Após a obtenção dos dados primários que possibilitaram o levantamento dos indicadores utilizados para a estimação do Índice de Exclusão Social chegou-se aos resultados apresentados na Tabela 3.
Tabela 3 - Resultados obtidos dos indicadores componentes do IES.
Fonte: Pesquisa de campo.
58,33%
13,89%
4,63%
16,67%
6,48%
Renda Educação Coleta de Lixo Acesso à Água Saneamento
0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00%
Maior carência apontada pelos entrevistados
PASSOCI PASSECON PASSAMBI
IES
PRIVEDUC PRIIVREND PRIVAGUA
30,85 95,37 98,15 63,89 85,19 68,68
Deste modo, tem-se que o resultado global do IES foi de 68,68% dos habitantes da zona rural do município de Aurora encontram-se na situação de “excluídos socialmente”. Como referência, serão relacionados na Tabela 2 os números que Lemos (2012) calculou utilizando o IES no Município (incluindo a zona urbana), baseando-se, respectivamente, nos Censos Demográficos anos de 2000 e 2010. Cabe ressaltar, entretanto, que o presente trabalho tem como região para composição da amostra a zona rural do município, onde as carências apresentadas pela população são mais intensas. Assim, este maior percentual de “socialmente excluídos” em relação aos números abaixo pode ser creditado a esta situação.
Tabela 4 - Resultados do IES para o Município de Aurora (em %).
Fonte Lemos, 2012.
Assim, percebe-se que, considerando os resultados obtidos por Lemos (2012) no município como base, os indicadores de rendimentos mensais, acesso à água tratada e à coleta de lixo apresentam como as principais carências na zona rural. Cabe ressaltar também, a queda dos números relativos à ausência de rede de esgoto ou fossa séptica considerando todo o município.
2000
PASSOCI PASSECON PASSMBI
IES
PRIVEDUC PRIVREND PRIVAGUA PRIVSANE PRIVLIXO
35,6 61,2 69,8 98,7 70,6 57,9
2010
PASSOCI PASSECON PASSMBI
IES
PRIVEDUC PRIVREND PRIVAGUA PRIVSANE PRIVLIXO
5 CONCLUSÃO
Este estudo procurou retratar o bem-estar da população da zona rural do município de Aurora sob o prisma de um tema que vem atraindo a atenção de muitos pesquisadores: a Exclusão Social. Tal conceito trata de apresentar as carências sentidas pelos habitantes além da ótica da renda monetária. Buscou-se analisar a situação dos locais também por outros fatores sociais básicos. Ao terem o acesso a tais produtos negado, essas pessoas passariam a evidenciar este estado de rejeição por parte da sociedade. A incidência da exclusão social nesta localidade foi, assim, a causa para o desenvolvimento desse estudo.
Por meio da organização dos dados reunidos em pesquisa de campo e a aplicação do Índice de Exclusão Social chegou-se ao objetivo geral de aferir o estágio atual dos indicadores de renda monetária, assim como, dos acessos aos serviços sociais na região em análise. A hipótese que propõe um elevado percentual de pessoas “socialmente excluídos” na zona rural do município foi confirmada, já que o número de 68,68% apontado pelo estudo encontra-se acima do resultado da cidade calculado por Lemos (2012) que foi de 54,7%. Já a outra que procurava esclarecer se a maior carência apresentada pela população estudada seria no indicador de renda monetária, Passivo Econômico (Privrend) foi reprovada. Esse que apresentou um resultado de 95,37% dos domicílios sobrevivendo com uma renda mensal de até dois salários mínimos, foi superado pelo indicador de acesso à água tratada que obteve 98,15% da amostra vivendo sem este produto essencial à sobrevivência.
Os demais indicadores (Priveduc, Privlixo e Privsane) que compõem o Índice utilizado apresentaram os seguintes resultados: 30,85% das pessoas classificaram-se como anlfabetas; 85,19% dos domicílios não são abrangidos pela coleta sistemática de lixo e; 63,89% não possuíam uma rede de saneamento sanitário ou fossas sépticas instaladas. Todos esses indicadores somados ponderadamente produziram o resultado geral de 68,68% de “excluídos” como já foi citado.
Outro fator que também deve ser destacado foi a escolha dos entrevistados diante do tópico “qual a maior carência sentida por sua família”. Apesar do levantamento de dados apontar o indicador de acesso à água tratada como mais excludente, a maior parte dos questionados (58,33%) escolheu a opção do rendimento monetário como maior necessidade, deixando a alternativa supracitada como a segunda (16,67%) escolha mais indicada pela amostra. Este fato pode indicar uma falta de entendimento da sociedade diante da situação dos demais indicadores social. Apresenta-se, assim, a urgência no cultivo dessa noção de
fenômeno multidimensional nos núcleos familiares.
