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(primeira definição do problema)

(segunda definição do problema)

(terceira definição do problema) Desenvolvimento do anteprojeto Apresentação ao cliente Organização da produção Implementação Verificação Determinação

de objetivos Determinaçãodo canal contexto e mensagemEstudo do alcance, prioridadesAnálise de e hierarquias

Com a evolução dos estudos metodológicos de projeto, conseguiu-se escla- recer partes ainda ocultas que envolviam o processo projetual em design. As pesquisas a respeito dos métodos projetuais auxiliam a atividade em diversos aspectos como, por exemplo, evitar um comportamento errante, impedindo que o designer perca-se ou distraia-se com freqüência no caminho projetual. Isso facilita a tomada de decisões projetuais, ou seja, decidir por um caminho, uma solução, e por uma determinada abordagem e exclusão de outra. Ainda, por meio do estudo e da utilização dos métodos projetuais, o designer pode identificar as bases para a geração de seu discurso projetual – verbal e gráfico. Apesar de fornecerem suporte à atividade projetual, os métodos propostos pelos pesquisadores não são garantia de um resultado adequado ou de sucesso em termos de projeto. Bonsiepe (1984) comenta que os métodos projetuais não são receitas culinárias. Seguindo uma receita, pode-se chegar a deter- minado resultado, porém, os métodos projetuais só possuem determinada probabilidade de sucesso. Bonsiepe (1978) comenta ainda que a supervalo- rização dos métodos projetuais, como objeto de estudo ou de uso, conduz a “metodolatria”. Isso pode ser tão arriscado para a atividade projetual quanto a total ausência de métodos. Contribuindo nesse sentido, Fontoura (2002, p. 81) salienta que:

Parece óbvio que a solução de um problema de design, pela comple- xidade que pode assumir, exige o planejamento das ações projetuais e o uso de métodos, sejam eles bem definidos ou não, ou ainda, bem estruturados ou não. Porém a adoção de métodos não é garantia de êxito. As técnicas projetuais empregadas num processo de design apre- sentam uma relativa probabilidade de sucesso. É sabido que a adoção de métodos, em qualquer procedimento de projeto, pode minimizar as possibilidades de erros e falhas, mas não as elimina. O grau de incerteza no processo diminui, porém, não é eliminado.

Van Aken (2005) afirma que, um dos objetivos chave da pesquisa acadêmica em design é desenvolver conhecimento para apoiar a atividade projetual. Salienta também que a literatura a respeito de processos de design fornece tanto processos descritivos quanto prescritivos. O processo de design evoluiu desde que começou a ser utilizado, e isso se deve, em grande parte, ao estudo de projetos realizados, bem como pela proposição de métodos, técnicas e fer- ramentas de design. Mesmo assim Van Aken (2005) comenta que os impactos na prática do design pelos modelos de processo de design encontrados na literatura são, infelizmente, ainda muito limitados até o momento.

Kroes (2002) salienta que o objetivo de um método de projeto é aprimorar o processo de design; isso significa que esse método assume uma postura normativa em relação ao processo. Por outro lado, Dorst e Dijkhuis (1995)

afirmam que, se é o desejo do campo acadêmico de estudos dos métodos projetuais, influenciar a prática e a educação em design, os pesquisadores deveriam concentrar-se nos problemas que os designers enfrentam, além de fazer isso de uma forma prontamente reconhecível para os designers.

As reais funções dos métodos projetuais na prática profissional dos desig- ners têm sido constantemente discutidas. Muitos profissionais não seguem a risca um método projetual nos seus trabalhos cotidianos. Porém, quando se trata de trabalhos em equipes com vários designers, o método pode apre- sentar-se como uma ferramenta útil para orientar um processo complexo, bem como organizar sistematicamente o trabalho.

Além disso, as funções mais importantes dos métodos projetuais consis- tem em auxiliar o aprendizado da atividade projetual do design e sistematizar a organização e a apresentação de processos de trabalho. No primeiro caso o método permite que os estudantes e aprendizes de design percebam a tota- lidade do projeto, suas fases, etapas, tarefas, ferramentas utilizadas, e todas as inter-relações. No segundo caso o método proporciona aos profissionais uma forma de organizar o pensamento projetual de uma maneira lógica e seqüencial, permitindo sua apresentação e facilitando sua compreensão pe- los indivíduos não envolvidos no projeto, como clientes, fornecedores e, até mesmo, outros designers.

