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Por sua vez, o artigo 7º do CPC/2015 estabelece que: “É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais,

No documento Introdução à Teoria Geral Do Processo (páginas 47-53)

Diálogo aberto

aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao  juiz zelar pelo efetivo contraditório”.

Como você deve ter notado, nesse princípio da isonomia ou da igualdade está contida a noção básica de igualdade.

Você já deve ter ouvido falar do ilustre brasileiro Rui Barbosa, que está no rol dos intelectuais mais brilhantes de todos os tempos. Dentre suas diversas formações, ele também foi jurista. Com imensa sabedoria e inspirado nas lições de Aristóteles, em seu discurso intitulado “Oração aos Moços”, ensinou-nos que: “A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente aos desiguais, na medida em que se desigualam” (1999, p. 26).

Essa célebre frase pode lhe parecer, a princípio,

um tanto confusa e complexa, mas sei que ela se tornará uma ideia cristalina em sua mente, assim que citarmos alguns casos em que o princípio da igualdade está envolvido. Tenho certeza de que você já deve pensar em algumas situações em que esse conceito é lembrado.

Podemos mencionar como exemplo o fato de que todos têm direito à saúde, conforme previsão contida nos artigos 196 a 200 da CF/1988, ou, ainda, a garantia de igual salário aos empregados que desempenham a mesma função e sob as mesmas condições de trabalho, norma legal expressa no artigo 461, da CLT/1943. Agora, essa ideia está ficando mais clara para você?

Mas como esse princípio pode estar relacionado ao direito processual? Ocorre que ele está presente na regra processual de que todos que buscam a solução de seus conflitos através da intervenção do Poder Judiciário também devem ter um tratamento igualitário.

O artigo 180, caput, do CPC/2015, estabelece que: “O Ministério Público gozará de prazo em dobro para manifestar-se nos autos [...]”.

Diversamente do que parece, essa regra não viola o princípio da isonomia, já que tal privilégio foi previsto porque o Ministério Público defende o interesse público e atua em muitos processos, de forma que não estaria sendo tratado com igualdade de condições se este benefício não existisse.

Fonte: Disponível em: <http://www. museumaconicoparanaense.com/ MMPRaiz/AcademiaPML/Patro-45.htm>. Acesso em: 30 maio 2015.

Fonte: <http://www.jcidrammen.no/jci-drammen/ team-announcements/plenum020615debating>. Acesso em: 30 maio 2015.

Figura 1.20 | Princípio do contraditório Faça você mesmo

Pense ... o artigo 1.048, caput e inciso I, do CPC/2015, estabelece que: “Terão prioridade de tramitação, em qualquer juízo ou tribunal, os procedimentos judiciais: I - em que figure como parte ou interessado pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos ou portadora de doença grave, assim compreendida qualquer das enumeradas no art. 6o,

inciso XIV, da Lei n.o 7.713, de 22 de dezembro de 1988; [...]”.

Podemos dizer que tal regra de prioridade está de acordo com o princípio da isonomia? Por quê?

O princípio do contraditório está previsto no artigo 5º, inciso LV da CF/1988. Ele determina que as partes têm direito de reação, de serem ouvidas quanto aos fatos ou atos que lhes sejam desfavoráveis.

Por sua vez, os artigos 9º e 10º do CPC/2015 estabelecem, respectivamente, que: “Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida” e “O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício”.

Exemplificando

Pense num caso em que “A” propõe uma ação judicial em face “B” e, durante esse processo, é realizada uma perícia. “C” propõe uma ação  judicial contra “D”, sendo que sua pretensão é a mesma de “A”, de forma que deseja utilizar a perícia já realizada no processo entre “A” e “B”. Isso é possível?

Trata-se do instituto da Prova Emprestada. Sobre ela, o artigo 372 do CPC/2015 estabelece que: “O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, observado o contraditório”.

Entretanto, a realização de uma prova pericial era fundamental para a formação do convencimento do juiz sobre o caso. O princípio da ampla defesa foi respeitado?

O artigo 5º, inciso XXXV da CF, prevê que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Nesse mesmo sentido é o artigo 3º do CPC/2015. Trata-se do princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional.

Isso equivale a dizer que a todos é conferido o acesso

Assim, isso não poderá acontecer, porque “D” não participou da produção da perícia, de forma que não teve a oportunidade de, por exemplo, acompanhar em que condições foi realizada, apresentar quesitos ao perito, nomear assistente técnico ou impugná-la. Portanto, não lhe foram asseguradas as garantias advindas do princípio do contraditório.

Você já pensou por que o procedimento exige essa forma?

Embora o princípio da ampla defesa também esteja previsto no artigo 5º, inciso LX da CF/1988, não se confunde com o contraditório, na medida em que é uma garantia mais ampla do que ele.

