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Espectros Raman da L − alanina − d

para uma nova configura¸c˜ao. Ent˜ao neste caso teremos uma mudan¸ca de estrutura[4].

4.2

Espectros Raman da L − alanina − d

7

Antes de iniciarmos a discuss˜ao do efeito da aplica¸c˜ao da press˜ao sobre os espectros Raman da L − alanina − d7 vamos fazer uma discuss˜ao do espectro Raman do material

`a press˜ao atmosf´erica. A Figura 16 apresenta o espectro Raman da L − alanina − d7 na

regi˜ao espectral entre 50 e 650 cm−1. As bandas observadas com n´umero de onda at´e cerca

de 150 cm−1 s˜ao associados aos modos externos. A banda em 355cm−1 est´a associada a

uma vibra¸c˜ao de deforma¸c˜ao do tipo δ(N CC)[12] e a banda em 342cm−1 est´a associada

a uma tor¸c˜ao do N D+

3, τ (N D3)[12]. Na referˆencia [12] estas duas bandas aparecem em

337cm−1 e 360cm−1.

A banda em 502cm−1 foi associada a um rocking do COO, r(CO

2 ) bem como a

banda em 598cm−1. Na referˆencia [12] estas bandas aparecem em 489cm−1 e 597cm−1.

Vamos agora analisar o intervalo entre 200cm−1 e 300cm−1. Segundo a referˆencia [12]

a banda em 271cm−1´e indentificada como δ(CCC) e a banda em 231cm−1foi indentificada

como δ(N CC). Segundo a mesma referˆencia a deutera¸c˜ao adicional das unidades C2H4

´e a respons´avel pelo aparecimento das bandas observadas. Nesta referˆencia estas bandas aparecem em 279cm−1 e 255cm−1.

A Figura 17 apresenta o espectro Raman da L−alanina−d7 na regi˜ao espectral entre

650 e 1250 cm−1 registrado `a press˜ao ambiente. A banda em 733 cm−1 est´a associada a

uma vibra¸c˜ao do tipo rocking da unidade CD3, r(CD3). No trabalho da referˆencia [12]

esta banda aparece em 732 cm−1.

A banda observada em 793 cm−1 est´a associada a uma vibra¸c˜ao do tipo rocking do

ND3, r(ND3). Esta banda na referˆencia [12] foi observada em 792 cm−1. A banda em

870 cm−1 est´a associada ao estiramento sim´etrico e anti-sim´etrico da sub-unidade CCN,

ou seja, a classifica¸c˜ao destas duas bandas ´e: δs(CCN) e δA(CCN)[12]. No trabalho da

referˆencia [12] esta banda est´a em aproximadamente em 868 cm−1.

As bandas observadas em 902 e 939 cm−1 est˜ao associadas a vibra¸c˜oes de deforma¸c˜ao

do CD, ou seja, δ(CD) e δ′

(CD), ou mais precisamente, a pares perpendiculares de de- forma¸c˜oes do tipo CD[12]. Na referˆencia [12] estes pares aparecem em 902 e 937 cm−1.

As bandas em 1028 e 1068 cm−1 est˜ao associadas a vibra¸c˜oes do tipo deforma¸c˜ao

4.2 Espectros Raman da L − alanina − d7 45

Figura 17: Espectro Raman da L-alanina totalmente deuterada na press˜ao ambiente para o intervalo de 0 a 650 cm−1

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Figura 18: Espectro Raman da L-alanina totalmente deuterada `a press˜ao ambiente para o intervalo de 650 a 1250 cm−1.

4.2 Espectros Raman da L − alanina − d7 47

No trabalho da referˆencia [12] estas bandas aparecem em 1026 e 1065 cm−1. A banda em

1138 cm−1 est´a associada `a vibra¸c˜ao δ

S(N D3), enquanto que a banda em 1191 cm−1 est´a

associada `a vibra¸c˜ao δA(N D + 3).

Na Figura 18 apresentamos o espectro Raman da L-alanina totalmente deuterada tomado `a press˜ao ambiente no intervalo entre 1250 e 1700 cm−1. Observamos pelo espectro

tomado `a press˜ao ambiente que existem somente duas bandas. O primeiro modo foi observado em 1398 cm−1 e ´e identificado como uma vibra¸c˜ao de estiramento sim´etrico

da unidade COO−, ν

S(CO2)[12]. O segundo foi observado em 1590 cm−1, tendo sido

identificada como uma vibra¸c˜ao do tipo estiramento anti-sim´etrico da unidade COO−,

νA(CO2)[12].

