• Nenhum resultado encontrado

GEOQUÍMICA

V.4. DIAGRAMAS DE VARIAÇÃO

V.4.3. Espectros dos ETR

Os espectros de ETR das amostras estudadas são apresentados na figura 19. Nesta é possível observar que existe uma amostra com anomalia negativa em Eu (Am. 2632, [Eu/Eu*]N=0,73), e outras apresentam anomalias positivas com intensidades variáveis (1,2<[Eu/Eu*]N<6,5).

Observa-se que existe tendência de correlação negativa entre a anomalia positiva de Eu e o grau de fracionamento expresso pela diminuição dos conteúdos de SiO2 (Fig. 19). E, o fracionamento dos ETR (La/YbN) exibe crescimento nos valores até 53%SiO2 (Am. 2640), havendo diminuição para a amostra mais diferenciada (Am. 2648).

73

Figura 19. Diagrama dos ETR normalizado pelo Condrito (Boyton, 1984) aplicado às rochas estudadas.

74

Capítulo VI

75

Este trabalho teve como objetivo estudar amostras-chave do Stock Litchfieldítico Itaju do Colônia, da Fazenda Hiassu intrusão mais famosa da Província Alcalina do Sul do Estado da Bahia, pela presença de grandes volumes de sienito de cor azul, que são explotados como predra semi-preciosa e as rochas azuladas como rocha ornamental muito valorizada e conhecida sob as terminologias Blue-Bahia ou Granito-Azul.

Para esse estudo selecionou-se amostras de rochas nas quais foi possível realizar estudo petrográfico, análises químicas de minerais e análises geoquímicas de rocha total (elementos maiores, menores e traços, com os Terras Raras inclusos).

Os dados geológicos disponíveis na literatura indicam que esse stock é um corpo com forma elipsoidal, com área não superior a 1 km2. Ele localiza-se na porção sul da Bahia, cuja a idade disponível o correlaciona ao magmatismo da Província Alcalina do Sul do Estado da Bahia (PASEBA) que tem idade neoproterozóica.

Os estudos petrográficos permitiram, com base no conteúdo modal da sodalita, reunir as rochas estudadas em três conjuntos (12-15%, 37-45% e 64%). A mineralogia presente nessas rochas é constituída por feldspatos alcalinos (microclina pertítica e albita, albita antipertíca), nefelina, aegirina, biotita, carbonato, mica branca, sodalita, minerais opacos, cancrinita, zircão, titanita, apatita. As relações texturais permitiram identificar uma sequência de cristalização iniciada pela formação precoce de minerais opacos, apatita, biotita, seguida pela cristalização de feldspatos alcalinos e nefelina. A titanita, cancrinita, carbonato, sodalita, aegirina e mica branca são formados pela reação de fluido peralcalino sódico rico em CO2 e cloreto com alguns dos minerais precoces.

Os dados químicos dos minerais permitiram identificar a presença de aegirina praticamente pura, feldspatos alcalinos reequilibrados a baixas temperaturas (< 450o C), nefelina com baixo conteúdo na molécula de quartzo, biotita rica na molécula de annita (Fe/[Fe+Mg]>0,96), sodalita com conteúdos de cloro entre 6 e 7%, presença de analcima, calcita, magnetita, paragonita. A monotonia composicional de vários minerais, como por exemplo aegirina, feldspatos, sodalita, carbonato e magnetita é interpretada como resultado da cristalização tardia sob a ação de fluido peralcalino.

76

Os minerais de cor branca presente em vênulas nessas rochas correspondem a uma paragênese de baixa temperatura, formada pela desestabilização da mineralogia primária. Eles foram identificados por Difratometria de Raios X como sendo cristais de tetranatrolita, hidrocancrinita, paragonita, gonnardita. O mineral verde escuro que ocupa algumas fraturas corresponde a fluorannita.

Os dados geoquímicos de rocha total obtidos para os sienitos estudados permitiram identificar que os seus conteúdos totais de álcalis são superiores aos nefelina sienitos usuais da literatura. Elas revelaram-se peralcalinas e a sua evolução química é similar aquela da suíte sub-saturada em óxido de silício da Província Alcalina do Sul do Estado da Bahia.

