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Como já foi exposto, as pessoas com corpos diferenciados no decurso da história da humanidade sempre foram, de diversas formas, estigmatizadas pelos outros, considerados normais, em decorrência de suas características corporais.

O termo estigma foi cunhado pelos gregos para designar sinais corporais que destacavam qualquer coisa maravilhosa ou maligna sobre o status social de quem os tinha. Intencionalmente produzidas, através de cortes ou de ferro incandescente, as deformidades e/ou as cicatrizes, marcavam o indivíduo pelo resto de sua vida, e serviam para denunciar se ele era um criminoso, um escravo ou um traidor, o que enfim demonstrava que o indivíduo deveria ser mal-visto e evitado em todas as esferas sociais.

Com o início da filosofia teológica cristã, dois diferentes aspectos explicavam os estigmas nos corpos dos indivíduos: o primeiro considerava que os sinais corporais que se assemelhavam as chagas de Cristo e/ou que apareciam em forma de flores eram frutos da vontade divina; a segunda explicação se referia às doenças que provocavam erupções na pele ou por deformidades, congênitas ou adquiridas, no corpo. Porém na contemporaneidade o estigma se imputa mais nas relações interpessoais que podem ser determinadas por características corporais.

Destarte, cada sociedade seleciona, dentro das suas características sociais, históricas e culturais, uma determinada quantidade de atributos e valores que ajustam a maneira como cidadãos devem ser corporal, intelectual e moralmente. Esses atributos devem ser iguais, mesmo havendo poucas diferenças, para todos os cidadãos, grupos e classes da sociedade, o que acaba resultando em expectativas normativas. Os sujeitos que não se encaixam nelas acabam sendo estigmatizados, como é o caso das pessoas com corpos diferenciados.

De acordo com Erving Goffman (1975) há três tipos diferentes de estigma: as abominações do corpo, os desvios de conduta individual e os costumes tribais. No primeiro caso, são inseridos os diferentes tipos de diferenciação corporal. O segundo caso abrange as culpas de caráter determinados pela sobra ou falta de crenças, de vontades ou de sentimentos. Estão incorporados nestas questões de ordem social, de saúde e moral, como por exemplo, os vícios, as tentativas de suicídio, os roubos e os furtos, o fanatismo, a alienação, as doenças psicológicas. Enquanto no terceiro caso estão incluídos fatores culturais que são transmitidos

de geração em geração, os quais produzem atitudes discriminatórias em relação a religião, a nação e raça.

Assim, um indivíduo com corpo diferenciado, se não o tivesse, poderia participar normalmente das relações sociais do seu cotidiano, mas como apresenta singulares características corporais que fogem dos padrões normativos da sua sociedade, seu corpo diferenciado acaba acentuando as atenções alheias, e por consequência destas, os outros esquecem que o indivíduo é um ser humano como outro qualquer.

Todas as barreiras atitudinais aplicadas nas pessoas com corpos diferenciados – preconceito, discriminação e estigma - são oriundas do entendimento e contribuem para o fato de que o corpo é uma construção social e cultural, ou seja:

As representações do corpo, e os saberes que as alcançam, são tributários de um estado social, de uma visão de mundo, e, no interior desta última, de uma definição de pessoa. O corpo é uma construção simbólica, não uma realidade em si.” (LE BRETON, 2001, p. 18)

Portanto, a construção social e cultural do corpo está crivada por códigos que estabelecem estereótipos corporais (feio/bonito, deficiente/eficiente, improdutivo/produtivo, anormal/normal) que delineiam expectativas normativas, onde os parâmetros em relação aos diversos corpos cooperam para o estabelecimento de estigmas.

