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SONDAGEM DE DE INOVAÇÃO DA ABDI

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SONDAGEM DE

INOVAÇÃO DA ABDI

4º Trimestre 2015

4º TRIMESTRE 2015

SONDAGEM DE

INOVAÇÃO DA ABDI

1º Trimestre 2015

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SONDAGEM DE

INOVAÇÃO DA ABDI

4º Trimestre 2015 Outubro/Novembro/Dezembro

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Agradecemos ao IBGE as informações dos cadastros das empresas e a assistência técnica na elaboração do questionário e definição da amostra.

Supervisão

Maria Luisa Campos Machado Leal

Diretora de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação

Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial –ABDI

Equipe Técnica

Evaristo Nunes de Andrade Júnior Ricardo Luiz Chagas Amorim Rogério Dias de Araújo Talita Daher

Raphael Lennie Fernandes Ribeiro Coordenador de Comunicação Gustavo Gouvêia

Organização Rachel Mortari Revisão

Stéphanie Roque (Tikinet) Rodrigo Luis (Tikinet) Capa e Diagramação Bruna Orkki (Tikinet)

Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais - IPEAD

Thaize Vieira Martins

Elisabeth Pereira dos Santos Eduardo E. Antunes

Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional – Cedeplar/UFMG

Professor Cândido Guerra Ferreira Professor Gilberto Libânio

Professora Ana Valéria Carneiro Dias

Comitê Consultivo

David Kupfer (UFRJ)

Carlos Pinkusfeld Monteiro Bastos (UFF) Germano Mendes de Paula (UFU)

José Maria Ferreira Jardim da Silveira (Unicamp) Evando Mirra de Paula e Silva (CGEE)

Mario Sérgio Salerno (USP)

©2015 – Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI Qualquer parte desta obra pode ser reproduzida, desde que citada a fonte.

ABDI

Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial SCN Quadra 1, Bloco D, Ed. Vega Luxury Design Offices, Torre Empresarial A Asa Norte, Brasília – DF

CEP 70.711-040 – Tel.: (61) 3962 8700 www.abdi.com.br

FINEP

Financiadora de Estudos e Projetos Praia do Flamengo 200

CEP 22210-030 - Rio de Janeiro - RJ Tel.: (21) 2555-0330

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Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial - ABDI

Luiz Augusto de Souza Ferreira Presidente

Maria Luisa Campos Machado Leal

Diretora de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação Miguel Antônio Cedraz Nery

Diretor de Desenvolvimento Produtivo Tainá Serra Pimentel

Chefe de Gabinete Rogério Dias de Araújo Coordenador de Inteligência

República Federativa do Brasil

Michel Temer Presidente interino

Ministério da Indústria, Comércio e Serviços

Marcos Pereira Ministro

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SONDAGEM DE INOVAÇÃO DA ABDI

BOLETIM DO QUARTO TRIMESTRE DE 2015

RESUMO EXECUTIVO

A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) realiza, desde o início de 2010, a Sondagem de Inovação, tendo em vista a crescente importância que as atividades de ciência e tecnologia vêm adquirindo nas políticas de desenvolvimento industrial. A Sondagem é uma pesquisa que tem por objetivo acompanhar trimestralmente a

evolução da inovação tecnológica na indústria brasileira. A inovação tecnológica é definida pela introdução de um produto ou processo produtivo tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado pela empresa. O período de análise coberto por esta edição da pesquisa – quarto trimestre de 2015 – se caracteriza pelo aprofundamento da crise econômica, com declínio do nível de atividade e forte retração dos investimentos e da produção industrial. Nesse cenário, a Sondagem verificou um declínio significativo da taxa de inovação, que foi acompanhado por ligeira recuperação nas expectativas de inovação futura, e por relativa estabilidade na maioria dos indicadores de esforço inovativo considerados pela pesquisa.

No quarto trimestre de 2015, 44,9% das empresas entrevistadas declararam ter realizado algum tipo de inovação tecnológica, de produto ou processo, para a empresa ou para o mercado, o que representa declínio de 3,2 p.p. em relação ao trimestre anterior. Esse resultado corresponde ao valor mais baixo para a taxa de inovação desde o inicio da Sondagem, em 2010. Tal resultado se explica pelos indicadores de inovação, tanto em produto quanto em processo. Ou seja, perante um cenário macroeconômico de recessão e contração do investimento, um menor percentual de empresas lançou novos produtos ou processos, a exemplo do que havia ocorrido no trimestre anterior. Como de outras vezes, a taxa de inovação realizada ficou abaixo da expectativa de inovação declarada pelas empresas no trimestre anterior. No terceiro trimestre de 2015, 50,9,% das empresas declararam que pretendiam lançar um novo produto ou processo no quarto trimestre do ano, o que não se confirmou.

Entre as empresas que responderam à Sondagem, 32,2% declararam ter introduzido produtos novos já existentes no mercado nacional. Observa-se, nesse indicador, declínio considerável em relação ao trimestre anterior (-2,6 p.p.), explicado principalmente pelo comportamento do grupo de empresas que introduziram até três novos produtos. Quanto a produtos ainda não existentes no mercado nacional, o indicador observou pequeno recuo (-0,9 p.p.) em relação ao trimestre anterior, e atingiu 11,9% das empresas respondentes.

O indicador de inovação em processo produtivo, por sua vez, também apresentou declínio no quarto trimestre de 2015. Em particular, 29,0% das empresas declararam ter implementado novos processos, o que representa recuo de 2,5 p.p. em relação ao

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trimestre anterior. Observa-se redução no percentual de firmas que lançaram processos novos já existentes no mercado nacional (de 27,5% para 25,7%), acompanhado por relativa estabilidade no percentual de empresas que declararam ter implementado um processo novo para o mercado (de 8,5% para 8,7%). Tais resultados são coerentes com o declínio continuado na FBCF nos últimos trimestres, dada a importância da inovação incorporada em máquinas e equipamentos, e parecem estar associados a uma percepção cautelosa por parte da indústria quanto ao comportamento da demanda futura e à presença de incerteza no plano doméstico e internacional.

Em resumo, pode-se dizer que os resultados da Sondagem no quarto trimestre de 2015 indicam queda considerável na taxa de inovação, consolidando os patamares relativamente baixos observados a partir de meados de 2014, e atingindo o mais baixo valor da série iniciada em 2010. Mais especificamente, o recuo desse trimestre se explica pelos indicadores de inovação, tanto em produto quanto em processo. Esse desempenho está atrelado à reação das empresas ao cenário macroeconômico adverso, no qual os riscos de introdução de um novo produto no mercado se elevam.

O percentual de firmas com expectativa de inovação futura em produto ou processo apresentou pequeno crescimento nesse trimestre – elevação de 0,9 p.p. em relação ao trimestre anterior. Assim sendo, verifica-se que as expectativas de inovação não foram diretamente determinadas pela inovação presente, uma vez que esta apresentou retração expressiva no trimestre. Tal resultado sugere que o nível atual de inovação pode ter atingido seu piso e que as firmas alimentam a expectativa de recuperação, ainda que moderada, na taxa de inovação no futuro próximo.

Em relação aos esforços para inovação das firmas, no quarto trimestre de 2015 houve uma redução considerável (-3,3 p.p.) no percentual de empresas que expandiram seus gastos totais em inovação, atingindo seu valor mais baixo da série histórica da Sondagem. Por outro lado, verificou-se elevação (+1,2 p.p.) no percentual de firmas que diminuíram este tipo de dispêndio, atingindo, neste caso, seu valor mais elevado desde 2010. Entretanto, e como já verificado em rodadas anteriores da Sondagem, a maior parte das empresas manteve constante seu gasto total em inovação nesse trimestre. Por outro lado, vale destacar o comportamento dos gastos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) interno, em que um percentual muito expressivo das firmas (60,5%) declararam manter esse tipo de dispêndio no período, sendo esse o gasto que maior percentual de firmas declara manter constante ao longo de todas as edições da Sondagem. Note-se, ainda, que o percentual de firmas que expandiram esse tipo de gasto teve ligeira elevação (+1,4 p.p.) no trimestre, ao passo que se reduziu o percentual de firmas que diminuíram ou não realizaram gastos em P&D interno (27,9% contra 32,5% no trimestre anterior). Tais resultados decorrem do fato que as estruturas organizacionais das firmas têm relativa estabilidade, e que a manutenção de esforços em P&D, mesmo em situações de crise econômica, é estratégica para a trajetória futura das firmas no mercado.