Assim, prevê a possibilidade das partes se defenderem de todas as formas admitidas pelo direito. Isso equivale a dizer que elas poderão produzir todas as provas previstas em lei, bem como utilizarem da faculdade de recorrer

das decisões judiciais que entenderem incorretas, conforme as regras processuais previstas para tanto.

Fonte: <https://tipsdederecho. wordpress.com/bases-legales-del- derecho-laboral/>. Acesso em: 30 maio 2015.

Figura 1.21 | Princípio da ampla defesa

Fonte: <http://www.laifi.com/laifi. php?id_laifi=1969>. Acesso em: 30 maio 2015.

Figura 1.22 | Princípio da inafastabilidade do controle  jurisdicional

Exemplificando

“A”, réu em um processo criminal, em sua defesa, requer ao juiz a oitiva da testemunha X, a qual é de fundamental importância para comprovar sua inocência. Ocorre que o juiz indefere a produção de tal prova, fundamentando que a considera irrelevante para apuração do dolo do réu. Assim, o juiz, impedindo-o de utilizar a prova testemunhal para se defender da acusação que lhe imputada, está ferindo o princípio da ampla defesa.

à justiça, com as possibilidades de postular e defender seus interesses em juízo.

Tal exercício é garantido e instrumentalizado pelo direito de ação, que você irá estudar mais adiante, através do qual será emitido um pronunciamento judicial sobre a pretensão formulada.

O artigo 98 do CPC/2015 dispõe que: “A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios têm direito à gratuidade da justiça, na forma da lei”.

Assim, a Lei nº 1.060, de 5 de fevereiro de 1950, garante aos necessitados o acesso à Justiça, que ocorre através de atendimento jurídico realizado pela Defensoria Pública ou, onde ela ainda não foi criada, pelo Convênio de Assistência Judiciária Gratuita celebrado entre o referido órgão e a Ordem dos Advogados do Brasil.

Cumpre observar finalmente que nem todos os que ingressam em juízo recebem um provimento de mérito. Caso não estejam presentes todas as condições da ação, o direito de ação ficará restrito, sem que, entretanto, haja ofensa a esse princípio (unidade de estudo 3, seção 1).

Exemplificando

“A” possui o direito de requerer o pagamento da sua pensão alimentícia atrasada. Mas está sem qualquer condição financeira de pagar as custas processuais e honorários advocatícios.

Então... quer dizer que “A” está impedido de buscar a concretização de sua pretensão? Se isso fosse verdade, estaríamos diante de um flagrante caso de desrespeito ao princípio ora estudado.

Faça você mesmo

Visualize a seguinte hipótese: “A”, beneficiária do seguro obrigatório – DPVAT, pelo falecimento de seu filho em um acidente de trânsito, propõe ação de cobrança para o seu recebimento. Ocorre que um dos argumentos de defesa da seguradora é que “A” não realizou o respectivo pedido administrativo, de forma que não teria direito de propor a referida ação judicial.

Para que possa julgar com imparcialidade, o juiz deve estar equidistante das partes. Trata-se do princípio da imparcialidade do juiz.

Para garantir isso, o artigo 95 da CF/1988 prevê garantias e vedações a que estão submetidos os juízes.

Embora você irá estudá-las com detalhes no momento oportuno (unidade 2, seção 3), vamos a um exemplo.

Fonte: Disponível em: <http:// karelinform.ru/?id=22764>. Acesso em: 30 maio 2015.

Figura 1.23 | Princípio da imparcialidade

Exemplificando

Por muitos anos, o juiz “A” desempenhou suas funções na Comarca X. Ocorre que, logo após sua aposentadoria, desejou atuar como advogado neste mesmo Juízo. Isso é possível?

Não, porque tal hipótese é proibida pelo artigo 95, parágrafo único, inciso V da CF, o qual estabelece que: “aos juízes é vedado exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração”.

Isso porque supõe-se que, por ter até então atuado como juiz, seus processos não serão tratados com imparcialidade.

O artigo 5º, inciso XXXVII da CF/1988, previu que “não haverá juízo ou tribunal de exceção”, assim como o inciso LIII estabeleceu que “ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente”.

Os juízos ou tribunais de exceção são os criados posteriormente aos fatos que serão por eles julgados, de forma que poderiam implicar violação à imparcialidade do  julgador, na medida em que são formados para julgar pessoas ou fatos específicos.

Por sua vez, o inciso LIII prevê o princípio do juiz natural, através do qual o processo deverá ser julgado por alguém investido de jurisdição, competente, de acordo com as regras de definição de competência e que integre um órgão julgador preexistente aos fatos que serão apreciados.

Sobre isso, o artigo 16 do CPC/2015 estabelece que: “A jurisdição civil é exercida pelos juízes e pelos tribunais em todo o território nacional, conforme as disposições deste Código”.

Todas essas regras buscam a garantia de um

No documento Introdução à Teoria Geral Do Processo (páginas 47-53)