Por seu caráter visual, os estigmas efetivados nos corpos diferenciados dos sujeitos provêm e se estabelecem nas relações interpessoais a partir da hegemonia do olhar. Na vida cotidiana contemporânea, foi atribuído ao olhar a responsabilidade de regular as manifestações e as atividades do corpo; no seio das relações entre os sujeitos, o olhar dos normais submete aqueles com corpos fora dos padrões de beleza e normalidade vigentes, a possibilidade deles serem evitados a todo instante da sociabilidade, ora pelo contato físico ora pela distância traçada de seus corpos, engendrando nos outros um incômodo ou uma hesitação durante a interação. Esse poder coercitivo, estigmatizante e normalizador do olhar perante aos indivíduos com corpos diferenciados se estriba na seguinte constatação:

[...] Foco da curiosidade universal, origem de toda estranheza corporal, unidade de medida de periculosidade social, o monstro concentra as angústias coletivas e conserva nas mentalidades muitos dos traços do lugar que ontem ainda lhes cabia. E ainda que tenha perdido, em um lento

desencantamento, a radical alteridade que nele a sociedade tradicional temia ou venerava [...] (COURTINE, 2009, p. 259 – 260)

Na perspectiva das pessoas com corpos diferenciados, o estigma não é apenas relacionado às referências atribuídas aos estereótipos difundidos socioculturalmente, mas também nas relações de linguagem estabelecidas entre o estigma e suas consequências sobre os indivíduos estigmatizados. É, pois, neste ínterim que o sujeito:

[...] se dá conta e se sente a simples proximidade de um isolamento, tornado possível por meio de uma deficiência, de uma falha intermitente ou de uma “anormalidade” exposta [...] no qual a pessoa atingida é vista e aprende a se ver como diminuída, devendo isolar-se e manter-se oculta, abstendo-se das relações sociais, que [...] a estigmatização ganha força e se impõe tanto por meio do comportamento retraído do sujeito quanto do tratamento que lhe é dado por aqueles que o circundam. (TONEZZI, 2007, p. 45)

Todavia, o sujeito com corpo diferenciado pode reagir de forma diferente. Mesmo tendo consciência de que seu corpo é diferenciado dos demais, o indivíduo, que está incessantemente sob os olhares preconceituosos, pode aceitar o fato de ser este corpo diferenciado e se sentir normal como qualquer ser humano. Desta forma,

O indivíduo estigmatizado [...] tende a ter as mesmas ideias que nós sobre a identidade [...] certamente, aquilo que experimenta no mais profundo dele mesmo talvez seja o sentimento de ser uma pessoa ‘normal’, um homem semelhante a todos os outros, uma pessoa, portanto, que merece sua chance e um pouco de descanso. (GOFFMAN apud LE BRETON, 2011, p. 217)

É válido lembrar que o estigma neste caso está ligado, principalmente, ao corpo. E, sendo a atualidade uma “época em que prevalecem a economia de mercado e o valor simbólico das mercadorias, é preciso atentar para o fato da importância que o corpo adquire e alçá-lo a um patamar condizente com a sua condição e significação.” (TONEZZI, 2007, p. 57). Logo, o ato de conscientização do corpo do indivíduo, no ponto de vista de Moshe Feldenkrais (1977), só é totalmente adquirido quando percebe sua auto-imagem, que é formada por sentimentos, sentidos, pensamento e movimento. E neste ponto delimita-se que a percepção corpóreo/vocal das pessoas com corpos diferenciados é incitada pelos conceitos e

valores desiguais e preconceituosos da sociedade, influenciando, sobretudo, na maneira como pensam e idealizam sobre seus corpos.

Compreendendo que o corpo é construído historicamente, pode-se entender o significado e a percepção individual e coletiva do que vem a ser ideário sobre o corpo para cada época ou ao longo da história. Assim, a sociedade atual, enraizada da ideologia capitalista neoliberal, transforma os imaginários sociais das pessoas com corpos diferenciados através dos meios de comunicação de massa.

Diante da nova forma de dominação política e social, nada, nem mesmo o corpo fugirá da métrica mercadológica, onde a soberania da força da imagem determina o padrão de corpo perfeito, esquecendo das variadas funções que o corpo pode realizar seja completo, inteiro ou não.

Ocorrendo a proliferação de imagens de pessoas com corpos malhados, esculpidos cirurgicamente e, por outro lado em contraste, os deteriorados, muitas vezes ocasionados pelo uso de drogas, a publicidade nos meios de comunicação em massa evoca, sob a égide da valorização corporal, no imaginário social, as imagens de corpos, que na maioria das vezes os indivíduos não têm: saudáveis, jovens, sedutores, bonitos, magros. Neste sentido, o sujeito com corpo diferenciado passa cotidianamente, nas trocas sociais, por atitudes preconceituosas e estigmatizantes, haja vista que seu corpo impede que os outros se identifiquem fisicamente com ele, e consequentemente