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Os dados referentes ao pessoal ocupado em atividades de inovação no quarto trimestre de 2015 reforçam tal ideia de estabilidade das estruturas organizacionais das firmas, e apontam um comportamento de relativa recuperação nesses indicadores, a despeito do cenário macroeconômico adverso. Os percentuais de firmas que empregam doutores, mestres, especialistas e graduados em atividades de P&D tiveram elevação. O percentual de empresas que tinham doutores exclusivamente ocupados em P&D no quarto trimestre de 2015 foi de 21,7%, as empresas que possuíam mestres ocupados exclusivamente em P&D alcançaram 44,7%, as com pós-graduados foram 72,3% e as com graduados ocupados exclusivamente em P&D foram 84,9%. Esses percentuais variaram pouco ao longo dos seis anos da pesquisa, e comprovam que ainda há muito espaço para evolução da qualificação da mão de obra na indústria brasileira.

No quarto trimestre de 2015, a decisão de inovar por parte das empresas esteve mais fortemente associada a três fatores principais, nesta ordem: (i) pressões adicionais de custo; (ii) exigências dos clientes; e (iii) busca por maior participação no mercado. Desde o início da Sondagem, no primeiro trimestre de 2010, esses têm sido os principais fatores que influenciam a decisão das empresas em inovar.

Ao analisar o investimento em capacidade física instalada de produção, verifica-se que a maior parte das empresas respondentes (54%) manteve constantes seus gastos na aquisição de máquinas e equipamentos neste trimestre. O percentual de empresas que aumentaram seus gastos em capital fixo atingiu 11,6% das firmas respondentes, o que representa o valor mais baixo já verificado em sua trajetória desde 2010. Merece ainda destaque o elevado percentual de empresas que afirmaram ter reduzido (13,6%) ou não ter realizado (20,8%) investimentos para ampliar sua capacidade física de produção no quarto trimestre de 2015. Embora tenham apresentado ligeira queda em relação ao trimestre anterior, tais percentuais ainda se mantêm em torno de seus valores mais elevados já detectados pela Sondagem. Assim sendo, tanto o declínio sistemático no percentual de firmas que expandiu seus investimentos no trimestre, quanto o elevado percentual de empresas que diminuíram ou não fizeram gastos em capacidade instalada, confirmam a estagnação dos investimentos, capturada pelo comportamento da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) no país no período recente.

Com relação à fronteira tecnológica, no quarto trimestre de 2015, a Sondagem de Inovação investigou, com as empresas pesquisadas, a difusão do conhecimento e uso de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). Pouco menos de um quinto das empresas (18,9%) afirmou ter adquirido algum equipamento de Telecom (exceto computadores pessoais, telefonia fixa e móvel) no último ano, confirmando uma trajetória declinante desde 2012. Assim como nos anos anteriores, servidores, roteadores e switches são alguns dos equipamentos mais citados pelas empresas. Com relação aos serviços de TIC, 15,5% das empresas afirmaram ter adquirido tais serviços (exceto telefonia fixa e móvel) no último ano, o que representa retração de quase 6 p.p. em relação ao percentual observado em 2014. Os serviços mais citados foram pacotes de telefonia e internet e manutenção de sistemas de TI. Cabe destacar

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que aproximadamente um quarto (25,9%) das empresas afirmaram ter realizado alguma aquisição ou contratação de soluções de software no último ano, percentual ligeiramente inferior aos verificados entre 2012 e 2014 para a mesma questão. Entre as soluções citadas em resposta espontânea, a mais frequente foi a do tipo ERP (Enterprise Resource Planning). Em última instância, os dados da pesquisa indicam que a utilização e o conhecimento das tecnologias de informação e comunicação são amplamente difundidos na indústria brasileira, mas que, em linhas gerais, se observa uma trajetória declinante para os investimentos em TICs entre 2012 e 2015. Por fim, os resultados sugerem ainda que as empresas com departamentos de P&D formalizados têm investido de forma mais sistemática em tecnologias de informação e comunicação ao longo do tempo.

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SONDAGEM DE INOVAÇÃO DA ABDI

BOLETIM DO QUARTO TRIMESTRE DE 2015

OUTUBRO / NOVEMBRO / DEZEMBRO 2015

INTRODUÇÃO

A Sondagem de Inovação é uma pesquisa realizada pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) com o objetivo de acompanhar trimestralmente a evolução da inovação tecnológica na indústria brasileira. A ABDI é uma entidade ligada ao Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços que busca oferecer apoio técnico sistemático às instâncias de articulação e gerenciamento das ações voltadas para o desenvolvimento industrial e produzir estudos conjunturais, estratégicos e tecnológicos para diferentes setores da indústria. Em vista da crescente importância que as atividades de ciência e tecnologia vêm adquirindo nas políticas de desenvolvimento industrial, a ABDI passou a realizar, desde o início de 2010, a Sondagem de Inovação, visando a acompanhar, de maneira sistemática, a evolução dos indicadores de inovação tecnológica da indústria brasileira e orientar eventuais ajustes nas políticas públicas adotadas.

A realização da Sondagem é fruto do esforço de um conjunto de instituições, que tem trabalhado em parceria com a ABDI nesta pesquisa, em destaque a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (IPEAD). A Sondagem conta também com o

apoio técnico-científico de uma equipe de pesquisadores do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (CEDEPLAR) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e de especialistas setoriais renomados de outras instituições acadêmicas brasileiras. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) prestou auxílio técnico na elaboração do questionário e na definição da amostra das empresas consultadas.

A Sondagem de Inovação segue os padrões internacionais de coleta e tratamento de dados sobre pesquisa e desenvolvimento (P&D), consolidados no “Manual Frascati”1, e

sobre inovação, disponíveis no “Manual de Oslo”2. Nesse sentido, há correspondência

metodológica com a Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e com pesquisas internacionais como o Community Innovation Survey, realizado nos países que compõem a União Europeia.

De acordo com os padrões empregados na elaboração da Sondagem, a inovação tecnológica é definida pela introdução de um produto ou processo produtivo

1 ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO (OCDE). Frascati

Manu-al: proposed standard practice for surveys on research and experimental development. Paris: OCDE, 2002.

2 ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO (OCDE). Guidelines for

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tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado pela empresa. O produto ou processo pode ser novo para a firma ou para o mercado.Em virtude de sua periodicidade trimestral, a Sondagem cobre uma lacuna na produção de indicadores conjunturais que possam monitorar os esforços tecnológicos das empresas no Brasil.

Para a elaboração da Sondagem de Inovação, são entrevistadas, trimestralmente, as empresas industriais com 500 ou mais pessoas ocupadas. De acordo com dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), havia, em 2010, aproximadamente 1.650 empresas com essa característica na indústria brasileira e foi sobre esse conjunto que se realizou a amostragem para a Sondagem (ver o Anexo I para uma análise da distribuição setorial e regional das empresas com 500 ou mais pessoas ocupadas). A amostra definida a partir do estudo populacional compreende 304 empresas da

indústria extrativa e de transformação, abrangendo 25 divisões da CNAE 2.0.

A escolha das grandes empresas industriais para realizar a Sondagem foi motivada por sua importância nos processos de inovação no setor produtivo brasileiro. Com efeito, de acordo com dados da última edição da PINTEC relativos ao período 2009-2011, enquanto a taxa média de inovação da indústria brasileira foi de 35,6%, a taxa de inovação do estrato formado pelas empresas com mais de 500 pessoas ocupadas foi de 55,9%.

A Sondagem reúne informações de caráter retrospectivo (referentes ao trimestre de referência) e prospectivo (referentes aos três meses subsequentes ao trimestre de referência), provenientes de um total de 14 perguntas segmentadas em quatro blocos (ver questionário no anexo II). No primeiro bloco de questões, levanta-se o número de produtos e processos novos que a empresa lançou no trimestre anterior à pesquisa e o número de produtos e processos que a empresa pretende lançar no próximo trimestre. São colhidas informações também sobre os projetos abandonados e em andamento. No segundo bloco de perguntas, é caracterizado o esforço das empresas em atividades de inovação. O objetivo é saber se os gastos em atividades de inovação das empresas têm variado ou se se mantêm constantes. Também são levantados o número de pesquisadores envolvidos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e sua qualificação. No terceiro bloco de questões, identificam-se os motivos que levariam a empresa a realizar inovações tecnológicas no trimestre seguinte. Finalmente, no último bloco, é perguntado se a empresa aumentou, diminuiu ou manteve estáveis os investimentos para expandir a sua capacidade produtiva instalada.