Na Figura 19 apresentamos o espectro Raman da L-alanina totalmente deuterada tomado `a press˜ao ambiente varrendo o intervalo de 2000 a 2500 cm−1. Vemos nesta figura

claramente sete modos normais de vibra¸c˜ao. De acordo com a Ref.[12] existe um modo de estiramento sim´etrico da unidade CD3, νS(CD3), em 2081 cm−1, sendo que na referˆencia

citada esta banda aparece em 2082 cm−1. A banda observada em 2152 cm−1 corresponde

a um estiramento sim´etrico da unidade N D+

3, νS(N D3)[12]. Na mesma referˆencia esta

banda est´a localizada em 2149 cm−1. A banda observada em 2192 cm−1 est´a associada

a uma vibra¸c˜ao de estiramento CD, ν(CD)[12]; na referˆencia citada esta banda aparece em 2190 cm−1. A banda em 2247 cm−1 corresponde a uma vibra¸c˜ao de estiramento

anti-sim´etrico da unidade CD3, νA(CD3)[12]. No trabalho da referˆencia [12] esta banda

aparece em 2246 cm−1.

A banda que aparece no espectro da press˜ao atmosf´erica em 2316 cm−1 corresponde

talvez a uma vibra¸c˜ao do tipo estiramento anti-sim´etrico do N D+

3, νA(N D3)[12]. Segundo

a mesma referˆencia [12] esta banda est´a em 2311 cm−1.

Um resumo desta se¸c˜ao ´e fornecido na tabela 3, onde est˜ao listadas todas as ban- das que aparecem no espectro Raman da L-alanina-d7 na press˜ao atmosf´erica com as correspondentes identifica¸c˜oes.

4.2 Espectros Raman da L − alanina − d7 48

Figura 19: Espectro Raman da L-alanina totalmente deuterada `a press˜ao ambiente na regi˜ao espectral entre 1250 e 1750 cm−1.

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Figura 20: Espectro Raman da L-alanina totalmente deuterada `a press˜ao ambiente no intervalo espectral entre 2000 a 2500 cm−1.

4.2 Espectros Raman da L − alanina − d7 50

Tabela 3: Freq¨uˆencia dos modos da L-alanina-d7 `a press˜ao ambiente Freq¨uˆencia (cm−1) Identifica¸c˜ao

112 187 264 357 δ(NCC) 502 r(CO− 2)

598 r(COO−) + vibra¸c˜ao (COO)

733 r(CD3) 796 r(N D3) 870 δS(CCN) + δA(CCN) 904 δ(CD) 1028 δA(CD3) 1068 δS(CD3) 1139 δS(N D3) 1194 δA(N D3) 1399 νS(CO2) 1466 1593 νA(CO2) 2080 νS(CD3) 2105 2152 νS(N D3) 2194 ν(CD) 2247 νA(CD3) 2316 νA(CD3) 2382

Antes de abordarmos os resultados da L-alanina deuterada faremos um r´apido re- sumo do conhecimento j´a existente `a respeito do comportamento dos cristais de L-alanina n˜ao-deuterados com press˜ao. Para isto iremos nos basear nos trabalhos das Refs.[4,19]. Incialmente o estudo da Ref.[4] mostrou que sob condi¸c˜oes de altas press˜oes os cristais de L-alanina apresentam uma transi¸c˜ao de fase em 2,3 GPa. Esta descorberta foi calcada em medidas de espalhamento Raman realizadas sobre amostras de L-alanina dentro de uma c´elula de press˜ao a extremos de diamantes, semelhante aquela utilizada neste trabalho. Este estudo mostrou que modifica¸c˜ao no n´umero de modos associados `a vibra¸c˜oes da rede (modos externos) estava relacionado com uma modifica¸c˜ao estrutural naquele valor de press˜ao. Al´em disto, foi poss´ıvel observar-se que mudan¸cas nas intensidades tanto de modos internos quanto de modos externos acontecendo exatamente em P = 2,3 GPa, estavam associados `a esta transi¸c˜ao de fase. Apesar deste conhecimento, n˜ao foi poss´ıvel inferir-se pelas medidas de espalhamento Raman qual seria a nova fase apresentada pelo

4.2 Espectros Raman da L − alanina − d7 51

cristal.

