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GEOLOGIA REGIONAL E LOCAL

III.4. Fácies Sienito com 64% de Sodalita

A mineralogia essencial dessa fácies é constituída por sodalita, nefelina, feldspato alcalino pertítico, albita e biotita (Tab. 4). Como acessórios tem-se magnetita, carbonato e zircão. Observa-se comumente em amostra de mão vênulas de cor branca nessas rochas. Ao se fazer as lâminas delgadas algumas desses regiões mostram-se como minerais pulverulentos, impossíveis de serem identificados ao microscópico. Igualmente encontrou-se zonas de fraturas ocupadas por material de cor verde escura a preta e com granulação afanítica. Em uma amostra coletou-se esses materiais e os analisou pela técnica de Difratometria de Raios X.

Tabela 4. Análise modal da amostra com 64% em volume de sodalita. 2648

Sodalita 64

Feldspato Alcalino Pertítico 9

Nefelina 14 Albita 5,2 Cancrinita 4 Magnetita 1,3 Biotita 1 Carbonato 0,8 Mica Branca 0,7

Sodalita - exibe contatos curvilíneos com os outros minerais. No caso dos

contatos com a nefelina, microclina e cancrinita eles são reentrantes (Prancha 4, Fotomicrografias 13, 14). Estes cristais contêm inúmeras inclusões de cristais anédricos de cancrinita (até 0,02 mm), carbonato (até 0,06 mm) e porções de cristais de nefelina e microclina.

Feldspato Alcalino Pertítico - apresenta-se com formas anédrica e subédrica

e suas dimensões variam de 0,15 mm até 0,75 mm, predominando os indivíduos com 0,16 mm. Esses cristais geminados segundo as leis Albita- Periclina normalmente apresentam exsolução tipo flâmula que tende a se concentrar na periferia do cristal (Fotomicrografia 15). Os contatos são

Prancha 4. Texturas em rochas do Stock Litchfieldítico Itajú do Colônia com teor de sodalita de 64%.

Fotomicrografia 13. Cristal de nefelina, anédrico com habito de folha, extinção ondulante e presença de inclusões vermiculares (tipo mirmequita). Comprimento da foto corresponde a 2,7 mm.

Fotomicrografia 14. Detalhe da micrografia 13. As setas em cor vermelha indicam vermicular de sodalita. Comprimento da foto corresponde a 1,8 mm.

Fotomicrografia – 15. Cristal de microclina com exsolução tipo flâmula concentrada na periferia. Comprimento da foto corresponde 2 mm.

Fotomicrografia - 16. Inclusão do plagioclásio na microclina. Comprimento da foto corresponde 0,52 mm.

Fotomicrografia – 17. Nefelina inclusões de cancrinita (0,15mm). Comprimento da foto corresponde a 3,2 mm.

Fotomicrografia – 18. Cristal de nefelina com

coroa descontinua de crancrinita (C).

Comprimento da foto corresponde 1,07 mm.

Nefelina Nefelina Nefelina Nefelina Sodalita Sodalita Sodalita Sodalita Sodalita Feds. Alc Feds. Alc Albita C Cancrinita Sodalita 33

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irregulares com os cristais de sodalita e eventualmente retos com cristais de plagioclásio. Ocorrem inclusões de plagioclásio euédricos geminados segundo a Lei Albita (Prancha 4, Fotomicrografia 16) e apresenta micro-fraturas preenchidas por carbonatos.

Nefelina - mostra-se como cristais anédricos cujas dimensões variam de 0,07

mm até 1,07 mm, predominando indivíduos com tamanhos em torno de 0,18 mm. Os seus contatos com os outros minerais são irregulares com os cristais de cancrinita, microclina e sodalita. Constata-se a presença de inclusões de zircão subédricos (0,02 mm) e cancrinita (0,15mm) (Prancha 4, Fotomicrografia 17). Em alguns cristais observou-se a presença de micro-fraturas preenchidas por cristais anédricos de carbonatos e cancrinita. Alguns cristais de nefelina mostram extinção ondulante e inclusões vermiculares de sodalita (tipo mirmequita) (Prancha 4, Fotomicrografias 13,14).

