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2.1 ESTRATÉGIA E DECISÕES DE INVESTIMENTO

2.1.2 Estratégia e decisões de investimento

As decisões de investimento se guiam por oportunidades de aumentar a lucratividade. Penrose (2006) afirma que o aumento da lucratividade pode ser considerado o principal motivo para o crescimento da firma. Seguindo esse argumento, o principal objetivo de

qualquer firma é aumentar sua lucratividade presente e futura (GUIMARÃES, 1987; HUMMEL; TASCHNER, 1995; MAYER, 1977; PENROSE, 2006; SOUZA; CLEMENTE, 2007), de forma que a firma representa um lócus de acumulação de capital (BRITTO, 2002; CARVALHO, 1989; COSTA, 2005; GONÇALVES, 1991; GUIMARÃES, 1987; SOUZA; CLEMENTE, 2007).

Segundo Penrose (2006), pode-se apresentar a relação entre o lucro e o crescimento da firma pela rentabilidade de longo prazo, sem perder o foco do equilíbrio entre o reinvestimento dos lucros e a distribuição de dividendos. Para a autora, esse equilíbrio é importante, pois, enquanto a empresa deve reinvestir seus lucros de modo a aumentar sua eficiência ou sua capacidade produtiva autofinanciando seus investimentos, o pagamento de dividendos mantém a atratividade dos acionistas, reforçando o mecanismo de crescimento da firma.

Decisões de investimento de capital, segundo Souza e Clemente (2012), pertencem tipicamente ao nível estratégico, no qual o objetivo é maximizar o retorno sobre o capital investido para uma mesma percepção de risco. Frezatti et al. (2012) afirmam que as decisões de investimento integram o processo de planejamento empresarial, tanto no âmbito estratégico quanto no orçamentário. A preocupação, na maioria das decisões estratégicas, é a incerteza quanto aos resultados esperados. Dentre os riscos e incertezas inerentes às decisões de investimento, está o fato de esse tipo de decisão envolver uma grande quantia de recursos que são quase totalmente irreversíveis ou possuem altos custos de reversibilidade e ter um grande potencial para alterar direta ou indiretamente a estrutura da firma (GALESNE; FENSTERSEIFER; LAMB, 1999; SOUSA, 2007; SOUZA; CLEMENTE, 2012). Uma vez que uma nova estrutura de custos é instalada, seus efeitos impactam nos resultados da organização por longos períodos de tempo, o que corrói a sua lucratividade e, em situações mais severas, o futuro do negócio, implicando riscos operacionais mais altos e afetando a expectativa de retorno do investimento. Portanto, segundo Souza e Clemente (2007), deve-se analisar todas as decisões de investimento tomando por referência o retorno, os custos que se instalam e os custos que permanecem de forma duradoura se a estratégia falhar e for abandonada.

Para Harzer (2015), as decisões de investimento, por envolverem quantias substanciais de recursos e comprometerem a empresa por longos períodos de tempo, podem implicar em duas consequências. Primeiramente, porque, em situações em que o capital disponível para investir é escasso, tais investimentos podem “amarrar” a empresa, impedindo que ela aproveite outras oportunidades mais atraentes que podem surgir ao longo do período de

duração do projeto. Em segundo lugar, porque se tomam decisões de investimento tendo por referência estudos e estimativas incertas, feitas no momento da confecção do projeto, cujos reflexos permanecem ao longo de toda vida útil do investimento, e como o futuro é de natureza incerta, o tempo aumenta a exposição aos riscos.

Para Souza e Clemente (2007), as estratégias competitivas e, por conseguinte as decisões de investimento, são limitadas pelas oportunidades ou portfólios viáveis disponíveis. As expectativas de retorno e de risco e a capacidade de geração e captação de recursos também atuam como fatores limitantes na seleção de projetos de investimento. Para Casarotto Filho e Kopittke (2010), a decisão de um investimento em bens de capital leva em consideração os seguintes critérios: (a) econômico, que se refere à rentabilidade do investimento; (b) financeiro, quanto à disponibilidade de recursos; e (c) imponderáveis, que são os fatores que não podem ser mensurados monetariamente.

As oportunidades de investimento disponíveis para os investidores são numerosas e diversificadas, as alternativas de investimento atendem a diferentes objetivos, seja de empresas públicas ou privadas e até mesmo dos agentes governamentais.

Usualmente, classificam-se as oportunidades de investimento (BRITO, 2003; FLEISCHER, 1973; GALESNE; FENSTERSEIFER; LAMB, 1999; GUIMARÃES, 1987; LAPPONI, 2000; WOILER; MATHIAS, 2008) em: (a) investimentos de expansão – realizados para aumentar a capacidade produtiva da firma; (b) investimentos de modernização – destinados à modificação do processo produtivo para reduzir custos ou para melhorar a qualidade dos produtos; e (c) investimentos de reposição – realizados com a finalidade de substituir bens de capital no fim de sua vida útil.

Nesse processo decisório, que envolve questões de identificação e viabilização de oportunidades, é conveniente que as decisões se baseiem, tanto quanto possível, em cenários e suas implicações relevantes, via seleção de projetos de investimento (SOUZA; CLEMENTE, 2012).

Para Valle et al. (2014), projetos são instrumentos tácitos da execução de ações estratégicas. Do sucesso do projeto e do alcance de seus objetivos individuais depende o alcance da estratégia, a implantação das mudanças estratégicas propostas e, portanto, o próprio sucesso da organização. Ainda segundo os autores, o planejamento estratégico de uma organização está intimamente ligado com projetos, programas e portfólio, sendo impossível uma organização executar sua estratégia sem que, para isso, seja preciso selecionar e executar projetos. Os projetos representam as mudanças necessárias à organização para que se alcancem os resultados pretendidos.

Um dos desafios das organizações é garantir que suas estratégias se transformem nos resultados esperados. Os projetos de investimento têm papel fundamental nesse processo, pois são eles que materializam as estratégias empresariais, integrando recursos e esforços rumo aos objetivos organizacionais (BERTOGLIO; BRÁS, 2008). Um projeto de investimento bem elaborado pode contribuir com o sucesso do investimento, pois ele possibilita dimensionar os recursos necessários, o momento em que esses recursos precisam estar disponíveis e o montante de capital que é preciso para adquiri-los. Assim, o projeto torna-se indispensável no planejamento das fontes de financiamentos requeridas para fazer face ao investimento, já que essas decisões são restringidas pelo montante das reservas de capitais disponíveis e pelos fundos externos que os investidores conseguem captar quando eles forem necessários (HARZER, 2015).