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Espalhamento Raman em Policristais de Lalanina deuterados sob pressão

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Academic year: 2018

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(1)

Universidade Federal do Cear´a

Ricardo Oliveira Gon¸

calves

Espalhamento Raman em cristais de

L-alanina deuterados sob press˜

ao

Fortaleza – CE

(2)

Copyright 2008 Ricardo Oliveira Gon¸calves.

(3)

Ricardo Oliveira Gon¸

calves

Espalhamento Raman em cristais de

L-alanina deuterados sob press˜

ao

Disserta¸c˜ao submetida `a Coordena¸c˜ao do Curso de P´os-Gradua¸c˜ao em F´ısica, da Uni-versidade Federal do Cear´a, como requisito parcial para a obten¸c˜ao do grau de Mestre em F´ısica.

Orientador:

Prof. Dr. Paulo de Tarso Cavalcante Freire

Co-orientador:

Prof. Dr. Josu´e Mendes Filho

Fortaleza – CE

(4)

Disserta¸c˜ao de Mestrado sob o t´ıtulo“Espalhamento Raman em cristais de L-alanina deuterados sob press˜ao”, defendida por Ricardo Oliveira Gon¸calves e aprovada em 11 de julho de 2008, em Fortaleza, Cear´a, pela banca examinadora constitu´ıda pelos doutores:

Prof. Dr. Paulo de Tarso Cavalcante Freire Departamento de F´ısica - UFC

Orientador

Prof. Dr. Josu´e Mendes Filho Departamento de F´ısica - UFC

(5)
(6)

Agradecimentos

Dedico meus sinceros agradecimentos para:

– O meu criador, e criador do universo, nosso eterno Deus, por ter me dado sa´ude, for¸ca e vigor para concluir este trabalho.

– Ao professor doutor Paulo de Tarso Cavalcante Freire, por ter me orientado e ter me ajudado na realiza¸c˜ao deste trabalho. Tamb´em fico agradecido por ter sido meu professor em algumas disciplinas, e tamb´em por ser uma excelente pessoa, ele n˜ao foi somente

professor e orientador, mas sim um grande amigo. Que Deus lhe dˆe em dobro tudo o que fez por mim.

– Ao professor doutor Josu´e Mendes Filho, por ter me apoiado neste trabalho e sua co-orienta¸c˜ao, tamb´em por ter sido um pai para mim neste departamento, por ter sido meu amigo, e por ter me ajudado sempre que prescisei. Jamais irem esquecer tudo o que

ele fez por mim. Que Deus lhe dˆe em dobro tudo o que desejar de bom o seu cora¸c˜ao.

– Ao professor doutor Antˆonio Gomes Souza Filho, que foi o primeiro a me aceitar no

grupo, eu creio do fundo do meu cora¸c˜ao que ele tem uma parcela de participa¸c˜ao neste trabalho, pois o seu ato de me aceitar no grupo de espalhamento Raman implicou na realiza¸c˜ao deste trabalho. Realmente se trata de um grande f´ısico em uma terra de ch˜ao batido como o nosso cear´a. T˜ao jovem e t˜ao brilhante. Tamb´em fica o meu agradecimento,

o meu respeito e a minha admira¸c˜ao.

– `A professora doutora Maria Marl´ucia Freitas Santiago, por ser uma execelente pro-fessora e pesquisadora. Tamb´em por ser uma pessoa de excelente cora¸c˜ao, seu sorriso sempre radiante me inspira alegria e calma. `A ela Deus lhe dˆe muitos anos de vida.

– Ao Jos´e Alves, por ter me ajudado com as medidas e a plotagem dos gr´aficos dos resultados das medidas Raman.

– Quero agradecer ao pessoal da secretaria de gradua¸c˜ao e p´os-gradua¸c˜ao, especial-mente `as seguintes funcion´arias: Creusa, Vera, Rejane Ramos Coelho, Ana Cleide, dona

(7)

– Quero agradecer ao pessoal da Biblioteca de F´ısica, pelos seus trabalho prestados `a este Departamento.

– Quero lembrar tamb´em dos seguintes amigos: Adelmo Santiago Sabino e Juscilene Stˆenio dos Santos, Arian Paulo, Herminio, Bartolomeu, Daniel Matos, Francisco, Eder, Reginaldo, Tib´erio, Cleˆanio da Luz Lima, Saulo Davi Soares e Reis, Danila Tavares, C´esar Rodrigues, Gardˆenia Souza Pinheiro, Jo˜ao Damasceno, Nizomar, Clenilton, Michel,

Gilberto Dantas Saraiva, Pascoal, Roberto Vinhaes, Roberto Lima, Ana Tereza, S´ergio, George Frederick, Roger, Handrey, prof Rog´erio (in memorian), Andrey e muitos outros o qual sempre ter˜ao um lugar especial em minhas lembran¸cas.

– Quero tamb´em agradecer `a todos os professores o Departamento que participaram da minha forma¸c˜ao acadˆemica.

– Tamb´em os meus sinceros agradecimento ao prof. doutor Cl´audio M´arcio Rocha Rem´edios pela participa¸c˜ao em minha banca.

– Quero agradecer tamb´em `a profa. Heloisa Nunes Bordallo do Hahn Meitner

-Institut de Berlim pelas amostras de L-alanina deuterada.

(8)

“O saber n˜ao basta, temos de o aplicar. A vontade n˜ao basta, temos de atuar”

(9)

Resumo

Nesta Disserta¸c˜ao s˜ao apresentados os resultados oriundos do estudo do efeito da aplica¸c˜ao de press˜ao hidrost´atica sobre cristais de L-alanina deuterada. A L-alanina ´e um dos vinte amino´acidos formadores das prote´ınas, sendo entre os quirais o mais simples deles. A L-alanina cristaliza-se numa estrutura ortorrˆombica (D4

2) com quatro

mol´eculas por c´elula unit´aria formando uma complexa rede de sete diferentes liga¸c˜oes de hidrogˆenio. Quando press˜ao ´e aplicada a um cristal de amino´acidos ocorre a aprox-ima¸c˜ao das mol´eculas com a consequente varia¸c˜ao nas distˆancias e ˆangulos das liga¸c˜oes de hidrogˆenio, eventualmente obrigando a estrutura a ir para uma nova simetria.

Investigou-se nesta Disserta¸c˜ao o comportamento dos espectros Raman da L-alanina deuterada na regi˜ao espectral entre 50 e 2500 cm−1

para press˜oes variando entre 0 e 6 GPa. Al´em do usual comportamento do desvio da freq¨uˆencia de quase todos os modos para altos valores, observou-se tamb´em descontinuidades nas freq¨uˆencias de modos internos e modos externos para valores de press˜ao em 1,5 e 4,5 GPa. Estas descontinuidades foram interpretadas como sendo consequˆencias de transi¸c˜oes de fase estruturais de uma estrutura ortorrˆombica para uma estrutura tetragonal e, a seguir, para uma estrutura monocl´ınica em analogia ao que ocorre com a L-alanina n˜ao deuterada. O comportamento do modo de tor¸c˜ao da estruturaN D3 tamb´em foi estudado e uma analogia do seu comportamento

(10)

Abstract

In this dissertation we present of Raman spectroscopy on deuterated L-alanine crystals under hydrostatic pressure. L-alanine is one of twenty proteic amino acids, and among them it is the simplest chiral one. L-alanine crystallizes in an orthorhombic (D4

2) structure

with four molecules per unit cell, forming a complex network of seven hydrogen bonds. When one applies pressure on an amino acid crystal the distances between molecules are changed and, eventually, the crystal goes to a new structure with different symmetry.

In this work we present the Raman spectra of deuterated L-alanine in the 50 - 2500 cm−1

spectral region with pressures changing from 0 to 6 GPa. Beyond the conven-tional frequency blue shift of almost all modes, we observed frequency discontinuities of both internal and external modes at 1,5 and 4,5 GPa. These discontinuities were inter-preted as structural phase transitions undergone by deuterated L-alanine crystal from the orthorhombic to the tetragonal, and from the tetragonal to a monoclinic symmetry, respectively. This suggestion is based on previous results on non - deuterated L-alanine.

The behavion of torcional vibration of N D3 was also studied and a comparison with

(11)

Sum´

ario

Lista de Figuras

Lista de Tabelas

Introdu¸c˜ao p. 15

1 Aspectos Te´oricos p. 18

1.1 Introdu¸c˜ao . . . p. 18

1.2 Amino´acidos . . . p. 18

1.3 Espectroscopia . . . p. 20

1.4 Hist´orico . . . p. 20

1.5 Espectroscopia Raman . . . p. 20

1.6 Teoria do espalhamento Raman . . . p. 21

2 A L-alanina p. 27

2.1 Introdu¸c˜ao . . . p. 27

2.2 L-alanina . . . p. 27

2.3 Teoria de grupos para a L-alanina . . . p. 28

3 Procedimento Experimental p. 32

3.1 Introdu¸c˜ao . . . p. 32

3.2 Medidas de Espectroscopia Raman . . . p. 32

3.3 Espectrˆometro de Espalhamento Raman . . . p. 32

(12)

3.5 Ilumina¸c˜ao da amostra . . . p. 34

3.6 Sistema Dispersante ou Monocromador . . . p. 34

3.7 Dispositivos de Detec¸c˜ao . . . p. 35

3.8 Medidas de altas press˜oes . . . p. 35

3.9 Procedimentos experimentais para as medidas de press˜ao hidrost´atica . p. 36

4 Estudo do Espalhamento Raman em policristais de L-alanina

total-mente deuterados em fun¸c˜ao da press˜ao p. 43

4.1 Introdu¸c˜ao . . . p. 43

4.2 Espectros Raman daL−alanina−d7 . . . p. 44

5 Conclus˜oes p. 75

(13)