A cada trimestre, a Sondagem de Inovação inclui um bloco de perguntas sobre temas relevantes da fronteira tecnológica e que tenham grande impacto sobre o desenvolvimento industrial brasileiro. O objetivo de tais perguntas é mapear a difusão, na indústria brasileira, de tecnologias localizadas na fronteira do conhecimento científico e tecnológico. Nesta Sondagem, referente ao quarto trimestre de 2015, foram

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introduzidas perguntas sobre tecnologias de informação e comunicação (TICs). Esse bloco de perguntas havia sido incluído em cinco edições anteriores da pesquisa, em 2010, 2011, 2012, 2013 e 2014, possibilitando, assim, um exame da evolução de tais indicadores ao longo do tempo.

Nesse trimestre, a pesquisa Sondagem de Inovação completa seu sexto ano de execução, e este boletim alcança agora sua vigésima quarta edição consecutiva. Assim como nas edições passadas, os resultados da pesquisa possibilitam uma observação das tendências mais recentes da inovação na indústria brasileira, e permitem também a comparação com o mesmo período do ano anterior, considerando eventuais efeitos de sazonalidade na inovação. Este boletim da Sondagem consolida os resultados das edições anteriores e permite uma vez mais a comparação do mesmo período (quarto trimestre) de até seis anos consecutivos (2010-2015) e possibilita, assim, explorar a informação inédita gerada pela pesquisa ao longo do tempo para traçar um panorama mais abrangente da dinâmica de inovação na indústria brasileira no período.

A CONJUNTURA ECONÔMICA E A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NA INDÚSTRIA BRASILEIRA

A inovação tecnológica na indústria brasileira tem guardado estreita relação com a dinâmica de crescimento da economia nacional, tal como verificado de forma sistemática pelas sucessivas edições da Sondagem de Inovação. No quarto trimestre de 2015, a relação entre atividade econômica e atividade inovativa continua sendo um dos principais elementos de análise da evolução do setor industrial. Por um lado, observa-se nesse período o aprofundamento da trajetória de desaceleração nos níveis de atividade econômica, representada pelas taxas negativas de crescimento da economia brasileira, bem como pela forte retração do PIB da indústria de transformação. Por outro lado, o quarto trimestre de 2015 foi marcado pelo baixo desempenho dos principais indicadores de inovação considerados pela Sondagem, vários dos quais atingiram seu mais baixo valor em toda a série histórica, iniciada em 2010.

Segundo dados das Contas Nacionais Trimestrais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a economia brasileira apresentou retração de 1,4% no quarto trimestre de 2015, em relação ao trimestre anterior, considerando a série com ajuste sazonal. O setor industrial, por sua vez, acompanhou o PIB e registrou retração de mesma magnitude (-1,4%) no trimestre. Na comparação com o mesmo período de 2014, a variação do PIB foi negativa em 5,9%, ao passo que o PIB industrial observou queda ainda mais expressiva (-8,0%), puxada principalmente pelos resultados fortemente negativos verificados na indústria de transformação (-12,0%), setor de maior importância para a Sondagem de Inovação, e construção civil (-5,2%). A indústria extrativa mineral, que vinha apresentando bom desempenho nos trimestres anteriores, em virtude principalmente dos ganhos de competitividade internacional associados à depreciação cambial, também contribuiu negativamente (-4,1%) para o desempenho da indústria no quarto trimestre de 2015.

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Cabe ainda notar que as taxas de crescimento anuais, tanto para a economia como um todo quanto para a indústria de transformação, aprofundaram ainda mais a trajetória de retração iniciada em 2014 (Gráfico 1). Desde o primeiro trimestre de 2014, as taxas de crescimento do PIB têm apresentado declínio sistemático, o que culminou com crescimento negativo (-3,8%) ao final de 2015.

Gráfico 1 - Variação do PIB, do PIB da Indústria de Transformação – taxa acumulada em 12 meses – e taxa de Investimento

Fonte: IBGE

Tendência semelhante se observa no setor industrial. A indústria de transformação, em particular, observou certa recuperação ao longo de 2013, culminando com crescimento anual de 3,5% no início de 2014. A partir do segundo trimestre do ano, no entanto, observa-se declínio acentuado na taxa anualizada de crescimento, que se torna negativa após alguns trimestres consecutivos de moderada expansão. Desde meados de 2014, a indústria de transformação intensifica sua retração, atingindo a taxa (acumulada em 12 meses) de -9,8% no segundo trimestre de 2015. Cabe notar que, nos últimos cinco trimestres, foram observados sucessivamente os piores resultados para taxa anualizada de crescimento da indústria de transformação desde o início da Sondagem de Inovação, em 2010. Como este segmento da indústria concentra mais de 95,0% das empresas participantes da pesquisa, seu desempenho é visto como uma importante variável explicativa na dinâmica de inovação e investimentos detectada pela Sondagem.

O comportamento dos investimentos no quarto trimestre de 2015 pode ser visto como importante elemento explicativo da trajetória macroeconômica. Observa-se, neste

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caso, retração muito expressiva da formação bruta de capital fixo, que caiu 18,5% no trimestre, em comparação ao mesmo período do ano anterior, em virtude do declínio tanto da produção interna quanto das importações de bens de capital. Cabe ainda notar que esse indicador tem apresentado valores negativos desde meados de 2014. Dessa forma, verificou-se uma queda bastante significativa na realização de investimentos no país, o que tende a diminuir o ímpeto inovativo no período, principalmente no que se refere às inovações de processo.

Quanto se considera a taxa acumulada em quatro trimestres, o investimento também apresentou declínio expressivo (-14,1%), aprofundando a retração já verificada nos trimestres anteriores. A taxa de investimento (FBCF/PIB), por sua vez, também apresentou nova queda neste trimestre, em comparação ao trimestre anterior, atingindo 16,2% do PIB, seu valor mais baixo dos últimos anos3.

Como mencionado anteriormente, a queda na importação de máquinas e equipamentos foi um dos determinantes no comportamento do investimento da economia no quarto trimestre de 2015. O declínio mensal médio nas importações desse segmento foi de 1,7% no período, segundo a Funcex. Tal resultado, mais uma vez, pode ser atribuído à escalada do câmbio e dos juros, que afetam diretamente a capacidade de realização de investimentos produtivos baseados na aquisição de máquinas e equipamentos importados. Seguindo o mesmo compasso, a produção doméstica de bens de capital caiu ao longo do trimestre, apresentando uma taxa média mensal de crescimento de aproximadamente -4,5%. Tais dados ilustram o cenário de baixo investimento produtivo observado no quarto trimestre de 2015. Tal declínio, por sua vez, tende a impactar negativamente os indicadores de inovação, particularmente em novos processos, dada a importância da inovação incorporada em bens de capital.

O faturamento real da indústria também diminuiu de forma mais intensa ao longo do quarto trimestre de 2015. A taxa média mensal de decrescimento do faturamento industrial no Brasil foi de 2,6% no trimestre. Essa retração no faturamento, diretamente ligada ao desempenho da economia, pode ser entendida como mais um fator explicativo para a retração do investimento industrial. Logo, num contexto de juros altos e restrição do crédito, as possibilidades de realização de investimentos para expansão produtiva ficariam restritas ao financiamento com recursos próprios por parte das empresas. Tal financiamento seria sustentado na acumulação de recursos a partir do crescimento do faturamento industrial, fenômeno que não foi identificado nos últimos trimestres. Dessa forma, a retração no faturamento também impacta negativamente o investimento das empresas no período recente.

Por sua vez, a utilização do número de depósitos de patentes no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) como indicador da atividade de inovação brasileira para o 4º trimestre de 2015, permite observar que este apresentou crescimento significativo

3 Considerando a nova metodologia de cálculo da FBCF no sistema de Contas Nacionais (Referência 2010), divulgada pelo IBGE em janeiro de 2015.

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(+18%), assim como havia sido registrado nos trimestres anteriores. Entretanto, esse crescimento no número de patentes registradas junto ao INPI contrasta com os dados de inovação captados pela Sondagem, que indicam redução nessa atividade ao longo do trimestre. Sendo assim, cabe considerar que toda patente, num primeiro momento, é relativa a uma invenção. A transformação de uma invenção em inovação é um processo posterior que depende da viabilidade de sua introdução no mercado. Dessa forma, aqueles pedidos de patentes registrados no último trimestre de 2015 que apresentarem apelo comercial serão introduzidos no mercado em períodos futuros. De todo modo, mesmo considerando um cenário de recessão econômica e declínio dos investimentos, os dados de patentes sugerem a persistência de esforços tecnológicos no Brasil ao longo do período observado.