Dessa forma, percebe-se que cabe às autoridades governamentais formular planos para a “inclusão” dessas pessoas na sociedade, já que são as responsáveis pela oferta dos serviços básicos analisados no estudo. A implementação de projetos para cada uma desses produtos deve ser previamente planejado e adaptado às diversas regiões. Cada local possui suas vantagens a serem exploradas e carências a serem superadas. Entretanto, em cada um desses planos deve ser ressaltado que o objetivo principal é proporcionar a toda população padrões mínimos de bem-estar social e acesso irrestrito a cidadania.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CARVALHO, José Murilo. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.
DEMO, Pedro. O charme da exclusão social. Campinas: Autores Associados, 1998.
DONZELOT, Les transformations de l’intervention sociale face à l’exclusion. In: OLIVEIRA, A. R., Sobre o alcance teórico do conceito “exclusão”. Porto Alegre, Civitas – Revista de Ciências Sociais, 2004.
ESCOREL, S. Vidas ao léu: trajetórias de exclusão social. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1999. FRADE, L. Pobreza política e marginalidade, 2005.
IBGE. Censo Demográfico do Brasil de 2010. Rio de Janeiro, 2010.
______. Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios, 1985. Rio de Janeiro, 1985.
LEMOS, J.J.S. Mapa da Exclusão Social no Brasil: Radiografia de Um Pais Assimetricamente Pobre, Fortaleza. Banco do Nordeste do Brasil. 2008.
______. Mapa da Exclusão Social no Brasil: Radiografia de Um Pais Assimetricamente Pobre, Fortaleza. Banco do Nordeste do Brasil. 2012.
MARTINS, José de Souza. Exclusão social e a nova desigualdade. São Paulo: Paulus, 1997. NASCIMENTO, E. P. do. Globalização e exclusão social: fenômenos de uma nova crise da modernidade. In: DOWBOR, L.; IANNI, O.; RESENDE, P. E. A. (Org.). Desafios da globalização. São Paulo: Vozes, 1994. p. 43-58.
OLIVEIRA, A. R., Sobre o alcance teórico do conceito “exclusão”. Porto Alegre, Civitas – Revista de Ciências Sociais, 2004.
PAUGAM, Serge. L’exclusion, l’état des savoirs. Paris: Éditions La Découverte,1996. 584 p. (Collection Textes à l’appui). In: OLIVEIRA, A. R., Sobre o alcance teórico do conceito “exclusão”. Porto Alegre, Civitas – Revista de Ciências Sociais, 2004.
–––––. O enfraquecimento e a ruptura dos vínculos sociais: uma dimensão essencial do processo de desqualificação social, 1999. In: OLIVEIRA, A. R., Sobre o alcance teórico do conceito “exclusão”. Porto Alegre, Civitas – Revista de Ciências Sociais, 2004.
PNUD, Programa das Nações Unidas Para o Desenvolvimento. Relatórios de Desenvolvimento Humano, 2010.
SANTOS, T. S. Globalização e exclusão: a dialética da mundialização do capital. Sociologias, Ciência e Tecnologia, Porto Alegre, 2001.
SEN, A. Social Exclusion: Concept, Application, and Scrutiny . Office of Envi- ronment and Social Development. Asian Development Bank. Social Development Papers n 1, 2000.
SAWAIA, B. Introdução: Exclusão ou inclusão perversa? In: Dal Pozzo, C. P., Furini,L. A. O conceito de exclusão social e sua discussão, Revista Geoatos, Presidente Prudente, 2010.
Anexo A – Questionário pré-codificado aplicado em campo Questionário Confidencial.