Lista de Figuras

1 Esquema geral de um amino´acido de radical R qualquer. . . p. 19

2 Forma zwitterion de um amino´acido. . . p. 20

3 Esquema mostrando as formas catiˆonica, zwitterion e aniˆonica dos aminoˆacidos quando expostos a solu¸c˜oes de PH ´acido, neutro e alcalino, respectivamente. p. 24

4 Os vinte amino´acidos que participam da s´ıntese de prote´ınas classifica-dos segundo a polaridade de seus radicais: a)Amino´aciclassifica-dos hidrof´obicos

b)Amino´acidos hidrofilicos. . . p. 25

5 Continua¸c˜ao. c)Amino´acidos ´acidos d)Amino´acidos b´asicos. . . p. 26

6 Detalhe da liga¸c˜ao da ponte de hidrogˆenio O-H-N[12]. . . p. 30

7 Nomenclatura para os ´atomos da mol´ecula da alanina[12]. . . p. 30

8 Carta de correla¸c˜ao para os cristais de L-alanina. . . p. 31

9 Diagrama em blocos para a realiza¸c˜ao dos experimentos de espalhamento

Raman. . . p. 38

10 Espectrˆometro usado nas medidas de espalhamento Raman `a

temper-atura ambiente. . . p. 38

11 Esquema do cilindro focal. . . p. 39

12 Arranjo de focaliza¸c˜ao do laser na amostra. . . p. 39

13 Sistema dispersante t´ıpico para medida Raman em alta resolu¸c˜ao. . . . p. 40

14 Monocromador t´ıpico com sistemas de grades de difra¸c˜ao para o estudo

dos espectros Raman. . . p. 41

15 Representa¸c˜ao esquem´atica de uma c´elula de press˜ao a extremos de

(14)

16 Representa¸c˜ao esquem´atica do interior de uma c´elula de press˜ao a ex-tremos de diamantes e um corte lateral da gaxeta onde fica localizada durante os experimentos. Sobre e sob a gaxeta encontram-se os dia-mantes e dentro do orif´ıcio s˜ao colocados a amostra, o rubi e o meio

compressor. . . p. 42

17 Espectro Raman da L-alanina totalmente deuterada na press˜ao ambiente

para o intervalo de 0 a 650 cm−1

. . . p. 45

18 Espectro Raman da L-alanina totalmente deuterada `a press˜ao ambiente para o intervalo de 650 a 1250 cm−1

. . . p. 46

19 Espectro Raman da L-alanina totalmente deuterada `a press˜ao ambiente na regi˜ao espectral entre 1250 e 1750 cm−1

. . . p. 48

20 Espectro Raman da L-alanina totalmente deuterada `a press˜ao ambiente no intervalo espectral entre 2000 a 2500 cm−1

. . . p. 49

21 Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada num experimento de compress˜ao para o intervalo de 2025 a 2400 cm−1

. entre as press˜oes

de 0,3 e 5,5 GPa. . . p. 53

22 Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada num experimento

de abaixamento de press˜ao para o intervalo de 2025 a 2400 cm−1

. entre

as press˜oes de 0,3 e 5,5 GPa. . . p. 54

23 Gr´afico de evolu¸c˜ao da freq¨uˆencia versus press˜ao da L-alanina totalmente deuterada num experimento de aumento de press˜ao para o intervalo de 2050 a 2400 cm−1

. . . p. 55

24 Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada num experimento de compress˜ao para o intervalo de 1380 a 1700cm−1

entre as press˜oes de

0,3 e 5,5 GPa. . . p. 57

25 Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada num experimento de descompress˜ao para o intervalo de 1380 a 1700cm−1

entre as press˜oes

de 4,57 e 0,13 GPa. . . p. 58

26 Gr´afico de evolu¸c˜ao da freq¨uˆencia versus press˜ao da L-alanina totalmente deuterada num experimento de compress˜ao para o intervalo de 1380 a 1700 cm−1

(15)

27 Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada num experimento de compress˜ao para o intervalo de 650 a 1250cm−1

. entre as press˜oes de

0,3 e 5,5 GPa. . . p. 61

28 Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada num experimento de descompress˜ao para o intervalo de 650 a 1200 cm−1

. entre as press˜oes

de 4,57 e 0,13 GPa. . . p. 62

29 Gr´afico de evolu¸c˜ao d¨a freq¨uˆencia versus press˜ao da L-alanina totalmente

deuterada num experimento de compress˜ao para o intervalo de 700 a 1250 cm−1

. . . p. 63

30 Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada na regi˜ao espectral entre 200 e 650 cm−1

para os valores de press˜ao entre 0,3 e 5,5 num

experimento de aumento de press˜ao GPa. . . p. 66

31 Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada na regi˜ao espectral entre 200 e 650 cm−1

para os valores de press˜ao entre 4,57 e 0,13 GPa

num experimento baixando-se a press˜ao. . . p. 67

32 Gr´afico de evolu¸c˜ao da freq¨uˆencia versus press˜ao da L-alanina totalmente

deuterada na regi˜ao espectral entre 200 e 700 cm−1

num experimento

aumentando-se a press˜ao. . . p. 68

33 Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada na regi˜ao espectral entre 75 e 200 cm−1

para os valores press˜ao entre 0,3 e 5,5 GPa num

experimento aumentando-se a press˜ao. . . p. 69

34 Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada na regi˜ao espectral

entre 75 e 200 cm−1

para os valores descompress˜ao entre 4,57 e 0,13 GPa

num experimento aumentando-se a press˜ao. . . p. 70

35 Gr´afico de evolu¸c˜ao da freq¨uˆencia versus press˜ao da L-alanina totalmente deuterada na regi˜ao espectral entre 100 e 200 cm−1

num experimento

(16)

Lista de Tabelas

1 s´ımbolo dos amino´acidos . . . p. 19

2 Tabela de caracteres para o grupo D2 . . . p. 29

3 Freq¨uˆencia dos modos da L-alanina-d7 `a press˜ao ambiente . . . p. 50

4 Valores deω0 eαpara os ajustes lineares do tipoω=ω0+αP dos modos

Raman na regi˜ao espectral entre 100 e 2400 cm−1

(17)

15

Introdu¸

ao

O estudo de materiais diversos sob condi¸c˜oes de altas press˜oes tem atra´ıdo a aten¸c˜ao de v´arios pesquisadores nos ´ultimos anos. Isto se deve principalmente `as v´arias possibili-dades de se entender sistemas e mecanismos que s˜ao inacess´ıveis sem a introdu¸c˜ao deste

parˆametro termodinˆamico. Por exemplo, efeitos quˆanticos no gelo sob altas press˜oes [1] ou solubilidade de gases nobres em silicatos do manto terrestre [2] s´o foram entendidos ap´os a cria¸c˜ao de t´ecnicas experimentais e te´oricas que permitiram abordar estes problemas mais complexos.

Nos ´ultimos quinze anos, entretanto, os temas abordados por investiga¸c˜ao de altas press˜oes superou em muito os assuntos relacionados aos elementos e substˆancias de

inter-esse mineral´ogico. Atualmente, praticamente todos os tipos de materiais tˆem sido investi-gados sob condi¸c˜oes extremas de press˜ao. Entre esses materiais as substˆancias orgˆanicas (alimentos, corantes, bact´erias, prote´ınas, amino´acidos) tˆem recebido um destaque espe-cial.

Os amino´acidos s˜ao os constitu´ıntes b´asicos das prote´ınas de todos os seres vivos.

Estes amino´acidos se dividem em essenciais e n˜ao essenciais.

No que diz respeito mais especificamente aos amino´acidos, um dos quais ´e assunto desta disserta¸c˜ao, o primeiro trabalho realizado sob alta press˜ao foi no cristal de L-asparagina monohidratada, onde as propriedades vibracionais foram investigadas por meio de espalhamento Raman [3]. O segundo cristal de amino´acido a ser estudado sob altas

press˜oes foi exatamente o cristal de L-alanina (n˜ao-deuterado) num estudo publicado no ano de 2000 [4]. Neste estudo, realizado atrav´es de medidas de espectroscopia Raman, descobriu-se que o cristal sofre uma transi¸c˜ao de fase estrutural em cerca de 2,1 GPa; mais detalhes sobre esta transi¸c˜ao de fase ser˜ao fornecidos adiante.

Na virada do milˆenio iniciou-se um estudo sistem´atico dos cristais de amino´acidos submetidos `a altas press˜oes em diversos laborat´orios em torno do mundo. Fora os estudos

(18)

Introdu¸c˜ao 16

at´e press˜oes t˜ao altas quanto 23 GPa [5]. Este fato contrasta fortemente com o observado na L-asparagina monohidratada, onde no intervalo de 0 a 2 GPa foi poss´ıvel a constata¸c˜ao da existˆencia de trˆes diferentes transi¸c˜oes de fase.

O quadro apresentado mostra a diversidade de aspectos que podem ser encontrada quando investiga¸c˜oes nestes materiais s˜ao efetuados. De fato, para uma mesma substˆancia complexos diagramas de fases podem ser esperados. Para os mais simples dos amino´acidos,

a glicina, que na sua forma α ´e est´avel at´e 23 GPa como j´a comentado, observa-se que a forma β apresenta uma transi¸c˜ao de fase em 0,76 GPa [6,7], a forma γ transforma-se acima de 1,9 GPa [7,8] e a forma ζ pode ser obtida pela decompress˜ao de fase δ [9-11]. Ou seja, por si s´o a investiga¸c˜ao dos cristais de amino´acidos sob press˜oes pode justificar

o estudo de outros cristais de amino´acidos.