Em resumo, 2015 foi um ano de expressiva queda da atividade econômica, com taxas negativas de crescimento do PIB e forte retração no produto da indústria de transformação. De fato, a tendência de queda dos investimentos e da produção industrial vem sendo observada desde 2014, o que significa que o resultado para o quarto trimestre de 2015 representa o aprofundamento de uma tendência que já vinha sendo delineada anteriormente. Como se verá nas seções seguintes deste Boletim, perante um cenário macroeconômico de recessão e contração do investimento, as empresas participantes da Sondagem registraram fraco desempenho em termos de inovação no quarto trimestre de 2015, tendo a taxa de inovação atingido seus valores mais baixos da série histórica.

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A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NO QUARTO TRIMESTRE

DE 2015 (OUTUBRO/NOVEMBRO/DEZEMBRO)

A. INOVAÇÕES REALIZADAS DE PRODUTO E PROCESSO NO QUARTO TRIMESTRE DE 2015

O quarto trimestre de 2015 foi caracterizado por um declínio generalizado dos indicadores de inovação calculados pela Sondagem. A taxa de inovação, em particular, teve um recuo de aproximadamente três pontos percentuais no trimestre, e atingiu seu valor mais baixo da série histórica iniciada em 2010. Tal resultado se explica pelos indicadores de inovação tanto em produto quanto em processo.

Como já observado sistematicamente em edições anteriores da Sondagem, as empresas com departamentos de P&D formalizados tendem a superar as firmas sem tais estruturas internalizadas, tanto em inovações de produto quanto processo, novos para a empresa ou para o mercado nacional. Neste trimestre, empresas com e sem departamentos de P&D reduziram seus lançamentos de novos produtos e processos, em comparação ao trimestre anterior. Ainda assim, cabe notar que as empresas com estruturas formais de P&D apresentaram indicadores bem mais elevados que as demais. Tal resultado confirma, uma vez mais, a tendência à superioridade tecnológica para as empresas que se esforçam em projetos internos e estruturados de pesquisa e desenvolvimento. No quarto trimestre de 2015, 44,9% das empresas entrevistadas declararam ter realizado algum tipo de inovação tecnológica, de produto ou processo, para a empresa ou para o mercado, valor 3,2 p.p. abaixo do observado no trimestre imediatamente anterior (Tabela 1). Esse resultado representa o valor mais baixo para a taxa de inovação desde o início da Sondagem, em 2010.

Destaca-se que o número médio de produtos novos introduzidos pelas empresas, considerando tanto produtos inéditos no mercado quanto aqueles que já contam com similares no mercado nacional, se reduziu no trimestre. Paralelamente a esse processo, o percentual de empresas que não inovaram se ampliou. Dessa forma, houve simultaneamente uma redução no número médio de produtos novos inseridos pelas empresas e uma redução na parcela de empresas inovadoras entrevistadas nesse trimestre.

Os resultados observados neste trimestre não surpreendem, na medida em que representam a continuação da trajetória já verificada no período recente. Os últimos Boletins da Sondagem de Inovação têm alertado para a possibilidade de resultados negativos para os indicadores de inovação, em virtude da retração na atividade industrial e dos baixos níveis de investimento que marcam a conjuntura industrial desde meados de 2014. Em linhas gerais, os prognósticos para o cenário econômico nacional no futuro próximo se mantêm negativos, o que sugere perspectivas pouco otimistas para a evolução da atividade inovativa da indústria brasileira nos próximos trimestres.

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Tabela 1 – Percentual de empresas industriais com mais de 500 pessoas ocupadas que inovaram – 2014 / 2015

Percentual de empresas: 2º tri 2014 3º tri 2014 4º tri 2014 1º tri 2015 2º tri 2015 3º tri 2015 4º tri 2015 Inovadoras de produto ou processo 52,9 48,0 47,8 47,5 49,8 48,1 44,9 De produto 39,0 37,0 35,0 36,9 38,8 38,2 34,1

Produto novo para empresa 35,7 35,0 30,9 31,9 34,8 34,8 32,2

Produto novo para o mercado

nacional 13,9 12,6 12,6 12,8 12,5 12,8 11,9 De processo 37,2 33,0 33,3 32,9 32,0 31,5 29,0

Processo novo para a empresa 33,9 29,5 28,6 29,8 27,5 27,5 25,7

Processo novo para o

mercado nacional 10,6 7,7 9,4 9,0 9,0 8,5 8,7

Fonte: Sondagem de inovação da ABDI

Por sua vez, assim como verificado de forma consistente em rodadas anteriores da pesquisa, a taxa de inovação ficou abaixo da expectativa de inovação declarada pelas empresas no trimestre anterior. No terceiro trimestre de 2015, 50,9% das empresas declararam que pretendiam lançar um novo produto ou processo no quarto trimestre do ano, o que não se confirmou na taxa de inovação desta Sondagem. Observa-se ainda que a diferença entre a intenção de inovar e a taxa de inovação neste trimestre apresentou declínio em relação ao trimestre anterior – atingindo seis pontos percentuais – indicando que um maior percentual da expectativa passada de inovação foi concretizado no período. Por fim, constata-se que a intenção de inovar apresenta declínio considerável em relação ao trimestre anterior, o que sugere que a conjuntura atual, associada à queda acentuada nos investimentos e à forte retração da produção industrial, tende a gerar expectativas mais pessimistas em relação a novos produtos ou processos a serem implementados no trimestre seguinte.

A comparação entre os dados do quarto trimestre de 2015 e do mesmo período em 2013 e 2014 permite uma análise menos sujeita a fatores sazonais. Nesse caso, confirma-se o declínio sistemático da taxa de inovação em produto ou processo, na comparação anual, visto que os percentuais observados foram 50,2% em 2013 e 47,8% em 2014; como mencionado anteriormente, tal indicador atingiu 44,9% no quarto trimestre de 2015. Cabe notar que tal flutuação é explicada tanto pelos indicadores de inovação em produto quanto em processo, visto que ambos apresentaram trajetória declinante ao longo do tempo.

De forma geral, a trajetória dos indicadores de inovação ao longo dos últimos três anos se caracteriza por oscilações cíclicas em torno de uma tendência declinante. No início de 2013, houve um declínio inicial na taxa de inovação, que pode ser explicado pelos efeitos negativos da desaceleração da produção industrial e da incerteza no cenário internacional que marcaram esse período. Ao longo daquele ano, a recuperação das

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taxas de crescimento da indústria de transformação (Gráfico 1) foi acompanhada por uma elevação continuada na taxa de inovação nos trimestres seguintes. A partir de meados de 2014, entretanto, observa-se declínio sistemático do produto industrial e recuo na taxa de inovação. Após a ligeira recuperação verificada em meados de 2015, a taxa de inovação volta a apresentar recuo nos últimos trimestres do ano, com o agravamento da incerteza política e da crise econômica (Gráfico 2).

Como já verificado em edições anteriores deste Boletim, a dinâmica da atividade inovativa no Brasil está fortemente ligada à trajetória macroeconômica, principalmente em virtude de seus reflexos sobre as decisões internas às firmas. Tanto a inovação de produto quanto a de processo envolvem um importante componente de incerteza, atrelado a custos elevados de P&D e estruturação. A ligeira recuperação do nível de atividade e da produção industrial verificados no segundo semestre de 2013 contribuiu para a melhoria nos indicadores de inovação até o inicio de 2014, quando novamente entram em declínio em resposta a um cenário macroeconômico menos favorável. Assim, o ano de 2015 se caracterizou, em linhas gerais, por retração da produção

industrial, declínio nos investimentos em máquinas e equipamentos, e declínio dos esforços das empresas na realização de gastos em P&D. Em conjunto, tais elementos podem explicar a acomodação da taxa de inovação no período recente, bem como a queda continuada das expectativas de inovação.