[...] Em decorrência de sua enfermidade, este último encontra-se mais ou menos imediatamente excluído das trocas mais correntes por causa da incerteza que envolve todo encontro com ele. Perante esses atores, o sistema de expectativa é rompido, o corpo se dá subitamente com uma evidência inquestionável e se torna difícil negociar uma definição mútua fora dos referenciais costumeiros. (LE BRETON, 2011, p. 215)

Através das dificuldades que o outro tem de se relacionar com as pessoas com corpos diferenciados, surgem questionamentos sobre quando, como e em quais situações se deve utilizar os comportamentos mais adequados no momento em que o indivíduo considerado diferente estiver presente. Neste sentido, três são as reações que podem emergir: a compaixão, o sarcasmo e o constrangimento (COURTINE, 2009). Na compaixão o sujeito é digno de piedade e pena alheia por conta de ter corpo diferenciado, essa reação foi comumente utilizada no período medieval, visto que estes humanos eram considerados resultados dos

desígnios divinos. No sarcasmo o indivíduo com corpo diferenciado é considerado inferior aos demais e por isso se torna alvo de especulações que variam da ironia ao escárnio. Já o constrangimento promove reações tensivas entre os ‘normais’ e os ‘anormais’, pois quem tem corpo diferenciado é classificado como fora da normalidade, e por este fato deve ser excluído do convívio em sociedade.

Mas fica evidente que quanto mais o indivíduo, considerado dentro das expectativas normativas, não saiba como se comportar diante daquele ser diferenciado e quanto mais suas características corporais não são semelhantes as do sujeito com corpo diferenciado, mais potencializada e difícil será a possibilidade de se começar e permanecer uma relação entre eles. Isso acontece porque os seres humanos com corpos diferenciados fragmentam simbolicamente a imagem convencional do corpo que não tem nenhuma diferenciação.

A respeito das relações entre os sujeitos, a insegurança não é exclusividade somente dos indivíduos que não têm nenhuma diferenciação corporal. Para Goffman (1975), as pessoas com corpos diferenciados compartilham a insegurança com os outros a cada novo encontro, isso tende a acontecer por que a todo instante eles se perguntam sobre de qual maneira serão percebidos e incluídos no convívio social. Entretanto, mesmo havendo reações adversas dos outros, como por exemplo, a inclusão, as solicitudes, dentre outras, os indivíduos com corpos diferenciados se angustiam diante da possibilidade de não conseguirem atender, no mínimo, as expectativas normais de qualquer relação.

Entre todos os aspectos que possibilitam a existência e a instauração do processo estigmatizante, o que mais se transparece é a concepção de que os indivíduos com corpos diferenciados não são considerados seres humanos completos, capazes de efetuar normalmente atividades cotidianas como os outros. Na sociabilidade, eles não são, em grande parte, considerados sujeitos, pois diante da maneira como seus corpos são exibidos na vida cotidiana, os discursos, geralmente, não explicitam as causas que levaram os corpos a serem diferenciados, mas proliferam a ideia de que estes indivíduos nas suas identidades serem essencialmente diferenciados, ao contrário de serem corpos diferenciados, ou seja, os indivíduos normalmente julgam as pessoas com corpos diferenciados como sendo diferenciadas no lugar de terem corpos diferenciados.

No cerne de toda a dinâmica que contribui para a propagação de estigmas na coletividade está a associação do ser humano com corpo diferenciado com a única certeza existencial da humanidade: a finitude. Através de suas singulares características corporais, a

simples presença dos seres humanos com corpos diferenciados, no seio das variadas relações sociais, se torna um fator de perturbação entre os demais, uma vez que suscita neles a recordação de que por mais que se tente escapar da precariedade e da fragilidade da condição humana, por meio de procedimentos obstinados a prolongar suas vidas, seus corpos não conseguirão fugir da progressiva morte.

1. 3 Corpos Diferenciados na Cena: do Freak Show ao Teatro Pós-Dramático.