Nesta diserta¸c˜ao estudou-se policristais de L-alanina completamente deuterada sob press˜ao. Al´em do interesse intr´ınseco de se estudar esta forma sob condi¸c˜oes extremas ainda h´a um fato que ´e um incentivo adicional `a investiga¸c˜ao deste material. Recente-mente descobriu-se que a L-alanina completaRecente-mente deuterada apresenta uma transi¸c˜ao

de fase a baixas temperaturas, enquanto que a L-alanina n˜ao deuterada n˜ao mostra esta mudan¸ca de uma forma clara [12]. Justifica-se a diferen¸ca de comportamento atrav´es do efeitoUbbel¨ohde, segundo o qual substˆancias deuteradas apresentam liga¸c˜oes de hidrogˆenio mais longas. A quest˜ao que foi colocada na presente disserta¸c˜ao ´e: uma vez que foram

descobertas mudan¸cas estruturais sob press˜ao na L-alanina n˜ao deuterada, seria poss´ıvel o efeito Ubbel¨ohde produzir modifica¸c˜oes nestas transi¸c˜oes de fase?

Em suma, nosso trabalho consiste em exercemos sobre a amostra uma press˜ao hidrost´atica onde nosso meio compressor utilizado ser´a o nujol. Existe a hip´otese de haver alguma transi¸c˜ao, pois sabe-se que em um cristal deuterado as liga¸c˜oes de hidrogˆenio deuterados

s˜ao mais longas que as liga¸c˜oes de hidrogˆenio normal [13,14]. Este ´e o conhecido efeito

Ubbelohde, e tem sido muito investigado na f´ısica do estado s´olido. Tamb´em sabe-se que a press˜ao hidrost´atica diminui a distˆancia intermolecular e interatˆomica entre os ´ıons e mol´eculas da amostra, o qual eventualmente for¸ca uma mudan¸ca na estrutura do cristal.

Nosso trabalho consiste na verifica¸c˜ao da ocorrˆencia de transi¸c˜oes de fase na estrutura.

Esta diserta¸c˜ao est´a dividida da seguinte forma. No cap´ıtulo 1 fazemos uma

(19)

Introdu¸c˜ao 17

Raman e a gaxeta onde foi colocada a nossa amostra.

No cap´ıtulo 4 s˜ao fornecidos os resultados, bem como uma discuss˜ao cr´ıtica sobre os

(20)

18

1

Aspectos Te´

oricos

1.1

Introdu¸

ao

Neste cap´ıtulo faremos uma abordagem, sobre os amino´acidos, descrevendo suas for-mas e tamb´em suas propriedades f´ısicas. Tamb´em falaremos um pouco sobre a t´ecnica do espalhamento Raman, que foi o m´etodo experimental utilizado para se analizar os modos vibracionais do material sob estudo.

1.2

Amino´

acidos

A Figura 1 mostra a f´ormula estrutural geral dos vinte amino´acidos comumente encon-trados nas prote´ınas, tamb´em chamados deamino´acidos prot´eicos. Todos, com exce¸c˜ao da prolina, tˆem como fator comum um grupamento carbox´ılico livre (COOH) e um

amino-grupo livre n˜ao substitu´ıdo, no ´atomo de carbono α. Eles diferem uns os outros na estrutura de suas cadeias laterais distintas, denominadas grupamentos R (radical).

O radical ´e o principal respons´avel pelas diferen¸cas existentes entre os amino´acidos, entre as quais podemos destacar: varia¸c˜ao da estrutura, tamanho da mol´ecula, carga el´etrica e influˆencia na solubilidade em ´agua.

Pelo fato de conter na mesma mol´ecula tanto um ´acido como uma base e sabendo que entre essas fun¸c˜oes ocorre uma rea¸c˜ao qu´ımica, os amino´acidos em geral se apresentam em

uma forma de ´ıon dipolar conhecido comumente comozwitterion, onde o grupo carbox´ılico perde um hidrogˆenio para o grupo amina que se torna amˆonia [13] (ver figura 2).

Os amino´acidos s˜ao usualmente designados por s´ımbolos de trˆes letras, por´em um conjunto de s´ımbolos de uma letra tamb´em foi adotado para facilitar a apresenta¸c˜ao comparativa das seq¨uˆencias de amino´acidos (ver tabela 1).

(21)

apresen-1.2 Amino´acidos 19

Tabela 1: s´ımbolo dos amino´acidos

Amino´acido S´ımbolo de trˆes letras s´ımbolo de uma letra

Alanina Ala A

Arginina Arg R

Asparagina Asn N

´

Acido asp´artico Asp D

Ciste´ına Cys C

Glutamina Gln Q

´

Acido Glutˆamico Glu E

Glicina Gly G

Histidina His H

Isoleucina Ile I

Leucina Leu L

Lisina Lys K

Metionina Met M

Fenilalanina Phe F

Prolina Pro P

Serina Ser S

Treonina Thr T

Triptofano Trp W

Tirosina Tyr Y

Valina Val V

tam principalmente na forma de c´ations o qual ´e representado pelo grupo amˆonia (NH3).

Em solu¸c˜oes com alta alcalinidade se apresentam como ˆanions, sendo representados pelo grupo carbox´ılico (COO−1

). Em valores de pH intermedi´arios os ´ıons dipolares possuem concentra¸c˜ao m´axima e as concentra¸c˜oes dos ˆanions e c´ations s˜ao iguais.

Finalmente, as figuras 3, 4 e 5 apresentam, respectivamente, as diferentes formas

iˆonicas apresentadas pelos amino´acidos e as formas moleculares das 20 mol´eculas de amino´acidos prot´eicos.

(22)

1.3 Espectroscopia 20

Figura 2: Forma zwitterion de um amino´acido.

1.3

Espectroscopia

A espectroscopia diz respeito `a intera¸c˜ao da radia¸c˜ao com a mat´eria, sendo o prin-cipal objetivo a determina¸c˜ao dos n´ıveis de energia de ´atomos, mol´eculas ou cristais. O espalhamento Raman consiste do espalhamento inel´astico de radia¸c˜ao de origem

eletro-magn´etica monocrom´atica que interage com as mol´eculas. No espalhamento Raman uma radia¸c˜ao de origem geralmente na regi˜ao do vis´ıvel, interage com a mol´ecula e sofre um es-palhamento sendo que a freq¨uˆencia de espalhamento ´e ligeiramente diferente da radia¸c˜ao incidente. Esta radia¸c˜ao espalhada traz consigo informa¸c˜oes preciosas sobre os n´ıveis

energ´eticos do sistema em estudo.

1.4

Hist´

orico

O efeito Raman foi previsto teoricamente por Smekal em (1923). No entanto, a observa¸c˜ao e interpreta¸c˜ao correta foi feita pela primeira vez por C. V. Raman e K.S. Krishnan tamb´em em 1923, na ´India. Independente e simultaneamente na R´ussia, Grigory

Landsberg e Leonid Mandelstam deram contribui¸c˜oes semelhantes, por´em trabalhando com quartzo. A t´ecnica ficou internacionalmente conhecida como Raman.

1.5

Espectroscopia Raman

Quando radia¸c˜ao eletromagn´etica incide sobre uma amostra ela poder´a ser absorvida se a energia da radia¸c˜ao incidente corresponder `a separa¸c˜ao de dois n´ıveis de energia do

´atomo ou mol´ecula em quest˜ao. A origem de uma freq¨uˆencia modificada encontrada no espalhamento Raman pode ser explicada em termos da energia transferida entre o sistema espalhado e a radia¸c˜ao incidente. Quando um sistema interage com radia¸c˜ao de freq¨uˆencia ν0 ele poder´a fazer uma transi¸c˜ao de um n´ıvel de energia mais baixo E1 para um mais

(23)

1.6 Teoria do espalhamento Raman 21

Esta energia requerida poder´a ser considerada como sendo provida pela aniquila¸c˜ao de um f´oton da radia¸c˜ao incidente de energia hν0 e a simultˆanea cria¸c˜ao de um f´oton de

menor energia Ef > E0, tal que um espalhamento de baixa freq¨uˆencia ´e observado.

Alternativamente, a intera¸c˜ao da radia¸c˜ao com o sistema poder´a causar uma transi¸c˜ao de um n´ıvel de energia mais alto para outro n´ıvel mais baixo (E2 −→ E1). Novamente,

como no processo anterior, um f´oton da radia¸c˜ao incidente de energia hν0 ´e aniquilado,

mas neste instante existe a cria¸c˜ao simultanˆea de um f´oton de maior energia (hν0 +hν),

tal que o espalhamento de radia¸c˜ao de n´umero de onda mais alto ocorre [16].

1.6

Teoria do espalhamento Raman

Quando radia¸c˜ao de freq¨uˆencia ν0 incide sobre um sistema (que no caso pode ser

qualquer tipo de mat´eria, ou um g´as ) parte desta radia¸c˜ao poder´a ser absorvida pelos

´atomos ou mol´eculas do sistema o qual passam a vibrar com a mesma freq¨uˆencia ν0 da

radia¸c˜ao incidente ou com outra freq¨uˆencia caracter´ıstica do sistema. Da´ı podemos dar o nome de espalhamento ao processo de colis˜ao de f´otons de energia hν0, com as mol´eculas

do sistema.

Existem dois tipos de espalhamentos : o el´astico e o inel´astico. No espalhamento

el´astico, a mol´ecula atingida pelo f´oton da radia¸c˜ao incidente n˜ao vibra e o f´oton espal-hado conserva toda a sua energia. No inel´astico, parte da energia do f´oton incidente ´e absorvida pela mol´ecula o qual passa a vibrar. Neste caso, a energia do f´oton diminui. O espalhamento Raman ´e um tipo de espalhamento inel´astico e o espalhamento el´astico ´e

chamado de espalhamento Rayleigh.