Num estudo posterior, publicado recentemente [19] investigou-se a estrutura de um cristal de L-alanina submetido a altas press˜oes utilizando-se difra¸c˜ao de raios-X com ra- dia¸c˜ao s´ıncronton. Este estudo pode ser considerado como complementar aquele discutido no ´ultimo par´agrafo. O estudo de difra¸c˜ao de raios-X confirmou a transi¸c˜ao de fase es- trutural observada em 2,3 GPa por espalhamento Raman e identificou a nova fase. Em press˜oes superiores ao valor cr´ıtico observou-se o colapso dos picos dubletos 110/011 e 120/021 em picos simples. Estes colapsos foram interpretados como uma mudan¸ca estru- tural da fase ortorrˆombica para uma fase tetragonal. A transi¸c˜ao de fase ´e ainda mais claramente entendida quando se faz um gr´afico da evolu¸c˜ao do espa¸camento dos planos da rede em fun¸c˜ao da press˜ao. Na nova fase tetragonal verificou-se, tamb´em, que a raz˜ao dos parˆametros da c´elula unit´aria c/a = 2,11 ´e praticamente independente da press˜ao.

O trabalho da Ref.[19] foi ainda al´em. Aumentando-se ainda mais a press˜ao observou- se o aparecimento de novos picos de difra¸c˜ao em aproximadamente 9 GPa, indicando uma nova mudan¸ca estrutural, desta feita para uma simetria mais baixa. Fazendo-se uma an´alise criteriosa, foi poss´ıvel identificar a nova fase como pertencente a uma estrutura monocl´ınica. Na press˜ao de 10,4 GPa determinou-se os parˆametros da rede como sendo a = 10,159, b = 4,757, c = 7,282 ˚A e β = 100, 67o. ´E interessante destacar que atrav´es

dos experimentos de difra¸c˜ao de raios-X tamb´em foi poss´ıvel determinar o m´odulo de bulk como sendo B0 = 31,5 GPa, `a press˜ao ambiente. Em resumo, medidas diversas

de espalhamento Raman e difra¸c˜ao de raios-X mostram que cristais de L-alanina n˜ao deuterada sofrem as seguintes modifica¸c˜oes de simetria nas press˜oes (em GPa) indicadas sobre as setas.

ortorrˆombica−→2.3

tetragonal−→9

monocl´ınica

Ap´os este breve resumo dos resultados de experimentos de press˜oes sobre um cristal de L-alanina n˜ao deuterada vamos discutir o efeito da press˜ao sobre um cristal de L-alanina completamente deuterada.

Incialmente discutimos o comportamento dos modos vibracionais de L-alanina deuter- ada na regi˜ao espectral entre 2000 e 2500 cm−1 num experimento no qual a press˜ao era

aumentada (Figura 20). Nesta regi˜ao, como relatado anteriormente, s˜ao esperados serem observados os modos de estiramento C-D. A banda marcada por uma seta no espectro de 0,3 GPa corresponde a um estiramento sim´etrico da unidade CD3, νs(CD3)[18]. Observa-

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a maioria das bandas. No espectro da Fig. 20 ainda s˜ao vis´ıveis bandas associadas ao estiramento sim´etrico do N D+

3, marcado com N, ao estiramento do CD, ν(CD), marcado

por uma letra C, al´em da banda marcada com uma letra A que est´a associada ao esti- ramento anti-sim´etrico do CD3, νA(CD3). Na verdade esta ´ultima banda ´e um dubleto

nas condi¸c˜oes normais de temperatura e press˜ao. Observa-se que o aumento da press˜ao produz uma maior separa¸c˜ao desta banda, principalmente acima de 2,3 GPa, embora o alargamento j´a seja vis´ıvel a partir de 1,6 GPa.

A Fig. 21 apresenta os espectros Raman da L-alanina-d7 na regi˜ao de alta freq¨uˆencia num experimento de press˜ao onde ocorreu descompress˜ao. Observa-se que os espectros a baixas press˜oes s˜ao bastante similares aos de mais baixa press˜ao no in´ıcio do experimento (Fig 20). Em outras palavras, o efeito da aplica¸c˜ao de press˜ao no cristal de L-alanina deuterada ´e revers´ıvel, pelo menos tal como ´e verificado pelos espectros Raman na regi˜ao espectral na Fig. 21.

