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ESTRADAS EM MINAS A CÉU ABERTO E RESÍDUOS DE MINÉRIO DE FERRO: ASPECTOS GERAIS

2 CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS DE UMA RODOVIA

3 ESTRADAS DE COMPLEXOS MINERADORES NO CONTEXTO DA ENGENHARIA RODOVIÁRIA

3.1 ESTRADAS EM MINAS A CÉU ABERTO E RESÍDUOS DE MINÉRIO DE FERRO: ASPECTOS GERAIS

Em condições climáticas adversas, a grande maioria das estradas não pavimentadas apresenta sérios problemas de trafegabilidade. Medidas corretivas errôneas e a carente capacitação profissional dos responsáveis pela manutenção constituem os principais entraves à boa conservação dessas estradas, uma vez que os principais agentes de deterioração não são removidos. Nesse panorama, o leito das estradas não é convenientemente conformado, constituindo-se um potencial agente causador de degradação ambiental — principalmente no desencadeamento de processos erosivos, uma vez que não contam com dispositivos adequados de drenagem, dificultando o escoamento da produção rural. Nas estradas de serviço que compreendem as principais vias de acesso internas a empresas mineradoras, o estado de conservação não é diferente, apresentando técnicas de manutenção equivocadas e constantes, sistemas de drenagem deficientes e pouca ou nenhuma preocupação com a questão da deformação contínua do pavimento.

3.1.1 Projeto de Estradas Mineiras: Algumas Considerações

Além dos parâmetros que usualmente são levados em conta em projetos geométricos de rodovias de tráfego comum, as estradas internas a complexos mineradores podem englobar ainda aspectos diversos que variam de mina para mina, conforme o tipo do minério que é extraído e os processos de lavra empregados .

As características geológico-geotécnicas condicionam grande parte destes atributos e, na maioria dos casos, estão fortemente referenciados à demanda de produção e à disponibilidade de materiais ocorrentes na própria mina.

No caso particular de minas a céu aberto, os fatores governantes de projetos de estradas de mina basicamente são:

• Custo mínimo possível para se transportar o minério extraído e o estéril para fora da cava, ao longo de toda a vida útil da mina, acompanhando para tanto a dinâmica de lay out que minas do gênero costumam implementar;

• A minimização do tráfego característico da mina, em detrimento à maximização da segurança e da facilidade de acesso às operações mineiras; • Restrições às áreas de instabilidade de taludes;

• Longevidade da vida útil da mina, implicando a redução dos custos de construção, operação e demanda de materiais de construção.

Outros aspectos podem ser ainda objetos de discussão dentro desta temática, a saber:

• A localização da saída da cava dependerá da localização do britador primário, bem como dos locais favoráveis à disposição de estéril;

• Um maior número de vias de acessos ao corpo de minério tem impacto sensível na relação estéril/minério, embora proporcione maior flexibilidade de operação no interior da mina;

• A melhor geometria e locação a serem conferidas à via de acesso: internas ou externas às paredes da cava de extração, temporárias ou semi-permanentes, em formato espiral ou em zig-zag etc.;

• As características de circulação das vias: duplo ou único sentido de direção, número de linhas (faixas) de tráfego, regras de preferência e de visibilidade etc.;

• As inclinações transversais e longitudinais mais adequadas às estradas, de forma a permitir o escoamento da produção em ocasiões de climas secos e chuvosos, atendendo à magnitude das cargas transportadas.

Uma revisão sobre o “Estado da Arte” relativo a estradas de minas, enfatizando o projeto, manutenção, controle de tráfego, operação e problemas da geração de pó, entre outros, é apresentada por Caldwell (2006).

3.1.2 Elementos Característicos de Estradas de Mina

Além dos elementos intrínsecos das atividades de lavra da mina, como altura e inclinação dos bancos, largura e inclinação necessária às estradas, linhas de cristas, entre outros, faz-se necessária ao projeto de uma estrada de mina a concepção prévia de elementos geométricos diversos. Segundo Thompson e Visser (1999), estes elementos podem ser:

• Lay out e alinhamento da rodovia, tanto em planos horizontais (raios de curva etc.) como em planos verticais (aclives, declives, gradientes de rampa, superelevação, depressões etc.);

• Distâncias de visão e de parada; • Cruzamentos;

• Previsão de futuras variações na geometria das estradas.

Outros fatores essenciais podem ser agregados ao projeto, tais como as características do tráfego (dimensões dos veículos-tipos e as respectivas magnitudes de carregamento, velocidades diretrizes etc.), as características geológico-geotécnicas dos materiais de infra e superestrutura viária (capacidade de suporte, permeabilidade, coesão, resiliência, rugosidade, aderência etc.), sistemas de drenagem (drenagens superficial e profunda,

estruturas de dissipação etc.) e medidas de mitigação da geração de material particulado e de contenção de sedimentos (aspersores automáticos, pontos de abastecimento d’água para caminhões-pipas, sumps etc.), além de aspectos vinculados à demanda de produção da mina (acessibilidade, segurança, funcionalidade etc.). Dentro do quesito segurança, por exemplo, destacam-se as sinalizações e iluminação da via, vias de escape (rampas de emergência), “acostamentos”, entre outros.

A Figura 3.1 traz um esquema típico de estradas mineiras, no que tange a distribuição das linhas de tráfego e distâncias de visibilidade. Se for o caso, essas linhas (ou faixas) devem ter largura suficiente para acomodar vários veículos transitando em paralelo, de forma a se resguardar uma distância de segurança entre eles. Essa distância é, usualmente, tomada em cerca de metade da largura máxima do veículo-tipo. No caso de uma via com dois sentidos de circulação, a largura ideal para a estrada é considerada em cerca de 3,5 vezes a largura máxima do veículo-tipo. A separação entre vias é comumente feita a partir da execução de leiras (também conhecidas como bermas), empregando-se materiais da própria mina, conforme mostra a Figura 3.2.

Figura 3.1: Distribuição das linhas de tráfego e distâncias de visibilidade em estradas de mina (Lima, 2006, modificada).

Figura 3.2: Divisão entre vias de acesso a mina, empregando-se leiras de materiais de bota-fora.

3.2 RESÍDUOS DE MINÉRIO DE FERRO — ALGUNS ESTUDOS