Os diagramas de Currie, evidenciam que as amostras estudadas situam- se predominantemente, no diagrama em percentual em peso, dominantemente miasquíticas, enquanto que no diagrama molecular a maioria dessas mesmas amostras mostram afinidades agapaítica. Ao se analisar os parâmetros de Shand essas rochas mostram-se peralcalinas com evolução para termos peraluminosos. Isso se materializa pela presença de coríndon normativo em algumas das amostras. O aparecimento de kalisilita normativa traduz o volume modal da sodalita, que se traduz igualmente na amostra de sodalitito pela presença do silicato teórico de sódio (Na2SiO3).

Nota-se nos diagramas de Harker o decréscimo de todos os óxidos dosados com a diminuição do SiO2, exceto para o Na2O e Al2O3, refletindo a cristalização importante da nefelina e sodalita no final.

Observa-se correlações lineares com o aumento de zircônio com alguns elementos traços incompatíveis (decréscimo em Y e Yb, crescimento com Hf). Com o crescimento no conteúdo em Ce percebe-se correlação positiva com Lu, La e Sr.

Os padrões de ETR marcam-se por dois conjuntos distintos. Um com anomalia fracamente negativa em Eu, que tem conteúdo total de ETR maior, sendo o menos diferenciado (maior conteúdo em SiO2) e, um outro conjunto, com forte anomalia positiva em Eu e conteúdo total de ETR menor, sendo mais diferenciado (menor conteúdo de SiO2).

77

BIBLIOGRAFIA

ARCANJO J.B.A. 1997. Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil. Itabuna, Folha SB.24-Y-B-VI, Estado da Bahia. Escala 1:100.000. Brasília: CPRM, 276p. (Mapas).

BARBOSA J.S.F & SABATÉ P. 2004. Archean and Paleoproterozoic crust of the São Francisco Craton, Bahia, Brazil: geodynamic feature.

Precambrian Research., 133:1-27.

BARBOSA J.S.F. 1986. Constituition Lithologique et metamorphique de la

région granulitique du Sud de Bahia (Brasil). Ph.D. Thesis Pierre et

Marie Curie niversity, Paris, França, 401 p.

BARBOSA J.S.F. 1990. The granulites of the Jequié Complex and Atlantic Mobile Belt, Southern Bahia, Brazil – An Expression of Archean Proterozoic Plate Convergence. In: D. Vilezeuf & Ph. Vidal (eds.) Granulites and Crustal Evolution. Proc of ARW, Clermont Ferrand, Spring -Verlag, p .: 195 -221.

BOYTON W.R. 1984. Cosmochemistry of the rare earth elents meteorites studies. In: Henserson, P. (Ed) Rare Earth Elements Geochemistry, p. 63-114.

CORDANI U.G., 1973. Evolução Geocronológica Pré-cambriana na Faixa Costeira do Brasil entre Salvador e Vitória. Tese de Livre Docência. Universidade de São Paulo, São Paulo – SP, 98p.

CORRÊA -GOMES L.C. & OLIVEIRA E.P. 2002. Dados Sm-Nd, Ar-Ar e Pb-Pb de corpos plutônicos no sudoeste da Bahia, Brasil: implicações para o entendimento da evolução tectônica no limite Orogenia Araçuaí – Cráton do São Francisco. Rev.Bras. Geoc,. 32:185-196.

CORRÊA GOMES L.C. 2000. Evolução dinâmica da Zona de Cisalhamento

neoproterozóica de Itabuna -Itajú do Colônia e do magmatismo fissural alcalino associado (SSE do Estado da Bahia, Brasil). Tese de

Doutorado, Univ. Est. de Campinas, 250p.

CORRÊA-GOMES L.C.: Tanner de Oliveira, M.A.F.: Motta.: Cruz, M.J.M. 1996. Província de Diques Máficos do Estado da Bahia. SGM. 144p.

COX K.G. et al. 1979. The Interpretation of Igneous Rocks. London: George Allen & Unwin Publisher Ltd., 450p.

CRUZ FILHO B.E. 2005 Relatório Técnico das Folhas Itapetinga, Potiraguá, Itarantim e Pau Brasil. m24f.

CUNHA M.P. 2003. Litogeoquímica dos Sítios Mineralizados em Sodalita Azul

do Maciço Rio Pardo e do Complexo Floresta Azul, Bahia . Dissertação

de Mestrado. Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia, 88 p.

78

CURRIE K.L. 1976. The Alkaline Rocks of Canada. Geol. Surv, Canada, Bull.239.228 pp.