Gráfico 2 – Expectativas de inovação e inovação efetivamente realizada pelas empresas industriais com mais de 500 pessoas ocupadas – 2012 / 2016

Fonte: Sondagem de inovação da ABDI

Ressalta-se ainda que os cortes de gastos industriais tendem a afetar as estruturas já estabelecidas de P&D nas firmas, reduzindo, assim, as potencialidades internas para a introdução de inovações com maior grau de complexidade, como é o caso dos produtos que são novos no mercado nacional. Sendo assim, a introdução de produtos e processos já existentes no mercado nacional, a qual demanda menores gastos em P&D, tende a ganhar espaço em meio à atividade inovativa realizada no período.

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Entre as empresas que responderam à Sondagem neste trimestre, 32,2% declararam ter introduzido produtos novos já existentes no mercado nacional. Observa-se, neste caso, declínio considerável em relação ao trimestre anterior, quando 34,8% das empresas haviam respondido positivamente a essa questão. Quanto a produtos ainda não existentes no mercado nacional, o indicador também recuou (-0,9 p.p.) em relação ao trimestre anterior, e atingiu 11,9% das empresas respondentes. Embora tal indicador apresente menor variabilidade, dadas as dificuldades inerentes a esse tipo de inovação, cabe destacar que o percentual verificado neste trimestre é o mais baixo da série histórica da Sondagem, o que se justifica particularmente pela retração dos investimentos e piora nas expectativas sobre a economia nacional no período.

O indicador de inovação em processo, por sua vez, tem sofrido declínio gradual ao longo dos últimos trimestres, acompanhando a trajetória dos demais indicadores. No quarto trimestre de 2015, em particular, sofreu declínio mais expressivo (-2,5 p.p.) em relação ao trimestre anterior, atingindo 29,0%, o mais baixo valor da série histórica para esse indicador desde 2010. Mais especificamente, houve redução no percentual de empresas que declararam ter implementado um processo novo para a empresa (25,7%), também, nesse caso, o valor mais baixo da série histórica da Sondagem. Esses resultados são coerentes com o declínio continuado da FBCF nos últimos trimestres, e parecem estar associados a uma percepção cautelosa por parte da indústria quanto ao comportamento da demanda futura e à presença de elementos de incerteza no plano doméstico e internacional. Por sua vez, o percentual de empresas que declararam ter implementado um processo novo para o mercado teve apenas uma pequena oscilação (+0,2 p.p.) em relação ao trimestre anterior, atingindo 8,7%.

Em resumo, pode-se dizer que os resultados da Sondagem no quarto trimestre de 2015 indicam queda expressiva na taxa de inovação, aprofundando a tendência já verificada nos últimos trimestres. Mais especificamente, o recuo deste trimestre se explica tanto pelos indicadores de inovação em produto quanto em processo, que observaram queda generalizada.

O Gráfico 3 mostra a evolução do percentual de firmas inovadoras em produto desde o início de 2013. Nesse caso, as firmas são classificadas de acordo com o número de produtos novos para a empresa, mas já existentes no mercado nacional.

Os resultados mostram que o percentual de empresas que introduziram novos produtos obteve ligeira recuperação entre o final de 2014 e meados de 2015. A partir do segundo trimestre de 2015, entretanto, o indicador manteve-se estável, mas ainda em patamar relativamente baixo – o que é coerente com a desaceleração da atividade econômica e a retração na indústria de transformação ocorrida no período.

No quarto trimestre de 2015, mais especificamente, verifica-se declínio considerável na taxa de inovação em produtos novos para a empresa, em comparação ao trimestre anterior, revertendo os ganhos verificados no início do ano. Tal resultado é explicado,

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principalmente, pelo comportamento do grupo das empresas que introduziram até três novos produtos no mercado nacional, no qual se verifica um declínio superior a dois pontos percentuais, de 25,1% para 22,8% das firmas. Ao mesmo tempo, observa-se ligeira elevação no grupo de empresas que introduziram de quatro a observa-seis novos produtos, de 3,1% para 4,1%. Por fim, o percentual de empresas que introduziu sete ou mais produtos também recuou, passando de 6,6% para 5,3%. Esses resultados sugerem que a evolução no ritmo da inovação em produto na economia brasileira neste trimestre não foi homogênea entre os vários perfis de empresas presentes na amostra, e que se concentrou especialmente no grupo de empresas com perfil menos inovador.

Quando se compara o resultado desse trimestre com o mesmo período de 2014, verifica-se uma ligeira elevação, também explicada pelo percentual de empresas que introduziram até 3 novos produtos (+1,9 p.p.). Os demais grupos, por sua vez, tiveram menor influência no resultado final: entre as empresas que introduziram de 4 a 6 novos produtos, os percentuais apresentaram pequena oscilação, de 3,8% para 4,1%, ao passo que o percentual de empresas que lançaram 7 ou mais novos produtos apresentou leve recuo, de 6,2% para 5,3% (Gráfico 3).

Gráfico 3 – Percentual de empresas com produtos novos, mas já existentes no mercado nacional – 2013 / 2015

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O indicador de inovação referente à introdução de produtos novos ainda não existentes no mercado nacional é um dos que apresenta menor variabilidade ao longo do tempo. No quarto trimestre de 2015, tal indicador recuou quase um ponto percentual em relação ao trimestre anterior. O percentual de empresas inovadoras atingiu 11,9%, também o mais baixo em relação à série histórica da Sondagem. O baixo patamar observado para esse indicador é condizente com a acomodação da atividade inovativa, verificada também em outros indicadores neste trimestre.

Cabe ainda notar que a variação verificada neste trimestre se explica principalmente pelo declínio no percentual de firmas que introduziram até três novos produtos no mercado nacional (-1,2 p.p.). O percentual de firmas que introduziram de até seis novos produtos, por sua vez, teve pequena oscilação positiva (+0,2 p.p.), ao passo que não se alterou o percentual de empresas que inovaram com sete ou mais novos produtos. Como esperado, o percentual de empresas que introduziram produtos novos para o mercado nacional é menor do que o percentual de firmas que lançaram produtos novos para a empresa, mas, já existentes no mercado. Tal resultado corrobora a percepção de que a introdução de produtos novos para o mercado nacional requer maior esforço inovativo; por isso apresenta menor variabilidade trimestral e é concentrada em um número proporcionalmente menor de empresas. De acordo com os resultados da Sondagem, apresentados na Tabela 1, esse indicador tem permanecido estável nos últimos cinco trimestres.

Como já destacado em edições anteriores deste Boletim, cabe ainda notar que a depreciação cambial ocorrida no Brasil no período recente não tende a favorecer a recuperação desse indicador, pois aumenta os custos da aquisição e licenciamento de tecnologias externas para empresas atuando no país. Assim, tende a reduzir o fôlego das firmas para a introdução de produtos inéditos no mercado, dado que a indústria brasileira é extremamente dependente de tecnologia externa para inovar em produtos ainda não existentes no mercado nacional.

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Gráfico 4 – Percentual de empresas com produtos novos ainda não existentes no mercado nacional – 2013 / 2015

Fonte: Sondagem de inovação da ABDI

Em resumo, o fraco desempenho dos indicadores de inovação de produto no período recente pode ser atribuído a uma série de fatores. Em particular, as expectativas empresariais pessimistas, diante de um contexto de recessão, declínio nos investimentos, e retração na produção industrial, são um importante elemento explicativo. Ou seja, em linhas gerais, o cenário econômico atual criou um ambiente de alto risco para a atividade de inovação no Brasil. Dessa forma, a introdução de produtos novos no mercado, um processo que normalmente envolve custos elevados, depararia com os riscos relacionados à redução da renda e do consumo, como ameaças ao sucesso de sua inserção. Por outro lado, a inovação tem capacidade de induzir a demanda e pode ser importante instrumento de concorrência por fatias de mercado para as firmas, sendo assim uma alternativa para superação das dificuldades econômicas. Caberá às próximas edições da Sondagem verificar a capacidade de reação das firmas para a recuperação dos indicadores de inovação. Da mesma forma que a inovação de produto, a inovação de processo também apresentou declínio no quarto trimestre de 2015. Como verificado na Tabela 1, tal indicador teve recuo de 2,5 p.p. em relação ao trimestre anterior. Por um lado, observa-se redução no percentual de firmas que lançaram processos novos já existentes no mercado nacional (de 27,5% para 25,7%), alcançando o valor mais baixo da série histórica da Sondagem. A retração, nesse caso, se explica particularmente pelo comportamento do indicador referente à introdução de até três novos processos para a empresa, que apresentou declínio de quase dois pontos percentuais. Os demais grupos – de firmas que introduziram de 4 a 6 e 7 ou mais novos processos – tiveram oscilação pouco significativa no trimestre (+0.5 p.p. e -0,5 p.p., respectivamente).