1ª PARTE - IDENTIFICAÇAO DO ENTREVISTADO 1. Nome do entrevistado:
__________________________________________________________________ 2. Localidade (Sítio): _______________________ 3. Idade ________
2ª PARTE: INDICADORES SOCIAIS
4. Quantas pessoas moram no domicílio: ___________ 5. Escolaridade do entrevistado:
1 – Analfabeto (ou menos de um ano de escola) 2 – De 1 a 4 anos de escola
3 – Mais de 4 anos de escola 4 – Nível médio completo 5 – Nível superior completo
6. Escolaridade de outro membro da família (companheiro ou companheira do entrevistado): 1 – Analfabeto (ou menos de um ano de escola)
2 – De 1 a 4 anos de escola 3 – Mais de 4 anos de escola 4 – Nível médio completo 5 – Nível superior completo
7. Escolaridade de outro membro da família com idade superior à 10 anos: 1 – Analfabeto (ou menos de um ano de escola)
2 – De 1 a 4 anos de escola 3 – Mais de 4 anos de escola 4 – Nível médio completo 5 – Nível superior completo
8. Escolaridade de outro membro da família com idade superior à 10 anos: 1 – Analfabeto (ou menos de um ano de escola)
2 – De 1 a 4 anos de escola 3 – Mais de 4 anos de escola 4 – Nível médio completo 5 – Nível superior completo
9. Escolaridade de outro membro da família com idade superior à 10 anos: 1 – Analfabeto (ou menos de um ano de escola)
2 – De 1 a 4 anos de escola 3 – Mais de 4 anos de escola 4 – Nível médio completo
5 – Nível superior completo
10. Escolaridade de outro membro da família com idade superior à 10 anos: 1 – Analfabeto (ou menos de um ano de escola)
2 – De 1 a 4 anos de escola 3 – Mais de 4 anos de escola 4 – Nível médio completo 5 – Nível superior completo
11. Escolaridade de outro membro da família com idade superior à 10 anos: 1 – Analfabeto (ou menos de um ano de escola)
2 – De 1 a 4 anos de escola 3 – Mais de 4 anos de escola 4 – Nível médio completo 5 – Nível superior completo
12. Escolaridade de outro membro da família com idade superior à 10 anos: 1 – Analfabeto (ou menos de um ano de escola)
2 – De 1 a 4 anos de escola 3 – Mais de 4 anos de escola 4 – Nível médio completo 5 – Nível superior completo 13. A casa onde a família mora é:
1 – Própria 2 – Alugada
14. Tem energia elétrica em casa: 1 - SIM 2 - NÃO
15. Tem água tratada em casa: 1 - SIM 2 - NÃO 16. Tem esgoto ou fossa séptica: 1 - SIM 2 - NÃO
17. A residência possui banheiro privado: 1 – SIM 2 - NÃO
18. O carro de lixo da Prefeitura coleta o seu lixo quantas vezes por semana:
1 – Nenhuma vez 2 - uma ou duas vezes 3 - Mais de duas vezes 19. Qual a renda total da família:
1 – não tem renda 2 – de zero a meio salário mínimo 3 – de meio a um salário mínimo 4 – de um a dois salários mínimos 5 – de dois a três salários mínimos 6 – três a quatro salários mínimos 7 – de quatro a cinco salários mínimos 8 – de cinco a dez salários mínimos 9 – acima de dez salários mínimos
20. Qual a principal fonte de renda da família:
1 – Agricultura 2 – Aposentadoria 3 - Pensão
4 – Programas do Governo 5 – Trabalho assalariado 6 – Outras fontes: _______ 21 - Quais as outras fontes de renda da família?
4 – Programas do Governo 5 – Trabalho assalariado 6 – Outras fontes: _______
22 – É Agricultor? 1- Sim 2- Não Caso seja agricultor:
É proprietário de terra? SIM NÃO
Qual o tamanho da terra (tarefas): 2.1- de 1 a 2 tarefas 2.2- de 2 a 5 tarefas 2.3- de 6 a 10 tarefas 2.4- de 11 a 20 tarefas 2.5- mais de 20 tarefas
O que planta? (listar) 3.1- MILHO 3.2- FEIJÃO
3.3- MILHO E FEIJÃO
3.4- MILHO, FEIJÃO E ARROZ 3.5- OUTROS O que cria? 4.1- Bovinos 4.2- Caprinos 4.3- Suínos 4.4- Aviários
4.5- MAIS DE 1(UMA) OPÇÃO
23 - A produção agrícola é apenas para o consumo da família? 1-SIM 2-NÃO
24- Tem televisão 1-SIM 2-NÃO
25 - Tem geladeira: 1-SIM 2-NÃO 26 - Tem telefone (qualquer tipo): 1-SIM 2-NÃO 27 - Tem equipamento de som: 1-SIM 2-NÃO 28 - Tem bicicleta? 1-SIM 2-NÃO 29 - Tem motocicleta? 1-SIM 2-NÃO 30 - Tem automóvel de passeio: 1-SIM 2-NÃO
31. Quantas pessoas da família trabalham?
32 – Onde trabalham? 1 – Na indústria:
3 – No comércio: 4 – Na agricultura:
33 – Quantas pessoas da família não trabalham?
34 – Em sua opinião, qual seria a maior carência da sua família? 1 – Renda
2 – Educação 3 – Coleta de lixo
4 – Acesso à água tratada 5 – Saneamento