DEER W.A.; HOWIE, R.A.; ZUSSMAN, J. 1992. An introduction to the rock- forming minerals. 2nd ed. Longman, London, 696 p.

DROOP, G.T.R. 1987. A general equation for estimating Fe+3 concentrations in ferromagnesian silicates and oxides from microprobe analyses, using stoichiometric criteria. Mineral. Mag., 51:431-435.

EBY G.N.; WOOLLEY, A.R.; DIN V.: PLATT G. 1998. geochemistry and petrogenesis of nefheline syenites: Kasungu-Chilapa, Ilomba and Ulindi Nepheline Syenite Intrusions, North Nyasa Alkaline Province, Malawi. J. Petrol, 38:1405-1424

FIGUEIRÊDO M.C.H. 1989. Geochemical evolution of eastern Bahia, Brazil: A probably Early Proterozoic subduction -related magmatic arc. J.S. Am.

Earth Sci., 2(2): 131-145.

FUJIMORI S. 1967. Rochas Alcalinas do Sul do Estado da Bahia. Notas preliminares e estudos da divisão de Geologia e Mineralogia do DNPM, Rio de Janeiro, 14 p.

FUJIMORI S. 1978. Rochas Alcalinas da Fazenda Hiassu, Itaju do Colônia, Bahia. Salvador: SBG, 117p. (Publicação Especial, 2).

HAMILTON D.L. & MACKENZIE, W.S., Phase equilibria studies in the system NaAlSiO4-KAlSiO4-SiO2. J. Petrol. 1965. 1:56-72.

HOLLCHER K. 2001. Norm Calculation Program www.union.edu/PUBLIC/ GEODEPT/petrology/programas/norm4.xls

JANOUSEK V.; FARROW C.M; ERBAN V. 2006. Interpretation of Whole-rock Geochemical Data in Igneous Geochemistry: Introducing Geochemical Data Toolkit (GCDkit). Journal of Petrology, 48(6): 1255-1259.

KARMANN I. 1987. O grupo Rio Pardo (Proterozóico Médio a Superior): uma

cobertura plataformal da margem sudeste do Craton do São Francisco.

Dissertação de Mestrado, Inst. de Geociências, USP, 129 p.

LEPAGE L.D. 2003. ILMAT: an excel worksheet for ilmenite magnetite geothermometry and geogarometry. Comuteres & Geosciences. 29(5):673-678.

LIMA M.I.C.; FONSÊCA E.G.; OLIVEIRA E.P.; GHIGNONE J.I.;ROCHA R.M.; CARMO U.F.; SILVA J.M.R.; SIGA Jr O. 1981. Geologia. In: Projeto RadamBrasil. Programa de Integração Nacional, Folha SD.24 - Salvador, 24:24-192.

MARINHO M.M.; BARBOSA J.S.F. 1993. O embasamento do Cráton do São Francisco no sudoeste da Bahia: revisão geocronológica. In: SIMPÓSIO CRÁTON DO SÃO FRANCISCO, 2., 1993, Salvador. Anais... SBG Núcleo Bahia Sergipe, ; p.2-16.

79

MARTINS A.A.M.; SANTOS R.A. 1993. Folha SD.24-Y-B-V – Ibicaraí: Escala 1:100.000.Brasília: CPRM, 192 p. Programa de Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil.

MASCARENHAS,J.F. 1979. Evolução Geotectônica do Pré-cambriando do Estado da Bahia.IN: H.A.V. Inda (Coord.) Geologia e recursos Minerais do Estado da Bahia. Texto Básico. Salvador: SME/COM, p.57-165. MASCARENHAS J.F. & GARCIA, T.W. 1989. Mapa geocronológico do Estado

da Bahia. Escala 1/1.000.000 – Texto Explicativo. SGM/SME (Superintendencia de Geologia e Recursos Minerais – Secretaria de Minas Energia), Bahia, Salvador.

MORAES FILHO J.C.R. & LIMA, E.S.2007. Região de Itapetinga, sul da Bahia (borda SE do Cráton do São Francisco): Salvador: CMPM, 72p. Série Arquivos Abertos; 27.

MORIMOTO N. 1990. Nomenclatura de piroxênios. Tradução do original em inglês “Nomenclature of pyroxenes” realizada com a permissão da IMA por Garda, M.G. & Atêncio, D., Revista Brasileira de Geociências, 20:318-328.

