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3.3.1 Identificação da escala dos projetos e da metodologia de contabilização adequada

A partir dos resultados referentes à energia elétrica gerada nos projetos da Chamada 13, partiu-se para a estimativa da emissão evitada de carbono com o uso dos SFCR no SIN. Assim, foi realizada a pesquisa das metodologias utilizadas pela UNFCCC para projetos de MDL que utilizem energia elétrica renovável conectada à rede.

A seleção da metodologia depende das características gerais do projeto e do sistema ao qual ele irá fazer parte. Para o caso dos projetos da Chamada 13, a metodologia AMS-I.D (“Geração de energia renovável conectada à rede”) é a mais adequada, uma vez que se trata de unidades de geração de energia renovável, como fotovoltaica, hidrelétricas, de maré/ondas, eólicas, geotérmicas e de biomassa renovável, que forneçam eletricidade para um sistema de distribuição e/ou substituam a eletricidade de um sistema de distribuição que seja ou tenha sido abastecido por pelo menos uma unidade geradora de energia a partir de queima de combustíveis fósseis.

Além disso, essa metodologia é aplicável também às atividades de projeto que instalem uma nova planta de energia em um local onde não há plantas de energia renovável em operação antes da implementação da atividade de projeto (planta greenfield); envolvam adição de capacidade instalada e que envolvam o retrofit de planta(s) existente(s); ou envolvam a substituição de planta(s) existente(s). Atualmente, essa metodologia já se encontra em sua versão 17.0, que foi usada na estimativa dessa tese.

De acordo com os parâmetros utilizados para classificar os projetos de MDL quanto à sua escala, já mencionados no Capítulo 2, pode-se concluir que os projetos da Chamada 13 são classificados como de pequena escala do escopo setorial do Tipo I (energia renovável), pois apresentam capacidade instalada variando entre 0,5 e 3 MW, condizente com o limite máximo de 15 MW dessa classificação.

3.3.2 Limite do projeto e definição do cenário de linha de base

Com base na metodologia AMS-I.D, o limite do projeto abrange o local geográfico da fonte de geração renovável. A eletricidade produzida pelo projeto será entregue à rede e substituirá a energia elétrica gerada por outros combustíveis/fontes que emitam carbono. Portanto, de acordo com a metodologia, a extensão espacial do limite do projeto inclui a planta do projeto e todas as usinas conectadas fisicamente ao sistema de energia elétrica ao qual ela está conectada, o que no caso da Chamada 13 corresponde ao SIN. Além disso, o cenário de referência do projeto é a continuidade da operação das usinas existentes no sistema ligado à rede e a adição de novas fontes de geração.

No ato da construção dos novos projetos pode ocorrer a emissão de carbono, chamados de emissões de projeto, os quais devem ser contabilizados para estimar a emissão líquida reduzida. A AMS-I.D (versão 17.0) determina que as emissões de projeto devem ser consideradas conforme o procedimento descrito na versão mais recente da “Metodologia consolidada para a geração de eletricidade conectada à rede a partir de fontes renováveis” (ACM0002) apenas para as seguintes categorias de atividades de projeto:

- Emissões relacionadas à operação de usinas geotérmicas (e.g. gases não condensáveis, consumo de eletricidade/combustíveis fósseis);

- Emissões de reservatórios de água de usinas hidrelétricas.

Assim, para a estimativa das emissões evitadas de CO2e com a implantação dos projetos da Chamada 13 deve-se considerar que não há emissões de projeto, por se tratar da energia solar fotovoltaica.

Além das emissões de projeto, podem ainda existir emissões decorrentes das fugas, que se referem àquelas resultantes da atividade de projeto, principalmente vinculados às atividades de projetos de grande escala, como por exemplo, grandes hidrelétricas que emitem metano devido a decomposição de matéria orgânica. Projetos “greenfield” de pequena escala como solar fotovoltaico possuem emissões de fuga nula.

Dessa forma, as emissões de CO2E de cada projeto fotovoltaico é igual às emissões de linha de base, uma vez que (UNFCCC, 2013):

y y y

y BE PE LE

Em que:

ERy = Redução das emissões no ano y (tCO2e/ano);

BEy = Emissões da linha de base no ano y (tCO2e/ano);

PEy = Emissões do projeto no ano y (tCO2e/ano), que no caso da energia solar fotovoltaica é zero;

LEy = Emissões decorrentes das fugas no ano y (tCO2e/ano), que no caso da energia solar fotovoltaica também é zero.

