas que declararam manter os dispêndios em inovação ao longo do tempo também se verifica, em maior ou menor grau, ao se avaliar os diversos tipos de investimento em inovação. Isto é, para todas as modalidades de gasto em atividades de inovação, os maiores percentuais foram para as empresas que mantiveram seus dispêndios.

Deve-se, ainda, destacar o comportamento dos investimentos em máquinas e equipamentos, pois tradicionalmente se trata da modalidade com maior percentual de empresas elevando os gastos em relação ao trimestre anterior, além de ser um indicador importante para o ritmo da inovação na indústria brasileira. No quarto trimestre de 2015, o percentual de firmas que aumentaram tais investimentos apresentou certa estabilidade em relação ao trimestre anterior, atingindo 21,7%. Por outro lado, o percentual de empresas que declararam ter reduzido ou não ter feito investimentos em máquinas e equipamentos alcançou 41,5%, o que representa uma queda de 1,2 p.p. em relação trimestre anterior, mas que, ainda assim, representa um de seus valores mais altos desde o início da Sondagem. Tais resultados são coerentes com o declínio na formação bruta de capital fixo verificada nas Contas Nacionais do IBGE e têm implicações muito importantes para as perspectivas de inovação futuras, considerando que boa parte da inovação na indústria brasileira é incorporada em bens de capital. Os resultados do quarto trimestre de 2015 mostram ainda que o percentual de empresas que mantiveram constantes seus gastos na aquisição de máquinas e equipamentos foi de 36,4% (+0,6 p.p. em relação ao trimestre anterior).

Como mencionado anteriormente, os investimentos em máquinas e equipamentos são recorrentemente identificados como o principal dispêndio em inovação por parte da indústria brasileira como um todo, o que pode ser visto como reflexo da baixa densidade tecnológica da indústria nacional e da predominância de setores de tecnologia bastante madura. Nesses setores, a aquisição de maquinário costuma ter maior impacto sobre a produção que atividades de pesquisa e desenvolvimento, principalmente por ser a inovação de produto pouco recorrente. Esse cenário se reflete nos resultados da Sondagem da Inovação, uma vez que setores como a indústria metal mecânica ou a alimentícia apresentam grande representatividade na amostra.

Por outro lado, vale destacar o comportamento dos gastos em P&D interno, em que um percentual muito expressivo das firmas (60,5%) declararam manter esse tipo de dispêndio no período, sendo esse o gasto que maior percentual de firmas declara manter constante ao longo de todas as edições da Sondagem. Note-se, ainda, que o percentual de firmas que expandiram esse tipo de gasto teve ligeira elevação (+1,4 p.p.) no trimestre, ao passo que se reduziu o percentual de firmas que diminuíram ou não realizaram gastos em P&D interno (27,9% contra 32,5% no trimestre anterior). Tais resultados decorrem do fato de que as estruturas organizacionais das firmas têm relativa estabilidade, e que a manutenção de esforços em P&D, mesmo em situações de crise econômica, é estratégica para a trajetória futura das firmas no mercado.

Em resumo, os dados observados no quarto trimestre de 2015 sugerem relativa estabilidade dos gastos em inovação em praticamente todas as categorias, dado o elevado percentual de empresas que declarou manter constante seu dispêndio nas diversas atividades de inovação no período – como também observado em edições anteriores da Sondagem. Todos os tipos de dispêndio para inovação se mantiveram constantes para pelo menos 35% das empresas respondentes. O total dos dispêndios para inovação também foi declarado constante para 56% das empresas, confirmando a tendência de estabilidade no trimestre. No entanto, considerando-se a trajetória dos últimos quatro anos (Gráfico 2), observa-se clara tendência de declínio no percentual de firmas que expandiram seus gastos em inovação, e clara tendência de elevação no percentual de firmas que reduziram tais gastos. Esses resultados – decorrentes de uma série de elementos ligados ao cenário macroeconômico, às estratégias das firmas e às características estruturais de nosso parque industrial – ajudam a explicar a trajetória cadente dos indicadores de inovação no período recente, e acende um alerta em relação às perspectivas futuras para a inovação.

Os gastos totais em P&D (interno e externo) em relação ao faturamento, por sua vez, apresentaram relativa estabilidade no quarto trimestre de 2015, corroborando a ideia de que os esforços em P&D são essenciais em períodos de crise econômica. Nesse trimestre, os gastos totais em P&D correspondem em média a 5,9% do faturamento das

firmas (Gráfico 9)4. Conforme se pode observar, a trajetória recente é explicada pelo

comportamento dos gastos tanto em P&D interno quanto externo 5.

Gráfico 9 - Gastos em P&D interno e externo em relação ao faturamento (%) – 2012 / 2015

Fonte: Sondagem de inovação da ABDI

É interessante notar a presença de uma trajetória ascendente, ao longo de 2014, nos esforços das firmas industriais brasileiras no que se refere aos gastos em P&D, mesmo diante de um cenário de desaceleração da economia e menores receitas para as firmas. Nesse sentido, a manutenção de esforços de P&D se justifica como uma estratégia importante na busca por ganhos concorrenciais, ocupando novas brechas no mercado. No primeiro semestre de 2015, no entanto, com a piora no cenário econômico, o indicador de gasto em P&D em relação ao faturamento bruto recuou expressivamente e atingiu seu menor valor já detectado pela Sondagem de Inovação. No final de 2015, uma vez desconsiderada a influência de um outlier nos dados, os percentuais de gastos

4 Note-se que este número não é diretamente comparável com os indicadores de esforço para inovar da Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC), do IBGE. Em primeiro lugar, a amostra desta Sondagem é viesada em direção às empresas maiores e mais inovadoras. Em segundo lugar, esta Sondagem pergunta diretamente os gastos em P&D (interno e externo) em relação ao faturamento, e não os valores em si. Em terceiro lugar, o indicador aqui exposto é uma média aritmética simples das respostas, não ponderada pelo tamanho das empresas.