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A comparação entre o quarto trimestre de 2015 e igual período de 2014 confirma a mesma trajetória de arrefecimento na dinâmica de inovação na indústria brasileira, tal como já destacado neste Boletim: verificou-se aqui uma retração de aproximadamente três pontos percentuais no indicador de firmas que introduziram processos novos para a empresa, explicada principalmente pela redução no percentual de empresas que introduziram até seis novos processos (Gráfico 5).

Gráfico 5 - Percentual de empresas com processos novos, mas já existentes no mercado nacional – 2013 / 2015

Fonte: Sondagem de inovação da ABDI

O Gráfico 6 apresenta os resultados para o indicador de inovação referente à introdução de processos novos ainda não existentes no mercado nacional. Em geral, este indicador apresenta pouca variabilidade ao longo do tempo, assim como ocorre também com a introdução de produtos não existentes no mercado nacional. No quarto trimestre de 2015, o percentual de firmas que introduziram processos inéditos no mercado nacional teve pequena oscilação positiva (+0,2 p.p.), explicada pelo grupo de firmas que introduziram sete ou mais processos novos para o mercado nacional. Os percentuais relativos aos demais grupos não se alteraram no trimestre.

Cabe notar que boa parte da inovação em processo decorre da instalação de novos equipamentos, cuja ocorrência depende da realização de novos investimentos, ou de mudanças organizacionais, otimizando o uso de estruturas produtivas já previamente instaladas. Assim, o baixo patamar observado no indicador de novos processos para o mercado nacional não surpreende, em face do comportamento nos demais indicadores de inovação e da retração nos investimentos observada nos últimos trimestres.

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Gráfico 6 - Percentual de empresas com processos novos e ainda não existentes no mercado nacional – 2013 / 2015

Fonte: Sondagem de inovação da ABDI

Assim como no caso dos demais indicadores de inovação em processo, a comparação entre o quarto trimestre de 2015 e o mesmo período do ano anterior indica redução (embora modesta) no percentual de empresas que introduziram novos processos no mercado nacional (queda de 0,7 p.p.). Tal resultado decorre do declínio nos percentuais de empresas que introduziram até sete ou mais novos processos, sendo justificado principalmente pelo fato de que a adoção de processos previamente inexistentes no mercado nacional requer um ambiente macroeconômico mais otimista e menos incerto, dado elevado esforço requerido para a obtenção desse tipo de inovação.

Em linhas gerais, pode-se afirmar que a inovação de processo foi a mais afetada pela retração da atividade inovativa brasileira a partir de meados de 2011. Algumas explicações para isso se relacionam diretamente com a questão macroeconômica, como o comportamento da FBCF e as perspectivas de baixo crescimento da economia nacional, mas há também elementos importantes, ligados à dinâmica intrafirma, que ajudam a explicar tal comportamento.

Note-se que boa parte das grandes empresas industriais brasileiras, foco da Sondagem de Inovação, situa-se em setores caracterizados por uma tecnologia produtiva já em estágio avançado de maturidade. Nesses casos, há pouco espaço para incrementos, e os custos e riscos relacionados à busca por novas tecnologias são pouco convidativos. Assim, a ocorrência de inovações de processo seria atrelada, sobretudo, à clara

existência de ciclos de crescimento econômico, que gerariam os incentivos necessários, em termos de lucratividade, para a expansão dos gastos em máquinas e equipamentos, que em geral representam o principal fator de geração de inovações de processo.

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Nem toda a inovação tecnológica de produto está necessariamente ligada a uma inovação tecnológica de processo, assim como nem toda a inovação de processo é realizada para produzir um novo produto. Entretanto, as firmas que realizam inovações tecnológicas de produto e de processo geralmente fazem esforços para inovação maiores do que a média das demais firmas. No quarto trimestre de 2015, pouco mais de 16% das grandes firmas industriais brasileiras realizaram inovações tecnológicas de produto e de processo novo para a empresa, mas já existentes no mercado nacional (Tabela 2). Tal valor representa declínio considerável em relação ao trimestre anterior (-2,7 p.p), atingindo um dos valores mais baixos desde o início da Sondagem, em 2010. Por outro lado, a introdução de produto e de processo novos e ainda não existentes no mercado nacional apresentou elevação, sendo declarada por 3,7% das empresas no quarto trimestre de 2015, em comparação a um percentual de 2,4% no trimestre imediatamente anterior. Tais resultados estão associados a um comportamento particular dos indicadores de inovação, em que a introdução de processos novos, ainda não existentes no mercado nacional, observou certa recuperação, ao passo que todos os demais indicadores tiveram recuo em relação ao trimestre anterior.

Tabela 2 - Percentual de empresas industriais com mais de 500 pessoas ocupadas que inovaram em produto e processo no

quarto trimestre de 2015 (outubro/novembro/dezembro)

Empresas que inovaram em Processo

Para empresa Para mercado

Produto Para empresa 16,3 5,6

Para o mercado 4,6 3,7

Fonte: Sondagem de inovação da ABDI

Em resumo, e em consonância com outros indicadores discutidos anteriormente, a taxa de inovação nas grandes empresas industriais apresentou uma trajetória de recuperação ao longo de 2013 e no início de 2014, explicada pela gradual elevação da produção industrial no período. A partir do segundo trimestre de 2014, a taxa de inovação volta a cair e se estabiliza em patamares mais baixos até o terceiro trimestre de 2015. No quarto trimestre do ano, aprofunda-se o declínio na taxa de inovação, que atinge seu mais baixo valor desde 2010 (Gráfico 7). Essa trajetória é coerente com comportamento da taxa de investimento, com a retração na produção industrial, com as baixas taxas de crescimento da economia nacional no período recente, e com as incertezas presentes no cenário doméstico e externo.

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Gráfico 7 – Percentual de empresas industriais com mais de 500 pessoas ocupadas que inovaram em produto e/ou processo – 2012 / 2015

Fonte: Sondagem de inovação da ABDI

Ao longo dos últimos seis anos (2010-2015), período de realização desta Sondagem de Inovação, os resultados obtidos permitem descrever, em linhas gerais, três movimentos distintos acerca da inovação tecnológica no Brasil: (i) em 2010, houve uma consolidação da inovação tecnológica na indústria brasileira em patamares relativamente elevados, compatíveis com o quadro de crescimento econômico expressivo, tal como observado naquele ano; (ii) em 2011 e 2012, a economia cresceu de forma menos acelerada, o que se refletiu na redução da taxa de inovação e sua estabilização em níveis mais baixos a partir de meados de 2011; (iii) os anos de 2013 e 2014 apresentaram comportamento cíclico dos indicadores de inovação, com alternância de indicadores em declínio e em expansão, sem tendência claramente definida. No entanto, com o declínio verificado ao longo de 2014 e 2015, a taxa de inovação na indústria brasileira atingiu, no período recente, seu valor mais baixo da série histórica iniciada em 2010.

B. EXPECTATIVAS DE INOVAÇÃO DE PRODUTO E PROCESSO PARA O PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2016

Os resultados apresentados na seção anterior dizem respeito a produtos e processos efetivamente introduzidos no mercado. Ao lado desses dados, a Sondagem de Inovação reúne informações sobre a intenção ou expectativa declarada de lançar produtos e processos novos para a empresa e para o mercado nacional no trimestre subsequente à pesquisa.

O percentual de firmas com expectativa de inovação futura em produto ou processo reverteu parcialmente a trajetória de declínio verificada nos últimos trimestres – com ligeira elevação (+0,6 p.p.) no quarto trimestre de 2015, em comparação com o trimestre

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anterior. Assim sendo, os dados mais recentes sugerem que, apesar do expressivo declínio nos percentuais de firmas com produtos e processos novos efetivamente introduzidos, verifica-se uma pequena recuperação nos percentuais de empresas que pretendem lançar no próximo trimestre algum produto ou processo, novos para a empresa ou para o mercado nacional, tal como havia sido observado no Gráfico 2. Ou seja, verifica-se simultaneamente uma tendência declinante na inovação presente e ascendente nas expectativas de inovação, o que surpreende, dada a influência dos resultados realizados sobre as expectativas futuras. Cabe ainda notar que a elevação no percentual de inovação esperada se observa em quase todos os indicadores (produto e processo, para a empresa e para o mercado).