Sendo a arte um fenômeno sociocultural de cunho estético e realizado pelo e para o ser humano através de um ato intencional comunicativo, percebe-se que no decurso de sua história os seres humanos com corpos diferenciados nem sempre foram partícipes de processos artísticos e encenações teatrais, como na atualidade. De acordo com Rosemarie Thomson (1996) e Tonezzi (2008), o artista com corpo diferenciado era fortemente renegado dos espetáculos de sala, entre os séculos XVII e XIX, e esporadicamente participava das montagens, e quando participava, a ele ficava delegado a disfarçar sua diferenciação corporal. Enquanto isso, com base em constatações históricas, é a partir do século XVIII, com o aparecimento do Freak Show (espetáculo de excentricidades), que há a apreciação e utilização espetacular dos seres humanos com corpos diferenciados.

Figura 2 - Corpos diferenciados no Freak show e no entre-sort. Foto: Site The Human Marvels18.

Considerado uma prática reprovável e eticamente dúbia, para os parâmetros contemporâneos, o Freak Show ganhava cada vez mais importância como modo de entretenimento para a população da época mencionada acima e se tornara um potencial negócio de extremo lucro para seus produtores. Suas apresentações ocorriam em feiras e eventos populares, onde eram exibidas pessoas com diferentes graus de diferenciação corporal e, posteriormente, indivíduos capazes de realizar atividades incomuns (pirofagia, contorcionismo, deglutição de objetos, adestramento de animais selvagens). Com o passar do tempo, foram integradas nas apresentações pessoas cujos corpos tinham marcas e alterações decorrentes de costumes culturais ou feitas de forma voluntária, ação esta que a partir de 1960 viria a ser conceituada como body art.

Comumente associado a uma atividade desumana e posto à margem da cena cultural, o

Freak Show foi considerado como uma manifestação artística inferior às demais. As razões

que caracterizam este entendimento estão relacionadas a questões éticas, morais, estéticas e aos estigmas. Diferente do que se crê, o Freak Show não maculava nem diminuía as pessoas com corpos diferenciados exibidas. Pelo contrário, nele os sujeitos, que eram tidos como escaras da sociedade, podiam conviver e compartilhar com outros na mesma situação, e até mesmo obter um status social mediante o comércio de excentricidades.

Semelhante ao Freak Show, na França da segunda metade do século XIX e nas primeiras décadas do século XX, surgiu e se proliferou nas festividades populares uma prática espetacular de cunho comercial de entretenimento denominada entre-sort. Esse tipo de espetáculo exibia animais selvagens, modelos anatômicos de cera de patologias sexuais, fetos de exemplares teratológicos, rituais exóticos, números de mágicas e ilusionismos, além de seres humanos com diferentes tipos de corpos diferenciados.

Sobre o entre-sort Jules Vallès faz uma interessante explicação:

Este é o nome que se dá [...] das estranhezas anatômicas que povoam as feiras e ruas parisienses, o teatro, numa cortina numa viatura ou barraca, onde se colocam os monstros, bezerros ou homens, ovelhas ou mulheres. A palavra é característica. O público sobe, ergue-se o fenômeno, emite um balido ou fala, muge ou estertora. Entra-se, sai-se, é isto aí. (apud COURTINE, 2009, p. 255)

Figura 3 - Pessoas de diferentes idades eram exibidas no Freak Show e no entre-sort. Foto: Site The Human Marvels19.

Figura 4 - Diferentes tipos de corpos diferenciados exibidos no Freak Show e no entre-sort. Foto: Site The Human Marvels20.

Todavia no paradigma da arte contemporânea, os corpos diferenciados que, até então, eram postos à margem dos processos e produtos artísticos ganham espaço, pois artistas, como Robert Wilson e mais próximos de nossa realidade a Companhia Gira Dança, percebem que

19 Idem. 20 Ibidem.

os corpos diferenciados, sendo diferentes, podem e devem experimentar o que é dado como possibilidade a qualquer corpo: fazer arte, como já afirmado anteriormente.

Iminentemente é possível atentar que o processo de estigmatização, a qual os artistas com corpos diferenciados sofrem, está relacionado, sobretudo, a maneira como seus corpos são e se apresentam, já que suas diferenciações corporais fazem surgir uma corporeidade peculiar em cena. Ao apresentar seu corpo, o artista considerado fora de padrão, ainda que não seja de sua vontade, interfere e provoca reações de cunho social e estético que se opõem aos cânones cênicos tradicionais. Porém, antes da inclusão efetiva no âmbito artístico, a presença destas pessoas em cena se instala no âmago social e antropológico, visto que concerne a um grupo, explícita ou implicitamente, excluído na medida em que suas condições físicas se contrapõem aos padrões de corpo e de beleza estabelecidos.