O parˆametro que determina o grau de espalhamento quando radia¸c˜ao incide sobre a

mat´eria ´e a polarizabilidadeα. A polarizabilidade ´e uma medida do grau de afastamento do centro da nuvem eletrˆonica negativa em rela¸c˜ao ao n´ucleo. Em geral, a polarizabilidade ´e uma propriedade anisotr´opica, o que significa que, a iguais distˆancias do centro da mol´ecula α poder´a ter diferentes magnitudes quando medidas em diferentes dire¸c˜oes.

No espalhamento Raman a radia¸c˜ao incidente induz um momento de dipolo −→P ao

qual est´a relacionado ao campo el´etrico pela equa¸c˜ao:

− →

P =α−→E , (1.1)

(24)

1.6 Teoria do espalhamento Raman 22

cujas componentes tˆem unidade deCV−1

m2

e −→E ´e o vetor do campo el´etrico da radi¸c˜ao

incidente.

Vamos agora considerar o significado do tensor de polarizabilidade o qual relaciona os vetores−→P e−→E. A equa¸c˜ao a seguir implica que as magnitudes das componentes de −→P est˜ao relacionadas com as componentes de −→E da seguinte maneira:

Px=αxxEx+αxyEy+αxzEz (1.2)

Py =αyxEx+αyyEy+αyzEz (1.3)

Pz =αzxEx+αzyEy +αzzEz, (1.4)

os novos coeficientes αij s˜ao chamados as componentes do tensor de polarizabilidade α.

Este tensor ´e sim´etrico ou seja:

αxy =αyx;αxz =αzx;αyz =αzy (1.5)

Vamos agora desenvolvermos α em uma s´erie em torno da coordenada q que ´e a coordenada normal do sistema:

α=α0+ (

dq)q+..., (1.6)

onde fizemos a aproxima¸c˜ao at´e a primeira ordem. Vamos agora supor que uma radia¸c˜ao monocrom´atica dada por−→E =−→E0cos(2πν0t) e tamb´em a coordenada q seja dada por um

termo oscilat´orio do tipo q=q0cos(2πνvt) onde neste caso νv e tamb´em ν0 s˜ao,

respecti-vamente, a freq¨uˆencia vibracional e a da radia¸c˜ao incidente. Agora vamos substituir estas duas express˜oes dentro de (1.2) e (1.3) ent˜ao teremos:

− →

P =α0−→E0cos(2πν0t) + (

dα dq)q0

− →

E0cos(2πνot)cos(2πνvt) (1.7)

onde usando uma indentidade trigonom´etrica conhecida teremos:

− →

P =α0−→E0cos(2πν0t) + (

dα dq)q0

− →

E0[cos[2π(νo+νv)t] +cos[2π(ν0νv)t]] (1.8)

(25)

1.6 Teoria do espalhamento Raman 23

(26)

1.6 Teoria do espalhamento Raman 24

(27)

1.6 Teoria do espalhamento Raman 25

Figura 4: Os vinte amino´acidos que participam da s´ıntese de prote´ınas classificados segundo a polaridade de seus radicais: a)Amino´acidos hidrof´obicos b)Amino´acidos

(28)

1.6 Teoria do espalhamento Raman 26

(29)

27

2

A L-alanina

2.1

Introdu¸

ao

Neste cap´ıtulo iremos discutir alguns aspectos relacionados ao amino´acido L-alanina

destacando aqueles relacionados com as propriedades vibracionais do material.

2.2

L-alanina

Muitos estudos tˆem sido realizados em cristais de L-alanina nos ´ultimos anos. Isto decorre do fato deste amino´acido (entre os vinte amino´acidos existentes) ser o mais simples quiral. Total aten¸c˜ao ´e dada `as liga¸c˜oes de hidrogˆenio, pois nas mol´eculas de prote´ınas

essas liga¸c˜oes desempenham um grande papel nas suas conforma¸c˜oes.

Diversos estudos tˆem sido realizados acerca dos cristais de L-alanina. Tais cristais j´a

foram submetidos `a diversas t´ecnicas experimentais, como estudo de espalhamento Raman `a altas temperaturas, estudo de espalhamento Raman `a altas press˜oes, difra¸c˜ao de raios X, difra¸c˜ao de nˆeutrons e muitos outros.

A L-alanina tem uma simetria ortorrˆombica com quatro mol´eculas por c´elula unit´aria com um grupo espacial P212121 (D24) e paramˆetros de c´elula unit´aria a = 6.023, b =

12.343 e c = 5.784 ˚A, Z=4.

A mol´ecula ´e encontrada no cristal na formazwitterionCH3CH(N H +

3 )COO−e todos

os trˆes ´atomos de hidrogˆenio do grupo amino formam liga¸c˜oes de hidrogˆenio com os trˆes vizinhos mais pr´oximos. Pois s˜ao justamente estas liga¸c˜oes que s˜ao importantes para a estrutura cristalina dos amino´acidos.

Modos com freq¨uˆencias acima de 200cm−1

em cristais mol´eculares s˜ao classificados de uma forma geral como modos internos, o que implica que est˜ao associados a vibra¸c˜oes de

partes da mol´ecula. Modos de baixa freq¨uˆencia (o qual s˜ao os modos de freq¨uˆencia abaixo de 200 cm−1

(30)

2.3 Teoria de grupos para a L-alanina 28

necessariamente, a vibra¸c˜oes da rede[14].

Na figura 6 vemos a mol´ecula de L-alanina junto com as suas liga¸c˜oes de hidrogˆenio,

os quais s˜ao substituidas por at´omos de deut´erio no processo de deutera¸c˜ao. Este processo torna mais fracas aindas as liga¸c˜oes. Na figura 7 vemos a mol´ecula de L-alanina na sua forma tridimensional, sendo observado o carbono α no centro da mol´ecula.

2.3

Teoria de grupos para a L-alanina

Existem v´arias formas de estudar a distribui¸c˜ao das vibra¸c˜oes de um cristal quanto a

sua simetria. Uma delas consiste na utiliza¸c˜ao de tabelas que facilitam a determina¸c˜ao das regras de sele¸c˜ao para as transi¸c˜oes vibracionais. A aten¸c˜ao ´e dada ao grupo local, com cada simetria sendo obtida sem a an´alise detalhada do elemento de simetria na c´elula unit´aria cristalogr´afica ou da tabela de correla¸c˜ao do Porto [15].

A L-alanina cristaliza-se no grupo D24, dando origem a 156 modos normais de

vi-bra¸c˜ao. Para o c´alculo destes modos devemos lembrar que a mol´ecula de L-alanina ´e composta de 13 ´atomos, e que cada ´atomo tendo trˆes graus de liberdade ent˜ao teremos um total de 39 modos vibracionais para a mol´ecula. Como temos quatro mol´eculas por c´elula unit´aria ent˜ao teremos um total de 156 modos normais de vibra¸c˜ao. Da tabela 6A

da ref. [15] vemos que na c´elula unit´aria existem apenas s´ıtios de simetria C1 ocupados

por 4 ´atomos C1(4). Da tabela 6B [15] vemos que os ´atomos nos s´ıtios C1 d˜ao origem

a modos translacionais em todos as quatro representa¸c˜oes irredut´ıveis do grupo D2. A

distribui¸c˜ao dos modos em termos de representa¸c˜oes irredut´ıveis do grupo fatorD2 ´e dada

por:

Γ = 39A+ 39B1+ 39B2+ 39B3,

onde neste caso estamos considerando tanto os modos ´opticos como ac´usticos. Olhando para a tabela de caracteres do grupoD2 (Tabela 2), teremos que os modos ac´usticos ser˜ao

dados por:

Γacustico=B1 +B2+B3

descontando estes modos ac´usticos da distribui¸c˜ao total dos modos da L-alanina ent˜ao a

(31)

2.3 Teoria de grupos para a L-alanina 29

ΓOpticos = 39A+ 38B1+ 38B2 + 38B3,

onde 132 destes modos s˜ao associados com as vibra¸c˜oes internas e os 21 modos restantes s˜ao modos externos (translacionais mais libracionais):

Γ = 6A+ 5B1+ 5B2+ 5B3.

Tabela 2: Tabela de caracteres para o grupo D2

D2 E C2z C

y

2 C

x

2 atividade no IR atividade no Raman

A 1 1 1 1 αxx,αyy,αzz

B1 1 1 -1 -1 Tz;Rz αzxy

B2 1 -1 1 -1 Ty;Ry αyxz

B3 1 -1 -1 1 Tx;Rx αxyz

Da tabela de caracteres para o grupo D2 (tabela 2) vemos que fˆonons com simetria A

s˜ao ativos no Raman, mas inativos no infravermaelho e fˆonons com simetria B s˜ao ativos no Raman e no infravermelho. Os elementos de tensor para a simetria A s˜ao xx, yy, zz;

xy paraB1; xz para B2 e yz para B3.

A Figura 8 mostra a carta de correla¸c˜ao completa para o cristal de L-alanina[12].

Nela est´a impl´ıcito que as vibra¸c˜oes internas das unidades N H3 ou CO2, por exemplo,

aparecer˜ao isoladamente numa determinada representa¸c˜ao. Sabe-se que isto n˜ao ´e com-pletamente correto [12]. Uma vibra¸c˜ao que ´e classificada como tor¸c˜ao doN H3, para citar

apenas um exemplo, na verdade corresponde `a tor¸c˜ao desta unidade mais outras vibra¸c˜oes

(32)

2.3 Teoria de grupos para a L-alanina 30

Figura 6: Detalhe da liga¸c˜ao da ponte de hidrogˆenio O-H-N[12].

(33)

2.3 Teoria de grupos para a L-alanina 31

(34)

32

3

Procedimento Experimental

3.1

Introdu¸

ao

Neste cap´ıtulo descreveremos a parte experimental, onde falaremos sobre os equipa-mentos usados nas medidas de espalhamento Raman, al´em da c´elula de press˜ao onde a amostra foi colocada, bem como a forma de obten¸c˜ao da amostra.

