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Espécies de risco epidemiológico

No documento MONITORAMENTO DE FAUNA TERRESTRE UHE COLÍDER (páginas 130-134)

4 RESULTADOS

4.1 AVIFAUNA

4.2.11 Espécies de risco epidemiológico

Mamíferos podem ser reservatórios e portadores de zoonoses de potencial significân- cia para a saúde pública. A fauna silvestre, de hábitos sinantrópicos, podem atuar como reservatórios, facilitando o surgimento de novos casos de doenças parasitárias em humanos. Perturbações na demografia de populações silvestres causadas por ação antrópica em ambientes naturais podem promover o contato de populações humanas com epizootias, antes restritas ao ciclo silvestre. São conhecidos vários casos de Leishmaniose na região onde se situa as obras da UHE Colíder e casos de animais domésticos infectados são relatados frequentemente aos postos de saúde. Na Tabela 19 são apresentadas algumas das principais zoonoses que podem ser transmitidas por mamíferos silvestres.

Tabela 19 – Principais zoonoses adquiridas de mamíferos silvestres, respectivos agentes etiológicos e vias de transmissão (adaptado de Barbosa et al. 2011.)

DOENÇA NO HOMEM AGENTE ETIOLÓGI-CO RESERVATÓRIOS ANIMAIS VIAS DE TRANSMIS-SÃO BACTÉRIAS

Anthrax Bacillus anthracis Mamíferos Fecal-oral e vetores Botulismo Toxinas de C. botuli-num Aves e mamíferos Fecal-oral

Brucelose Brucella spp. Ungulados, marsupiais e mamíferos Fecal-oral Campilobacteriose Campilobacter jejuni Aves e mamíferos Digestiva Cinomose Pseudomonas mallei Equídeos e carnívoros Aerógena Clostridiose Clostridium spp. Animais silvestres em ge-ral Diversas formas Colibacilose Escherichia coli Animais silvestres em ge-ral Fecal-oral

Doença de Lyme Borrelia burgdorferi Mamíferos Picada de vetores Febre maculosa Ricketsia rickettsii Marsupiais, roedores e lagomorfos Picada de carrapato

119 DOENÇA NO HOMEM AGENTE ETIOLÓGI-CO RESERVATÓRIOS ANIMAIS VIAS DE TRANSMIS-SÃO

Hanseníase Mycobacterium leprae Primatas, tatus Inalação, contato dire-to Leptospirose Leptospira interrogans Mamíferos Contato direto

Micobacterioses atípi-

cas Mycobacterium spp. Peixes, aves mamíferos e répteis Aerógena e digestiva Pasteurelose Pasteurella multocida Aves e mamíferos Aerógena e digestiva Peste Yersinia pestis Roedores e marsupiais Vetores ou contato

com feridas Pseudotuberculose Yersinia pseudotuber-culosis Aves e mamíferos Fecal-oral Salmonelose Salmonella spp. Aves, mamíferos e rép-

teis Fecal-oral Shiguelose Shiguela dysenteriae Primatas Fecal-oral

Tétano Clostridium tetani Mamíferos Contato com feridas Tuberculose Mycobacterium spp. Mamíferos e aves Aerógena, digestiva

VÍRUS

Dengue silvestre Flavivirus Cebídeos Vetor-mosquito Encefalite equina do

Leste Alphavirus Aves e roedores Vetor-mosquito Febre Aftosa Aphtovirus Artiodátilos Aerógena e secreções Febre Amarela Flavivirus Primatas Vetor-mosquito Febre de Mayaro Alphavirus Saguis, bugios Vetor-mosquito Hepatite A Picornavirus Primatas Fecal-oral

Herpes Herpesvirus simiae Primatas Saliva, arranhadura Herpes simples tipo I Herpesvirus hominis Primatas Saliva

Raiva Lyssavirus Mamíferos Saliva, mordida, arra-nhadura Sarampo Morbilivirus Primatas Aerógena

Varíola Orthopoxvirus Primatas Direta

PROTOZOÁRIOS

Criptosporidiose Criptosporidium spp. Peixes, aves mamíferos e répteis Fecal-oral

Doença de Chagas Trypanosoma cruzi Mamíferos Contato com fezes de vetores Giardíase Giardia lambia Aves e mamíferos Fecal-oral