A Fig. 22 apresenta a evolu¸c˜ao das freq¨uˆencias dos modos Raman da L-alanina deuterada em fun¸c˜ao da press˜ao para o intervalo de freq¨uˆencia apresentado na Fig. 20. Destaca-se o deslocamento da banda A acima de 2 GPa e uma pequena varia¸c˜ao de freq¨uˆencia de algumas bandas acima de 4 GPa. Outro fato de bastante relevˆancia ap- resentado ´e uma ligeira descontinuidade nas curvas de dω/dP para duas bandas nesta regi˜ao espectral. Este resultado, juntamente com outros ind´ıcios, ser´a importante para se entender a mudan¸ca que ocorre na estrutura da L-alanina deuterada sob press˜ao.

4.2 Espectros Raman da L − alanina − d7 53

Figura 21: Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada num experimento de compress˜ao para o intervalo de 2025 a 2400 cm−1. entre as press˜oes de 0,3 e 5,5 GPa.

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Figura 22: Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada num experimento de abaixamento de press˜ao para o intervalo de 2025 a 2400 cm−1. entre as press˜oes de 0,3 e

4.2 Espectros Raman da L − alanina − d7 55

Figura 23: Gr´afico de evolu¸c˜ao da freq¨uˆencia versus press˜ao da L-alanina totalmente deuterada num experimento de aumento de press˜ao para o intervalo de 2050 a 2400

4.2 Espectros Raman da L − alanina − d7 56

A Figura 23 apresenta a evolu¸c˜ao dos espectros Raman da L − alanina − d7 na regi˜ao

espectral entre 1400 e 1700 cm−1 num experimento de aumento de press˜ao. A banda larga

entre 1425 e 1485 cm−1´e devida ao ´oleo mineral (nujol) utilizado como l´ıquido compressor.

Entretanto, `a press˜ao ambiente, espera-se observar uma banda em 1395 cm−1 associada

ao estiramento sim´etrico do CO−

2, νS(CO2). Portanto, as bandas marcadas com setas

nos espectros de 0,8 a 3,3 GPa foram identificadas como estiramento sim´etrico do CO− 2.

N˜ao ´e poss´ıvel acompanhar-se o comportamento desta banda at´e mais altas press˜oes em virtude dela, a partir de 4,4 GPa, ficar misturada com a banda associada a um modo vibracional do nujol. A banda marcada por um asterico no espectro registrado a 0,3 GPa est´a associada a um estiramento anti-sim´etrico do CO−1

2 , νA(CO2); devido `a sua baixa

intensidade n˜ao ´e poss´ıvel acompanhar o seu comportamento at´e os mais altos valores de press˜ao atingidos nos experimentos.

Durante a descompress˜ao ´e poss´ıvel observa-se mais claramente a separa¸c˜ao espacial entre a banda associada ao νS(CO2) da L − alanina − d7 e a banda larga pertencente

ao nujol (Figura 24). A seta indica a banda associada ao estiramento sim´etrico do CO− 2.

Observe-se que nesta figura tamb´em fica claro que a pr´opria banda larga associada ao nujol em press˜oes baixas sofre uma separa¸c˜ao em altas press˜oes. De uma forma geral observa-se que nesta regi˜ao espectral os efeitos da press˜ao hidrost´atica s˜ao revers´ıveis.

A Figura 25 apresenta a evolu¸c˜ao das freq¨uˆencias dos modos Raman da L-alanina deuterada que aparecem nos espectros da Figura 23. Observa-se, al´em de uma mudan¸ca leve nas freq¨uˆencias de dois modos a baixas press˜oes, uma forte mudan¸ca de freq¨uˆencia em press˜oes superiores a 4 GPa.

4.2 Espectros Raman da L − alanina − d7 57

Figura 24: Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada num experimento de compress˜ao para o intervalo de 1380 a 1700 cm−1 entre as press˜oes de 0,3 e 5,5 GPa.

4.2 Espectros Raman da L − alanina − d7 58

Figura 25: Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada num experimento de descompress˜ao para o intervalo de 1380 a 1700 cm−1 entre as press˜oes de 4,57 e 0,13

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Figura 26: Gr´afico de evolu¸c˜ao da freq¨uˆencia versus press˜ao da L-alanina totalmente deuterada num experimento de compress˜ao para o intervalo de 1380 a 1700 cm−1.

