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Essa parte é da professora de produção textual

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3.2. O que nos disseram sobre a escolha (e o uso) do livro

3.2.1. Essa parte é da professora de produção textual

As entrevistas nos revelaram que as professoras de Língua Portuguesa utilizaram apenas uma parte do livro, o Caderno de Estudos de Linguagens, com seus conteúdos voltados para a questão gramatical e que, segundo as professoras de Língua Portuguesa, os conteúdos referentes ao Caderno de leitura e produção, seriam trabalhados pelas professoras de ILPT, algo não confirmado pelas mesmas.

A professora Jane disse que o livro a atende nos aspectos gramaticais, mas não em textos, e por isso leva “coisas de fora” e alegou não saber quais são os textos contidos no livro. Sobre a disciplina ILPT, disse que no início “existia um trabalho diferenciado, eles faziam reuniões, tinha um projeto, na verdade, de produção textual (...) mas eu não sei como eles trabalham agora, porque eu não tenho contato, porque elas não trabalham nos mesmos dias que eu, então eu não tenho contato com ela pra ver como. Eu sei que ela traz muita coisa fora, mas eu não sei se é da Secretaria ou se é por ela mesmo, que ela faz isso”.

Assim como a professora Jane, a professora Marlene disse que a parte de interpretação de textos é trabalhada pela professora de ILPT, atendo-se então a disciplina Língua Portuguesa ao trabalho direcionado “para a gramática”. Ela destaca que

No nono ano eu tenho um problema sério: você, no nono ano você tem que dar o diacho das orações subordinadas. Eu vou ignorar as (orações) coordenadas, tá? Vou apenas para as subordinadas. Gente, não adianta, eles carregam as deficiências das funções sintáticas desde o sétimo ano, entendeu? Então quando eles chegam nas orações é caos total, mas esse livro eu trabalhei todas as questões, eu já dei pra eles as substantivas, já dei as adjetivas. Deixei para o quarto bimestre as nove adverbiais, mas eu trabalhei com todas as questões do livro, entendeu? E eles conseguem e eles fizeram, eles compreenderam, porque as questões dele (Singular & Plural) são de construção de conhecimento, então, por exemplo, é... oração adjetiva. Antes de explicar o que é adjetiva, o livro já começa com um quadrinho, as perguntas sobre ele, tal substantivo tá sendo caracterizado por

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onde? Então você constrói conhecimento da adjetiva. Aí eu vou lá e aí eu vou e dou meu recado, entendeu? E eles tão trabalhando direto com ele.

A professora Marlene falou da importância de o livro e o ensino abordarem as realidades, o que faz parte da vida dos alunos. O livro porque é um meio para tais discussões, mas essa questão deve “estar em mente do professor na hora da escolha ter isso tudo lá dentro”. Disse trabalhar autores como Içami Tiba61, da Rosely Sayão62, mas que os alunos não têm conhecimento para essas discussões. “- tem que ser mais leve, entendeu? Na escola pública. É que eu acho que a gente não pode ter um outro livro pra escola pública. Se não a gente vai tá fazendo a diferença também”.

A professora Graça, de ILPT disse que não segue o currículo da Secretaria de Educação de Nova Iguaçu, mas o do Estado do Rio, com a diferença que o Estado não separa Língua Portuguesa de produção textual e que não há a disciplina ILPT. Mas considera este “um currículo mais amplo, porque (...) supostamente serve para todos os municípios” e como ela é professora do Estado é esse o currículo que usa.

A professora considera a divisão entre Língua Portuguesa e ILPT substancial e justifica isso pelo “tipo de público que tem uma dificuldade muito grande de compreensão mesmo das coisas, assim, interpretação, compreensão” porque “a leitura de decodificação para eles é difícil”.

O “tipo de público” citado pela professora são os alunos de escolas públicas na Baixada Fluminense. Pressupondo que alunos da Zona Norte e Oeste tenham mais acesso à urbanização.

A professora Alice disse que o trabalho com sua disciplina, ILPT, depende da equipe, então ela trabalhou “a linguagem em si, independente de ser um texto do livro” ou outro material. Disse que as vezes pede que os alunos levem o livro, para trabalharem um texto, mas que no ano da realização da entrevista não havia trabalhado o livro. Suas aulas são baseadas em questões de “concurso de um modo geral” e a gramática e semântica são trabalhadas dentro do texto.

Quando inquirida sobre o interesse dos alunos em procurar esses concursos “de um modo geral” a professora Alice disse que vê interesse na minoria. Disse ter trabalhado textos com a questão ambiental, opção feita para dialogar com os conteúdos de Ciências e que trabalhou “diversos gêneros textuais, diversos temas, não só a questão de redação, de produção”. Sobre as estratégias de ampliação de seu trabalho, a professora relata:

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Psiquiatra e educador

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dentro de ILPT eu trabalho muito mais assim, aquelas questões dos descritores e habilidades dentro da área da linguagem, da língua portuguesa mesmo, então, os textos que eu trago, que eu falei pra você assim, que são algumas questões claro que adaptadas, né, de concurso, adaptadas pra faixa etária, pra série e o ano que eles estão, até porque eu já conheço os alunos, foram meus ano passado, então assim, eu vou trabalhando dentro dessas questões dos textos, as habilidades e os descritores, por exemplo, dedução, comparação, análise, inferência, então por isso que eu trabalho textos variados, do quadrinho até poesia, letra de música, em fim, textos variadíssimos, com temas variadíssimos e, mais sempre com foco, que é a questão das habilidades e competências que eles tem que ter mesmo, que é a dedução, a inferência, a comparação. Tem que saber comparar, tem que saber procurar o valor semântico, a referência dentro do texto. Então trabalho em cima disso a gramática também, paralela.

Em resposta à pergunta sobre a disciplina ILPT, disse que nunca participou de nenhum encontro de formação continuada por incompatibilidade com seus horários. Que no ano anterior recebia mais convites, mas que só soube de dois encontros.

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