3.2

Medidas de Espectroscopia Raman

O diagrama em blocos da Figura 8 mostra os componentes de um equipamento

necess´ario para a observa¸c˜ao de um espectro Raman. O sistema ´e constitu´ıdo de uma fonte de radia¸c˜ao monocrom´atica, um dispositivo apropriado para suportar a amostra, um espectrˆometro para dispers˜ao da radia¸c˜ao espalhada, e um dispositivo de detec¸c˜ao da luz que pode ser de natureza fotogr´afica, de natureza fotoel´etrica ou de natureza de

cargas acopladas (CCD).

Na figura 9 temos o espectrˆometro usado na obten¸c˜ao dos espectros Raman da

L-alanina totalmente deuterada ´e apresentado.

3.3

Espectrˆ

ometro de Espalhamento Raman

As medidas de espalhamento Raman apresentadas nesta diserta¸c˜ao foram realizadas utilizando-se um sistema micro - Raman preparado para a geometria de retroespalhamento num espectrˆometro triplo da Jobin - Yvon T64000 equipado com uma CCD (coupled

charge device), o qual ´e resfriado `a nitrogˆenio l´ıquido.

(35)

3.4 Fontes de Radia¸c˜ao Monocrom´atica 33

utilizando-se um microsc´opio OLYMPUS BH-2 equipado com uma lente de distˆancia focal f=20,5 mm e abertura num´erica de 0,35. Consegue-se com esta configura¸c˜ao um ”spot”com diˆametro da ordem de 1 µm. Este diˆametro pode ser calculado utilizando-se a seguinte f´ormula:

D= 1,22λ

N A (3.1)

onde λ ´e o comprimento de onda da luz usada no experimento. Entre as medidas da

luminescˆencia do rubi e a obten¸c˜ao dos espectros Raman da amostra, ao realizarmos uma press˜ao sobre a amostra, tinhamos que esperar um tempo para que houvesse um per´ıodo de relaxamento da gaxeta met´alica.

Os dados obtidos foram arquivados em um computador que se encontra conectado ao espectrˆometro, de onde pudemos observar o primeiros gr´aficos utilizando as plataformas

ORIGIN e Peakfit.

3.4

Fontes de Radia¸

ao Monocrom´

atica

Os requerimentos essenciais de uma fonte para a excita¸c˜ao do espectro Raman s˜ao aqueles que sejam altamente monocrom´atico (isto ´e, tenham uma estreita largura de linha) e seja de alta potˆencia. Os lasers em geral possuem estes requisitos, e adicionalmente provˆeem, uma radia¸c˜ao que ´e auto-colimada e plano polarizada. Muitos lasers de g´as

podem prover um n´umero discreto de n´umeros de onda vari´aveis, enquanto que os lasers de corante podem prover uma excita¸c˜ao com comprimento de onda sintoniz´avel em um intervalo limitado. Com o aux´ılio de uma lente convergente, um feixe laser pode ser focalizado para produzir na amostra um feixe de diˆametro muito pequeno. O feixe de

pequeno diˆametro estende-se sobre um comprimento curto antes de come¸car a divergir outra vez. Essa regi˜ao na qual o feixe ´e concentrado ´e chamado de cilindro focal (ver Figura 10). As considera¸c˜oes de difra¸c˜ao impedem o volume deste cilindro tender a zero.

O diˆametro D e o comprimento L do cilindro focal s˜ao dados por:

D= 4λf

πd (3.2)

D= 16λf

2

(36)

3.5 Ilumina¸c˜ao da amostra 34

ondeλ´e o comprimento de onda da radia¸c˜ao do laser, d o diˆametro do feixe do laser n˜ao focalizado e f a distˆancia focal das lentes.

3.5

Ilumina¸

ao da amostra

Existem v´arias maneiras de iluminar a amostra e coletar a radia¸c˜ao espalhada para an´alise no espectrˆometro. Na maioria dos casos a amostra ´e colocada no lado de fora da cavidade do laser. Dois arranjos t´ıpicos s˜ao mostrados na figura 11. No primeiro arranjo

o laser ´e focalizado na amostra por uma lente L1. A luz espalhada a 900

´e focalizada no espectrˆometro usando uma lente L2. No segundo aparato a lente L1 focaliza o feixe de laser na amostra, e a lente L2 a radia¸c˜ao espalhada ´e focalizada no sistema dispersante. O espelho cˆoncavo M2 virtualmente dobra o ˆangulo s´olido da radia¸c˜ao espalhada para o

sistema dispersante.

O espelho cˆoncavo M1 retransmite o feixe de laser atrav´es do foco na amostra, au-mentando a intensidade efetiva de ilumina¸c˜ao por cerca de dez vezes o volume do cilindro focal no qual existe alta irradiˆancia do feixe de laser focado ´e somente da ordem de 10-5 cm3

. Em princ´ıpio somente amostras suficientes para preencher este c´ılindro focal s˜ao

necess´arios, e para espalhamentos fortes sempre volumes pequenos poderiam ser sufi-cientes. Esse principio ´e usado nos equipamentos de microscopia Raman. Apenas uma pequena fra¸c˜ao da potˆencia de dentro da cavidade do laser ´e emitida atrav´es do ´ultimo espelho.

3.6

Sistema Dispersante ou Monocromador

As caracter´ısticas dos sistemas dispersantes dependem se este ser´a usado para res-olu¸c˜ao de linhas individuais nas bandas Raman de rota¸c˜ao e rota¸c˜ao-vibra¸c˜ao, ou para o estudo de bandas vibracionais sob condi¸c˜oes de resolu¸c˜ao moderada. Em ambos os tipos de investiga¸c˜ao, o sistema dispersante ´e invariavelmente baseado em uma grade de

difra¸c˜ao.

Um sistema t´ıpico ´e mostrado na Figura 12. Os espelhos cˆoncavos s˜ao usados para

(37)

3.7 Dispositivos de Detec¸c˜ao 35

3.7

Dispositivos de Detec¸

ao

Em um espect´ografo o detector ´e uma placa fotogr´afica. Em um espectrˆometro o detector ´e uma fotomultiplicadora ou uma CCD. Este processo de multiplica¸c˜ao de el´etrons

faz com que a fotomultiplicadora e o CCD sejam muito adequada para a detec¸c˜ao de sinais de luz de baixa intensidade.

3.8

Medidas de altas press˜

oes

A press˜ao ´e uma vari´avel termodinˆamica, que como a temperatura, pode ser usada como um parˆametro para a observa¸c˜ao da ocorrˆencia de mudan¸cas na energia de um

sistema que seja submetido `a altas compress˜oes.

Existem dois tipos de m´etodos de aplica¸c˜ao de press˜ao, sendo uma uniaxial, e outra hidrost´atica. Na press˜ao uniaxial existe a possibilidade de se atingir press˜oes que ultra-passem a rigidez mecˆanica do material levando `a destrui¸c˜ao da amostra em estudo. Na press˜ao hidrost´atica usamos um l´ıquido compressor o qual exerce uma press˜ao igual em

to-dos os pontos da amostra. Neste m´etodo existe uma redu¸c˜ao das distˆancias interatˆomicas e a conseq¨uente redu¸c˜ao do volume. Esta redu¸c˜ao do volume implica em um trabalho realizado sobre a amostra o que leva a um aumento na energia interna do sistema.

Em amostras cristalinas, o efeito do aumento de energia do sistema leva os ´atomos do cristal `a uma configura¸c˜ao em que miniminize a energia do cristal para aquela dada con-figura¸c˜ao, preservando (nem sempre) a simetria que o cristal possu´ıa antes da aplica¸c˜ao

da press˜ao. Existe por´em uma situa¸c˜ao limite onde a simetria da estrutura n˜ao ´e con-servada, ou seja, a energia n˜ao consegue mais ser minimizada ao serem atigindos altos valores de press˜ao. Neste caso os ´atomos da estrutura da amostra vˆeem-se obrigados a se organizar em uma configura¸c˜ao que possibilite a minimiza¸c˜ao da energia do sistema.

Assim, podemos esperar que a amostra sofra uma transi¸c˜ao de fase estrutural.

(38)

3.9 Procedimentos experimentais para as medidas de press˜ao hidrost´atica 36

3.9

Procedimentos experimentais para as medidas de

press˜

ao hidrost´

atica

Para as medidas de altas press˜oes hidrost´aticas foi utilizada uma cela de press˜ao do tipo bigorna com diamantes (DAC). Esta cela de press˜ao foi confeccionada pela profa

V´olia Lemos, sendo que o intervalo de press˜oes suportada por esta cela varia de 0 a 9 GPa. As figuras 14 e 15 mostram o esquema deste tipo de cela de press˜ao onde os n´umeros indicam os componentes b´asicos para que se possa entender os procedimentos experimentais. Este equipamento ´e constitu´ıdo dos seguintes elementos:

1. Um parafuso principal;

2. Algumas arruelas e uma alavanca;

3. Um diamante inferior;

4. Um diamante superior;

5. Uma gaxeta met´alica;

6. Uma cavidade (no interior da gaxeta).

O parafuso principal ´e o respons´avel direto pelo controle da press˜ao durante a execu¸c˜ao

do experimento. Ao aumentarmos a press˜ao devemos ter muito cuidado, pois a press˜ao n˜ao aumenta linearmente com o n´umero de voltas do parafuso. Devemos ap´os cada aperto (ˆangulo de giro) sobre o parafuso, esperarmos pela acomoda¸c˜ao das arruelas, que faz com que resultem em incrementos na press˜ao bastante diferentes.

