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2.3 Energia solar

2.3.6 Políticas Brasileiras de Incentivo ao uso de Energia Fotovoltaica

Existem atualmente no Brasil algumas leis, estaduais e municipais, que buscam incentivar a inserção da energia solar nas suas respectivas matrizes energéticas. Na Cidade de São Paulo, por exemplo, a Lei Municipal nº 14.459/2007, sancionada pelo Prefeito Gilberto Kassab, tornou obrigatória a preparação de todas as novas casas e edificações para o uso dos aquecedores solares de água. Com essa Lei, além das casas e apartamentos (com 4 ou mais banheiros, incluindo lavabos), outras edificações também ficam obrigadas a instalar aquecedores solares de água como, por exemplo, hotéis, clubes esportivos, clínicas de estética e de beleza, hospitais, unidades de saúde com leitos, escolas, creches, asilos, quartéis, indústrias (se a atividade setorial específica demandar água aquecida no processo de industrialização ou, ainda, quando disponibilizar vestiários para seus funcionários) etc. O Decreto Municipal nº 49.148/2008 regulamenta a lei e já se encontra em vigor (PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO, 2007).

No caso do aproveitamento da energia solar fotovoltaica, o maior programa nacional de estímulo a essa fonte foi o Programa de Desenvolvimento Energético de Estados e Municípios (PRODEEM), que instalou, entre junho de 1996 e dezembro de 2001, cerca de 9 mil sistemas fotovoltaicos para geração de energia e bombeamento de água em todos os estados brasileiros, especialmente nas regiões Nordeste (semi-árido) e Norte (Amazônia) (VARELLA, 2009). Neste Programa foram instalados três tipos de sistemas fotovoltaicos autônomos: os sistemas fotovoltaicos de geração de energia elétrica, os sistemas fotovoltaicos de bombeamento de água e os sistemas fotovoltaicos de iluminação pública, todos atendendo às necessidades comunitárias, em escolas, postos de saúde e centros comunitários (GALDINO & LIMA, 2002).

Também no âmbito federal, a Lei nº 10.438/2002 dispõe sobre a utilização dos recursos da Reserva Global de Reversão (RGR) para a criação de um programa de fomento a energia solar fotovoltaica. Como o maior beneficiário da RGR é o Programa Luz para Todos (LpT), programa federal iniciado em 2004 com o objetivo de acabar com a exclusão do acesso à energia elétrica no país utilizando preferencialmente fontes locais e renováveis, pode-se dizer que, de forma indireta, este dispositivo poderia ser atendido. Inclusive, o Plano Nacional de Mudanças Climáticas - PNMC (2008) sugere o aproveitamento do Programa LpT como uma oportunidade de inserção da indústria fotovoltaica brasileira no mercado, servindo como auxílio inicial de fomento à criação de um parque industrial competitivo de sistemas fotovoltaicos (PNMC, 2008).

No entanto, os poucos projetos que contemplam o uso da energia solar fotovoltaica no âmbito do LpT não permitem considerá-lo também um programa de fomento a esta tecnologia. A ANEEL ainda regulamentou, em sua Resolução Normativa nº 83/2004, os procedimentos e as condições de fornecimento por intermédio de Sistemas Individuais de Geração de Energia Elétrica com Fontes Intermitentes (SIGFIs). No entanto, os SIGFIs vêm sendo instalados apenas por poucas concessionárias de energia elétrica no âmbito do LpT, o que demonstra que essa Resolução ainda não está devidamente consolidada entre as empresas concessionárias.

Nesse sentido, vale comentar que em 2012 a ANEEL lançou a Resolução Normativa nº 482, que estabelece as condições gerais para o acesso de microgeração e minigeração distribuída aos sistemas de distribuição de energia elétrica. A microgeração distribuída corresponde à central geradora de energia elétrica, com potência instalada menor ou igual a 100 kW que utilize fontes com base em energia hidráulica, solar, eólica, biomassa ou cogeração qualificada, conectada na rede de distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras. A minigeração distribuída difere apenas na potência instalada, que deve ser superior a 100 kW e menor ou igual a 1 MW para as mesmas fontes (ANEEL, 2012).

Mesmo sendo uma fonte renovável alternativa, a energia solar fotovoltaica não foi contemplada no Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (PROINFA), estabelecido através da Lei Federal nº 10.438/2002e revisado pela Lei nº 10.762/2003. Segundo Varella (2009) acredita-se que esse fato tenha ocorrido em virtude do seu elevado custo de geração, quando comparado com as demais fontes tradicionais e alternativas, o que poderia onerar sobremaneira os consumidores cativos do SIN. Além disto, até o momento, a tecnologia solar fotovoltaica tem sido aplicada principalmente em regiões isoladas do Brasil, pois se apresenta como uma solução mais adequada técnica e economicamente, visto que a interligação do sistema isolado em comunidades é inviável do ponto de vista econômico principalmente pela característica de baixo consumo e de dispersão desses usuários.

No que se refere a estímulos específicos para SFCR no Brasil existem basicamente incentivos fiscais para alguns equipamentos como a isenção da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), de competência estadual; e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), de competência federal. A Tabela 2.7 mostra os equipamentos isentos de tais tributos.

O benefício previsto somente se aplica aos equipamentos que forem isentos ou tributados através do Decreto nº 3827/2001, que reduz a zero o IPI sobre diversos equipamentos e acessórios destinados à geração de energia elétrica. Segundo Varella (2009), de acordo com fabricantes e revendedores de equipamentos fotovoltaicos, os módulos fotovoltaicos são os únicos equipamentos que atualmente são isentos de IPI e ICMS. Na compra de inversores no mercado nacional são incluídos 12% de ICMS e no caso dos controladores de carga são incluídos 12% de ICMS e 15% de IPI.

Tabela 2.7 Equipamentos fotovoltaicos isentos de ICMS Discriminação equipamentos

Bomba para líquidos, para uso em sistema de energia solar fotovoltaico em corrente contínua,

com potência não superior a 2 HP Módulos fotovoltaicos Células solares não montadas Células solares em módulos ou painéis

Fonte: Elaboração própria adaptado de Convênio ICMS 101/97