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4. Aplicação à Ribeira da Riguinha e à Ribeira de Carcavelos

4.1 Identificação e análise da rede hidrográfica – Rede das ribeiras da Riguinha e Carcavelos

4.2.2 Estádio do Mar

4.2.2.1 Situação existente

A segunda proposta envolve o desenterramento de parte da ribeira da Riguinha, considerando-se os terrenos junto ao complexo desportivo do Estádio do Mar, uma das áreas com o maior potencial para tal operação. Os terrenos em questão são maioritariamente camarários, e encontram-se designados no Plano de Urbanização do Complexo desportivo do Mar e sua envolvente, aprovado pela assembleia municipal a 02/10/2008, como áreas verdes de uso público (anexo 11).

A área de intervenção pode-se considerar dividida em três parcelas diferentes: uma área de maior relevo que cria uma espécie de planalto, junto ao complexo do estádio; uma área de relevo menos acidentado que acompanha o edificado; e uma zona de vale junto ao caminho que acompanha a linha do metro. No seu todo, esta área apresenta características topográficas que sugerem que esta ribeira, ou outro curso de água, tenha corrido à superfície algures no passado. Estas características são importantes para o sucesso da operação de desenterramento, visto que facilitam a criação do novo canal.

Figura 14 - Diferentes vistas da área de intervenção. Começando pela área de planalto (onde é possível observar o topo do edificado); a área junto ao edificado, abaixo da encosta do planalto, mantida regularmente; e o início do caminho que acompanha a linha do metro, partindo de junto do edificado. (fonte: autor) (mais imagens do local disponíveis no anexo 12)

Tanto a zona de planalto, junto ao muro que delimita o complexo do estádio, como a zona de vale que acompanha a linha de metro até ao IC-1, encontram-se degradadas. Nestas parcelas observa- se muita vegetação em crescimento livre, sublinhando-se a presença de espécies infestantes, como as acácias (Acacia melanoxylon) e os eucaliptos (Eucaliptus globulus), assim como lixo e outros resíduos. Porém, observam-se também algumas espécies autóctones, incluindo algumas espécies ripícolas, espécimes com potencial de fazerem parte do novo desenho do espaço, que surge com a operação de desenterramento da ribeira.

A área que se encontra junto ao edificado apresenta-se bem mantida, com uma variedade de espécies ornamentais a pontear as zonas de relvado. Apresenta também um pequeno campo de jogos.

4.2.2.1 Proposta

A proposta exemplo elaborada para a área adjacente ao complexo desportivo do Estádio do Mar envolve o desenterramento de parte da ribeira que por ali passa entubada. Juntamente com a proposta de desenterramento e criação de um novo e naturalizado canal para a ribeira, é proposta a requalificação de todo o espaço no qual este se insere, formando uma área verde consolidada, aproveitando o potencial paisagístico que emerge com o ressurgimento da ribeira à superfície.

Devido ao edificado que se encontra sobre parte do troço da ribeira, propõe-se o seu desenterramento em duas partes distintas. Supõe-se que esta opção seja a mais económica e plausível, tendo em conta a infraestrutura subterrânea que poderá acompanhar o edificado e possivelmente comprometer a operação. O canal proposto sobrepõe-se, quase diretamente, ao trajeto atual da ribeira entubada, à exceção do pequeno troço referido acima. A ribeira surge então, no extremo norte da área de intervenção, junto ao IC-1, e corre em direção a sul por uma zona de vale que se abre numa área de relevo menos acidentado, voltando ao subsolo à medida que se dirige em direção ao edificado. Volta depois a surgir, num troço de menor distância, seguindo o perfil da base da encosta até que torna a desaparecer para o subsolo.

Ao longo do canal naturalizado surge o estrato arbustivo ripícola, com espécies como os salgueiros (Salix salviifolia e Salix atrocinerea), sabugueiros (Sambucus nigra) e Frangula alnus. A nível do estrato arbóreo, acompanham o canal da ribeira, várias espécies ripícolas, das quais se sublinham os choupos (Populus alba e Populus nigra), os vidoeiros (Betula alba), os amieiros (Alnus

glutinosa), os freixos (Fraxinus angustifolia), as faias (Fagus sylvatica), entre outras. Associadas

aos corredores ripícolas que se formam ao longo das margens do canal, surgem outras espécies autóctones que muitas vezes se encontram associadas à mata ripícola, como o Quercus robur e o Pinus pinea. Surgem também outras espécies, mais ornamentais, como o cipreste de lawson (Chamaecyparis lawsoniana), de modo a criar uma maior harmonia entre os espaços criados e os corredores ripícolas que ladeiam o canal.

Vários caminhos são traçados na área de intervenção, cada um partindo de pontos considerados principais. Começando pelo sudoeste da área, junto à entrada para o complexo desportivo do Mar, surge uma das entradas para o parque. Esta dá acesso à área de planalto, para onde se propõe que se desloque o campo de jogos existente, acompanhado de uma zona de descanso pavimentada. O traçado dos caminhos procura emular a natural ramificação dos rios e ribeiras, dando-lhe simultaneamente uma essência humana através de um traçado angular. Mais a Sul da área propõe-se outro acesso ao espaço, acompanhando o canal da ribeira. Esse caminho proporciona também, acesso ao edificado, juntando-se depois ao caminho principal que se estende ao longo do canal da ribeira. Observa-se depois uma pequena travessia “molhada”, onde os utilizadores do espaço poderão atravessar a ribeira sobre pedras fixas no seu leito. Associada a esta travessia, encontra-se outra área de repouso pavimentada.

Ao longo dos caminhos surgem várias áreas de clareira, onde os utilizadores do espaço têm a oportunidade de praticar um vasto, e livre, leque de atividades. Outros espaços com fins mais específicos também são propostos, incluindo áreas de aprendizagem, onde utilizadores poderão entrar em contacto com a natureza e com os habitats da ribeira, e onde se poderão realizar aulas ao ar livre, entre outras atividades.

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