Para o cálculo das emissões de linha de base, é necessário saber a quantidade de energia disponibilizada na rede de distribuição, bem como o fator de emissão do SIN, como pode ser visto na Equação 3.3 (UNFCCC, 2013)::

= ∗ , , (Eq. 3.3)

Em que:

= Quantidade líquida de eletricidade fornecida à rede elétrica como resultado da implementação da atividade de projeto de MDL no ano y (MWh), que no caso foi estimada para cada projeto usando o PVsyst;

, , = Fator de emissão de CO2e da rede elétrica no ano y (tCO2e/MWh).

O cálculo da quantidade líquida de eletricidade fornecida à rede elétrica leva em consideração que o projeto consiste em uma nova planta de energia renovável conectada à rede, em uma localização onde não havia nenhuma energia renovável em operação (projeto greenfield). Assim, tem-se pela Equação 3.4 (UNFCCC, 2013)::

= ! " , (Eq. 3.4)

Em que:

= Quantidade líquida de eletricidade fornecida à rede elétrica como resultado da implementação da atividade de projeto de MDL no ano y (MWh);

! " , = Quantidade líquida de eletricidade fornecida pela planta/unidade de projeto à rede

elétrica no ano y (MWh)

O fator de emissão de CO2E da rede elétrica no ano y (tCO2e/MWh) é calculado como uma margem combinada (MC)41, que consiste na combinação dos fatores da margem de operação (MO)42 e da margem de construção (MC)43, conforme pode ser visto na Equação 3.5 (UNFCCC, 2013)::

#$,% , = #$ &,% , ∗ '% + #$ &,% , ∗ '% (Eq. 3.5)

Em que:

#$ &,% , = Fator de emissão de CO2e da margem de operação no ano y (tCO2e/MWh);

'% = Ponderação do fator de emissão da margem de operação para novos empreendimentos de

energia renováveis;

#$ &,% , = Fator de emissão de CO2e da margem combinada no ano y (tCO2e/MWh);

'% = Ponderação do fator de emissão para margem de construção para novos empreendimentos de energia renováveis.

No Brasil, o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) disponibiliza o

#$ &, %, e o #$ &, %, para estimativa do fator de emissão do SIN. No caso do #$ &, %, , o

MCTI utiliza o método da OM da análise dos dados de despacho 44, apresentando os fatores na forma horária, diária, mensal e anual. No caso do #$ &, %, , o MCTI se baseia nas informações

mais recentes disponíveis sobre as usinas já construídas 45 para fornecer o seu valor.

41 Sigla em inglês: combined margin“ (CM). 42 Sigla em inglês: operation margin (OM). 43 Sigla em inglês: build margin (BM).

44 Esse método leva em conta a ordem de funcionamento do despacho do sistema da rede para cada usina do sistema e a quantidade de energia (MWh) despachada de todas as usinas no sistema durante cada hora em que a atividade do projeto esteja em funcionamento (UNFCCC, 2013).

45 Esse método considera as cinco usinas que foram construídas mais recentemente ou a capacidade adicional das usinas no sistema elétrico (que compreendam 20% da geração do sistema - em MWh - e que foram construídas mais recentemente). A opção a ser utilizada é aquela cujo grupo de amostra compreenda a maior geração anual (UNFCCC, 2013).

Com relação à ponderação dos respectivos fatores de emissão, a “Ferramenta para calcular o fator de emissão de um sistema elétrico” - Versão 2.2.1 determina que para os projetos de energia eólica e solar, os pesos padrão sejam os seguintes: '% = 0,75 e '% = 0,25, em razão da sua natureza intermitente (UNFCCC, 2013).

Com os parâmetros mencionados foram quantificadas as emissões evitadas pela Chamada 13 em dois cenários: um com os dados do ano base 2011, que foi chamado de Cenário 2011; e outro, com os do ano base 2012, chamado de Cenário 2012. Os resultados obtidos são apresentados no Capítulo 4.