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Estação Ferroviária Senador Canedo

No documento LEANDRO OLIVEIRA DE LIMA (páginas 98-101)

Segundo relatos de Luiza do Nascimento Aguiar, uma das primeiras moradoras da região, escrivã e proprietária do primeiro cartório do distrito, a ferrovia dava animação à dinâmica do distrito devido a sua capacidade de levar muita gente para Goiânia de uma só vez, já que as linhas de ônibus eram precárias. A infraestrutura da cidade não mudou muito durante os períodos em que a ferrovia transportou passageiros. No entanto, a situação piorou ainda mais após a extinção

dessa função. Houve uma estagnação do crescimento do distrito até que as condições de transporte fossem melhor resolvidas na década de 1970.

O povo ficou tudo achando ruim porque parou o movimento do povo que vinha de fora. O transporte ficou mais difícil. Ai começou vim um leiteiro, dois e levava o pessoal pra Goiânia. Tinha ônibus não! Demorou ter ônibus pra vir pra cá (informação verbal concedida por Luiza N. Aguiar, 2008).

Aqui eram poucas ruas sabe. Tinha a rua da Estação, essa rua Brasil e a rua São Sebastião. Poucas casas aqui. Era distrito de Goiânia Era pequeninho [...] Tinha umas trezentas casas já. O centro era num colégio lá embaixo, colégio Pedro Xavier Teixeira (o nome correto e atual é Colégio Senador Canedo). O centro era ali perto do Buda. Era pouquinha rua, cidade pequena quando eu vim pra cá (informação verbal concedida por Luís Lima do Amaral, 2008).

A estação ferroviária tinha movimento pra daná. A cidade foi perdendo movimento quando fez o asfalto de Bela Vista. Dai o povo da periferia das fazendas que passavam por aqui, já não passavam mais. Alguns iam a trabalho, outros iam fazer compras. O lugar mais próximo pra fazer compra era Goiânia. [...] A primeira estrada foi essa da Santa Marta, a Sete Grotas (informação verbal concedida por Edson Ferreira de Carvalho, 2008).

Posteriormente, após o fim do transporte de passageiros via ferrovia (que durou uns quatro ou cinco anos segundo Luiza), a ligação do distrito se dava com muita dificuldade pela Estrada Sete Grota, conhecida também por “voo de pica-pau”. A estrada seguia em direção a GO 010, que ligava Goiânia a Anápolis e Leopoldo de Bulhões. Enquanto os ônibus não começavam a circular definitivamente em linhas específicas para o distrito, os moradores dependiam das caronas nos caminhões leiteiros e bicicletas.

O meio de transporte era pela ferrovia, quem não optava pela ferrovia, enfrentava os caminhões poeirentos, os leiteiros (informação verbal concedida por Edson Ferreira de Carvalho, 2008).

Uai, eu num estou falando pra você que num tinha jeito! Era um caminhão leiteiro que transportava. Tinha dia dele não ir, dai ficava todo mundo aqui esperando [...] Nesse tempo era a coisa mais difícil do mundo. Nós íamos pra Goiânia tinha vez, de bicicleta. Deixava a bicicleta lá no Jardim das Oliveiras (provavelmente Setor Matinha) pra depois ir pra Goiânia (informação verbal concedida por Luiza N. Aguiar, 2008).

E ônibus? Quando começou a circular ônibus? Ônibus começou mais ou

menos em 70 (informação verbal concedida por Edson Ferreira de Carvalho, 2008).

Tinha um ônibus que vinha de Pires do Rio. Cabia umas vinte e poucas pessoas. O ônibus vinha de Pires do Rio uma vez na semana, passava em Bela Vista, por aqui e levava pra Goiânia [...] Às vezes pegávamos o ônibus que vinha de Bulhões. Passava ali (Setor Matinha), então nosso recurso era esse. Ainda agradecia a Deus quando chegava lá (em Goiânia) (informação verbal concedida por Luiza N. Aguiar, 2008).

O transporte era muito precário. Era um ônibus velho que tinha [...] uma jardineira como eles falavam. Ela dava duas viagem em Goiânia: saia de Caldazinha passava por aqui e ia pra Goiânia. Dez e meia ela voltava, vinha só até aqui. Depois voltava (em Goiânia) e vinha embora à tarde. Então, eram pouquíssimas pessoas que iam trabalhar lá. Eram muito poucas pessoas que iam pra Goiânia e voltava. Tinha gente que ia todo dia [...] Senador Canedo é cidade que o povo ficava mais aqui mesmo (informação verbal concedida por Juscelino Vieira, 2008).

Pelo que foi exposto, percebe-se que as dificuldades de deslocamento eram latentes. De certo modo, isso refletiu por um período de tempo na dinâmica interna do distrito, já que as relações políticas com a prefeitura de Goiânia eram precárias como atesta o ex-subprefeito.

Eu fui subprefeito um ano só. Olha, subprefeito é igual vice-prefeito não manda coisa nenhuma. Então a minha função era só fazer oficio reivindicando melhoria e eles engavetando. Fiz pouca coisa por Senador Canedo. Eu consegui levar energia na Vila São Sebastião e em vários lugares na Vila Bom Sucesso, no Jardim Todos os Santos. Conseguimos trazer o colégio Pedro Xavier Teixeira. Lá era um campo de esportes, de futebol (década de 1980) (informação verbal concedida por Edson Ferreira de Carvalho, 2008).

O distrito esteve limitado às margens da ferrovia por quase três décadas (ver foto 05 a seguir). As principais vias internas eram a Rua da Estação, a Rua José Calaça e a Rua Brasil. Os principais pontos de comércio e serviços estavam situados na Rua da Estação. O acesso mais antigo ao distrito, conforme consenso relatado pelos entrevistados, era a Estrada Sete Grotas. Somente após o asfaltamento da GO 020, que ligava Goiânia a Bela Vista, é que essa via perdeu a sua importância para a GO 536. Embora a Sete Grotas ligasse o distrito a GO 010, a expansão urbana se dava em direção leste da cidade, obedecendo ao alinhamento da ferrovia.

As Vilas São Sebastião e Bonsucesso se expandiram nessa época, juntamente com a Vila Santa Rosa, de forma linear e no sentido leste-oeste do município. A expansão da Vila Santa Rosa pode ser explicada em decorrência da sua localização à margem norte da ferrovia, pela influência da chegada das linhas

de ônibus e posteriormente a criação do Jardim Todos os Santos. No caso da Vila Bonsucesso a influência se relacionou com a vinculação do distrito com fazendas ligadas a Caldazinha.

No documento LEANDRO OLIVEIRA DE LIMA (páginas 98-101)