As arruelas, a alavanca e mais alguns perif´ericos, s˜ao os respons´aveis pela transmiss˜ao de press˜ao aos diamantes. Estes por sua vez s˜ao os componentes de maior valor do

equipamento, pois como sabemos, apesar da sua alta dureza, os diamantes podem sofrer danos irreparav´eis no caso de exercemos uma press˜ao excessiva sobre a cela de press˜ao resultando no trincamento e quebra do diamante. Os diamantes s˜ao os respons´aveis diretos (via fluido transmissor de press˜ao) pela aplica¸c˜ao da press˜ao sobre a amostra. Eles s˜ao

desenhados de modo que a ´area de contato com a gaxeta seja a menor poss´ıvel. Quanto menor for a ´area de contato, maior a press˜ao efetiva sobre a gaxeta e, por conseguinte, sobre a amostra[16].

(39)

3.9 Procedimentos experimentais para as medidas de press˜ao hidrost´atica 37

pe¸ca ´e confeccionada de modo a ficar com dimens˜oes e 1,0 cm X 1,0 cm X 1,0 cm. Em seguida ´e aberta uma cavidade de 200µm de diˆametro onde ficar´a a amostra, utilizando-se de uma broca apropriada. Existe tamb´em um outro processo para a abertura da cavidade que ´e a fus˜ao `a laser. Por´em, o proceso de fus˜ao `a laser gera detritos originados da

carboniza¸c˜ao do material, o qual devem ser removidos por meio da aplica¸c˜ao de ultra-som. A gaxeta ´e posta entre os diamantes durante a montagem do experimento e sofre deforma¸c˜oes consider´aveis no decorer do mesmo. Esta pe¸ca n˜ao pode ser reaproveitada para outro experimento, devendo ser substitu´ıda. A press˜ao entre a gaxeta e os diamantes

impede a sa´ıda do flu´ıdo transmissor de press˜ao.

O flu´ıdo transmissor de press˜ao hidrost´atica mais usado ´e composto de uma mistura

de metanol e etanol na propor¸c˜ao de quatro por¸c˜oes de metanol para um de etanol. Para realizarmos a press˜ao hidrost´atica utilizamos como meio compressor ´oleo mineral nujol, de modo a evitarmos problemas com a ´agua sobre a amostra deuterada.

Durante o processo de montagem dos experimentos os diamantes devem ser cuida-dosamente alinhados e limpos utilizando-se para isto uma agulha, papel e acetona, para

evitarmos que a luz do laser seja obstru´ıda por part´ıculas microsc´opicas resultantes de su-jeira ou corpos estranhos na superf´ıcie da amostra. Ap´os o processo de limpeza, a gaxeta ´e colocada sobre o diamante inferior; a amostra ´e colocada cuidadosamente no interior da cavidade e o l´ıquido transmissor de press˜ao ´e colocado na cavidade com a ajuda de uma

seringa. Este trabalho deve ser feito com muito cuidado e destreza, pois o escoamento do l´ıquido transmissor de press˜ao ocorre muito rapidamente, e a imprecis˜ao dos passos anteriores pode ocasionar o surgimento de bolhas de ar no interior da cavidade que, por sua vez, ir˜ao interferir no experimento [16].

Como o diamante e o l´ıquido compressor s˜ao transparente, o feixe de laser passa por

(40)

3.9 Procedimentos experimentais para as medidas de press˜ao hidrost´atica 38

Figura 9: Diagrama em blocos para a realiza¸c˜ao dos experimentos de espalhamento Raman.

(41)

3.9 Procedimentos experimentais para as medidas de press˜ao hidrost´atica 39

Figura 11: Esquema do cilindro focal.

(42)

3.9 Procedimentos experimentais para as medidas de press˜ao hidrost´atica 40

(43)

3.9 Procedimentos experimentais para as medidas de press˜ao hidrost´atica 41

Figura 14: Monocromador t´ıpico com sistemas de grades de difra¸c˜ao para o estudo dos espectros Raman.

(44)

3.9 Procedimentos experimentais para as medidas de press˜ao hidrost´atica 42

Figura 16: Representa¸c˜ao esquem´atica do interior de uma c´elula de press˜ao a extremos de diamantes e um corte lateral da gaxeta onde fica localizada durante os experimentos.

(45)

43

4

Estudo do Espalhamento

Raman em policristais de

L-alanina totalmente

deuterados em fun¸

ao da

press˜

ao

4.1

Introdu¸

ao

Neste cap´ıtulo iremos abordar o estudo que fizemos sobre policristais de L-alanina totalmente deuterados em fun¸c˜ao da press˜ao no Departamento de F´ısica da Universidade Federal do Cear´a.

A L-alanina deuterada possui como principal caracter´ıstica o fato de que todos os

sete hidrogˆenios da mol´ecula serem trocados por deut´erios. Ent˜ao, a mol´ecula que orig-inalmente apresentava a forma CH3CH(N H

+

3 )COO− passa a se apresentar na forma

CD3CD(N D +

3)COO−. Uma das principais caracter´ısticas da deutera¸c˜ao est´a relacionada

com as liga¸c˜oes de hidrogˆenio, pois sabe-se que em um cristal deuterado, ou parcialmente

deuterado, ocorre uma modifica¸c˜ao nas liga¸c˜oes de hidrogˆenio deuterados, os quais s˜ao maiores que as liga¸c˜oes de hidrogˆenio normal[18]. Este ´e o famoso efeito Ubbelohde, e tem sido exaustivamente estudado na f´ısica do estado s´olido pelo fato de introduzir novas caracter´ıticas vibracionais em cristais n˜ao deuterados[14].

O efeito de deutera¸c˜ao da mol´ecula de L-alanina pode produzir, portanto,

modi-fica¸c˜oes na estrutura pois, como sabemos, as liga¸c˜oes de hidrogˆenio s˜ao liga¸c˜oes que mantˆem o eq¨uil´ıbrio das mol´eculas na c´elula unit´aria[12]. Ent˜ao, ao exercermos uma press˜ao hidrost´atica sobre a amostra, haver´a uma diminui¸c˜ao das distˆancias interatˆomicas e intramoleculares dos ´ıons e mol´eculas da estrutura do cristal. Eventualmente se essa

(46)

4.2 Espectros Raman da Lalaninad7 44

para uma nova configura¸c˜ao. Ent˜ao neste caso teremos uma mudan¸ca de estrutura[4].

4.2

Espectros Raman da

L

alanina

d

7

Antes de iniciarmos a discuss˜ao do efeito da aplica¸c˜ao da press˜ao sobre os espectros Raman daL−alanina−d7 vamos fazer uma discuss˜ao do espectro Raman do material

`a press˜ao atmosf´erica. A Figura 16 apresenta o espectro Raman daL−alanina−d7 na

regi˜ao espectral entre 50 e 650cm−1

. As bandas observadas com n´umero de onda at´e cerca

de 150 cm−1

s˜ao associados aos modos externos. A banda em 355cm−1

est´a associada a uma vibra¸c˜ao de deforma¸c˜ao do tipo δ(N CC)[12] e a banda em 342cm−1

est´a associada a uma tor¸c˜ao do N D+

3, τ(N D3)[12]. Na referˆencia [12] estas duas bandas aparecem em

337cm−1

e 360cm−1

.

A banda em 502cm−1

foi associada a um rocking do COO−, r(CO

2 ) bem como a

banda em 598cm−1

. Na referˆencia [12] estas bandas aparecem em 489cm−1

e 597cm−1

.

Vamos agora analisar o intervalo entre 200cm−1

e 300cm−1

. Segundo a referˆencia [12] a banda em 271cm−1

´e indentificada comoδ(CCC) e a banda em 231cm−1

foi indentificada como δ(N CC). Segundo a mesma referˆencia a deutera¸c˜ao adicional das unidades C2H4

´e a respons´avel pelo aparecimento das bandas observadas. Nesta referˆencia estas bandas

aparecem em 279cm−1

e 255cm−1

.

A Figura 17 apresenta o espectro Raman daL−alanina−d7 na regi˜ao espectral entre

650 e 1250 cm−1

registrado `a press˜ao ambiente. A banda em 733 cm−1

est´a associada a uma vibra¸c˜ao do tipo rocking da unidade CD3, r(CD3). No trabalho da referˆencia [12]

esta banda aparece em 732cm−1

.

A banda observada em 793 cm−1

est´a associada a uma vibra¸c˜ao do tipo rocking do ND3, r(ND3). Esta banda na referˆencia [12] foi observada em 792 cm−1. A banda em

870 cm−1

est´a associada ao estiramento sim´etrico e anti-sim´etrico da sub-unidade CCN, ou seja, a classifica¸c˜ao destas duas bandas ´e: δs(CCN) e δA(CCN)[12]. No trabalho da

referˆencia [12] esta banda est´a em aproximadamente em 868cm−1

.

As bandas observadas em 902 e 939 cm−1

est˜ao associadas a vibra¸c˜oes de deforma¸c˜ao do CD, ou seja, δ(CD) e δ′

(CD), ou mais precisamente, a pares perpendiculares de de-forma¸c˜oes do tipo CD[12]. Na referˆencia [12] estes pares aparecem em 902 e 937cm−1

.

As bandas em 1028 e 1068 cm−1

est˜ao associadas a vibra¸c˜oes do tipo deforma¸c˜ao

(47)

4.2 Espectros Raman da Lalaninad7 45

(48)

4.2 Espectros Raman da Lalaninad7 46

Figura 18: Espectro Raman da L-alanina totalmente deuterada `a press˜ao ambiente para o intervalo de 650 a 1250 cm−1

(49)

4.2 Espectros Raman da Lalaninad7 47

No trabalho da referˆencia [12] estas bandas aparecem em 1026 e 1065cm−1

. A banda em 1138cm−1

est´a associada `a vibra¸c˜ao δS(N D3), enquanto que a banda em 1191cm−1 est´a

associada `a vibra¸c˜ao δA(N D

+ 3).