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A Figura 26 apresenta a evolu¸c˜ao dos espectros Raman de L − alanina − d7 com a

press˜ao na regi˜ao espectral entre 700 - 1250 cm−1num experimento de aumento de press˜ao.

Nesta regi˜ao as bandas aparecem muito mais nitidamente do que na regi˜ao anteriormente analisada. A banda assinalada por um asterisco no espectro 0,3 GPa est´a associada a uma vibra¸c˜ao do tipo deforma¸c˜ao sim´etrica do CD3, δS(CD3), que num espectro registrado

com a amostra fora da c´elula de press˜ao, apresenta-se como um pico duplo (dubleto). J´a as duas bandas marcadas por duas setas no espectro de 0,3 GPa est˜ao associadas `a deforma¸c˜ao assim´etrica do N D+

3, δA(N D3); com o aumento de press˜ao observa-se que a

separa¸c˜ao aumenta ainda mais.

A banda em 1137 cm−1 est´a associada a uma vibra¸c˜ao do tipo deforma¸c˜ao sim´etrica

do N D+

3, δS(N D3). Com exce¸c˜ao desta banda pode-se afirmar que praticamante todas as

bandas na Figura 26 sofrem um aumento do n´umero de onda com o aumento da press˜ao. De fato, ela sofre um ”red-shift”, o que parece indicar um enfraquecimento das liga¸c˜oes N-D.

A figura 27 apresenta a evolu¸c˜ao dos espectros da L-alanina-d7 com a diminui¸c˜ao de press˜ao para a regi˜ao espectral entre 700 e 1250 cm−1. Observa-se a reversibilidade

de todos os efeitos da press˜ao produzidos originalmentecom o aumento do valor deste perˆametro termodinˆamico. ´E interessante, em particular, observar-se o efeito inverso no n´umero de onda da banda δS(N D3): com a diminui¸c˜ao da press˜ao a banda sofre um ′′blue-shift′′, ou seja, um desvio para mais alta energia, al´em de diminuir bastante a sua

largura de linha.

Os efeitos da press˜ao na freq¨uˆencia dos modos da L-alanina deuterada ativas no Raman na regi˜ao espectral 650 - 1250 cm−1´e apresentado na Figura 28. Destaca-se, em particular,

4.2 Espectros Raman da L − alanina − d7 61

Figura 27: Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada num experimento de compress˜ao para o intervalo de 650 a 1250 cm−1. entre as press˜oes de 0,3 e 5,5 GPa.

4.2 Espectros Raman da L − alanina − d7 62

Figura 28: Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada num experimento de descompress˜ao para o intervalo de 650 a 1200 cm−1. entre as press˜oes de 4,57 e 0,13

4.2 Espectros Raman da L − alanina − d7 63

Figura 29: Gr´afico de evolu¸c˜ao d¨a freq¨uˆencia versus press˜ao da L-alanina totalmente deuterada num experimento de compress˜ao para o intervalo de 700 a 1250 cm−1.

4.2 Espectros Raman da L − alanina − d7 64

A figura 29 apresenta a evolu¸c˜ao dos espectros Raman da L−alanina−d7em fun¸c˜ao da

press˜ao na regi˜ao espectral entre 200 e 650 cm−1 num experimento de aumento de press˜ao.

As bandas mais proeminentes est˜ao associadas `a deforma¸c˜ao do CO−

2, em aproximada-

mente 600cm−1; ao ”rocking”do CO−1

2 em aproximadamante 500 cm−1; `a deforma¸c˜ao do

tipo NCC, em aproximadamente 360 cm−1. Todos elas evoluem linearmente com a press˜ao

e nenhuma separa¸c˜ao de bandas ´e observada nesta regi˜ao do espectro. Observa-se adi- cionalmente, uma banda de baixa intensidade, marcada com uma seta, que est´a associada ao modo de tor¸c˜ao do N D3, τ (N D3), que discutiremos em mais detalhes num par´agrafo

a frente.

