• Nenhum resultado encontrado

1.3 FINANCIAMENTO PARA A INOVAÇÃO E O CAPITAL DE RISCO

2 ANÁLISE EMPÍRICA DOS INVESTIMENTOS DE CAPITAL DE RISCO EM INOVAÇÃO NO BRASIL

2.2 ESTATÍSTICA DESCRITIVA

Foram identificadas 317 empresas que receberam investimentos dos Fundos. As empresas foram classificadas considerando os 21 setores da economia da tabela CNAE. Desses 21 setores, 6 setores não foram considerados pois as empresas não se enquadraram em seus perfis. A distribuição completa se encontra na tabela abaixo:

Tabela 9: (Distribuição das Empresas por Setor)

Quantidade de

Empresas Part. %

Part. % Acum.

ATIVIDADES FINANCEIRAS, DE SEGUROS E SERVIÇOS RELACIONADOS 49 15.46% 15.46%

ATIVIDADES IMOBILIÁRIAS 45 14.20% 29.65%

INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO 44 13.88% 43.53%

INDÚSTRIAS DE TRANSFORMAÇÃO 39 12.30% 55.84%

CONSTRUÇÃO 32 10.09% 65.93%

ELETRICIDADE E GÁS 26 8.20% 74.13%

COMÉRCIO; REPARAÇÃO DE VEÍCULOS AUTOMOTORES E MOTOCICLETAS 26 8.20% 82.33%

SEM SETOR 14 4.42% 86.75%

TRANSPORTE, ARMAZENAGEM E CORREIO 11 3.47% 90.22%

SAÚDE HUMANA E SERVIÇOS SOCIAIS 10 3.15% 93.38%

AGRICULTURA, PECUÁRIA, PRODUÇÃO FLORESTAL, PESCA E AQÜICULTURA 6 1.89% 95.27% ATIVIDADES PROFISSIONAIS, CIENTÍFICAS E TÉCNICAS 6 1.89% 97.16% ATIVIDADES ADMINISTRATIVAS E SERVIÇOS COMPLEMENTARES 3 0.95% 98.11%

INDÚSTRIAS EXTRATIVAS 3 0.95% 99.05%

EDUCAÇÃO 2 0.63% 99.68%

ÁGUA, ESGOTO, ATIVIDADES DE GESTÃO DE RESÍDUOS E DESCONTAMINAÇÃO 1 0.32% 100.00%

ALOJAMENTO E ALIMENTAÇÃO 0 0.00% 100.00%

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, DEFESA E SEGURIDADE SOCIAL 0 0.00% 100.00%

ARTES, CULTURA, ESPORTE E RECREAÇÃO 0 0.00% 100.00%

OUTRAS ATIVIDADES DE SERVIÇOS 0 0.00% 100.00%

SERVIÇOS DOMÉSTICOS 0 0.00% 100.00%

ORGANISMOS INTERNACIONAIS E OUTRAS INSTITUIÇÕES EXTRATERRITORIAIS 0 0.00% 100.00%

Classificação dos Setores

Fonte: (CVM, INPI e Google – Elaboração do Autor, Jan 2010)

O destaque são as empresas voltadas para o setor financeiro, respondendo por 15,46% do total das empresas. Em seguida vêm os setores de atividades

imobiliárias 14,20%, de informação e comunicação 13,88%, indústrias de transformação 12,62%, construção 10,09% e, por fim, eletricidade e gás, com 8,20%. Dos 21 setores listados, em apenas 6 setores se concentra 74,45% do total.

Chama a atenção o fato de que o segmento de informação e comunicação que compreende as empresas voltadas ao desenvolvimento de softwares e informática é o que mais recebe investimentos de capital de risco no mundo, mas no Brasil, segundo a tabela 9, aparece apenas em 3º lugar, ao menos na quantidade de empresas. Adiante será verificado como se comportam os investimentos em volume. A existência de alta concentração de empresas investidas no segmento financeiro pode indicar duas situações: os investimentos não vão para o setor produtivo e/ou a transparência das informações divulgadas necessita de melhorias.

Quanto ao volume de investimentos, o total do patrimônio líquido dos fundos ultrapassou os R$ 40 bilhões. O volume de recursos efetivamente alocado nas empresas chegou ao patamar de R$ 24 bilhões, volume relativamente alto quando comparado aos anos anteriores. Na tabela 10, é possível identificar o volume de recursos alocados por respectivo setor da economia.

Tabela 10: (Distribuição dos Investimentos por Setor)

Volume de

Invest. R$ Part. %

Part. % Acum.