Por outro lado, os indicadores de inovação esperada para este trimestre são superiores ao percentual de empresas que efetivamente introduziram produtos ou processos novos no período, tal como ocorreu em edições anteriores da Sondagem. Esse resultado se explica principalmente pelo fato de que parte dos projetos de inovação desenvolvidos pelas firmas pode não gerar os resultados planejados nos prazos estabelecidos.

De acordo com a Tabela 3, 44,1% das firmas respondentes planejam inovar em produto no próximo trimestre, 3,1 p.p. acima do verificado no trimestre anterior. Por sua vez, o percentual de firmas que espera inovar em processo apresentou pequena oscilação positiva, de 33,4% no último trimestre para 33,7% no trimestre atual, não acompanhando o declínio no percentual de firmas que efetivamente inovaram em processo no trimestre. Cabe notar que a elevação no percentual de firmas que espera lançar novos produtos se explica tanto pelo indicador de produtos novos para a empresa, como para o mercado. No primeiro caso, referente à expectativa de lançamento de novos produtos já existentes no mercado nacional, 37,8% das empresas esperam fazê-lo no primeiro trimestre de 2016, valor aproximadamente 1,2 pontos percentuais acima do observado no trimestre anterior. Apesar dessa recuperação, pode-se dizer que as expectativas ainda estão pessimistas, pois, ao longo dos seis anos de execução da Sondagem, apenas nos dois últimos trimestres de 2015 se observa que menos de 40% das firmas esperam lançar um produto novo para a empresa, mas não para o mercado, no trimestre subsequente. Por outro lado, o percentual de empresas com produtos novos ainda não existentes no mercado nacional a serem introduzidos situou-se, no quarto trimestre de 2015, em 17,7% – o que representa também certa recuperação (+1,8 p.p.) em relação ao trimestre anterior. Não obstante, o valor observado neste trimestre continua sendo um dos mais baixos de toda a série histórica da Sondagem e seu comportamento confirma a observação de que as firmas continuam pessimistas sobre suas perspectivas de investimento em atividades de inovação.

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Os indicadores de expectativa de inovação de processo, por seu turno, apresentaram desempenho menos favorável do que o verificado para a expectativa inovação de produto no quarto trimestre de 2015, sendo observada ligeira elevação (+ 0,3 p.p.) em relação ao trimestre anterior, como mencionado anteriormente. Tal resultado se explica pela combinação entre a redução no percentual de firmas que esperam introduzir processos novos para a empresa (-1,3 p.p.) e a elevação na expectativa de novos processos para o mercado nacional (+ 2,6 p.p.) – ver Tabela 3.

Tabela 3 – Expectativas de inovação (para o trimestre seguinte) das empresas industriais com mais de 500 pessoas ocupadas – 2014/2015

Percentual de empresas: 2º trim 2014 3º trim 2014 4º trim 2014 1º trim 2015 2º trim 2015 3º trim 2015 4º trim 2015 Inovadoras de produto ou processo 58,1 54,8 57,4 56,5 56,0 50,9 51,5 Produto 48,7 45,8 48,4 47,5 49,3 41,0 44,1

Produto novo para empresa 43,8 41,4 44,1 43,3 44,5 36,7 37,8

Produto novo para o mercado

nacional 18,5 17,6 21,1 19,6 16,8 15,9 17,7 Processo 39,6 34,6 39,9 39,2 37,0 33,4 33,7

Processo novo para a empresa 33,5 30,0 34,8 36,2 31,5 29,4 28,1

Processo novo para o mercado

nacional 14,1 9,9 13,7 11,4 12,5 9,5 12,1

Fonte: Sondagem de inovação da ABDI

Cabe ainda destacar que, assim como no caso dos indicadores de inovação realizada, os percentuais de firmas com expectativa de inovação observados neste trimestre se encontram entre os mais baixos valores verificados pela Sondagem ao longo do tempo. É interessante notar que, para a maioria dos indicadores de expectativa de inovação, observa-se um movimento de declínio sistemático desde o final de 2014. Uma provável explicação para o declínio dos indicadores pode estar associada à redução gradual das taxas de crescimento da economia e à retração da produção industrial no período, considerando que a dinâmica da inovação no Brasil está intimamente ligada à trajetória macroeconômica e seus efeitos sobre as expectativas empresariais. Por outro lado, a revisão para cima das expectativas de inovação de produto e processo no último trimestre de 2014 teve fôlego curto, pois o cenário econômico brasileiro recente continua a apresentar um quadro de forte incerteza, declínio dos investimentos, e baixas perspectivas de crescimento.

A comparação entre as tabelas 1 e 3 permite avaliar a relação entre inovação presente e inovação esperada. Nesse caso, os resultados indicam expectativas ligeiramente mais otimistas, no quarto trimestre de 2015, acerca da inovação futura, a despeito da queda da taxa de inovação, e da maior parte dos demais indicadores de inovação. Esses

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resultados sugerem a possibilidade de recuperação moderada dos patamares atuais de inovação da indústria brasileira no futuro próximo, caso tais expectativas, um pouco mais otimistas, sejam confirmadas.

Por fim, cabe destacar que o percentual de empresas que declarou possuir projetos de inovação em andamento não condiz com a recuperação moderada nas expectativas de inovação. No quarto trimestre de 2015, 44,8% das firmas respondentes declararam possuir projetos de inovação em andamento, contra 47,6% no trimestre imediatamente anterior. Assim como vários dos indicadores de inovação mencionados anteriormente, o percentual de firmas com projetos de inovação em andamento tem declinado sistematicamente ao longo dos últimos trimestres, o que sugere continuidade na trajetória de arrefecimento da dinâmica inovativa na indústria.

Em resumo, os indicadores de inovação efetivamente realizada, em produto ou processo, apontam para um movimento de retração da inovação tecnológica no quarto trimestre de 2015, aprofundando ainda mais os baixos patamares verificados nos trimestres anteriores. Quanto as intenções de inovação para o próximo período, sua evolução recente sugere um movimento de ligeira recuperação na expectativa de inovação na indústria brasileira, em direção oposta à trajetória dos indicadores de inovação realizada observados no período.

C. ESFORÇO PARA INOVAR NO QUARTO TRIMESTRE DE 2015

A tendência de leve melhora nas expectativas em relação à inovação futura, tal como destacado na seção anterior, reflete apenas em parte o comportamento dos indicadores de esforços para inovação das firmas no quarto trimestre de 2015. Em linha com os resultados adversos dos indicadores de inovação no trimestre, observa-se recuo no percentual de firmas que declararam aumentar seu gasto total em inovação, em relação ao trimestre anterior, ao mesmo tempo que aumentou o percentual de empresas respondentes que reduziram seus gastos em inovação. Em comparação com o terceiro trimestre de 2015, houve uma redução considerável (-3,3 p.p.) no percentual de empresas que expandiram seus gastos totais em inovação, atingindo seu valor mais baixo da série histórica da Sondagem. Por outro lado, verificou-se elevação (+1,2 p.p.) no percentual de firmas que diminuíram esse tipo de dispêndio, atingindo, neste caso, seu valor mais elevado desde 2010. Não obstante, e como já verificado em trimestres anteriores, a maioria das empresas manteve constante seu gasto total em inovação nesse trimestre. Os resultados do quarto trimestre de 2015 revelam, mais especificamente, que 12,4% das empresas declararam uma ampliação nos seus dispêndios totais em inovação; 56,2% mantiveram o mesmo nível de investimento e 26,0% reduziram investimentos em atividades de inovação (Gráfico 8).

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Gráfico 8 - Situação da empresa em relação aos gastos totais em atividades de inovação – 2012/2015

Fonte: Sondagem de inovação da ABDI

O elevado percentual de empresas que declararam manter os dispêndios em inovação ao longo do tempo também se verifica, em maior ou menor grau, ao se avaliar os diversos tipos de investimento em inovação. Isto é, para todas as modalidades de gasto em atividades de inovação, os maiores percentuais foram para as empresas que mantiveram seus dispêndios.