Albita - ocorre como cristais subédrico. Suas dimensões variam de 0,05 mm a

0,6 mm predominando cristais de tamanho 0,25 mm. Mostra frequentemente contatos com cristais de nefelina e microclina e curvilíneo com a sodalita. Exibem germinação segundo a Lei Albita. Ocorrem inclusões de cristais de biotita, com dimensões inferiores a 0,05 mm.

Cancrinita - apresenta-se como cristais anédricos com dimensões variando de

0,02 mm até 0,08 mm, predominando cristais com tamanhos em torno de 0,04 mm. Os seus contatos são irregulares. Normalmente ocorre sob a forma de agregados ou formando uma coroa de reação nos cristais de nefelina (Prancha 4, Fotomicrografia 18).

Magnetita - apresentam-se como cristais anédricos e subédricos de dimensões

variando de 0,04 mm até 0,45 mm, predominando cristais de tamanho 0,25 mm. Possui contatos irregulares e esta associada com os cristais de biotita.

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Biotita - exibe cor marrom, pleocroísmo de marrom a verde escuro, forma

subédrica formando palhetas de dimensões variando de 0,05 mm até 0,62 mm predominando cristais de tamanho 0,20 mm. Possui contatos retos com cristais de plagioclásio e curvos com minerais opacos. Ocorrem inclusões de minerais opacos (<0,03 mm).

Carbonato - mostra-se como cristais anédricos e subédricos de dimensões

variando de 0,08 mm até 0,14 mm. Possui contatos irregulares com microclina e nefelina. Ocorrem preenchendo interstícios entre os cristais da rocha.

Zircão - ocorre como cristais subédricos de dimensões predominante 0,02 mm.

Minerais pulverulentos de cor branca – a análise de DRX identificou a

presença dos seguintes minerais (Figura 5): tetranatrolita

[Na2(Al2Si3O10).2H2O], hidrocancrinita [Na2Al2Si3O.10(H2O)], paragonita [(NaAl2(Si3Al)O10 (OH)2], gonnardita [Na2CaAl4Si6O20] e halloysita [Al2Si2O5 (OH)4]

Mineral afanítico de cor verde escuro a preta – a análise de DRX identificou

que o mineral verde escuro que ocupa planos de fraturas no sodalitito apresentou composição de fluorannita [KFe3AlSi3O10F2] (Figura 6).

III.5. CONCLUSÕES

O capítulo de petrografia mostrou-se de fundamental importância nos estudos dessas rochas, pois permitiu identificar a ordem de cristalização dos minerais constituintes, assim como inferir sobre a natureza do fluido necessário para promover a cristalização de alguns minerais como sodalita, cancrinita e carbonato. A figura 7 apresenta a síntese da cristalização dos minerais no SIC.

   

 

Figura 5. Fotografia do sodalitito do local onde foi coletada a amostra dos minerais de cor branca que ocorrem na forma de vênulas para análise por Difratometria de Raios X [A]. Difratogramas de Raios X obtidos das duas amostras coletadas [B, C], sendo apresentado os picos dos minerais identificados: tetranatrolita; hidrocancrinita; paragonita; gonnardita e halloysita.

                                                               

Figura 6. Imagem da amostra 2648 onde a fratura é preenchida por material afanítico de cor verde escura. Difratrograma do material afanítico onde identificou-se a presença da fluoranita.

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Alguns dos minerais estudados são produtos de interação entre fluido(s) com a nefelina. Assim a cancrinita forma-se pela desestabilização da nefelina por fluido rico em CO2, e a calcita deve cristalizar nesse momento. Por outro lado, a formação da sodalita requer a necessidade de um fluido peralcalino sódico rico em cloreto, pois ela se forma a partir da reação desse fluido com a nefelina.

A aegirina forma-se tardiamente quando a rocha encontra-se totalmente cristalizada, como já explicitado no Capítulo 2, pois esse clinopiroxênio ocorre como faixas monominerálica, podendo resultar da cristalização de fluido peralcalino sódico (Fig. 7).

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Figura 7. Esquema apresentando a ordem de cristalização dos minerais do Stock Litchfieldítico Itaju do Colônia com base nas relações texturais observadas.

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Capítulo IV

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