• Nenhum resultado encontrado

Espelhos d’água mapeados pela ANA, no município de Paragominas e área de estudo até o ano de 2007 Elaboração IMAZONGEO, 2017.

Esses dados trouxeram a lume que o órgão gestor federal desconhece a ocorrência quantitativa de pequenos represamentos de rio no estado do Pará, uma

vez que o tamanho mapeado não permite identificá-los. Imagina-se que pelas dimensões territoriais que estão sob responsabilidade do CNRH e ANA (contexto nacional) essa modalidade de levantamento seria dispendiosa e morosa para o órgão. No entanto, em consulta às bases estaduais e municipais (contexto do Pará – domínio territorial menor), não foi identificada atribuição ou iniciativa de mapeamento, igualmente à do ente federado.

O mesmo levantamento realizado na esfera estadual e municipal demonstrou a inexistência de um banco de dados, de caráter público, que contemple e organize informações concernentes aos pequenos represamentos artificiais de cursos d’água. Como a pesquisa aos websites não demonstrou sucesso, uma validação, ou seja, confirmação da inexistência do banco de dados (informações sistematizadas) foi verificada. Para esta validação, aplicaram-se as entrevistas semiestruturadas.

Na competente secretaria estadual, SEMAS, a entrevista foi conduzida com um técnico vinculado à Diretoria de Geotecnologias (DIGEO)11 e outro técnico vinculado à Diretoria de Recursos Hídricos (DIREH)12. Como a DIGEO possui um núcleo para análises geoespaciais, imaginou-se que possíveis mapeamentos de espelhos d’água estivessem sobre a sua responsabilidade, no entanto, o desenrolar da entrevista demonstrou que essas informações ainda não existem em seus bancos de dados, mas que a secretaria está se organizando para esse desenvolvimento. Já na DIREH, a conversação conduzida com a Gerência de Outorgas (GEOUT) tentou avaliar se o banco de dados de outorgas de recursos hídricos contempla também outorgas para obras hídricas. Igualmente, o banco de dados existente, que ainda não é de caráter público, identifica um total de 257 outorgas, no Pará, para barramentos, mas que ainda não está sistematizado para diferenciar entre outorgas de acumulação de água,

11 É responsável pela construção e gerenciamento do Banco de Dados Ambientais Georreferenciados, alimentado pelo Cadastro

Ambiental Rural – CAR e pelos dados de análise da situação ambiental dos imóveis com atividades submetidas ao licenciamento, pela produção cartográfica sistemática e temática gerados por esse Núcleo, além de dados raster (imagens de satélite, aerofotos), que dão suporte ao CAR, licenciamento, monitoramento e fiscalização ambiental. O Núcleo de Geotecnologias está iniciando a elaboração de Mapeamento de Uso do Solo e da Dinâmica do Desmatamento e da Regeneração da Cobertura Vegetal, que atenderá não só à SEMA, mas também ao usuário externo, através do Sistema Geocatálogo, que está sendo implantado, integrado com o SIMLAM (Sistema Integrado de Monitoramento e Licenciamento Ambiental). https://www.semas.pa.gov.br/diretorias/digeo/

12 A DIREH é composta atualmente por duas coordenações: Coordenadoria de Regulação (COR), que possui duas gerências:

Gerência de Cadastro e Cobrança (GECAD) e Gerência de Outorga (GEOUT); e a Coordenadoria de Planejamento e Apoio à Gestão de Recursos Hídricos (CIP). À DIREH compete coordenar e executar a Política Estadual de Recursos Hídricos, articulando ações junto às demais secretarias de governo, às instituições públicas federais e municipais afins, às empresas públicas, às empresas privadas e às agências de financiamento e cooperação nacionais e internacionais, com o intuito de regular os diversos usos da água, garantindo os padrões de qualidade adequados para a manutenção da vida. Além de proporcionar condições favoráveis à gestão participativa, a fim de dirimir conflitos e garantir que os interesses econômicos sejam atendidos sem comprometer a disponibilidade hídrica para os usos prioritários previsto em lei, e auxiliar na adequação do uso desses recursos em benefício da sociedade. https://www.semas.pa.gov.br/diretorias/recursos-hidricos/apresentacao/

contenção de rejeitos, resíduos industriais e geração elétrica, tão pouco que possa destacar o porte desses empreendimentos.

Nesse contexto, afirma-se que até o momento em que foram conduzidos os levantamentos (data das entrevistas - 03 de abril de 2017), o organismo de meio ambiente em nível estadual não possui qualquer conhecimento quanto à existência/ frequência e tão pouco um quantitativo da implementação de pequenas barragens no estado do Pará. Existe, portanto uma lacuna de informações importantes para a gestão do uso do solo no contexto da bacia e disciplinamentos necessários.

Com o mesmo desenvolvimento de investigação, na secretaria municipal de Paragominas (SEMMA), a entrevista foi conduzida com um técnico de licenciamento no dia 17 de março de 2017, o qual confirmou a inexistência de informações organizadas que permitam avaliar a existência e frequência com que pequenos barramentos de cursos d’água são estabelecidos no município. Embora argumentem as informações necessárias para a atuação da secretaria, esta não sabe informar: a) quantos pequenos barramentos de cursos d’água existem no município; b) os aspectos técnicos que foram empregados para seus estabelecimentos; c) as condições de conservação e; d) os impactos sinérgicos que estão sendo gerado para a bacia hidrográfica do rio Uraim.

Após verificar que os organismos governamentais (federal, estadual e municipal) não possuem conhecimento da ocorrência e frequência dos pequenos represamentos de rios, se prosseguiu com uma busca de informações em bases públicas não governamentais. Encontraram-se informações de gestão do IMAZON, que conduziu, em 2010, um levantamento de toda a cobertura do solo incluindo os espelhos de água naturais e artificiais (represamentos). Acessando esse banco de dados verificou-se que no município foram identificados 493 espelhos d’água com características de represamento. Desses, 108 estão na bacia do rio Uraim e 19 na sub-bacia do rio Uraim (área de estudo). Os tamanhos dos espelhos mapeados variaram de 0,181 hectare (ha) a 3.834 ha. Os levantamentos conduzidos pelo IMAZON foram mais precisos, uma vez que, consideraram escala menor (1:50.000), se comparada com a escala da ANA (1:250.000), e igualmente uma área territorial menor (Mapa 9 pág. 101).

Mapa 9. Espelhos d’água mapeados pelo IMAZON em Paragominas e área de estudo até o ano de 2010.