Deve-se, ainda, destacar o comportamento dos investimentos em máquinas e equipamentos, pois tradicionalmente se trata da modalidade com maior percentual de empresas elevando os gastos em relação ao trimestre anterior, além de ser um indicador importante para o ritmo da inovação na indústria brasileira. No quarto trimestre de 2015, o percentual de firmas que aumentaram tais investimentos apresentou certa estabilidade em relação ao trimestre anterior, atingindo 21,7%. Por outro lado, o percentual de empresas que declararam ter reduzido ou não ter feito investimentos em máquinas e equipamentos alcançou 41,5%, o que representa uma queda de 1,2 p.p. em relação trimestre anterior, mas que, ainda assim, representa um de seus valores mais altos desde o início da Sondagem. Tais resultados são coerentes com o declínio na formação bruta de capital fixo verificada nas Contas Nacionais do IBGE e têm implicações muito importantes para as perspectivas de inovação futuras, considerando que boa parte da inovação na indústria brasileira é incorporada em bens de capital. Os resultados do quarto trimestre de 2015 mostram ainda que o percentual de empresas que mantiveram constantes seus gastos na aquisição de máquinas e equipamentos foi de 36,4% (+0,6 p.p. em relação ao trimestre anterior).

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Como mencionado anteriormente, os investimentos em máquinas e equipamentos são recorrentemente identificados como o principal dispêndio em inovação por parte da indústria brasileira como um todo, o que pode ser visto como reflexo da baixa densidade tecnológica da indústria nacional e da predominância de setores de tecnologia bastante madura. Nesses setores, a aquisição de maquinário costuma ter maior impacto sobre a produção que atividades de pesquisa e desenvolvimento, principalmente por ser a inovação de produto pouco recorrente. Esse cenário se reflete nos resultados da Sondagem da Inovação, uma vez que setores como a indústria metal mecânica ou a alimentícia apresentam grande representatividade na amostra.

Por outro lado, vale destacar o comportamento dos gastos em P&D interno, em que um percentual muito expressivo das firmas (60,5%) declararam manter esse tipo de dispêndio no período, sendo esse o gasto que maior percentual de firmas declara manter constante ao longo de todas as edições da Sondagem. Note-se, ainda, que o percentual de firmas que expandiram esse tipo de gasto teve ligeira elevação (+1,4 p.p.) no trimestre, ao passo que se reduziu o percentual de firmas que diminuíram ou não realizaram gastos em P&D interno (27,9% contra 32,5% no trimestre anterior). Tais resultados decorrem do fato de que as estruturas organizacionais das firmas têm relativa estabilidade, e que a manutenção de esforços em P&D, mesmo em situações de crise econômica, é estratégica para a trajetória futura das firmas no mercado.

Em resumo, os dados observados no quarto trimestre de 2015 sugerem relativa estabilidade dos gastos em inovação em praticamente todas as categorias, dado o elevado percentual de empresas que declarou manter constante seu dispêndio nas diversas atividades de inovação no período – como também observado em edições anteriores da Sondagem. Todos os tipos de dispêndio para inovação se mantiveram constantes para pelo menos 35% das empresas respondentes. O total dos dispêndios para inovação também foi declarado constante para 56% das empresas, confirmando a tendência de estabilidade no trimestre. No entanto, considerando-se a trajetória dos últimos quatro anos (Gráfico 2), observa-se clara tendência de declínio no percentual de firmas que expandiram seus gastos em inovação, e clara tendência de elevação no percentual de firmas que reduziram tais gastos. Esses resultados – decorrentes de uma série de elementos ligados ao cenário macroeconômico, às estratégias das firmas e às características estruturais de nosso parque industrial – ajudam a explicar a trajetória cadente dos indicadores de inovação no período recente, e acende um alerta em relação às perspectivas futuras para a inovação.

Os gastos totais em P&D (interno e externo) em relação ao faturamento, por sua vez, apresentaram relativa estabilidade no quarto trimestre de 2015, corroborando a ideia de que os esforços em P&D são essenciais em períodos de crise econômica. Nesse trimestre, os gastos totais em P&D correspondem em média a 5,9% do faturamento das

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firmas (Gráfico 9)4. Conforme se pode observar, a trajetória recente é explicada pelo

comportamento dos gastos tanto em P&D interno quanto externo 5.

Gráfico 9 - Gastos em P&D interno e externo em relação ao faturamento (%) – 2012 / 2015

Fonte: Sondagem de inovação da ABDI

É interessante notar a presença de uma trajetória ascendente, ao longo de 2014, nos esforços das firmas industriais brasileiras no que se refere aos gastos em P&D, mesmo diante de um cenário de desaceleração da economia e menores receitas para as firmas. Nesse sentido, a manutenção de esforços de P&D se justifica como uma estratégia importante na busca por ganhos concorrenciais, ocupando novas brechas no mercado. No primeiro semestre de 2015, no entanto, com a piora no cenário econômico, o indicador de gasto em P&D em relação ao faturamento bruto recuou expressivamente e atingiu seu menor valor já detectado pela Sondagem de Inovação. No final de 2015, uma vez desconsiderada a influência de um outlier nos dados, os percentuais de gastos

4 Note-se que este número não é diretamente comparável com os indicadores de esforço para inovar da Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC), do IBGE. Em primeiro lugar, a amostra desta Sondagem é viesada em direção às empresas maiores e mais inovadoras. Em segundo lugar, esta Sondagem pergunta diretamente os gastos em P&D (interno e externo) em relação ao faturamento, e não os valores em si. Em terceiro lugar, o indicador aqui exposto é uma média aritmética simples das respostas, não ponderada pelo tamanho das empresas.

5 Cabe aqui um esclarecimento quanto ao resultado desse indicador, como observado no Gráfico 9. A elevação observada neste trimestre deve ser relativizada, pois os resultados foram distorcidos para cima em virtude de uma empresa ter declarado um gasto de 50% do faturamento, tanto em P&D interno, quanto externo. Dado que tais valores não são plausíveis, eles foram checados novamente com a empresa respondente, e por ela confi rmados. Como em outras situações semelhantes, o valor informado foi mantido, dado o caráter auto-declaratório da pesquisa. Entretanto, vale notar que, se eliminado este outlier, os percentuais médios gastos em P&D interno e externo se aproximam dos observados no trimestre anterior.

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totais em P&D em relação ao faturamento apresentaram relativa estabilidade, situando-se próximos à média verificada em 2013 e 2014 (isto é, de 3% a 4% do faturamento). Note-se, ainda, que a dinâmica dos esforços em P&D industrial se reflete em impactos de curto prazo sobre a inovação, mas gera, principalmente, impactos de longo prazo, dado que a inovação é um processo evolucionário que depende do acúmulo de conhecimento técnico e científico e sua aplicação à atividade produtiva em fases subsequentes. No quarto trimestre de 2015, o comportamento dos indicadores de esforço inovativo das firmas, tal como detectado pela Sondagem, indica um cenário indefinido para a trajetória futura da inovação. Por exemplo, observa-se percentual cada vez maior de firmas que reduzem seus dispêndios em P&D e que não possuem projetos de inovação em andamento; ao mesmo tempo, verifica-se relativa estabilidade nos gastos em máquinas e equipamentos e nas taxas de inovação esperada. Assim, como tais resultados influenciam decisivamente a capacidade de inovação das empresas para os próximos trimestres, a análise dos principais indicadores captados pela Sondagem não indica que a trajetória declinante da inovação na indústria brasileira deva se reverter no futuro próximo.

PESSOAL OCUPADO EM P&D

A Sondagem de Inovação coleta também informações sobre o pessoal ocupado em P&D nas empresas, segundo nível de escolaridade. O quadro de relativa acomodação na dinâmica inovativa e de queda na produção industrial não parece influenciar decisivamente a trajetória dos percentuais de empresas com doutores, mestres, pós-graduados e pós-graduados alocados exclusivamente em atividades de P&D. A rigor, os percentuais de empresas com números definidos desses profissionais ocupados em P&D tendem a apresentar baixa variabilidade ao longo das várias edições da Sondagem. No quarto trimestre de 2015, pode-se observar, em linhas gerais, um comportamento de relativa recuperação nesses indicadores, em todos os estratos analisados. Os percentuais de firmas que empregam doutores, mestres, especialistas e graduados em atividades de P&D apresentaram elevação. Neste período, 21,7% das empresas respondentes tinham doutores exclusivamente ocupados em P&D, sendo que 0,4% das empresas tinha entre 4 e 6 doutores alocados exclusivamente em P&D e 3,2% possuíam 7 ou mais. Esses valores podem ser considerados baixos para um país que tem potencial de ampliar de forma significativa o conteúdo do conhecimento envolvido nas inovações que suas empresas industriais realizam. 44,7% das empresas tinham mestres ocupados exclusivamente em P&D, sendo que 31,6% das firmas empregavam

Referências

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