Na Figura 18 apresentamos o espectro Raman da L-alanina totalmente deuterada tomado `a press˜ao ambiente no intervalo entre 1250 e 1700cm−1

. Observamos pelo espectro tomado `a press˜ao ambiente que existem somente duas bandas. O primeiro modo foi

observado em 1398 cm−1

e ´e identificado como uma vibra¸c˜ao de estiramento sim´etrico da unidade COO−, ν

S(CO2)[12]. O segundo foi observado em 1590 cm−1, tendo sido

identificada como uma vibra¸c˜ao do tipo estiramento anti-sim´etrico da unidade COO−,

νA(CO2)[12].

Na Figura 19 apresentamos o espectro Raman da L-alanina totalmente deuterada

tomado `a press˜ao ambiente varrendo o intervalo de 2000 a 2500cm−1

. Vemos nesta figura claramente sete modos normais de vibra¸c˜ao. De acordo com a Ref.[12] existe um modo de estiramento sim´etrico da unidadeCD3,νS(CD3), em 2081 cm−1, sendo que na referˆencia

citada esta banda aparece em 2082cm−1

. A banda observada em 2152cm−1

corresponde

a um estiramento sim´etrico da unidade N D+

3, νS(N D3)[12]. Na mesma referˆencia esta

banda est´a localizada em 2149 cm−1

. A banda observada em 2192 cm−1

est´a associada a uma vibra¸c˜ao de estiramento CD, ν(CD)[12]; na referˆencia citada esta banda aparece em 2190 cm−1

. A banda em 2247 cm−1

corresponde a uma vibra¸c˜ao de estiramento

anti-sim´etrico da unidade CD3, νA(CD3)[12]. No trabalho da referˆencia [12] esta banda

aparece em 2246cm−1

.

A banda que aparece no espectro da press˜ao atmosf´erica em 2316 cm−1

corresponde talvez a uma vibra¸c˜ao do tipo estiramento anti-sim´etrico doN D+

3,νA(N D3)[12]. Segundo

a mesma referˆencia [12] esta banda est´a em 2311 cm−1

.

Um resumo desta se¸c˜ao ´e fornecido na tabela 3, onde est˜ao listadas todas as ban-das que aparecem no espectro Raman da L-alanina-d7 na press˜ao atmosf´erica com as

(50)

4.2 Espectros Raman da Lalaninad7 48

Figura 19: Espectro Raman da L-alanina totalmente deuterada `a press˜ao ambiente na regi˜ao espectral entre 1250 e 1750cm−1

(51)

4.2 Espectros Raman da Lalaninad7 49

Figura 20: Espectro Raman da L-alanina totalmente deuterada `a press˜ao ambiente no intervalo espectral entre 2000 a 2500 cm−1

(52)

4.2 Espectros Raman da Lalaninad7 50

Tabela 3: Freq¨uˆencia dos modos da L-alanina-d7 `a press˜ao ambiente

Freq¨uˆencia (cm−1

) Identifica¸c˜ao 112

187 264

357 δ(NCC)

502 r(CO−

2)

598 r(COO−) + vibra¸c˜ao (COO)

733 r(CD3)

796 r(N D3)

870 δS(CCN) + δA(CCN)

904 δ(CD)

1028 δA(CD3)

1068 δS(CD3)

1139 δS(N D3)

1194 δA(N D3)

1399 νS(CO2)

1466

1593 νA(CO2)

2080 νS(CD3)

2105

2152 νS(N D3)

2194 ν(CD)

2247 νA(CD3)

2316 νA(CD3)

2382

Antes de abordarmos os resultados da L-alanina deuterada faremos um r´apido re-sumo do conhecimento j´a existente `a respeito do comportamento dos cristais de L-alanina

n˜ao-deuterados com press˜ao. Para isto iremos nos basear nos trabalhos das Refs.[4,19]. Incialmente o estudo da Ref.[4] mostrou que sob condi¸c˜oes de altas press˜oes os cristais de L-alanina apresentam uma transi¸c˜ao de fase em 2,3 GPa. Esta descorberta foi calcada em medidas de espalhamento Raman realizadas sobre amostras de L-alanina dentro de uma

c´elula de press˜ao a extremos de diamantes, semelhante aquela utilizada neste trabalho. Este estudo mostrou que modifica¸c˜ao no n´umero de modos associados `a vibra¸c˜oes da rede (modos externos) estava relacionado com uma modifica¸c˜ao estrutural naquele valor de press˜ao. Al´em disto, foi poss´ıvel observar-se que mudan¸cas nas intensidades tanto de

(53)

4.2 Espectros Raman da Lalaninad7 51

cristal.

Num estudo posterior, publicado recentemente [19] investigou-se a estrutura de um

cristal de L-alanina submetido a altas press˜oes utilizando-se difra¸c˜ao de raios-X com ra-dia¸c˜ao s´ıncronton. Este estudo pode ser considerado como complementar aquele discutido no ´ultimo par´agrafo. O estudo de difra¸c˜ao de raios-X confirmou a transi¸c˜ao de fase es-trutural observada em 2,3 GPa por espalhamento Raman e identificou a nova fase. Em

press˜oes superiores ao valor cr´ıtico observou-se o colapso dos picos dubletos 110/011 e 120/021 em picos simples. Estes colapsos foram interpretados como uma mudan¸ca estru-tural da fase ortorrˆombica para uma fase tetragonal. A transi¸c˜ao de fase ´e ainda mais claramente entendida quando se faz um gr´afico da evolu¸c˜ao do espa¸camento dos planos

da rede em fun¸c˜ao da press˜ao. Na nova fase tetragonal verificou-se, tamb´em, que a raz˜ao dos parˆametros da c´elula unit´aria c/a = 2,11 ´e praticamente independente da press˜ao.

O trabalho da Ref.[19] foi ainda al´em. Aumentando-se ainda mais a press˜ao observou-se o aparecimento de novos picos de difra¸c˜ao em aproximadamente 9 GPa, indicando uma nova mudan¸ca estrutural, desta feita para uma simetria mais baixa. Fazendo-se uma

an´alise criteriosa, foi poss´ıvel identificar a nova fase como pertencente a uma estrutura monocl´ınica. Na press˜ao de 10,4 GPa determinou-se os parˆametros da rede como sendo a = 10,159, b = 4,757, c = 7,282 ˚A e β = 100,67o. ´E interessante destacar que atrav´es

dos experimentos de difra¸c˜ao de raios-X tamb´em foi poss´ıvel determinar o m´odulo de

bulk como sendo B0 = 31,5 GPa, `a press˜ao ambiente. Em resumo, medidas diversas

de espalhamento Raman e difra¸c˜ao de raios-X mostram que cristais de L-alanina n˜ao deuterada sofrem as seguintes modifica¸c˜oes de simetria nas press˜oes (em GPa) indicadas sobre as setas.

ortorrˆombica−→2.3tetragonal−→9monocl´ınica

Ap´os este breve resumo dos resultados de experimentos de press˜oes sobre um cristal de L-alanina n˜ao deuterada vamos discutir o efeito da press˜ao sobre um cristal de L-alanina completamente deuterada.

Incialmente discutimos o comportamento dos modos vibracionais de L-alanina deuter-ada na regi˜ao espectral entre 2000 e 2500 cm−1

num experimento no qual a press˜ao era

aumentada (Figura 20). Nesta regi˜ao, como relatado anteriormente, s˜ao esperados serem observados os modos de estiramento C-D. A banda marcada por uma seta no espectro de 0,3 GPa corresponde a um estiramento sim´etrico da unidadeCD3,νs(CD3)[18].

(54)

4.2 Espectros Raman da Lalaninad7 52

a maioria das bandas. No espectro da Fig. 20 ainda s˜ao vis´ıveis bandas associadas ao estiramento sim´etrico doN D+

3, marcado com N, ao estiramento do CD,ν(CD), marcado

por uma letra C, al´em da banda marcada com uma letra A que est´a associada ao esti-ramento anti-sim´etrico do CD3, νA(CD3). Na verdade esta ´ultima banda ´e um dubleto

nas condi¸c˜oes normais de temperatura e press˜ao. Observa-se que o aumento da press˜ao produz uma maior separa¸c˜ao desta banda, principalmente acima de 2,3 GPa, embora o alargamento j´a seja vis´ıvel a partir de 1,6 GPa.

A Fig. 21 apresenta os espectros Raman da L-alanina-d7 na regi˜ao de alta freq¨uˆencia num experimento de press˜ao onde ocorreu descompress˜ao. Observa-se que os espectros a baixas press˜oes s˜ao bastante similares aos de mais baixa press˜ao no in´ıcio do experimento

(Fig 20). Em outras palavras, o efeito da aplica¸c˜ao de press˜ao no cristal de L-alanina deuterada ´e revers´ıvel, pelo menos tal como ´e verificado pelos espectros Raman na regi˜ao espectral na Fig. 21.

A Fig. 22 apresenta a evolu¸c˜ao das freq¨uˆencias dos modos Raman da L-alanina deuterada em fun¸c˜ao da press˜ao para o intervalo de freq¨uˆencia apresentado na Fig. 20.