5 Cabe aqui um esclarecimento quanto ao resultado desse indicador, como observado no Gráfico 9. A elevação observada neste trimestre deve ser relativizada, pois os resultados foram distorcidos para cima em virtude de uma empresa ter declarado um gasto de 50% do faturamento, tanto em P&D interno, quanto externo. Dado que tais valores não são plausíveis, eles foram checados novamente com a empresa respondente, e por ela confi rmados. Como em outras situações semelhantes, o valor informado foi mantido, dado o caráter auto-declaratório da pesquisa. Entretanto, vale notar que, se eliminado este outlier, os percentuais médios gastos em P&D interno e externo se aproximam dos observados no trimestre anterior.

totais em P&D em relação ao faturamento apresentaram relativa estabilidade, situando- se próximos à média verificada em 2013 e 2014 (isto é, de 3% a 4% do faturamento). Note-se, ainda, que a dinâmica dos esforços em P&D industrial se reflete em impactos de curto prazo sobre a inovação, mas gera, principalmente, impactos de longo prazo, dado que a inovação é um processo evolucionário que depende do acúmulo de conhecimento técnico e científico e sua aplicação à atividade produtiva em fases subsequentes. No quarto trimestre de 2015, o comportamento dos indicadores de esforço inovativo das firmas, tal como detectado pela Sondagem, indica um cenário indefinido para a trajetória futura da inovação. Por exemplo, observa-se percentual cada vez maior de firmas que reduzem seus dispêndios em P&D e que não possuem projetos de inovação em andamento; ao mesmo tempo, verifica-se relativa estabilidade nos gastos em máquinas e equipamentos e nas taxas de inovação esperada. Assim, como tais resultados influenciam decisivamente a capacidade de inovação das empresas para os próximos trimestres, a análise dos principais indicadores captados pela Sondagem não indica que a trajetória declinante da inovação na indústria brasileira deva se reverter no futuro próximo.

PESSOAL OCUPADO EM P&D

A Sondagem de Inovação coleta também informações sobre o pessoal ocupado em P&D nas empresas, segundo nível de escolaridade. O quadro de relativa acomodação na dinâmica inovativa e de queda na produção industrial não parece influenciar decisivamente a trajetória dos percentuais de empresas com doutores, mestres, pós- graduados e graduados alocados exclusivamente em atividades de P&D. A rigor, os percentuais de empresas com números definidos desses profissionais ocupados em P&D tendem a apresentar baixa variabilidade ao longo das várias edições da Sondagem. No quarto trimestre de 2015, pode-se observar, em linhas gerais, um comportamento de relativa recuperação nesses indicadores, em todos os estratos analisados. Os percentuais de firmas que empregam doutores, mestres, especialistas e graduados em atividades de P&D apresentaram elevação. Neste período, 21,7% das empresas respondentes tinham doutores exclusivamente ocupados em P&D, sendo que 0,4% das empresas tinha entre 4 e 6 doutores alocados exclusivamente em P&D e 3,2% possuíam 7 ou mais. Esses valores podem ser considerados baixos para um país que tem potencial de ampliar de forma significativa o conteúdo do conhecimento envolvido nas inovações que suas empresas industriais realizam. 44,7% das empresas tinham mestres ocupados exclusivamente em P&D, sendo que 31,6% das firmas empregavam

até 3 mestres, 4,3% entre 4 e 6 mestres e 8,7% tinham 7 ou mais mestres ocupados em P&D. A ocupação de pós-graduados (especialistas) em P&D foi declarada por 72,3% das empresas. A grande maioria das empresas emprega pessoal exclusivamente em P&D que tem apenas graduação. Nesse caso, observa-se que 84,9% das firmas respondentes emprega profissionais com graduação exclusivamente em P&D (ver Gráfico 10).

Gráfico 10 - Percentual de empresas com pessoas ocupadas em P&D no quarto trimestre de 2015 (out/nov/dez)

Fonte: Sondagem de inovação da ABDI

Cabe enfatizar que os percentuais de ocupação dos diversos níveis profissionais apresentam grande estabilidade ao longo do tempo, o que já era esperado, em virtude de uma relativa constância na estrutura organizacional das empresas. Ao longo dos últimos três anos, o percentual de empresas que empregam doutores exclusivamente em P&D oscilou entre 18% e 22%, ao passo que esses percentuais ficaram entre 41% e 46% para o caso de mestres. O gráfico 11 permite visualizar a mencionada estabilidade ao longo do tempo, bem como a ligeira recuperação nos percentuais no quarto trimestre de 2015.

Gráfico 11 - Percentual de firmas com pessoal ocupado exclusivamente em P&D, por graduação – 2013/2015

Fonte: Sondagem de inovação da ABDI

D. FATORES QUE INFLUENCIAM A DECISÃO DE

No documento SONDAGEM DE DE INOVAÇÃO DA ABDI (páginas 30-36)

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