Leishmaniose cutânea Leishmania brazilien-

sis Roedores e marsupiais

Picada do vetor flebo- tomíneo

Leishmaniose visceral Leishmania chagasi Canídeos Picada do vetor flebo-tomíneo Malária dos primatas Plasmodium spp. Primatas Picada do vetor Sarcocistose Sarcocystis spp. Felídeos e animais endo-térmicos Fecal-oral Toxoplasmose Toxoplasma gondii Felídeos Fecal-oral

Dentre os mamíferos registrados no presente estudo que podem ser potenciais trans- missores de doenças estão os roedores silvestres, que podem ser reservatórios de doenças como a hantavirose e a leptospirose; e os primatas, que podem servir como

120 reservatórios de doenças como a febre amarela; o morcego hematófago (Desmodus rotundus), pela sua importância na transmissão da raiva em animais herbivoros. Grandes roedores como as capivaras (H. hydrochaeris), comumente observadas du- rante todo o monitoramento, podem ainda ser reservatório de doenças como a febre maculosa e a doença de Lime, sendo transmitida por seus carrapatos a humanos e a animais domésticos.

Em empreendimentos hidroelétricos, a derrubada de mata nativa e formação de lagos pode possibilitar o aumento das populações de capivaras, fato que se agrava pela au- sência de predadores naturais, pelo seu hábito alimentar e potencial reprodutivo (IBAMA, 2000). Assim, podem apresentar um risco potencial a saúde pública quando em populações grandes e/ou crescentes (Governo de SP, 2002).

4.2.12 Esforço amostral

O esforço amostral despendido em todas as fases de campo realizadas somou 70 dias de campo, sendo 10 dias na primeira fase (15 a 24 de fevereiro de 2011), nove dias na segunda fase (27 de abril a 8 de maio de 2011), sete dias na terceira fase (10 a 17 de julho de 2011), quatro dias na quarta fase (21 a 24 de setembro de 2011) (cam- panha interrompida), oito dias na quinta fase (8 a 15 de fevereiro de 2012), oito dias na sexta fase (18 a 25 de abril de 2012), oito dias na sétima fase (17 a 24 de julho) e oito dias na última fase (14 a 21 de outubro).

Os dias de amostragem sistematizados permaneceram os mesmos seis dias por fase (exceto na fase 4) e os dias de busca livre (métodos não sistematizados) variaram conforme a possibilidade em cada campanha. Os métodos sistematizados são priori- zados desde o início da fase, e caso haja tempo ao final da aplicação dos métodos sis- tematizados, o restante do período é destinado à coleta de dados não sistematizados. O esforço amostral dividido por método é apresentado na Tabela 20.

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Tabela 20 – Esforço amostral despendido durante as fases do monitoramento de fauna

Método Quantidade / área amos- tral Nº de áreas amostrais Nº dias amostrais por fase No de fa- ses reali-

zadas Esforço total

Armadilhas Sherman + Tomahawk 35 + 15 = 50 3 6 8 6.300 armadi- lhas/noite Armadilhas de inter- ceptação e queda 24 baldes 240 m 3 6 8 3.024 baldes/dia 30.240m/dia Redes de neblina 12 3 6 (2 / área) 8 504 redes/noite

9.072 m2/h

Armadilhas fotográfi-

cas* 1 3 6 8

192 armadi- lhas/dia * Mais uma armadilha fotográfica em um lugar oportunístico, somando 4 armadilhas por fase.

A curva de acumulação de espécies ou curva do coletor aleatorizada, construída con- siderando-se a mastofauna amostrada nas oito fases do monitoramento de fauna, ainda não apresenta uma estabilização, uma vez que nessa última fase foram acres- centadas mais duas espécies (Gráfico 6). A curva apresentou um formato ascendente, sem apresentar uma assíntota, sugerindo que novos registros ainda podem ser espe- rados, apesar de escassos. Segundo, SANTOS (2006) é praticamente impossível de- terminar a riqueza total de um ambiente, principalmente em florestas tropicais, onde a diversidade é muito alta. No entanto, pretende-se alcançar dados próximos ao total.

Gráfico 6 – Gráfico ilustrando a curva do coletor refe- rente às oito fases do monitoramento da mastofauna

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