Destaca-se o deslocamento da banda A acima de 2 GPa e uma pequena varia¸c˜ao de freq¨uˆencia de algumas bandas acima de 4 GPa. Outro fato de bastante relevˆancia ap-resentado ´e uma ligeira descontinuidade nas curvas de dω/dP para duas bandas nesta regi˜ao espectral. Este resultado, juntamente com outros ind´ıcios, ser´a importante para se

(55)

4.2 Espectros Raman da Lalaninad7 53

Figura 21: Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada num experimento de compress˜ao para o intervalo de 2025 a 2400cm−1

(56)

4.2 Espectros Raman da Lalaninad7 54

Figura 22: Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada num experimento de abaixamento de press˜ao para o intervalo de 2025 a 2400cm−1

(57)

4.2 Espectros Raman da Lalaninad7 55

Figura 23: Gr´afico de evolu¸c˜ao da freq¨uˆencia versus press˜ao da L-alanina totalmente deuterada num experimento de aumento de press˜ao para o intervalo de 2050 a 2400

cm−1

(58)

4.2 Espectros Raman da Lalaninad7 56

A Figura 23 apresenta a evolu¸c˜ao dos espectros Raman daL−alanina−d7 na regi˜ao

espectral entre 1400 e 1700cm−1

num experimento de aumento de press˜ao. A banda larga entre 1425 e 1485cm−1

´e devida ao ´oleo mineral (nujol) utilizado como l´ıquido compressor. Entretanto, `a press˜ao ambiente, espera-se observar uma banda em 1395 cm−1

associada

ao estiramento sim´etrico do CO−

2, νS(CO2). Portanto, as bandas marcadas com setas

nos espectros de 0,8 a 3,3 GPa foram identificadas como estiramento sim´etrico do CO−

2.

N˜ao ´e poss´ıvel acompanhar-se o comportamento desta banda at´e mais altas press˜oes em virtude dela, a partir de 4,4 GPa, ficar misturada com a banda associada a um modo

vibracional donujol. A banda marcada por um asterico no espectro registrado a 0,3 GPa est´a associada a um estiramento anti-sim´etrico do CO−1

2 , νA(CO2); devido `a sua baixa

intensidade n˜ao ´e poss´ıvel acompanhar o seu comportamento at´e os mais altos valores de press˜ao atingidos nos experimentos.

Durante a descompress˜ao ´e poss´ıvel observa-se mais claramente a separa¸c˜ao espacial entre a banda associada ao νS(CO2) da L−alanina−d7 e a banda larga pertencente

aonujol (Figura 24). A seta indica a banda associada ao estiramento sim´etrico do CO−

2.

Observe-se que nesta figura tamb´em fica claro que a pr´opria banda larga associada ao

nujol em press˜oes baixas sofre uma separa¸c˜ao em altas press˜oes. De uma forma geral observa-se que nesta regi˜ao espectral os efeitos da press˜ao hidrost´atica s˜ao revers´ıveis.

A Figura 25 apresenta a evolu¸c˜ao das freq¨uˆencias dos modos Raman da L-alanina

(59)

4.2 Espectros Raman da Lalaninad7 57

Figura 24: Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada num experimento de compress˜ao para o intervalo de 1380 a 1700 cm−1

(60)

4.2 Espectros Raman da Lalaninad7 58

Figura 25: Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada num experimento de descompress˜ao para o intervalo de 1380 a 1700 cm−1

(61)

4.2 Espectros Raman da Lalaninad7 59

Figura 26: Gr´afico de evolu¸c˜ao da freq¨uˆencia versus press˜ao da L-alanina totalmente deuterada num experimento de compress˜ao para o intervalo de 1380 a 1700 cm−1

(62)

4.2 Espectros Raman da Lalaninad7 60

A Figura 26 apresenta a evolu¸c˜ao dos espectros Raman de L−alanina−d7 com a

press˜ao na regi˜ao espectral entre 700 - 1250cm−1

num experimento de aumento de press˜ao. Nesta regi˜ao as bandas aparecem muito mais nitidamente do que na regi˜ao anteriormente analisada. A banda assinalada por um asterisco no espectro 0,3 GPa est´a associada a uma

vibra¸c˜ao do tipo deforma¸c˜ao sim´etrica do CD3, δS(CD3), que num espectro registrado

com a amostra fora da c´elula de press˜ao, apresenta-se como um pico duplo (dubleto). J´a as duas bandas marcadas por duas setas no espectro de 0,3 GPa est˜ao associadas `a deforma¸c˜ao assim´etrica doN D+

3, δA(N D3); com o aumento de press˜ao observa-se que a

separa¸c˜ao aumenta ainda mais.

A banda em 1137 cm−1

est´a associada a uma vibra¸c˜ao do tipo deforma¸c˜ao sim´etrica

doN D+

3,δS(N D3). Com exce¸c˜ao desta banda pode-se afirmar que praticamante todas as

bandas na Figura 26 sofrem um aumento do n´umero de onda com o aumento da press˜ao. De fato, ela sofre um ”red-shift”, o que parece indicar um enfraquecimento das liga¸c˜oes N-D.

A figura 27 apresenta a evolu¸c˜ao dos espectros da L-alanina-d7 com a diminui¸c˜ao

de press˜ao para a regi˜ao espectral entre 700 e 1250 cm−1

. Observa-se a reversibilidade de todos os efeitos da press˜ao produzidos originalmentecom o aumento do valor deste perˆametro termodinˆamico. ´E interessante, em particular, observar-se o efeito inverso no n´umero de onda da banda δS(N D3): com a diminui¸c˜ao da press˜ao a banda sofre um

′′blue-shift′′, ou seja, um desvio para mais alta energia, al´em de diminuir bastante a sua

largura de linha.

Os efeitos da press˜ao na freq¨uˆencia dos modos da L-alanina deuterada ativas no Raman na regi˜ao espectral 650 - 1250cm−1

(63)

4.2 Espectros Raman da Lalaninad7 61

Figura 27: Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada num experimento de compress˜ao para o intervalo de 650 a 1250 cm−1

(64)

4.2 Espectros Raman da Lalaninad7 62

Figura 28: Espectros Raman da L-alanina totalmente deuterada num experimento de descompress˜ao para o intervalo de 650 a 1200 cm−1

(65)

4.2 Espectros Raman da Lalaninad7 63

Figura 29: Gr´afico de evolu¸c˜ao d¨a freq¨uˆencia versus press˜ao da L-alanina totalmente deuterada num experimento de compress˜ao para o intervalo de 700 a 1250 cm−1

(66)

4.2 Espectros Raman da Lalaninad7 64

A figura 29 apresenta a evolu¸c˜ao dos espectros Raman daL−alanina−d7em fun¸c˜ao da

press˜ao na regi˜ao espectral entre 200 e 650cm−1

num experimento de aumento de press˜ao. As bandas mais proeminentes est˜ao associadas `a deforma¸c˜ao do CO−

2, em

aproximada-mente 600cm−1

; ao ”rocking”do CO−1

2 em aproximadamante 500 cm− 1

; `a deforma¸c˜ao do

tipo NCC, em aproximadamente 360cm−1

. Todos elas evoluem linearmente com a press˜ao e nenhuma separa¸c˜ao de bandas ´e observada nesta regi˜ao do espectro. Observa-se adi-cionalmente, uma banda de baixa intensidade, marcada com uma seta, que est´a associada ao modo de tor¸c˜ao do N D3, τ(N D3), que discutiremos em mais detalhes num par´agrafo

a frente.

A figura 30 apresenta, para um experimento de descompress˜ao, a evolu¸c˜ao dos

espec-tros Raman da L-alanina-d7 no intervalo entre 200 e 650 cm−1

. Observe-se novamente a recupera¸c˜ao da forma dos espectros quando a press˜ao retorna para baixos valores. A evolu¸c˜ao da freq¨uˆencia dos modos Raman nesta regi˜ao espectral ´e apresentada na Figura 31.

Resta agora discutir o que ocorre na regi˜ao de baixa freq¨uˆencia. Lembramos que em

algumas situa¸c˜oes, quando se trata de cristais de amino´acidos, uma transi¸c˜ao de fase est´a associada a mudan¸cas na regi˜ao de baixa freq¨uˆencia dos espectros Raman sem ocorrer nenhuma modifica¸c˜ao em modos de altas freq¨uˆencias ou modos internos. ´E por esta raz˜ao que embora tenham sido observadas algumas mudan¸cas nos espectros mostrados at´e aqui

ser´a fundamental analisar-se cuidadosamente a regi˜ao dos modos externos.

A Figura 32 apresenta a evolu¸c˜ao dos espectros Raman da L−alanina− d7 com

a press˜ao no intervalo de freq¨uˆencia entre 50 e 200 cm−1

. Como j´a comentado, esta ´e a regi˜ao dos modos externos. Os modos que aparecem nesta figura apresentaram um comportamento altamente sugestivo de que o cristal de L-alanina-d7 sofre uma transi¸c˜ao

de fase a altas press˜oes. Para entendermos de uma forma mais clara a ocorrˆencia de uma poss´ıvel transi¸c˜ao de fase, consideremos tamb´em o gr´afico da freq¨uˆencia dos modos de baixa energia em fun¸c˜ao da press˜ao, Figura 34. Observa-se uma leve descontinuidade na freq¨uˆencia da banda de maior freq¨uˆencia em≈1,5 GPa e descontinuidades nas freq¨uˆencias

das duas bandas para press˜oes superiores 4,4 GPa. Em conjunto com as modifica¸c˜oes que ocorrem em outras regi˜oes espectrais somos levados a deduzir que acima de 1,5 GPa e acima de 4,4 GPa o cristal de L-alanina deuterada sofra transi¸c˜oes de fase estruturais.

´

E interessante, antes de aprofundar um pouco a discuss˜ao da transi¸c˜ao com a press˜ao, recordar a transi¸c˜ao de fase com a temperatura sofrida pelo cristal deL−alanina−d7. Os

Imagem

Figura 1: Esquema geral de um amino´acido de radical R qualquer.
Figura 6: Detalhe da liga¸c˜ao da ponte de hidrogˆenio O-H-N[12].
Figura 8: Carta de correla¸c˜ao para os cristais de L-alanina.
Figura 9: Diagrama em blocos para a realiza¸c˜ao dos experimentos de espalhamento Raman.
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Referências

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