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2| Espaço de trabalho artístico | universo artístico

Como refere a autora e nos servirá de referência na análise pretendida:

“O trabalho faz o ser humano se sentir mais útil e numa sociedade utilitarista, esse sentimento é muito importante para que cada um reconheça a sua finalidade como ser humano. Com os idosos não é diferente. Ao se retirar ou se negar o trabalho ao idoso, estar-se-á retirando toda uma realidade construída e mais alguns sonhos ainda não realizados. Perdido o emprego, mudam-se as rotinas, perdem-se os vínculos sociais e, às vezes, o idoso perde até o seu próprio referencial como ser social. Viver passa a ser um fardo, um dia-a-dia sem perspectivas nem estímulos. Sucessivamente vem o ostracismo, a angústia, a depressão e essa série de mal- estar psicológico acaba por refletir no físico do indivíduo.” 63

Pretendemos assim uma reflexão para as necessidades dos seniores artistas, no contexto do seu espaço artístico:

Introdução de lógicas nos seus interiores tendo em conta

63

MAGALHÃES, Maria Lucia Cardoso de, A discriminação do Trabalhador Idoso. Responsabilidade Social, Belo Horizonte, 2008, p.35 ATELIERS o universo artístico e cultural a identidade do individuo activo a arte e a cultura elementos regeneradores autonomia e convívio

Algumas citações transcritas, que fundamentam esta ideia e que vão ao encontro da análise em questão:

“A estimulação é uma das práticas mais importantes para manter o velho com vida e com saúde” (…) “é importante criar um ambiente que favoreça a sua vida presente, propiciando-lhe momentos de lazer e ajudando-o a descobrir e a desenvolver actividades criativas.” 64

“A animação e a arte têm, neste sentido, muito a oferecer: são fonte de acção, de criação e de expressão, desenvolvendo assim o seu próprio “eu”, as suas capacidades psicomotoras, e a criatividade” 65

.

De acordo com citações de Verlaine Freitas66“A arte necessita de uma leveza na nossa relação com o mundo, para que nos libertemos das nossas associações habituais, e na medida em que frequentamos as obras, tanto mais a nossa sensibilidade se reforça para associações inéditas, para modos de ver o mundo cada vez mais diferentes e com uma riqueza renovada. O exercício artístico, então, é uma espécie de círculo virtuoso, pois quanto mais tomamos contacto com a arte, mais nos tornamos aptos a compreendê-la e também a fazer dela um elemento de ordem prática, orientando muito do sentido das nossas próprias ações.”

O pensamento de Friedrich Schiller 67é que “a reflexão sobre a arte faz com que a nossa percepção do mundo seja mais criativa, mais livre e portanto mais prazerosa, trazendo para si um pouco dessas características que estão presentes de modo vivo na atividade artística.”

“Muito do stress quotidiano e a nossa vulnerabilidade às doenças em geral, pode ser explicado em termos psicossomáticos, dessa interação entre a mente e o corpo. Ora, na medida em que a arte, congregando ao seu redor uma nova maneira de encarar o processo da vida, já em estágio avançado para o idoso, de um modo lúdico, cujo espírito de liberdade faz perceber um maior valor para a própria pessoa, então resta poucas dúvidas que esse envolvimento com arte tende a favorecer a saúde mental e também física, além da própria saúde social, que é algo que não se pode desprezar”.

64

ZIMERMAN, Guite I. - A Velhice Aspectos Biopsicossociais, 2000, Artemed, p.136

65

JACOB, L. – desconhecido o artigo da citação

66

FREITAS, Verlaine – 5º Concurso Banco Real de Talentos da Maturidade. Temática “Longevidade e tempo livre: Novas propostas de participação social e de valorização do idoso” – Reflexão sobre “ A liberdade artística e a valorização social do idoso”, Dezembro 2008, p.8

67

De acordo com reflexões de Verlaine de Freitas a esta temática

“Para o idoso, então, a arte ganha uma importância dificilmente comparável com qualquer outra forma de vida, uma vez que, tendo-se o tempo livre que o aposentado tem, permite todo o espírito da liberdade estética e pode ser usado como mola propulsora de um prazer de compartilhar experiência de vida, que se obteve ao longo de várias décadas, e que resultou do processo de vida em coletividade “

(…) “Mas a arte não é coletiva apenas pelo seu conteúdo humano ou pelo facto de colocar em jogo valores coletivos na sua produção, pois ela, como toda a atividade lúdica, incita a participação de grupos ao ser realizada. Como diz o filósofo Johan Huizinga 68, no seu livro Homo ludens - é próprio da atividade lúdica formar clubes, associações, reunindo pessoas que comungam o mesmo interesse pela realidade destacada, da vida habitual.”(…)

(…) “

Tal como uma criança brinca com os objetos que estão ao seu redor, conferindo a essa atividade um valor todo especial devido ao seu impulso lúdico, o idoso pode tomar todas as vivências como peças de uma “grande poesia de vida”. É preciso que ele se torne senhor de seu próprio passado, ao contrário do que ocorre muitas vezes, que é ser perseguido pelas lembranças. A história deixa de ser um peso para se tornar uma motivação de vida.” 69

68 HUIZINGA, Johan – 1872-1945 Professor e historiador holandês nascido em Groningen, Países Baixos. Conhecido

pelos seus trabalhos sobre a última etapa da Idade Média, a Reforma e o Renascimento, durante a sua atividade como intelectual, construiu reputação por toda a Europa. Considerado o fundador da moderna história cultural. As suas obras mais conhecidas foram Herfsttij der Middeleeuwen (1919), a sua obra clássica e a mais conhecida, traduzida O outono

da Idade Média, Erasmus (1924), uma monumental biografia do humanista Erasmo de Rotterdam, In de shaduwen van Morgen (1935), sobre a crise moral, intelectual e estética que acompanhou a crise política do período pré-nazista, e Homo Ludens (1938), onde propunha um novo modelo de civilização, sua principal contribuição social.

69

FREITAS, Verlaine – 5º Concurso Banco Real de Talentos da Maturidade. Temática Longevidade e tempo livre: Novas propostas de participação social e de valorização do idoso – Reflexão sobre “A Liberdade Artística e a