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ESTE ARTIGO E APRENDA A CRIAR FOTOGRAFIAS PANORÂMICAS.

No documento Revista zOOm 02 PDF (páginas 31-33)

TÉCNICA

O

conceito é simples: captar foto- grafias com um campo visual alongado. Tão alongado que se estica muito para lá dos limites da própria câmara. E dos limites do olho humano, também.

Como? Fotografando uma sequência de imagens, que serão depois “coladas” umas a seguir às outras, usando um software próprio para o efeito. Ou seja, fotografar o nosso campo visual, aos bocadinhos, e depois juntar as fotos como se fossem peças de um puzzle.

O resultado é uma imagem de grandes dimensões, tão grandes que podem che- gar aos famosos 360 graus. No fundo, aquilo que se chama de fotografia panorâ- mica.

Claro que na prática tudo é mais com- plicado. Mas só um bocadinho. Nada que não se consiga ultrapassar com algum tra- balho, boas ferramentas informáticas e, claro, uns quantos truques que lhe vamos ensinar nas páginas seguintes.

Comece então por anotar o material que vai precisar: uma câmara, pois claro; um tripé, porque vai rodar a câmara ao captar a sequência de imagens. Ah e não se esqueça que o tripé deve ter um nível. Caso contrário deverá comprar um.

Sim, porque na fotografia panorâmica basta haver uma pequeníssima variação numa só imagem para borrar a pintura. Neste caso, a foto. Se a ideia é fotografar várias vezes a mesma cena, rodando pro- gressivamente a câmara para a sua direita – os especialistas recomendam uma rota- ção no sentido dos ponteiros do relógio – um desvio da câmara para cima, ou para baixo, pode obrigá-lo a horas e horas em frente ao computador, a tentar corrigir o problema. Isto quando a foto não está irremediavelmente perdida.

E quem diz variações de nível, diz outra coisa qualquer. Na cidade, por exemplo, com tanta coisa sempre em movimento, é o cabo dos trabalhos para captar uma boa

imagem panorâmica. Um carro que anda mais do que devia, uma pessoa que teima em atrapalhar.

Ah e claro, o vento. Que pode arrastar objectos, folhas, lixo e sabe-se lá mais o quê para o nosso campo visual. Idem aspas para a luminosidade e para as nuvens. Se não estivermos atentos ao que se passa lá em cima, arriscamo-nos a per- der uma tarde ou uma noite às voltas com o Photoshop, tentando encaixar aquele cumulonimbus algures num céu nublado.

O ideal, dizem os especialistas, é ir expe- rimentando. Fotografar a ver no que dá. Claro que a paciência também ajuda. Sem esquecer, naturalmente, o instinto preda- dor do fotógrafo. Que é como quem diz: esperar serenamente até o clima, o trânsi- to ou qualquer um desses elementos externos acalmem. Focagem e exposição automática, não obrigado!

A grande vantagem da tecnologia é poupar-nos trabalho. No mundo da foto- grafia digital essa é uma das verdades universais. Ao ponto de tornar a fotogra- fia, aparentemente, acessível até mesmo aos principiantes.

Mas se quer mesmo captar uma ima- gem panorâmica como manda a lei, esqueça os automatismos. São óptimos para as fotos de férias ou para o jantar de despedida daquele colega de trabalho. Mas não para as panorâmicas.

O que quer dizer que vai ter de desacti- var a focagem e o modo de exposição automáticos. Mas vamos por partes: a focagem manual é necessária porque obviamente vamos precisar que o foco (bem como a distância focal) se mantenha inalterado enquanto tiramos as várias fotografias.

Quanto ao modo de exposição, é funda- mental que não fotografe em modo auto- mático, uma vez que a densidade da ima- gem irá variar entre um e outro disparo da câmara.

Para evitar este tipo de variações, reco- mendamos que aponte a câmara para uma parte da cena a fotografar que não seja nem muito iluminada, nem muito escura, e tire umas quantas fotografias de teste. Quando a exposição lhe parecer a mais adequada (saber ler o histograma ajuda bastante), mude para o modo manual e regule a câmara para a exposi- ção indicada para essa zona. Deverá depois manter essa exposição durante toda a sequência de imagens a captar.

Se houver contraste de luzes isso poderá eventualmente implicar que algumas par- tes da sua foto panorâmica fiquem subex- postas, ou então sobreexpostas. Mas vale a pena, pois a consistência da exposição vai garantir uma fotografia panorâmica de qualidade.

n

Z

É sempre a mesma coisa. Precisamente quando mais nos estamos a divertir, é que aparece alguma coisa assim chatinha para nos atrapalhar.

Na fotografia panorâmica, essa coisa irritante chama-se Erro de Paralaxe. É o problema técnico mais comum nesta área e acontece quando, ao rodarmos a câmara, entre um e outro disparo, o alinhamento de um ou mais elementos da cena sofre alteração.

O pior de tudo é que, normalmente, só damos conta do erro quando estamos em frente ao computador e per- cebemos que as fotografias não se alinham na perfei- ção, quando tentamos juntá-

las.

Uma das soluções é deixar uma certa margem, em cada fotografia, de modo a deixar que o software tenha espaço para corrigir as falhas. Para que isso aconteça, idealmen- te, cada foto deverá sobre- por-se uma à outra em, pelo menos, 30 por cento. Mas não resolve totalmente o problema. Para isso há que recorrer a uma solução pre- ventiva, que evita os erros de paralaxe: o chamado centro óptico, muitas vezes também referido – erradamente, ou não – como ponto nodal. É definido como ponto de retorno óptimo da câmara, ou seja, o ponto de intersec- ção entre os eixos ópticos e a superfície principal do objec- to. Sempre que um raio de luz atinge o ponto nodal late- ral da imagem de determina-

do ângulo, o raio de luz vai sair do ponto nodal sob o mesmo ângulo.

Para contornar o erro de paralaxe, a câmara terá de rodar sempre em torno do seu centro óptico. É, por isso, recomendável – mas não obrigatória – a utilização de um equipamento próprio, chamado suporte nodal,

que lhe permite ajustar a posição da câmara, em rela- ção à cabeça do tripé.

Ao fotografar a panorâmica, em vez de rodar a câmara a partir da sua base – normalmente, assente no tripé – irá definir o centro óptico e rodá-la em torno desse ponto.

Deverá também definir o centro óptico para a lente a utilizar. O procedimento é simples: coloque dois objec- tos sensivelmente a um metro um do outro (por exem- plo, dois lápis de cor, colados a uma mesa, de modo a ficarem na vertical).

Em seguida, deve nivelar a câmara como se fosse para fazer uma sequência de foto- grafias e posicioná-la de modo a que os objectos este- jam perfeitamente alinhados. Fotografe os objectos no cen- tro da imagem, vire a câmara para a esquerda e tire outra fotografia, depois vire à direi- ta e tire nova foto.

Caso o objecto de trás apa- rentar ter-se movido ligeira- mente para a esquerda quan- do rodou a câmara para a esquerda – e para a direita quando rodou a câmara para o lado direito –, isso quer dizer que o suporte nodal está demasiado recuado. No entanto, se o objecto parecer ter-se movido para a direita quando rodou a câma- ra para a esquerda – e para a esquerda quando rodou a câmara para a direita –, isso indicará que o suporte está muito para a frente.

Em função do resultado obtido, deverá posicionar a câmara no suporte nodal e repetir o procedimento até que os objectos permaneçam perfeitamente alinhados. Uma vez encontrado o centro óptico para a lente espe- cífica, marque a posição no suporte.

No documento Revista zOOm 02 PDF (páginas 31-33)