A figura 30 apresenta, para um experimento de descompress˜ao, a evolu¸c˜ao dos espec- tros Raman da L-alanina-d7 no intervalo entre 200 e 650 cm−1. Observe-se novamente

a recupera¸c˜ao da forma dos espectros quando a press˜ao retorna para baixos valores. A evolu¸c˜ao da freq¨uˆencia dos modos Raman nesta regi˜ao espectral ´e apresentada na Figura 31.

Resta agora discutir o que ocorre na regi˜ao de baixa freq¨uˆencia. Lembramos que em algumas situa¸c˜oes, quando se trata de cristais de amino´acidos, uma transi¸c˜ao de fase est´a associada a mudan¸cas na regi˜ao de baixa freq¨uˆencia dos espectros Raman sem ocorrer nenhuma modifica¸c˜ao em modos de altas freq¨uˆencias ou modos internos. ´E por esta raz˜ao que embora tenham sido observadas algumas mudan¸cas nos espectros mostrados at´e aqui ser´a fundamental analisar-se cuidadosamente a regi˜ao dos modos externos.

A Figura 32 apresenta a evolu¸c˜ao dos espectros Raman da L − alanina − d7 com

a press˜ao no intervalo de freq¨uˆencia entre 50 e 200 cm−1. Como j´a comentado, esta ´e

a regi˜ao dos modos externos. Os modos que aparecem nesta figura apresentaram um comportamento altamente sugestivo de que o cristal de L-alanina-d7 sofre uma transi¸c˜ao de fase a altas press˜oes. Para entendermos de uma forma mais clara a ocorrˆencia de uma poss´ıvel transi¸c˜ao de fase, consideremos tamb´em o gr´afico da freq¨uˆencia dos modos de baixa energia em fun¸c˜ao da press˜ao, Figura 34. Observa-se uma leve descontinuidade na freq¨uˆencia da banda de maior freq¨uˆencia em ≈ 1,5 GPa e descontinuidades nas freq¨uˆencias das duas bandas para press˜oes superiores 4,4 GPa. Em conjunto com as modifica¸c˜oes que ocorrem em outras regi˜oes espectrais somos levados a deduzir que acima de 1,5 GPa e acima de 4,4 GPa o cristal de L-alanina deuterada sofra transi¸c˜oes de fase estruturais.

´

E interessante, antes de aprofundar um pouco a discuss˜ao da transi¸c˜ao com a press˜ao, recordar a transi¸c˜ao de fase com a temperatura sofrida pelo cristal de L−alanina−d7. Os

4.2 Espectros Raman da L − alanina − d7 65

de bandas localizadas entre 100 e 150 cm−1, cuja ´unica justificativa foi a mudan¸ca de

simetria do cristal devido `a modifica¸c˜ao no tamanho das pontes de hidrogˆenio quando se deutera um cristal. Claro est´a que os dois mecanismos de transi¸c˜ao de fase na L- alanina deuterada, com a temperatura e press˜ao, devem ser diferentes uma vez que n˜ao foi observada nenhuma separa¸c˜ao de bandas na regi˜ao de baixa freq¨uˆencia.

Como interpretar os nossos resultados `a luz do que se conhece sobre a L − alanina − d0? A L − alanina − d0 possui uma distˆancia N-O m´edia bastante pequena, 2,83 ˚A, o

que significa que as mol´eculas na c´elula unit´aria encontram-se bastante juntas. Como a estabilidade destas mol´eculas se d´a exatamente por interm´edio das liga¸c˜oes de hidrogˆenio `a princ´ıpio seria mais f´acil desestabilizar uma estrutura com liga¸c˜oes mais longas. Ou seja, liga¸c˜oes de hidrogˆenio mais longas implicariam numa menor estabilidade da estrutura. Isto ´e o que j´a foi observado, por exemplo, quando se estudou a L − alanina − d0 e a

L − alanina − d7 a baixas temperaturas. Verifcou-se que enquanto o cristal n˜ao deuterado

´e est´avel no intervalo de temperatura entre 10 e 300 K, o cristal deuterado apresenta uma transi¸c˜ao de fase em torno de 200 K. Em outras palavras, este ´ultimo resultado aponta para uma maior estabilidade da estrutura com liga¸c˜oes mais curtas.

Por ´ultimo, ´e interessante comparar este resultado com outros j´a existentes na liter- atura. Em primeiro lugar, ´e conhecido que a press˜ao hidrost´atica modifica a estrutura da

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