INDÚSTRIAS DE TRANSFORMAÇÃO 5,183,663,896.80 21.54% 21.54% ATIVIDADES FINANCEIRAS, DE SEGUROS E SERVIÇOS RELACIONADOS 5,087,173,587.59 21.14% 42.67% ATIVIDADES IMOBILIÁRIAS 3,330,525,986.71 13.84% 56.51% TRANSPORTE, ARMAZENAGEM E CORREIO 2,576,577,398.65 10.70% 67.21% AGRICULTURA, PECUÁRIA, PRODUÇÃO FLORESTAL, PESCA E AQÜICULTURA 2,520,923,792.90 10.47% 77.69%

ELETRICIDADE E GÁS 1,708,545,682.73 7.10% 84.79%

EDUCAÇÃO 1,152,009,983.49 4.79% 89.57%

CONSTRUÇÃO 1,087,703,339.75 4.52% 94.09%

INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO 543,799,077.37 2.26% 96.35% COMÉRCIO; REPARAÇÃO DE VEÍCULOS AUTOMOTORES E MOTOCICLETAS 308,211,812.31 1.28% 97.63%

SEM SETOR 246,820,594.54 1.03% 98.66%

ATIVIDADES ADMINISTRATIVAS E SERVIÇOS COMPLEMENTARES 112,323,739.00 0.47% 99.12% ATIVIDADES PROFISSIONAIS, CIENTÍFICAS E TÉCNICAS 82,966,103.88 0.34% 99.47% INDÚSTRIAS EXTRATIVAS 82,198,175.00 0.34% 99.81% SAÚDE HUMANA E SERVIÇOS SOCIAIS 40,987,925.63 0.17% 99.98% ÁGUA, ESGOTO, ATIVIDADES DE GESTÃO DE RESÍDUOS E DESCONTAMINAÇÃO 5,000,000.00 0.02% 100.00%

Classificação dos Setores

Dessa vez, cinco grandes setores da economia são capazes de concentrar 77,69% do volume de recursos total investido no segmento de capital de risco. As indústrias de transformação ocupam o 1º lugar na destinação dos investimentos, com 21,54%, seguida bem de perto pelo setor de atividades financeiras, seguros e serviços relacionados, com 21,14%. Mais uma vez o segmento financeiro além de concentrar o segundo maior número de empresas investidas, também aloca a 2ª maior fatia dos investimentos, respondendo por 21,14% do total destinado para PE e VC. O setor Imobiliário mantém a coerência do ponto de vista de segmento produtivo e aparece em 3º lugar.

Os primeiros resultados parecem indicar que o país tem destinado a maior parte do volume de capital de risco para setores não diretamente relacionados com inovação, indústria de transformação (agroindústrias, comércio, alimentícia), segmentos financeiro e setor imobiliário. Ainda assim, são necessárias análises e testes adicionais para confirmar ou não essa primeira impressão.

Do total investido em capital de risco no Brasil, apenas 1%, R$ 400 milhões, é destinado para os FMIEE e 99%, R$ 40 bilhões, para os FIP. Conforme pode ser observado ao longo dessa dissertação, os recursos alocados em FIP não representam necessariamente investimentos em inovação, tendo em vista que são investimentos alocados em estágios de desenvolvimento empresarial mais avançado, cabendo nessa etapa o desenvolvimento e expansão da base comercial do produto e/ou serviço. No entanto, há setores que prosseguem no desenvolvimento de novos produtos e serviços agregando inovação e apropriando o conhecimento em patentes.

Os dados relacionados ao volume de patentes também foram consolidados e são apresentados conforme tabela 11. Das 317 empresas analisadas, 279 não apresentam registros de patentes no INPI, ou seja, 88% das empresas relacionadas no segmento de capital de risco.

Tabela 11: (Distribuição das Patentes por Empresas)

EMPRESA Quantidade de Patentes Proporção Acumulada

Vale do Rio Doce 372 53% 53%

Gerdau s/a 55 8% 60%

KeKo Acessórios S/A 46 7% 67%

PRODUQUIMICA IND E COMÉRCIO S.A. 26 4% 71%

MAGNESITA S.A. 25 4% 74%

TELESP 23 3% 77%

Bradesco 19 3% 80%

OUTROS 141 20% 100%

Fonte: (CVM, INPI e Google – Elaboração do Autor, Jan 2010)

Para um volume de patentes total de 707, apenas 7 empresas, 2% do total da base, concentram mais de 80% do volume de patentes. A Vale do Rio Doce sozinha detém 372 patentes, ou 53% desse total. Nesse caso a Vale se destaca como um

outlier e pode interferir enviesando a análise, principalmente quando das regressões.

