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A produção urbana da Região Galvão

No documento LEANDRO OLIVEIRA DE LIMA (páginas 157-162)

Foto 23 Zona Industrial na Região do Oliveiras (Área Administrativa II)

3 A CRIAÇÃO DO MUNICÍPIO: ESTRUTURAÇÃO URBANA E

3.3 Vila Galvão: a primeira conurbação com a capital

3.3.1 A produção urbana da Região Galvão

O bairro mais antigo da Região Galvão é a Vila São João I e II, resultado inicial da realocação dos moradores da Santa Marta. Apresenta pouco ordenamento de ruas e lotes em decorrência de sua ocupação espontânea. É o bairro que melhor representa o peso do padrão urbano impactado pelo transporte coletivo na região. Sua malha urbana constitui-se na primeira conurbação do tecido urbano Senador- Goiânia.

O maior bairro da região, a Vila Galvão, surgiu no final da década de 1980 e teve seu adensamento urbano intensificado na década de 1990. Os atores urbanos envolvidos nesse bairro são, em sua maioria, de baixa renda, também não admitidos na metrópole. Diferente da articulação política encabeçada pela Fegip no Jardim das Oliveiras, não se tem conhecimento de uma ação política coletiva que fosse responsável pela criação do bairro. Por sua demanda, é o bairro que possui maior número de estabelecimentos comerciais, porém não há a presença de grandes lojas de impacto metropolitano como existe na região central da cidade. Seu parcelamento originou-se da iniciativa privada, sendo que os lotes na época eram vendidos a baixo custo.

O Condomínio Portugal, mais recente que a Vila Galvão, também surgiu na década de 1990 após a criação da Vila Galvão. Sua ocupação às margens da rede ferroviária é atualmente marcada por ocupações irregulares nessas imediações.

O Residencial Marília é o bairro mais recente (década de 2000), originado a partir dos interesses imobiliários da iniciativa privada. Pelo alto custo dos terrenos, (comparado com os que estão a disposição no mercado imobiliário da região) o bairro encontra-se com baixo adensamento urbano.

O Conjunto Margarida Procópio é um conjunto instalado pelo poder público estadual em associação com o município para sanar problemas de moradia durante a década de 1990. Apresenta ordenamento e arruamento regular, embora a infraestrutura (posto de saúde e escolas) só foram instalados na década de 2000. Seus moradores são, em sua maioria, provenientes de Goiânia.

Das quatro regiões administrativas de Senador Canedo, a Vila Galvão, como se pode observar pela evolução histórica-espacial da figura a seguir, é a que apresenta o menor dinamismo em termos de expansão urbana. Das maiores expansões registradas na região, destaca-se a criação do Conjunto Valéria Perillo e do Jardim Veneza, que apesar de estarem agrupados oficialmente pela prefeitura estão separados do ponto de vista do continuum urbano pela GO 403 e serão discutidos mais adiante.

O caráter de ocupação da Região Galvão, associado com o padrão de escoamento de mão-de-obra via transporte coletivo, a própria distância média em relação à capital, elucida a fragilidade da formação de sua centralidade. Além disso, os atores envolvidos na produção urbana, conforme indicamos no quadro 13, são em sua maioria originados das classes populares. Sendo assim, destinada a função de região dormitório (assim como Oliveiras) e admitindo população de baixa renda, a presença do atores imobiliários da iniciativa privada na região tem se mostrado menos atuante se comparada às demais regiões. Até mesmo na estruturação da centralidade dessa região, a figura do grande capitalista e das redes de crescimento (verificadas na oferta de lotes, parcelamento de chácaras) é bastante limitada. Além disso, devemos considerar que a região é uma das mais acidentadas (do ponto de vista do relevo), portanto, impróprias para ocupação humana, fato que pode ser comprovado pela pequena continuidade do tecido urbano, verificada no quadro referente ao grau de conurbação elaborada por Pinto (2009). Vale ressaltar também que, na maior parte do tempo, a maioria dos atores urbanos dessa região exercem as suas atividades econômicas fora da região, já que trabalham em Goiânia, conforme demonstraram as investigações de Visconde (2002) e Araújo (2008). Porém, da mesma forma como ocorre atualmente, há uma intervenção do poder público incentivando a instalação de indústrias na região com o intuito de geração de empregos, conforme fotos 26 e 27 a seguir.

Foto 26 – Zona Industrial na Região Galvão (I), 2009.

Foto 27 – Zona Industrial na Região Galvão (II), 2009.

Não muito diferente do caso analisado na Região Oliveiras, o padrão de adensamento urbana na Região Galvão manteve-se preso às peias funcionais da metrópole. Seguindo o sentido das vias de ligação, a região desenvolveu-se delineada por atores populares (conforme o quadro 13), seguindo a orientação dos fluxos de transporte coletivo. A centralidade está subordinada ao fator “distância da capital” no sentido de, quanto mais próxima é a periferia social da metrópole, menor é o índice de diversificação da centralidade interna das zonas periféricas da metrópole.

Quadro 13 - Evolução Espacial da Região Galvão

Bairros Década/Ano de Origem Demanda/atores

Vila São João I e II 1980 Popular

Condomínio Portugal 1990 Popular

Vila Galvão 1980/90 Popular

Conjunto Margarida Procópio 1990 Popular/Estado

Jardim Veneza 2000 Mercado Imobiliário

Residencial Marília 2000 Mercado Imobiliário

Conjunto Valéria Perillo 2000 Popular/Estado

Chácaras Bom Retiro 1990 Iniciativa Privada

Fonte: Lima (2009)

A descontinuidade do tecido urbano está determinada pelo peso dos atores estadual e imobiliário que atuam especulativamente na valorização das áreas. Os atores sociais de menor peso econômico têm limitada autonomia na configuração intraurbana do tecido. O seu peso é marcante, por outro lado, na questão da fragmentação do tecido sociopolítico. Segundo Amorim Filho (2005), atualmente o tecido urbano metropolitano é marcado essencialmente pela conurbação com função residencial predominante. Situada na zona periférica da metrópole os eixos de circulação tem forte impactos na configuração do tecido urbano, delimitando o padrão linear de crescimento dos bairros e da centralidade, como verificamos ao longo dos eixos de transporte coletivo.

Assim, como o Estado interferiu na Região Oliveira, há também na Região Galvão a ação do Estado no sentido de resolver problemas com a demanda por moradia tanto de Senador Canedo como de Goiânia.

No documento LEANDRO OLIVEIRA DE LIMA (páginas 157-162)