MENEZES R.C.L., 2012. Idade, petrografia e geoquímica do magmatismo anorogêniano criogeniano e toniano no Sul do Estado da Bahia. Tese de Doutorado, 96f.

PEDREIRA A.J.; ARAÚJO A.A.F.; PEDROSA C.J.; ARCANJO J.B.A.; OLIVEIRA J.E.; GUIMARÃES J.T.; BRANCO P.M.; AZEVEDO R.R.; SOUZA S.L.; NEVES J.P.; MASCARENHAS J.F.; BLADE L.V. 1975.

Projeto Bahia II, Relatório final. Salvador, CPRM.

PEDREIRA J.A; SOUTO P.G.; AZEVEDO H.C.A 1969. Metassedimento do Grupo Rio Pardo, Bahia-Brasil. In.SBG, Congresso Brasileiro de Geologia, 23, Salvador, Anais, p.87-99.

PEDREIRA J.A..1976, Estrutura da bacia Metessedimentar do Rio Pardo, Bahia-Brasil. In:SBG, Congresso Brasileiro de Geologia, 29, Ouro Preto.

Anais, 2:157-168..

PEDROSA-SOARES A.C.; NOCE C.M.; WIEDEMANN C.M.; PINTO C.P. 2001. The Araçuaí-West-Congo Orogen in Brazil: an overview of a confined orogen formed during Gondwanaland assembly. Precamb. Res., 1-4: 307-323.

PINHO I.C.A.; BARBOSA J.S.F.; LEITE C.M.M. 2003. Petrografia e Litogeoquímica dos metatonalitos e seus enclaves de granulitos básicos da parte sul do Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá, Bahia. Rev. Bras.

80

RENNÉ P.R.; ONSTOTT T.C.; D´AGRELA FILHO M.S.; PACCA I.G; TEIXEIRA W. 1990. 40Ar/39Ar dating of 1.0 Ga magnetizations from the São Francisco and Kalahari Cratons: tectonic implications for Pan-African and Brasiliano Móbile Belts. Earth and Planetary Scienci Letter, 101: 349- 366.

ROSA M.L.S.; CONCEIÇÃO H.; MACAMBIRA M.J.B.; GALARZA M.A.; CUNHA M.P.; MENEZES R.C.L.; MARINHO M.M.; CRUZ FILHO B.E.; RIOS D.C. 2007. Neoproterozoic anorogenic magmatism in the Southern Bahia Aklaline Province of NE Brazil: U-Pb and Pb-Pb ages of blue sodalite syenites. Lithos, (97):88-97.

ROSA, M.L.S., CONCEIÇÃO, H., MENEZES, R.C.L., MACAMBIRA, M.J.B., MARINHO, M.M., MENEZES, R.C.L., CUNHA, M.P., RIOS, D.C. 2005, Idade U–Pb da mineralização de sodalita-sienito (Azul–Bahia) no Stock Litchfieldítico Itajú do Colônia, sul do estado de Bahia. Revista Brasileira de Geociências. 35(3): 433-436.

SHAND S.J. Eruptive Rocks. London: Thomas Murby, 1927. 488p.

SHAOXIONG W.C & NEKVASIL H. 1994. SOLVCAL: an interactive graphics program package for calculating the ternary feldspar solvus and for two- feldspar geothermometry. Computers & Geosciences, 20(6):1025-1040 SILVA FILHO M.A.; MORAES FILHO O.; GIL C.A.A.; SANTOS R.A. 1974.

Projeto Sul da Bahia, Folha SD.24-Y-D. Relatório Final, Convênio DNPM-CPRM, 1:164 p.

SOUTO P.G & VILAS BOAS, G.S. 1969. Reconhecimento geológicos do município de Ilhéus. Itabuna,CEPEC, Informe técnico, 158p.

STRECKEISEN A. 1973. Plutonic Rocks. Classification and nomenclature recommended by IUGS Subcomission on the Systematics of Igneous Rocks. Geotimes, 18 (10);26-30.

STURM R. 2002. PX-NOM: an interactive spreadsheet program for the computation of pyroxene analyses derived from the electron microprobe. Institute of Physics and Biophysics, Hellbrunnerstr. 34, 5020 Salzburg, Austria Pages: 473 -483.

Documentos relacionados