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Estágio Supervisionado Obrigatório no curso de Licenciatura Plena em

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Capítulo 1: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.2 Estágio Curricular Supervisionado

1.2.1 Estágio Supervisionado Obrigatório no curso de Licenciatura Plena em

Em virtude da necessidade de regulamentar o estágio com base na Lei 11.788/2008, foi estabelecida a Resolução 678 do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE), em 17 de dezembro de 2008, cujas normas organizam o ESO nos cursos de graduação da UFRPE. Segundo essa resolução, o ESO “[...] é aquele definido como tal no projeto do curso, cuja carga horária é requisito para integralização curricular e obtenção de diploma” (Art. 2º). A resolução especifica que os objetivos do ESO são:

I – Proporcionar ao estudante situações profissionais reais para aplicação, aprimoramento e complementação dos conhecimentos adquiridos com elemento constitutivo do movimento permanente de ação/reflexão, teoria/prática, tendo como referência básica a realidade social concreta;

II – Viabilizar a retroalimentação do ensino, oferecendo ao Estudante a possibilidade de rever posições teóricas quanto à prática profissional e à Universidade subsídios à revisão e renovação dos currículos dos cursos.

Em linhas gerais, tal resolução reforça que a finalidade do ESO é possibilitar ao estudante o convívio com o ambiente de trabalho e viabilizar o intercâmbio de conhecimentos entre a universidade e o campo de estágio.

De acordo com a matriz curricular do curso de Licenciatura Plena em Ciências Biológicas (anexo A), a estruturação do ESO se apresenta em etapas distintas, mas complementares, a saber: ESO I, II, III e IV com cargas horárias de 60h, 60h, 60h e 120h, respectivamente. Eles ocorrem a partir da segunda metade do curso, iniciando o primeiro deles a partir do quinto período no turno vespertino e do sexto período no noturno. Contudo, no que tange à carga horária, perfazem um total de 300h não atendendo ainda às exigências mínimas19 da Resolução CNE/CP nº 2/2015.

Neste contexto, Barreto (2014) alerta que a ampliação deve ser pensada de modo que se preze pela qualidade e não apenas no quantitativo da carga horária. De certa forma, importa-nos destacar que tal ampliação advém da necessidade dele ocorrer dentro de um tempo mais concentrado e amplo para garantir ao licenciando-estagiário um contato mais aprofundado com seu futuro campo de atuação.

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Para fins de esclarecimento, convém destacar que o Núcleo Docente Estruturante (NDE), composto por representantes de departamentos vinculados ao curso, é o responsável por propor ao CCD as modificações na matriz curricular. No caso do ESO, compete ao representante do Departamento de Educação (Ded) promover discussões para solucionar questões no que diz respeito a este componente curricular, em especial, à sua carga horária.

Enquanto o ESO I (estágio de observação) se destina à investigação da dinâmica escolar, incluindo estudo sobre o Projeto Político Pedagógico (PPP), o ESO II (estágio de participação) se destina à primeira intervenção em sala de aula através de projeto didático. Já os ESO III e IV (estágios de regência) se destinam à vivência da docência nos anos finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, respectivamente.

As funções que competem ao professor orientador e ao professor supervisor (Quadro 5) são essenciais para o acompanhamento e o sucesso do estágio. No entanto, quando não há compromisso e/ou lhes falta uma relação direta e estreita, várias problemáticas podem ocorrer e causar “[...] um desequilíbrio entre o que é proposto como desejável e o que é viável nas escolas” (KRASILCHIK, 2008, p. 168). Nesse sentido, destacamos que as orientações e supervisões devem ocorrer com o mesmo objetivo tanto no espaço formativo como no campo de estágio onde o licenciando exerce suas atividades.

Quadro 5 – Funções do professor orientador e do professor supervisor Professor orientador Professor supervisor

• Orientar o licenciando, na universidade, durante as atividades acadêmicas e o período do estágio;

• Orientar o licenciando na análise do PPP, no planejamento de aulas e do projeto didático, bem como na construção do relatório de estágio e nas demais atividades;

• Sugerir atividades de complementação de estudos sobre a docência;

• Fomentar a reflexão, discussão e autoavaliação quanto à vivência do estágio.

• Promover a inclusão e a integração do licenciando na escola;

• Supervisionar o licenciando, na escola, durante a realização do estágio;

• Realizar a avaliação do licenciando.

Fonte: a autora

Os achados da pesquisa de Barreto (2014), intitulada: “o Estágio Supervisionado Obrigatório na formação do professor de Ciências Biológicas da UFRPE”, revelaram algumas contribuições dos ESO, entre elas estão: conhecer a realidade escolar, conferindo aos licenciandos a oportunidade de melhor preparação para as adversidades do futuro campo de atuação; estabelecer relação “frutífera” entre estagiário e professor supervisor na troca e na construção de conhecimentos; adquirir valores éticos para o exercício da docência; exercitar o planejamento de aulas, bem como integrar a teoria estudada a prática. Desse modo, a autora

considera que os supervisores e orientadores exercem forte influência na formação dos futuros professores.

Segundo a referida autora, o papel do supervisor é proporcionar aos licenciandos uma reflexão crítica da postura e conduta do professor na sala de aula, enquanto que a do orientador é viabilizar uma formação a partir do que foi vivenciado na escola campo de atuação. No que tange ao orientador, Pimenta e Lima (2010) reforçam que sua função é, à luz da teoria, refletir com seus estudantes sobre as experiências que trazem, assim como projetar um novo conhecimento que ressignifique suas práticas, considerando as condições objetivas, a história e as relações de trabalho vividas por eles.

Nessa direção faz parte de seu papel instruir o estagiário sobre a maneira como atuam nas escolas, isto é, como planejam as aulas, ministram o ensino e avaliam a aprendizagem. Na verdade, existe uma troca de conhecimentos que versam no sentido de ajudá-los a construírem suas identidades; a serem sujeitos autônomos, sobretudo, críticos e reflexivos. Assim, quando estiverem a serviço da docência terão fundamentos para proceder.

É interessante destacar que, como se trata do processo de desenvolvimento profissional docente, é possível que o estagiário-licenciando tenha como referência seus professores formadores, tomando as práticas pedagógicas deles como exemplos a serem seguidos, inclusive sobre a avaliação da aprendizagem. A explicação para isso se remete às fortes tendências reprodutivistas das práticas avaliativas, já que na docência também se age por “imitação” até que a própria identidade seja construída.

Fato é que o vivenciado enquanto professor em formação pode ser seguido no exercício da docência, ou seja, as concepções e as práticas avaliativas dos professores formadores podem ser reproduzidas de maneira fiel. Portanto, os equívocos, perante a avaliação, também são passivos de reprodução, principalmente, se há carência de formação em avaliação. Esta é uma entre as razões que nos moveu a colocar o ESO como foco de investigação nesta pesquisa.

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