O corpo humano, sendo diferenciado ou não, tanto na sociedade como na cena, se caracteriza como uma matriz corpóreo/vocal, conceito defendido por Nara Salles (2004), com o qual coaduno, onde o corpo é compreendido inicialmente dentro de uma matriz identitária de auto-reconhecimento, relacionado ao meio ambiente cultural, levando em consideração sua subjetividade: que corpo é esse; que movimentos do cotidiano podem-se decodificar em extracotidianos para ter um corpo significante; como se move este corpo nos vários ambientes vivenciados e o que traz na memória e percepção corpórea, o imaginário deste corpo e as formas de lidar com o corpo culturalmente estabelecidas.

No teatro pós-dramático, o corpo diferenciado entendido como matriz corpóreo/vocal está presente nos trabalhos do diretor de teatro norte-americano Robert Wilson. No mesmo período que iniciou sua carreira artística como encenador, Wilson passou a conviver com pessoas com corpos diferenciados. Ainda na universidade, sob a orientação da bailarina Byrd Hoffman, desenvolveu atividades com crianças com corpos diferenciados (alterações de comportamento). Esta experiência o levou a notar que o contato entre a cena e os corpos diferenciados, ao invés de ser prejudicial, contribuiria para a construção de uma linguagem teatral e de uma expressão cênica singular.

No período de 1960 e 1970, conheceu e desenvolveu diversos trabalhos em colaboração com dois artistas com corpos diferenciados: Christopher Knowles (autista) e Raymond Andrews (surdo). Em 1970, Andrews atuou no espetáculo Deafman Glance, já Knowles esteve em cena ou teve sua voz e seus textos utilizados nos espetáculos $ Value of

Figura 5 - Raymond Andrews (no centro) no ensaio de Deafman Glance. Foto: Mel Andringa, 1970.

Já no contexto da dança contemporânea no Brasil, em 2005, na cidade de Natal no estado do Rio Grande do Norte foi fundada pelos dançarinos, ex-integrantes da Roda Viva Cia. de Dança, sobre a qual falarei mais adiante, Anderson Leão e Roberto Morais a Cia. Gira Dança. Tendo como proposta artística ampliar a discussão sobre a dança, a Cia. Gira Dança através da busca por uma linguagem própria, voltada, sobretudo nos últimos trabalhos com a cooperação da bailarina Jaquelene Linhares para um conceito do corpo como meio de criação de experiências únicas no público e no artista, tem em seu elenco artistas com e sem corpos diferenciados.

O grupo teve sua estréia nacional na Mostra Arte, Diversidade e Inclusão Sócio- cultural, realizada no Rio de Janeiro, em maio de 2005 e, desde então, tem se apresentado em palcos de todo território nacional e no exterior, além de ter sido premiada duas vez como melhor espetáculo de dança pelo prêmio Klauss Vianna. Em 2011, participou do 5º Festival Brasil Move Berlim de Dança Contemporânea, na cidade de Berlim – Alemanha, com os espetáculos Corpo Estranho e A Cura, ambos dirigidos por Anderson Leão e Jaquelene Linhares.

Figura 6 - Espetáculo Corpo Estranho da Cia. Gira Dança. Foto: Affonso Nunes, 2007.

Figura 7 - Espetáculo A Cura da Cia. Gira Dança. Foto: Rodrigo Sena, 2010.

Segundo a dançarina, coreógrafa e educadora Carolina Teixeira (2010), antes da Cia. Gira Dança ser reconhecida, outra companhia potiguar fez grande sucesso no cenário artístico brasileiro e internacional, esta intitulava-se Roda Viva Cia. de Dança21. Nascida no Departamento de Fisioterapia da Universidade do Rio Grande do Norte, em 1995, especificamente no projeto de pesquisa coordenado pelo professor Ricardo Lins, a Roda Viva

21 Como fazia parte de um projeto de extensão universitária, era chamada de Roda Viva Dança Sobre Rodas. E, em 1996, após o retorno da turnê nacional e por ter recebido reconhecimento artístico, adota o nome Roda Viva

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