Por meio das observações fica evidente que um projeto não possui, nor- malmente, rotas bem definidas, pois seu desenvolvimento pode percor- rer caminhos diferentes do que foi anteriormente planejado. Dessa forma, entende-se que o processo de design não pode ser formado por estruturas metodológicas completamente rígidas, mas por métodos adaptáveis às ne- cessidades de cada projeto.

Aspectos históricos

A pesquisa e a utilização dos métodos projetuais tiveram seu auge na década de 1960, quando as propostas de métodos projetuais foram apresentados e passaram a fazer parte do ambiente acadêmico do design (BONSIEPE, 1983; BÜRDECK, 2006; FONTOURA, 2002; SANTOS, 2005). No entanto, para entender com mais clareza as origens e o contexto em que os métodos projetuais se desenvolveram, é necessário retroceder no tempo, observando como os pro- jetos eram realizados antes da formalização desses métodos e do surgimento do design como disciplina acadêmica.

A necessidade de desenvolver objetos sempre foi inerente aos seres huma- nos. Com o passar dos anos, o aprimoramento da tecnologia e o aumento da complexidade dos objetos foram aperfeiçoando a atividade até o momento em que a mente humana não pôde mais conceber os objetos apenas pela relação direta entre modelo mental e a ação manual. No Renascimento, a produção dos objetos encontrou novas possibilidades por meio da representação gráfica

que permitia a visualização dos objetos antes do momento de sua produção. Fontoura (2002) afirma que, nesse momento, buscou-se um novo método de “desenhar” e “construir” objetos.

Fontoura (2002) também afirma que a partir do século XVII iniciou-se uma gradativa separação entre a arte e a técnica, até que esse panorama cul- minou na revolução industrial durante o século XIX. Santos e Menezes (2003) afirmam que “assim como a Revolução Industrial disseminou a divisão do trabalho, a atividade de projeto também sofreu uma modificação, surgindo a profissão do desenhista e do engenheiro e a divisão entre projeto e execu- ção”. Essa especialização do projeto, somada ao aumento de complexidade dos produtos, fez com que os métodos de projeto fossem mais utilizados, promovendo uma aproximação das atividades projetuais com os métodos científicos.

No início do século XX, segundo Santos (2005), a maneira de projetar dos artesãos influenciou as atividades projetuais, com enfoque nas questões de estilo, mesmo com a industrialização se desenvolvendo com grande rapidez. Por outro lado, houve uma maior aproximação do design com as ciências e os métodos científicos do que com a liberdade artística ou artesanal, por meio da disseminação do pensamento científico e racional. Aconteceu a decomposição do problema e do método de solução em partes, segundo o pensamento cartesiano.

No processo evolutivo das atividades projetuais, dois marcos são impor- tantes quando se referenciam os métodos de projeto, a Bauhaus e a Hochschu- le für Gestaltung de Ulm. Ambas as escolas influenciaram e ainda influenciam as questões práticas e didáticas relacionadas à atividade projetual do design. Na primeira escola, os métodos projetuais eram mais direcionados à prática, ao aprender fazendo, aproximando-se da arte e do artesanato, com ênfase na experimentação. É em Ulm, contudo, que se encontrava inserida numa outra época e num outro contexto social e tecnológico, que a atividade projetual aproximou-se da ciência, com um enfoque maior na racionalização, buscando atender a um contexto mercadológico mais complexo. Cipiniuk e Portinari (2006, p. 29) comentam que “do ponto de vista histórico, a adoção de métodos científicos na área do design remonta aproximadamente à década de 1950, quando o design rompeu alguns vínculos importantes que mantinha ainda com a tradição artística na produção de artefatos”.

Fruto do desenvolvimento científico e da racionalidade crescente, os mé- todos de Design possuem um marco claro inicial na literatura científica dos anos 60, com forte influência do modelo taylorista. Desenvolvidos no campo da engenharia, os métodos de design surgiram como apoio ao desenvolvimento de sistemas e equipamentos complexos, organi- zando as suas etapas, estabelecendo seqüências lógicas de atividades e

definindo técnicas específicas. Devemos lembrar que seria inconcebível e impraticável a realização de um projeto espacial que levou o homem à lua nas décadas de 60 e 70, sem a aplicação de rigorosos métodos, os quais englobavam precisas técnicas de controle e organização do tempo. Por isso a metodologia projetual como tal surgiu. (KISTMANN;

FONTOURA, 2002)

Bonsiepe (1983, p. 51) afirma que, “na década de 60, registrou-se o auge da metodologia projetual, quando os interesses anglo-saxão e teutônico se volta- ram para esse campo, até então mantido em estado de tranqüilidade bucólica. Esse processo culminou com a academização da metodologia, instituciona- lizada como disciplina universitária”. A partir desse momento os métodos de projeto mais racionais passaram a ser disseminados para diversos países, ocorrendo a substituição dos processos criativos intuitivos pelos processos lógicos relacionados com a engenharia.