Para amenizar esse efeito, foi efetuada a análise com a retirada da Vale, cujo o investimento efetuado por um FIP na empresa foi de apenas R$ 700 mil, aproximadamente, o que não trará prejuízos para a análise proposta, quando comparado com o volume total em análise de R$ 40 bi. A tabela 12 passa então a apresentar resultados também interessantes. Para manter a mesma proporção de empresas totais com 80% do volume de patentes são necessárias 13 empresas, sendo que a Gerdau passa a liderar o ranking com 55 patentes e 16% do total.

Tabela 12: (Distribuição das Patentes por Empresas)

EMPRESA Quantidade de

Patentes Proporção Acumulada

Gerdau s/a 55 16% 16%

KeKo Acessórios S/A 46 14% 30%

PRODUQUIMICA IND E COMÉRCIO S.A. 26 8% 38%

MAGNESITA S.A. 25 7% 45%

TELESP 23 7% 52%

Bradesco 19 6% 58%

Renner Herrmann S.A. 19 6% 64%

Eternit 14 4% 68%

Mills Estruturas e Serviços de Engenharia S.A. 14 4% 72%

Itau 9 3% 75%

ANDRADE GUTIERREZ CONCESSÕES SA 7 2% 77%

Eletropaulo 7 2% 79%

Telemar 7 2% 81%

OUTROS 335 19% 100%

Fonte: (CVM, INPI e Google – Elaboração do Autor)

Analisando as patentes quanto ao setor da economia, a distribuição se apresenta conforme tabela n° 13, onde apenas três segmentos da economia são responsáveis por mais de 77% do total de patentes das empresas, com destaque para os setores de indústria de transformação, com 58%, e os de atividades financeiras e de eletricidade e gás, com 9%, cada um. O setor de informação e comunicação, que tradicionalmente no mundo e responsável por grande parcela dos registro de patentes, aparece no resultado em 4º lugar, com 6,27%.

Tabela 13: (Distribuição das Patente por Setor, Jan 2010)

Quantidade de

Patentes Part. %

Part. % Acum.

INDÚSTRIAS DE TRANSFORMAÇÃO 196 58.51% 58.51% ATIVIDADES FINANCEIRAS, DE SEGUROS E SERVIÇOS RELACIONADOS 32 9.55% 68.06% ELETRICIDADE E GÁS 31 9.25% 77.31% INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO 21 6.27% 83.58% CONSTRUÇÃO 20 5.97% 89.55% COMÉRCIO; REPARAÇÃO DE VEÍCULOS AUTOMOTORES E MOTOCICLETAS 19 5.67% 95.22% TRANSPORTE, ARMAZENAGEM E CORREIO 7 2.09% 97.31% SAÚDE HUMANA E SERVIÇOS SOCIAIS 6 1.79% 99.10% AGRICULTURA, PECUÁRIA, PRODUÇÃO FLORESTAL, PESCA E AQÜICULTURA 2 0.60% 99.70% SEM SETOR 1 0.30% 100.00%

Classificação dos Setores

Cabe ressaltar que alguns investimentos em empresas como Gerdau, Telesp, Eternit e Itaú, por exemplo, se deram em patamares relativamente reduzidos, que aliado ao fato dessas companhias já serem de capital aberto pode significar que o investimento nas mesmas não tenha se dado sob o escopo de capital de risco, mas sim, como alocação de recursos em tesouraria enquanto não são aportados na atividade fim dos mesmos. Alguns fundos investem em operações compromissadas e fundos de investimentos ligados a bancos e assets (gestores de recursos de terceiros). No entanto, como não é possível determinar se os investimentos foram ou não efetuados com foco em capital de risco, foi decidido por considerá-los na base.

O segmento atividades imobiliárias que figurou nas tabelas 9 e 10 como em 2º e 3º, respectivamente, não apresenta nenhum registro de patente associado as empresas investidas.

Continuando, ao analisar o tipo de fundo de investimento, se FIP ou FMIEE, os dados apontam para 452 investimentos efetuados em empresas, 97 são oriundos de FMIEE, representando 21% do total de operações de investimentos, e não do volume. Esse número apesar de aparentemente pequeno em relação aos 79% dos FIP, se torna significativo quando guardadas as devidas proporções. Dado que os FMIEE representam em termos de volume de recursos apenas 1% do total dos FIP, o esforço da atividade dos FMIEE tem sido relativamente considerável e atuante, pois com apenas 1% do capital conseguem atuar em 21% de todo o setor de capital de risco.

O volume de recursos médio investido nas empresas que detêm registro de patentes é ligeiramente superior às demais em cerca de 7%. As 51 empresas, do total de 307 que detêm registro de patentes nesse trabalho receberam, em média, R$ 83 milhões e as demais empresas, R$ 77,63. Na próxima seção, serão efetuadas as análises de regressão a fim de complementar e aprofundar as análises até aqui efetuadas.

Documentos relacionados