Na década de 1970, um discurso muito característico no campo do design, segundo Kistmann e Fontoura (2002), era de que o projeto deveria se apoiar num método. Os autores salientam que isso não aconteceu por acaso, pois os métodos são fruto do avanço da racionalidade, que se iniciou na Europa do século XVII. Para os autores, “os projetos, com base nesta racionalidade, apóiam-se na metodologia e adquirem assim um caráter científico, o que os justifica e vão dar um caráter de seriedade, confiabilidade à tecnologia, enquanto forma de aplicação direta da ciência”.

Santos (2005) afirma que atualmente os métodos projetuais que estão sendo propostos estão tentando reunir as duas tendências novamente, bus- cando aprimorar a atividade projetual e retirar o melhor das duas correntes. Essa evolução inevitável tende a proporcionar o equilíbrio, uma vez que essa separação não contribui para o processo. “[...] o equilíbrio entre essas duas correntes de pensamento, valorizando um pouco mais cada um dos lados dependendo do momento específico ou do projeto a ser desenvolvido tem se mostrado o caminho mais sensato a ser percorrido” (SANTOS, 2005, p. 48).

Definições relacionadas

No campo de estudo dos métodos projetuais existem alguns termos espe- cíficos. Dessa forma, são necessários alguns esclarecimentos conceituais considerando as definições de metodologia, método e técnica projetual. Para Fontoura (2002, p. 81), “deve-se chamar a atenção para o fato dos termos ‘técnica’, ‘método’ e ‘metodologia’ serem muitas vezes confundidos. Nos traba- lhos de metodologia os autores nem sempre fazem, claras distinções entre eles, o que acaba gerando alguns mal entendidos”. Coelho (2006, p. 40) comenta que “processo, método e técnica são conceitos vizinhos, interpenetrantes e que precisam ser entendidos relacionalmente para permitirem a ação criativa

em termos da execução de um trabalho”. Cipiniuk e Portinari (2006, p. 17) contribuem, afirmando que:

Método é a designação que se atribui a um conjunto de procedimentos racionais, explícitos e sistemáticos, postos em prática para se alcançar enunciados e resultados teóricos ou concretos ditos verdadeiros, de acordo com algum critério que se estabeleça como Verdade. Metodolo- gia, por sua vez, é a área do campo das ciências, relacionada à Teoria do Conhecimento, que se dedica ao estudo (criação, análise ou descrição) de qualquer método científico.

Outras considerações são encontradas em Bonsiepe (1978 apud RODRÍGUES MORALES, 1988) e em Fontoura (2002). Segundo esses autores o método refere-se ao conjunto de recomendações para atuar em um campo específico da solução de problemas; a metodologia deve ajudar o solucionador de problemas a determinar uma seqüência de ações – quando fazer o que –, os conteúdos das ações e o que fazer mediante o conhecimento dos métodos; já as técnicas são os procedimentos específicos utilizados para solucionar o problema – como fazer.

Fontoura (2002, p. 79) comenta que a metodologia projetual é “uma se- qüência variada de operações e acontecimentos, planejada antecipadamente ou não, que envolve todas as fases ou etapas de um projeto, da familiarização com o problema, passando pela concepção do produto, pelo seu desenvolvi- mento, até a disponibilização do mesmo para os usuários”. Assim, compre- ende-se que a metodologia projetual deve oferecer uma série de indicações para a realização de determinado projeto, bem como fornecer uma visão geral, uma estrutura, do processo projetual.

Van Aken (2005) apresenta o que denomina de “design do processo”, ou seja, desenvolver, dar forma a um modelo de processo projetual, um método. Segundo o autor um design do processo deveria especificar as várias ativida- des do processo projetual que serão realizadas assim como seus respectivos períodos, além de uma especificação dos vários atores que executarão essas atividades de design. Dessa forma, para o autor, um design do processo com- pleto é constituído de duas partes estreitamente relacionadas: uma estrutura do processo e uma estrutura de papéis. O autor ainda afirma que, usualmente, os métodos projetuais em design especificam apenas a estrutura do processo e não a estrutura de papéis. Se por um lado, para designers que trabalham individualmente ou para projetos de design de pequena escala isso é desneces- sário, porque preencher a estrutura de papéis é trivial ou insignificante. Por outro lado, para processos de design de grande escala a estrutura de papéis deveria ser uma parte chave da proposta de um método projetual.

Aspectos estruturais dos métodos projetuais

Partindo de uma observação das características gerais dos métodos projetuais, são observadas as estruturas internas dos modelos metodológicos, ou seja, sua estruturação formal. Nesse sentido, Bonsiepe (1983, p. 52), comenta que os autores “partem da hipótese de que a atividade projetual das diversas áreas possui uma estrutura comum, independente do conteúdo das tarefas projetuais. A nível teórico, pois, não haveria diferença entre o projeto de uma etiqueta para uma garrafa de champagne e o projeto de uma maca hospitalar, ou o projeto de uma enfardadeira de alfafa”. Afirma ainda que “certamente, os métodos específicos a serem empregados em cada caso poderiam e deve- riam forçosamente variar, mas a seqüência de etapas a serem seguidas seria, essencialmente, idêntica, permanecendo invariável frente aos conteúdos projetuais variáveis. Uma vez diagramada a seqüência de passos, o diagrama se transformou em norma paradigmática”.

Essa estruturação dos métodos projetuais varia de proposta para proposta, porém numa observação geral, os métodos são divididos em fases, as fases em etapas e as etapas descritas em atividades. Assim, segundo Bonsiepe (1978), o método pode ser observado na sua macro-estrutura – fases e/ou etapas – e na sua micro-estrutura – a descrição das especificações técnicas empregadas em cada um dos componentes da macro-estrutura. Para Rodrígues Morales (1988) e Fontoura (2002), o método projetual divide-se numa macro-estrutura que é caracterizada como o modelo metodológico adotado, ou seja, as fases, e numa micro-estrutura que corresponde às etapas, passos ou procedimentos.

Numa outra abordagem, os métodos projetuais podem ser divididos em duas grandes fases, uma de compreensão do problema/projeto/produto e outra de materialização do problema/projeto/produto. Essas duas grandes fases podem receber denominações diferenciadas, porém se assemelham em suas definições. Fontoura (2002) denomina essas duas fases de análise e síntese, sendo a primeira conceitual e a segunda projetual. Redig (1983), por sua vez, denomina essas fases de períodos e os classifica em informa- tivo e projetivo, os quais se caracterizam também como análise e síntese

respectivamente.

Redig (1983) apresenta algumas definições para esses períodos (figura 2.5). No período informativo, parte-se de um contexto para se chegar às diretrizes do projeto, num processo de assimilação da realidade, ou seja, transforma-se o problema em uma série de parâmetros, materializando-se, basicamente, por meio de informações verbais (escritas ou faladas). No período projetivo, parte- se das diretrizes estabelecidas para se chegar a uma solução projetual, num processo de criação ou transformação da realidade, ou seja, transformação dos parâmetros em uma solução materializando-se, basicamente, por elementos formais (desenhos, fotos, modelos, etc.). O autor ainda salienta que:

Isso não significa que no Período Informativo não sejam processados elementos formais, nem que no Período Projetivo não sejam processa- das informações verbais, mesmo porque não existe uma fronteira rígida entre esses dois Períodos. Significa apenas que no primeiro Período as informações verbais são de maior incidência e importância cabendo às informações visuais a função secundária de ilustrar a informação verbal, ao contrário do segundo Período, quando as informações visuais são de maior incidência e importância, cabendo às informações verbais a função secundária de explicar a informação visual. (REDIG, 1983, p. 54)

Figura 2.5 – representação gráfica do projeto segundo sua organização em períodos, conforme Redig (1983).

Apesar da preocupação em definir as fases e as etapas, observa-se que pelo fato do projeto em design ser essencialmente baseado em processos práticos e criativos, sempre existirão momentos nos quais essas fases e etapas não poderão ser controladas plenamente, abrindo espaço para momentos de